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domingo, 24 de janeiro de 2021

Dilma divulga nota sobre artigo de Míriam Leitão. A jornalista está entre os assuntos mais comentados agora no Twitter. E não são elogios...

NOTA SOBRE O ARTIGO DE MIRIAM LEITÃO

Miriam Leitão comete sincericidio tardio em sua coluna no Globo de hoje (24 de janeiro), ao admitir que o impeachment que me derrubou foi ilegal e, portanto, injusto, porque, segundo ela, motivado pela situação da economia brasileira e pela queda da minha popularidade. Sabidamente, crises econômicas e maus resultados em pesquisas de opinião não estão previstos na Constituição como justificativas legais para impeachment. Miriam Leitão sabe disso, mas finge ignorar. Sabia disso, na época, mas atuou como uma das principais porta vozes da defesa de um impeachment que, sem comprovação de crime de responsabilidade, foi um golpe de estado.

Agora, Miriam Leitão, aplicando uma lógica aburda, pois baseada em analogia sem fundamento legal e factual, diz que se Bolsonaro “permanecer intocado e com seu mandato até o fim, a história será reescrita naturalmente. O impeachment da presidente Dilma parecerá injusto e terá sido.” O impeachment de Bolsonaro deveria ser, entre outros crimes, por genocídio, devido ao negacionismo diante da Covid-19, que levou brasileiros à morte até por falta de oxigênio hospitalar, e por descaso em providenciar vacinas.

O golpe de 2016, que levou ao meu impeachment, foi liderado por políticos sabidamente corruptos, defendido pela mídia e tolerado pelo Judiciário. Um golpe que usou como pretexto medidas fiscais rotineiras de governo idênticas às que meus antecessores haviam adotado e meus sucessores continuaram adotando. Naquela época, muitos colunistas, como Miriam Leitão, escolheram o lado errado da história, e agora tentam se justificar. Tarde demais: a história de 2016 já está escrita. A relação entre os dois processos não é análoga, mas de causa e efeito. Com o golpe de 2016, nasceu o ovo da serpente que resultou em Bolsonaro e na tragédia que o Brasil vive hoje, da qual foram cúmplices Miriam Leitão e seus patrões da Globo.

DILMA ROUSSEFF


sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Afanaram a Libertadores

O jornal espanhol Mundo Desportivo usou um termo de orgiem africana - quilombo - para definir a chegada de River Plate e Boca Juniors a Madri. No Brasil, a palavra quilombo tem hoje conotação positiva e lembra a resistência dos negros durante a escravidão. Na tradução racista da Espanha, quilombo significa desordem, prostíbulo, lugar de devassidão. 

por Niko Bolontrin

O futebol sul-americano já está em nítida decadência e tenta resistir mesmo sufocado pela força do euro que leva craques, futuros craques e promessas de craques.

A Conmebol resolveu ajudar esse processo de desintegração levando a final da Libertadores para o estádio do Real Madri. O interesse é, claro, apenas financeiro, o resto é desculpa. Para isso, a entidade atropela os direitos do River Plate, do Boca Juniors e dos torcedores, a maioria, que não pertencem a facções e gostariam de ver seus times jogarem a decisão.

Se tumulto em futebol implicasse em levar jogo de um continente para outro a França jamais voltaria a sediar uma Copa do Mundo. Lá, em 1998, houve graves tumultos que causaram até a morte de um policial.

Agora mesmo, na Liga das Nações de 2018, houve quebra-quebra nos jogos Inglaterra X Espanha e Inglaterra X Eslováquia. E a Inglaterra deve se candidatar a sediar a Copa de 2030.

Recentemente, o site Red Bull listou as cinco torcidas mais perigosas do mundo. A primeira é inglesa, do Milwall Bushwackers, temida em todo o Reino Unido. A segunda é a UltrAslan, do Galatasaray, da Turquia. O lema deles ao receber adversários em Istambul é "bem-vindo a inferno". A terceira torcida mais violenta do mundo é La Doce, do Boca Juniors. Mas entre os barra-bravas, como são conhecidas as torcidas organizadas na Argentina, há vários outros grupos perigosos. A quarta torcida de alto risco e a do Estrela Vermelha, da Sérvia. Para complicar, são nacionalistas radicais e racistas. A quinta torcida mais intolerante é a do Lazio, clube italiano que foi ligado ao fascismo. São agressivos, racistas e levam suásticas para os estádios. Na Espanha, no começo deste ano, um policial morreu durante briga de torcedores do Athletc de Bilbao e Spartak de Moscou.

Mesmo assim, a Fifa e a UEFA não pensam em levar decisões europeias para o Butão.

A Conmebol leva Boca x River Plate para a Espanha por um motivo simples: viu nos condenáveis acontecimentos de Buenos Aires uma oportunidade de faturar alguma grana ou ouviu a irresistível conversa de empresários sortudos. Ou caiu infantilmente na conversa de Gianni Infantino, o presidente da Fifa, que não bate prego sem estopa. Só isso.

ATUALIZAÇÃO EM 02/12/2018 - O River Plate e o Boca Juniors se recusam oficialmente a jogar a final da Libertadores em Madri. Demonstram mais bom senso e respeito às suas torcidas do que a Fifa e a Conmebol com a estranha e nada transparente decisão de levar um dos mais históricos clássicos da América do Sul para a Europa. Aguarda-se a reação dos cartolas. Se, mesmo assim, o jogo se realizar, espera-se que depois de um dos tumultos que envolvem com frequência torcidas de clubes europeus em brigas e demonstrações de racismo, a Fifa traga para a América do Sul um dos seus jogos ameaçados por hooligans. A lamentar que boa parte da mídia esportiva brasileira declarou-se em colunas e mesas redondos a favor da exótica decisão da Conmebol e da Fifa. Esses coleguinhas acabam de ganhar o troféu Vira-Lata, com direito a beijar as mãos dos cartolões Gianni Infantino e Alejandro Dominguez. 

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Fotografia: a persiana da vergonha...







O fotógrafo Luís Nova, da D.Press-Brasil, fez uma foto especial para o Correio Braziliense e emplacou espaços nas capas de quatro jornais, hoje. 

A imagem de Aécio Neves, em casa, em Brasília, ontem à noite, após sua esmagadora vitória no Senado, é a mais representativa da derrota da ética em um jogo de cartas mais do que marcadas desde que o STF abriu a porteira para a impunidade dos políticos. 

É o retrato simbólico de um sujeito privilegiado que sabe que foi posto acima da sociedade e dos demais cidadãos e, mesmo assim, não tem coragem de encará-los. 

É a tradução mais perfeita do político que vê o Brasil apenas pela fresta dos seus interesses pessoais. 

Além do Correio Braziliense, o jornal O Povo, de Fortaleza, e O Globo destacaram a foto. O Estadão também a usou, em segundo plano.

A foto de Luís Nova é uma dessas que resume para a história um instante significativo da deformação de um sistema que produz castas privilegiadas. 

Seus favorecidos estão tão à vontade nas suas torres de luxo que dispensam a sociedade. O máximo de satisfação que dão dos seus atos é uma persiana entreaberta por alguns segundos.  

ATUALIZAÇÃO EM 19/10/2017 - 

  
A foto que ganhou primeira página de vários jornais, ontem, distribuída como sendo de Aécio Neves, após a votação que devolveu ao mineiro investigado por corrupção o cargo de senador, não seria do politico do PSDB. O staff de Aécio informa que o homem da fresta é um dos seus assessores. O Globo de hoje publica a correção. Não foi revelado até o momento o nome do assessor. 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Revista é banida de supermercados. "Capa muito ousada", decretam os executivos da rede

por Clara S. Britto
Uma rede de supermercados da Austrália, a Coles, mandou recolher das suas lojas e prateleiras milhares de exemplares da  Harper Bazaar. Executivos da empresa reclamaram que a capa de dezembro da revista era "ousada demais" e foi considerada "inadequada". Miranda Kerr, a supermodelo australiana, é a razão da discórdia. Na capa em questão, ela usa apenas sapatos de salto alto. A diretora da revista, Kellie Hush, disse ao Sidney Mornig Herald que ficou "decepcionada". "A capa é muito bonita, uma imagem feita por um dos melhores fotógrafos da Austrália, Steven Chee. Além disso, tivemos um 'feedback' muito positivo. É uma vergonha que a integridade artística dessa foto não tenha sido reconhecida", contestou.