por José Esmeraldo Gonçalves
Foi a primeira Copa do Mundo com transmissão de TV, ao vivo, para o Brasil.
Naquele dia, 21 de junho de 1970, milhões de brasileiros - quase os 70 que o IBGE escalava para a população - viram quando Pelé recebeu a bola de Jairzinho, pressentiu a chegada acelerada de Carlos Alberto, esperou por alguns segundos e fez um passe milimétrico.
Sem parar ou sequer diminuir a velocidade o capitão mandou uma pedrada que virou história e, mais do que selar a goleada do Brasil (4 X 1) sobre a Itália, carimbou o Tri.
Carlos Alberto, o Capitão, morreu ontem, no Rio de Janeiro, aos 72 anos.
Aquele gol, a brilhante trajetória e o exemplo de integridade e profissionalismo ficam para sempre.
Em 1970,
Manchete lançou um número histórico sobre a vitória da seleção na campanha do México. A edição de 160 páginas, 90 em cores, reunia o melhor da cobertura da Copa feita pelo repórter Ney Bianchi e pelos fotógrafos Orlando Abrunhosa e Jáder Neves.
Muitas dessas imagens exclusivas da
Manchete eternizam o Capitão em lances cruciais de várias partidas. Algumas estão aqui reproduzidas do número especial da revista.
Infelizmente, a edição não registra todos os créditos individuais, mas ambos, Orlandinho e Jáder, eram craques do ramo - especialistas em captar a 'intimidade" do jogo, as expressões e os gestos que acompanhavam a ação -, assim como era excepcional no seu texto preciso o escriba Ney Bianchi.
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Carlos Alberto contra Bobby Moore: parada indigesta. Reprodução Manchete |
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Com o Tri garantido, o abraço emocionado em Pelé. Reprodução Manchete |
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O trio do Tri: Jáder Neves, Orlando Abrunhosa e Ney Bianchi cobriram a jornada da seleção para a Manchete. Reprodução Manchete |
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Carlos Alberto comemora o gol que selou a conquista. Reprodução/Edição Especial Manchete |
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Cortando o bolo da vitória, ao lado de João Havelange. Reprodução Manchete |
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Com a taça, na abertura da edição especial assinada por Zevi Ghivelder. Reprodução Manchete |
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Carlos Alberto na Copa da Alemanha:
um breve encontro
Na Copa de 2006, o Brasil, já então pentacampeão, não ligou o nome nem a glória esportiva ao que aconteceu em campo. O time ficou abaixo da crítica.
Quem ficou acima no item reverência da imprensa internacional foi a dupla Carlos Alberto e Pelé. O Capitão tinha como seu anfitrião especial o amigo Franz Beckenbauer, com quem jogou no Cosmos. Pelé quase não podia se movimentar tamanho o assédio da mídia global.
Carlos Alberto era um dos convidados da Casa Placar montada pela Abril às margens do rio Reno, em Colônia. O espaço virou um ponto de encontro da torcida brasileira, com direito a telões que transmitiam os jogos com narradores e comentaristas especiais. Patrocinada pela Brahma, entre outros apoiadores, a Casa Placar promovia festas regadas a chope após os jogos. Claro que tornou-se o point no "Baixo" Reno, em Colônia.
Tive o prazer de cobrir para a revista Contigo uma homenagem que o Deutches Sport & Olympia Museum, que ficava bem ao lado do espaço da Placar, prestava a Pelé: o pé direito do craque, esculpido em bronze, ganharia uma vitrine especial no acervo da instituição. Enquanto esperava o homenageado, entrei em uma breve roda de conversa com o Capitão. A seleção era o assunto principal. O Brasil, àquela altura, tinha vencido, mas não convencido, a Croácia e a Austrália. Carlos Alberto não me pareceu tão empolgado com aquelas atuações.
Como comentarista, enxergava defeitos. Como torcedor, talvez esperasse que a sequência de jogos fizesse o time evoluir até o momento de enfrentar adversários realmente fortes.
O Brasil, com a ajuda da tabela, ainda passaria por Japão e Gana. A evolução não veio e a seleção caiu diante do primeiro adversário de tradição, a França, nas Quartas-de-Final.
Mas naquele dia, inevitavelmente, o papo também incluiu a Copa de 70, comparações, níveis e diferenças. O Brasil tinha aquele timaço e, na tabela da Copa do México, não cruzou com adversários fracos. Nada de mané Japão ou Austrália ou Gana. Antes da final com a Itália, a seleção enfrentou a então Tchecoeslováquia, Inglaterra, Romênia, Peru, que era um time de respeito, com Cubillas, Gallardo e companhia, e o Uruguai. O Capitão admitiu que embora a Copa, na época, tivesse menos menos jogos, os adversários eram duros e de maior tradição no futebol. Ele apontou, então, os dois que considerou mais difíceis: o Uruguai, pela rivalidade e pelo "fantasma" de 1950 e a Inglaterra, pela categoria do time e pelo paredão que era o goleiro Gordon Banks. A final contra a Itália, como o placar (4 X 1) mostrou, foi até fácil.
Logo Pelé chegou, o papo se encerrou e Carlos Alberto foi receber o amigo.
E eu adicionei à memória, bem ao lado da imagem que ficou gravada do célebre gol contra a Itália, um dos mais belos de todas as Copas, aqueles minutos de agradável conversa com o Capitão do Tri.
(J.E.Gonçalves)
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Carlos Alberto em Colônia, 2006. (Foto:J.E.Gonçalves) |
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E na homenagem do Deutsches Sport & Olympia Museum ao amigo Pelé. (Foto: J.E.Gonçalves) |
REVEJA O GOL HISTÓRICO NA COPA DE 1970