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quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Carlos Alberto, o eterno Capitão do Tri

por José Esmeraldo Gonçalves

Foi a primeira Copa do Mundo com transmissão de TV, ao vivo, para o Brasil.

Naquele dia, 21 de junho de 1970, milhões de brasileiros - quase os 70 que o IBGE escalava para a população - viram quando Pelé recebeu a bola de Jairzinho, pressentiu a chegada acelerada de Carlos Alberto, esperou por alguns segundos e fez um passe milimétrico.

Sem parar ou sequer diminuir a velocidade o capitão mandou uma pedrada que virou história e, mais do que selar a goleada do Brasil (4 X 1) sobre a Itália, carimbou o Tri.

Carlos Alberto, o Capitão, morreu ontem, no Rio de Janeiro, aos 72 anos.

Aquele gol, a brilhante trajetória e o exemplo de integridade e profissionalismo ficam para sempre.

Em 1970, Manchete lançou um número histórico sobre a vitória da seleção na campanha do México. A edição de 160 páginas, 90 em cores, reunia o melhor da cobertura da Copa feita pelo repórter Ney Bianchi e pelos fotógrafos Orlando Abrunhosa e Jáder Neves.

Muitas dessas imagens exclusivas da Manchete eternizam o Capitão em lances cruciais de várias partidas. Algumas estão aqui reproduzidas do número especial da revista.

Infelizmente, a edição não registra todos os créditos individuais, mas ambos, Orlandinho e Jáder, eram craques do ramo - especialistas em captar a 'intimidade" do jogo, as expressões e os gestos que acompanhavam a ação -, assim como era excepcional no seu texto preciso o escriba Ney Bianchi.

Carlos Alberto contra Bobby Moore: parada indigesta. Reprodução Manchete

Com o Tri garantido, o abraço emocionado em Pelé. Reprodução Manchete




O trio do Tri: Jáder Neves, Orlando Abrunhosa e Ney Bianchi cobriram a jornada da seleção para a Manchete. Reprodução Manchete 

Carlos Alberto comemora o gol que selou a conquista. Reprodução/Edição Especial Manchete 
Cortando o bolo da vitória, ao lado de João Havelange. Reprodução Manchete



Com a taça, na abertura da edição especial assinada por
Zevi Ghivelder. Reprodução Manchete

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Carlos Alberto na Copa da Alemanha: 
um breve encontro

Na Copa de 2006, o Brasil, já então pentacampeão, não ligou o nome nem a glória esportiva ao que aconteceu em campo. O time ficou abaixo da crítica.

Quem ficou acima no item reverência da imprensa internacional foi a dupla Carlos Alberto e Pelé. O Capitão tinha como seu anfitrião especial o amigo Franz Beckenbauer, com quem jogou no Cosmos. Pelé quase não podia se movimentar tamanho o assédio da mídia global.

Carlos Alberto era um dos convidados da Casa Placar montada pela Abril às margens do rio Reno, em Colônia. O espaço virou um ponto de encontro da torcida brasileira, com direito a telões que transmitiam os jogos com narradores e comentaristas especiais. Patrocinada pela Brahma, entre outros apoiadores, a Casa Placar promovia festas regadas a chope após os jogos. Claro que tornou-se o point no "Baixo" Reno, em Colônia.

Tive o prazer de cobrir para a revista Contigo uma homenagem que o Deutches Sport & Olympia Museum, que ficava bem ao lado do espaço da Placar, prestava a Pelé: o pé direito do craque, esculpido em bronze, ganharia uma vitrine especial no acervo da instituição. Enquanto esperava o homenageado, entrei em uma breve roda de conversa com o Capitão. A seleção era o assunto principal. O Brasil, àquela altura, tinha vencido, mas não convencido, a Croácia e a Austrália. Carlos Alberto não me pareceu tão empolgado com aquelas atuações.

Como comentarista, enxergava defeitos. Como torcedor, talvez esperasse que a sequência de jogos fizesse o time evoluir até o momento de enfrentar adversários realmente fortes.

O Brasil, com a ajuda da tabela, ainda passaria por Japão e Gana. A evolução não veio e a seleção caiu diante do primeiro adversário de tradição, a França, nas Quartas-de-Final.

Mas naquele dia, inevitavelmente, o papo também incluiu a Copa de 70, comparações, níveis e diferenças. O Brasil tinha aquele timaço e, na tabela da Copa do México, não cruzou com adversários fracos. Nada de mané Japão ou Austrália ou Gana. Antes da final com a Itália, a seleção enfrentou a então Tchecoeslováquia, Inglaterra, Romênia, Peru, que era um time de respeito, com Cubillas, Gallardo e companhia, e o Uruguai. O Capitão admitiu que embora a Copa, na época, tivesse menos menos jogos, os adversários eram duros e de maior tradição no futebol. Ele apontou, então, os dois que considerou mais difíceis: o Uruguai, pela rivalidade e pelo "fantasma" de 1950 e a Inglaterra, pela categoria do time e pelo paredão que era o goleiro Gordon Banks. A final contra a Itália, como o placar (4 X 1) mostrou, foi até fácil.

Logo Pelé chegou, o papo se encerrou e Carlos Alberto foi receber o amigo.

E eu adicionei à memória, bem ao lado da imagem que ficou gravada do célebre gol contra a Itália, um dos mais belos de todas as Copas, aqueles minutos de agradável conversa com o Capitão do Tri. (J.E.Gonçalves)

Carlos Alberto em Colônia, 2006. (Foto:J.E.Gonçalves) 




E na homenagem do Deutsches Sport & Olympia Museum ao amigo Pelé. (Foto: J.E.Gonçalves)


REVEJA O GOL HISTÓRICO NA COPA DE 1970

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domingo, 12 de junho de 2016

O tempo passa, os hooligans, não. Ontem, ingleses e russos se enfrentaram em Marselha. Há dez anos, em Colônia, a batalha foi entre suecos, ingleses e alemães




por José Esmeraldo Gonçalves

Algumas ruas de Marselha se transformaram ontem e na véspera do jogo Inglaterra 1 X 1 Rússia em uma praça de guerra. Antes e depois do jogo válido pela Eurocopa 2016, hooligans dos dois países e a polícia se enfrentaram nas ruas da cidade.
Segundo as imagens da TV francesa, o quadro era de ruelas embaçadas por gás lacrimogêneo, torcedores presos e feridos, um deles em estado grave, cadeiras e mesas quebradas lançadas nas ruas.
Os ingleses, que eram maioria em Marselha, invadiram restaurantes e jogaram garrafas de cerveja para o alto. Segundo a polícia londrina, há na Inglaterra cerca de 70 gangues de hooligans, com nomes belicosos como Suicide Squad, Blazing Squad e Red Army, como convém ao significado da palavra (vândalo) . Na Rússia, com menos grupos, as torcidas de briga atendem pelos nomes de Ultras, Gladiadores, entre outros, igualmente sugestivos.
A UEFA promete providências e, no que lhe compete - o ambiente interno dos estádios -, abriu investigação sobre a torcida russa, que teria lançado sinalizadores sobre os ingleses nas arquibancadas. Fora dos estádios, o trabalho fica por conta da polícia que, além da intensa vigilância contra as ameaças terroristas, deve se preocupar com o quebra-quebra dos hooligans. E as autoridades francesas sabem como isso pode acabar mal: em 1998, durante a Copa do Mundo, torcedores ingleses assassinaram um policial.
Em 2006, na Copa da Alemanha, houve conflitos entre hooligans ingleses e suecos que ocuparam Colônia. As hordas chegaram à cidade dois dias antes do jogo.

O caos em Colônia, em 2006. Reprodução

A polícia alemã, que já os esperava - na época, vários torcedores fichados foram impedidos de entrar no país -, dividiu o centro da cidade em zonas e montou cordões de isolamento para manter suecos e ingleses afastados. Com cada grupo no seu terreiro, eles bebiam dia e noite. As ruas e praças da cidade eram o escoadouro da cerveja processada em quantidades hospitalares e que nem bexiga de hooligan pode guardar por muito tempo. Até o dia do jogo, os danos eram mais sanitários.

Colônia, 2006, a torcida às margens do Reno. Foto J.E.Gonçalves


Suecos fecham ponte em junho de 2006, em Colônia. Foto J.E.Gonçalves
Havia uns 200 mil torcedores em Colônia, de várias nacionalidades. Pouco mais de 30 mil ingleses e 10 mil suecos foram ao estádio ver o jogo. A maioria ficou nas imediações da Catedral, na margem direita do Reno, ou no Fan Fest da Heumarkt e Roncalliplatz, onde imensos telões mostravam os jogos. Houve alguns conflitos perto de hotéis, mas as brigas se intensificaram depois do jogo, que acabou em 2X2, com a policia agindo mais forte.
Ontem, em Marselha, torcedores com a bandeira nazista.
Reprodução

E o pau comeu não apenas entre ingleses e suecos. Hooligans alemães provocavam os ingleses, que respondiam fazendo alusões à derrota nazista na Segunda Guerra. E aí os ânimos esquentavam ainda mais. Não sei quantos foram presos, mas os homens da lei passaram por mim conduzindo filas de torcedores de mãos dadas rumo ao distrito ou seja lá que nome tivesse a delegacia local. Os torcedores, como as nossas "organizadas", carregavam bandeiras. Menos como empolgação patriótica e mais pela intenção de usar o mastro como porrete. Naquele junho, há dez anos, não vi bandeiras nazistas.

Ontem, em Marselha, a suástica deu as caras. Sinal dos tempos?