quarta-feira, 5 de junho de 2019

Sambódromo - Não vale o que está escrito - Com virada de mesa, o palco do samba se esvazia...

Foto Riotur/Divulgação

E o samba virou a mesa. Esqueça as papeletas do júri, delete o evento da Praça da Apoteose quando em rede nacional a Liesa e a Riotur anunciam os vencedores dos desfiles do Grupo Especial das Escola de Samba do Rio de Janeiro, releve os closes que a Globo dá em rostos emocionados nas mesas de cada escola no suspense da apuração. 

Não vale o que está escrito. É fake.

Reunidos na Liesa, dirigentes da São Clemente, Paraíso do Tuiuti, Estácio, Grande Rio, União da Ilha, Salgueiro, Mocidade e Unidos da Tijuca jogam o regulamento para o alto e abrem alas para o favorecimento. Rebaixada no desfile, a Imperatriz Leopoldinense foi salva no tapetão. A decisão é tão incoerente que deixa de fora a outra escola rebaixada, a Império Serrano. Não que sua inclusão justificasse o absurdo.

Mangueira, Portela, Beija-Flor e Viradouro e Vila Isabel foram votos vencidos. E o presidente da Liga, Jorge Castanheira, entregou o cargo por não concordar com a mudança das regras.

Haverá outras reações à decisão. O Ministério Público cobrará um compromisso assumido pela Liesa, no qual se inclui o respeito às regras. Fala-se que até qualquer um da plateia poderá ir á justiça para pedir a devolução do valor do ingresso, já que pagou para assistir a uma competição que foi subvertida. A própria organização dos desfiles poderá sofrer mudanças.  Com o racha nas escolas, há quem levante a hipótese de criação de outra associação reunindo as escolas dissidentes. 

O Sambódromo continua atraindo uma multidão de apaixonados pelo samba  (nas arquibancadas, porque nos camarotes a música sertaneja e os Djs são dominantes) e milhares de turistas. Já o carnaval de rua, com o fenômeno dos blocos, é hoje um concorrente no quesito digamos "participativo", para quem quer ser folião e não apenas espectador. A qualidade dos sambas, com raras exceções, está comprometida pela "indústria" de produção de composições por encomenda. Os autores das escolas, a prata de casa, já não conseguem resistir a essa à "uberização". Não por acaso, o desfile não tem produzido os novos clássicos, aquele samba que o povo consagra.

Talvez a crise impulsione mudanças que o desfile das escolas de samba parece exigir. 


2 comentários:

J.A.Barros disse...

Tinha que virar bagunça como tudo neste brasil das bagunças.

Roberta disse...

Sinto falta de sambas aqueles que a gente não esquecia