Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
sábado, 16 de janeiro de 2010
Memórias da redação: Aconteceu... na
por Gonça
Na segunda metade dos anos 70, a Fatos e Fotos alternava momentos de boas vendas com épocas de crise braba. Na verdade, a velha F&F foi quase sempre uma revista instável, a começar pelo seu posicionamento no mercado, onde disputava parte de uma faixa - de semanal, de atualidades e variedades - com a principal revista da Bloch, a poderosa Manchete, líder absoluta no segmento. Mas, falava das crises que abalavam a saudosa e divertida F&F. Para driblar os terremotos, as ameaças de passaralho e as cobranças, nada melhor do que bom humor. E isso a redação tinha de sobra. Em uma dessas semanas de sufoco, a direção da Bloch exigia uma capa que levasse o leitor a "correr para as bancas cedinho". Pior que aquela semana andava meio parada, nenhum assunto parecia ter força para levantar as vendas. Enquanto quebrava a cabeça para sair daquela sinuca de bico, a redação bolou a capa ideal, uma flagrante que esgotaria a tiragem e teria repercussão internacional. Um "paparazzo" íntimo que mostrava uma certa suposta rainha em situação prá lá de comprometedora com o famoso ator pornô Long John, um cara cujos atributos mais do que justificavam o apelido.
A falsa capa foi montada - uma tosca colagem, o photoshop, na época, seria ficção científica - com a ajuda do secretário de redação Evaldo Vasconcelos, que fez a "pesquisa iconográfica". Bolamos chamadas do tipo "Falografia, o diagnóstico da impotência sexual", "Sexo: você gosta de sofrer por amor?", "Doenças Venéreas, o fruto proibido do amor". Se fosse para a banca, seria gol de placa, claro. Mas a montagem fictícia foi ampliada no laboratório e apenas colada no mural de capas. Ficou lá um tempão. Diante da pergunta recorrente da chefia sobre a capa da semana ou a clássica questão "o que podemos fazer para vender revista?", nós apenas olhávamos, em silêncio, para o mural. Tava lá num cantinho a capa perfeita, aquela que nunca existiu. O baú do Panis Cum Ovum guardou essa relíquia. Como nos tempos da ditadura (e era ditadura), à maneira dos censores irados que passavam pilot nas fotos que consideravam obscenas, este blog risca parte da imagem. Mas dá para entender o espírito da coisa.
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3 comentários:
São muito interessantes essas histórias de redação que quase nunca vêm a público. Leio sempre aquela seção do Globo que mostra como são os jornalistas e como funcionam um jornal ou uma reivista. Fui leitora das revistas da Bloch, um parente meu trabalhou lá, e comprei o livro Aconteceu na Manchete ao descobrir nesse blog, me diverti muito.
jah posso imaginar a kara dos boss, essa capa ia arrebentar nas bancas, hilaria, vcs mandaram bem
nota dez. muito boa essa memória da redação de uma revista
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