quinta-feira, 16 de maio de 2024
Mídia mucho lôca
A SAF SIFU?
por Flávio Sépia
A implantação das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) foi saudada pela maioria dos jornalistas esportivos, principalmente aqueles especializados em "mercado" da bola, como um acontecimento místico no futebol brasileiro. Ao comprar o Cruzeiro, o ex-jogados Ronaldo foi visto como um "messias" baixando nas montanhas de Minas Gerais. Os gringos que adquiriram o Vasco foram recebidos como se o próprio Tio Sam aqui chegasse com avião cargueiro lotado de dólares. Deu n'água. Ronaldo fez um ótimo negócio ao entrar e sair sem investir o combinado e embolsar milhões. A 777, SAF do Vasco, também atrasou pagamentos e agora está ameaçada de processo na Justiça dos Estados Unidos, movido no Reino Unido, por negociações suspeitas e possibilidade de insolvência. A associação esportiva do Vasco da Gama agiu rápido e entrou com uma liminar que devolve o futebol ao clube. Não anula a transação mas afasta os gringos até que cumpram os compromissos assumidos.
Não demorou muito para que o modelo SAF mostrasse que seus objetivos não são a longo prazo e os controladores, como todo negociante, têm um só objetivo: recolher o mais rápido possível os lucros sobre o patrimônio adquirido (venda de jogadores, ativos imobiliários, direitos de TV, premiações, exploração de placas nos estádios, patrocinadores, comercialização da marca etc.
A propósito, no começo dos anos 2000 a Editora Abril vendeu 30% das ações do grupo a um fundo de pensão dos Estados Unidos, salvo engano, era o que garantia a aposentadoria dos professores. Com a "saf" do jornalismo, os Civita contavam com entrada de recursos. Algum dinheiro chegou, mas o preço foi alto. Em pouco tempo a Abril passou a viver um inferno administrativo e perdeu autonomia para investir. O fundo tinha assento na diretoria. Dos seus ranchos no Texas, os professores exigiam cada vez mais lucros ao fim do ano contábil. Aquela "saf" insaciável - somanada às mortes de Victor e Roberto Civita foi a semente perversa que levou ao fim da editora dos Civita.
P.S. Essa frase, a do almoço grátis, foi atribuída por jornalistas brasileiros ao ex-ministro da ditadura Delfim Neto. Por jornalistas puxa-sacos, evidentemente. Como se sabe e é fácil averiguar a frase tem raízes históricas e pitorescas. Segundo o New York Times já contou, esse "slogan" que fez sucesso aqui no Bananão (apud Ivan Lessa) surgiu em Nova Orleans no fim do século 19. Algumas tabernas exibiam na fachada um letreiro chamativo: free lunch. Só que os botecos faturavam com a venda de bebidas, muito mais lucrativas. A comida era um brinde e vinha com pitadas planetárias de sal. Quando mais comia, o freguês mais bebia.
quarta-feira, 15 de maio de 2024
Fotomemória: Quanta diferença... Nilton Santos e Garrincha eram influenciadores apenas da bola. "Rede social" para eles era o "véu da noiva" que guardava seus gols
Nilton Santos e Garrincha no sul de Minas em '958. Foto de Jankiel Gonczarowska para a Manchete Esportiva. |
por José Esmeraldo Gonçalves
A foto acima foi publicada na Manchete Esportiva em 1958. O autor da imagem foi Jankiel
Gonczarowska. O local, Caxambu, em Minas Gerais. Na cena, os craques Nilton Santos e Garrincha passeiam em uma charrete nas imediações do balneário que, na época, era um local disputado nos verões. A seleção brasileira e os grandes clubes do Rio e de São Paulo faziam ali a etapa de preparação física e técnica antes da abertura dos campeonatos.
A imagem pode motivar outra e atual leitura.
O tempo passou, tudo mudou, inclusive o perfil dos jogadores de futebol. Nilton Santos e Garrincha, do Botafogo, foram dois dos maiores craques da história, mas os salários... ó, nada comparados aos milhões de euros e até de reais pagos hoje. Em tempo sem redes sociais, aquela geração não se envolvia em polêmicas. Ou quase sempre não se envolvia. Os jornais às vezes divulgavam "fugas" noturnas de Garrincha, que se mandava da concentração para a night. O atacante Almir, do Vasco, arrumava algumas encrencas em Copacabana e saia nas páginas policiais. Muito antes, Heleno era o enfant terrible dos anos dourados cariocas. Fora isso, a maioria brilhava em campo. Você consegue imaginar um Neymar posando em uma charrete? Talvez em um Porsche, uma Ferrari, um helicóptero, um jatinho.
Pois é: Garricha e Nilton Santos eram influenciadores apenas da bola, compatilhavam gols. E guardavam na estante de titulos um bicampeonato mundial, isso na época em que os "bi" só valiam se fossem seguidos, como em 1958 e 1962.
Reconhecimento facial: a tecnologia é fundamental para a segurança urbana, mas bancos de imagens ilegais e montados sem critérios ferem o Marco Civil da Internet. Já há vítimas da "vigilância" sem controle
O Globo de hoje informa que o sistema público de monitoramento por câmeras acoplado à tecnologia de reconhecimento facial e operado pela PMRJ possibilitou a captura de foragidos da justiça. Uma boa notícia para os cariocas.
Aliás em três grandes eventos recentes (Réveilon, Carnaval e show da Maddona) o sistema teve impacto positivo nas estatísticas da violência. O efeito é positivo também durante aglomerações potencialmente sensíveis, como jogos de futebol. As câmeras em lojas e condomínios têm ajudado iguamente na identificação de elementos envolvidos em agressões e assaltos.
O problema, segundo relato de vítima já registrado aqui, está em uma operação privada informal caracterizada por disseminação de fotos de "suspeitos" em um grande grupo no whatsapp popular entre seguranças de estabelecimentos comerciais. Uma vítima que nunca teve problema com a lei relata que após um ligeiro mal-entendido pessoal com um vigilante percebeu que foi fotografada por um garçom. Não deu maior importância ao fato, mas o registro fotográfico se repetiu em outras circuntâncias. Custou a perceber que suas imagens eram compartilhadas no tal grupo e, assim, tornou-se um "fichado" no whatsapp, provavelmente sem que os demais integrantes do grupo soubessem de qualquer motivo. Criou-se uma situação de risco aparentemente fora de controle. É ostensivamente vigiado e seguido em vários estabelecimentos. Não foi abordado, mas já percebeu que em duas ocasiões A PM e a Guarda Municipal foram acionadas, foi observado sem intervenção, até porque a vítima em questão nada deve à lei. A pessoa apenas pede orientação sobre o que é que aconselhável fazer para que suas imagens sejam retiradas do tal grupo. O relato foi compartilhado com o MPRJ e a Defensoria Pública.
O assunto já foi abordado com mais detalhes nos links a seguir:
https://paniscumovum.blogspot.com/2024/01/reconhecimento-facial-o-uso-publico-e-o.html
https://paniscumovum.blogspot.com/2024/01/sabia-disso-rio-de-janeiro-tem-banco-de.html
terça-feira, 14 de maio de 2024
Fotografia - Sérgio Jorge: a vida em imagens de um dos grandes fotojornalistas da Manchete
Reprodução de imagem do documentário Foto doc. Sérgio Jorge, de Renato Suziki. |
Dançando sobre a morte
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Reproduzido do X |
sábado, 11 de maio de 2024
sábado, 4 de maio de 2024
sexta-feira, 3 de maio de 2024
"Que emenda é essa?" - O mundo inveja o Congresso brasileiro
por O.V. Pochê
Difícil acompanhar. É extensa a nomenclatura que o Congresso criou para as emendas financeiras parlamentares. Tem deputado alemão que quer cidadania brasileira pra ganhar mandato aqui. É emenda individual; emenda de bancada; emenda de comissão; emenda do relator, emenda pix. Provavelmente, enquanto escrevo, alguém está bolando outra maneira de obter um naco de verba pública para transferir supostamente para suas "bases". Para ajudar suas excelências, sugiro nomes para as futuras emendas.
* Emenda Tio Paulo ("morre aqui")
" Emenda Bolso Furado ("diz ao TCU que o dinheiro tava aqui até agorinha")
* Emenda Cheguei Primeiro (" o Planalto liberou a grana e eu já tava na boca do caixa")
* Emenda Beijinho no Ombro ("é pra mídia que enche o saco e só fala em desvio de verba")
* Emenda Mamãe Merece ("vou comprar um trator pra minha velha")
* Emenda Jesus te Ama ("ô dinheirinho abençoado esse do meu livramento. Glória a Deus")
* Emenda das primas ("hoje tem festa no cabaré das Alagoas")
* Emenda My home, My life ("mais uma liberação dessa e se Deus quiser compro minha casinha em Miami. E a vista, véi")
* Emenda Porsche ("vou é pegar muié dos boiadeiro de Barretos. Segura, peão")
* Emenda Arthur Lira ("obrigado paipai")
* Emenda Rodrigo Pacheco ("brigado pelo pix, sô. Bundemais"
quarta-feira, 1 de maio de 2024
terça-feira, 30 de abril de 2024
Maquiavel no maternal
por Flávio Sépia
Relator do Orçamento, inserindo fundamentalismo em discussão institucional e econômica, diz que Haddad deveria ler menos Maquiavel e mais a bíblia. Mal sabe que os apóstolos eram PhD diante de Maquiavel ainda no maternal.
segunda-feira, 29 de abril de 2024
Na capa da Carta Capital: a mais-valia não acabou 'seu' doutor
A Carta Capital mostra os efeitos do neoliberalismo e a tunga das reformas trabalhistas no bolso do trabalhador. Em 1960, Oduvaldo Vianna Filho escreveu a peça "A mais-valia vai acabar, 'seu' Edgar" . De lá pra cá só piorou. "Seu" Edgar ganhou a parada.
Roberto Carlos, 83 anos, na capa da Caras. A revista diz que ele se "renova". Vale uma aposta?
por Ed Sá
A Caras apostou alto na chamada de capa. "Roberto Carlos se renova na música". Jura? Músicos que trabalharam com o RC dizem que em shows e regravações são mantidos os arranjos originais. Roberto nunca quis mexer no que deu certo. A introdução da canção Detalhes, por exemplo, qualquer brasileiro, mesmo zerado em ouvido musical, vai pressentir as notas que virão a seguir. É difícil acreditar que Roberto Carlos, assim como seu público, anseie por novas emoções ou qualquer "renovação". A marca indelével é a mensagem que a plateia que segue o cantor esperar reencontrar em um eterno "stimming".
terça-feira, 23 de abril de 2024
O que o filme "Zona de Interesse" (*) tem a ver com a nossa própria zona de conforto
A fúria e o som de Auschwitz não perturbam o dia de piscina da família Höss. Foto: Divulgação |
Casa com varanda e vista para campo de concentração: o home office do CEO de Auschwitz. Foto: Divulgação |
por José Esmeraldo Gonçalves
Como um tranquilo reality, a câmera dirigida pelo cineasta Jonathan Glazer acompanha a rotina de Rudolf Höss (Christian Friedel) e Hedwig (Sandra Hüller) e filhos. Uma família comum vivendo em uma casa acolhedora, cercada de jardins e de um rio de águas calmas que corre tão monótono quando parece a vida dos Höss. Poderiam estar em um anúncio de banco digital se não tivessem o horror como vizinho. Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz, é tido por seus superiores como eficiente na função. Uma espécie de empregado de todos os meses durante os piores anos da Segunda Guerra Mundial. Poderia perfeitamente ser hoje um desses palestrantes e coachs que vendem motivação e sucesso.
O muro alto que separa a casa dos Höss das instalações do campo de concentração não esconde as chaminés dos crematórios e nem impede que a família ouça uma trilha constante de gritos de desespero e tiros. Ouvir, no caso, não é sinônimo de prestar atenção ou se importar com o barulho no condomínio. Höss age como um CEO da firma, um Elon Musk do X. É fanático por foco no trabalho. Faz reuniões com os subordinados, traça estatégia para "otimizar" o número de trens que levam prisioneiros judeus à morte e como expandir a linha de montagem do Holocausto. Não aparecem cenas de brutalidade. Ele se apresenta como um gestor que tem metas e business plans.
A extrema frieza está presente tanto na mesa de reuniões quanto nas conversas conjugais, quando o militar compartilha com a mulher os rumos da sua carreira e seu prestígio ascendente na cúpula executiva da "Solução Final".
Em todas as situações, a indiferença é o elemento perturbador e a naturalidade o fio que conduz a trama.
No seu discurso, ao receber o Oscar de Melhor Filme Internacional, Glazer enfatizou sua determinação em confrontar "Zona de Interesse" com o presente.
"Não para dizer 'veja o que eles fizeram então', mas 'veja o que fazemos agora'. Nosso filme mostra aonde a desumanização nos leva”. Agora estamos aqui como homens que recusam que o seu judaísmo e o Holocausto sejam sequestrados por uma ocupação que levou tantas pessoas inocentes ao conflito, sejam elas as vítimas do 7 de outubro em Israel, seja o ataque em curso em Gaza”, concluiu.
O exemplo citado por Glazer é um entre os muitos muros que atualmente escondem o que se passa ao lado. Não é o único. As chaminés da ascensão da extrema direita nos Estados Unidos, na França, itália, Polônia, Brasil, Argentina, Espanha, Israel, Portugal, Alemanha, Hungria, Finlândia, entre outros países, são evidências de um fenômeno político amparado pela mesma indiferença e comodidade que impulsionaram o nazismo e o fascismo.
(*) "Zona de Interesse" estreou no Brasil, nos cinemas, em fevereiro. Agora chega ao streaming (Prime) e certamente convidará milhões de pessoas a escalarem a múltipla escolha dos nossos muros. Por exemplo, o muro de um Congresso com maioria de extrema direita; o muro do ativismo político das igrejas neopentecostais rumo à teocracia; o paredão das redes sociais manipuladas por algorítmos; o poder das big techs; o grande muro da destruição ambiental, o muro do crime organizado em associação com autoridades e a muralha dos ataques ao STF, só para citar alguns.
Viagem à terra de São Jorge
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Balões sobrevoam a Capadócia, Foto. J.Esmeraldo Gonçalves |
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Montanhas e horizonte da Capadócia, terra de São Jorge Guerreiro. Foto: J.Esmeraldo Gonçalves |

Salve ele! O maior São Jorge que o Rio já viu
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Págiana reproduzida da edição especial de carnaval da Manchete, em 1991 |
Quem viu, viu. Em 1991, a União da Ilha não empolgou os jurados (ficou em nono lugar) mas levantou o povão e deixou um samba que até hoje é um dos mais tocados nos blocos cariocas. A simpática escola da Ilha do Governador também fez o sambódromo com uma alegoria impressionte de São Jorge, padroeiro da União da Ilha. O maior Santo Guerreiro que o Rio de Janeiro já viu. Hoje, dia de Jorge da Capadócia, o blog relembra esse carnaval. E sobre o samba daquele ano, se você já saiu em algum bloco, ouviu e cantou: "Hoje eu vou tomar um porre, não me socorre que eu tô feliz...", o samba "De Bar em Bar", do compositor Franco, que homenageava outro compositor histórico, Baeta Nunes, o Didi, falecido em 1987. Didi, procurador, boêmio e poeta, emplacou mais de dez sambas na União da Ilha e mais quatro no Salgueiro. (José Esmeraldo Gonçalves)
domingo, 21 de abril de 2024
Mídia: vai uma miçanga aí?
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Reproduzido de O Globo |
por Flávio Sépia
Economista neoliberal é o seguinte. Se dependesse dele, o Brasil exportaria apenas coco e banana e mesmo assim trocaria esses produtos por miçangas e espelhos. Esse aí sugere no Globo que o país importe carros usados. A indústria automobilística e de autopeças gera empregos. Mas esse é um detalhe que não interessa aos neoliberais de mercado.
Agora, sério, nada é gratuito. Existe de fato um lobby para que o Brasil importe carros usados (atualmente só é permitida a importação de automóveis colecionáveis). E o economista ainda quer que o país subsidie a compra com isenção de impostos. Se o carro em questão não segue normas de segurança, regras ambientais e direitos do consumidor, dane-se.
Há países que aceitam até receber lixo industrial e doméstico e rejeitos hospitalares de nações desenvolvidas. O Brasil, por enquanto, não. Embora cargas clandestinas já tenho sido flagradas por aqui. Vai ver neoliberais já estão discutindo em fóruns acadêmicos como legalizar a importação de fraldas usadas, remédios vencidos e supositórios reciclados. Duvida?
sábado, 20 de abril de 2024
Mídia: conflito na bancada do Conexão Globo News. Gabeira e Leilane investem contra Daniela Lima. Motivo: uma referência ao juiz Thompson Flores, da Lava Jato. Sabe-se que a operação, mesmo contaminada por suspeitas de corrupção e ilegalidades processuais, ainda é um dogma para O Globo, TV Globo e Globo News
Barraco político na telinha. Os protagonistas foram Gabeira e Leilane, que investiram contra Daniele Lima. Valdo Cruz e Camila Bonfim só assistiram ao conflito. Imagem reproduzida da Globo News |
por José Esmeraldo Gonçalves
Durante o Conexão Gabeira e Leilane ficaram nervosos com uma fala de Daniela Lima que apenas citou o juiz Thompson Flores como o magistrado que reverteu uma liminar de soltura de Lula, o que permitiu o encarceramento, em 2018, do atual presidente, e que efetivou mais uma interferência da Lava-Jato nas eleições presidenciais em favorecimento a Jair Bolsonaro. Daniela citou tão somente um fato verdadeiro. Thompson, aliás, integra a lista de magistrados afastados pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) devido a irregularidades na Lava-Jato. Acometido de uma espécie de "apoplexia", mas ao seus estilo zen", reconheça-se, com a calma de um sacerdote da Inquisição:
"Eu só queria dizer para a Daniela o seguinte, cada vez que você menciona Thompson Flores, você diz que é o juiz que negou a libertação do Lula, e dá a impressão de que ele está sendo julgado por isso. Eu não acredito que esse seja o ponto central, entende? Se você enfatiza sempre isso, você está querendo julgá-lo por isso, e não é por aí".
Daniela, que parece ter atingido um personagem cultuado por Gabeira, rebateu:
"Não é isso. Deixa eu só me justificar senão fica parecendo que de fato é. Não, Gabeirinha, é só para poder colocar o personagem na monta que ele teve na história".
Leilane Neubarth se empolgou e pegou carona em um banquinho da charrete inquisitorial do Gabeira:
"O que ele quer dizer, Dani, é que este aposto não tem a ver com o que está acontecendo. Você tem toda a razão, esse juiz é responsável por esse momento, mas esse aposto não se traduz e não cabe nessa questão agora".
Daniela Lima não ficou calada:
"Não, como a gente explicou ontem, tem a ver com o fato dele ter atropelado a decisão do Supremo Tribunal Federal, é outra coisa. É só para a gente ter a monta do personagem para quem está em casa entender o tamanho do cidadão".
Leilane, incomodada e nada zen, prosseguiu, ampliando a crítica à parceira de bancada:
"Vamos entender um pouco do tamanho do que está acontecendo porque o Gabeira me traz duas questões que parecem fundamentais, que são prudência e isenção. Prudência e a coisa de não se envolver, de ter uma isenção, que é a palavra que ele usou. Então acho que tudo o que a gente está vendo, e tudo o que a gente precisa ver daqui para frente, sejam nas notícias, sejam nas decisões, sejam nas análises, é justamente prudência e isenção, sem paixões políticas".
O caso repercute nas redes sociais impulsionado pelo fato de Daniela Lima ter se ausentado do programa na quinta (18) e sexta (19) seguintes, o que motivou especulações sobre seu afastamento do Conexão e até demissão da Globo News.
Leilane, em tom autoritário e superior pontuou "a coisa de não se envolver, de ter uma isenção". As redes sociais, por sua vez, logo ilustraram a hipocrisia da jornalista com a simples reprodução de um dos seus posts em 2018. Veja a mensagem que mostra o que Leilane entende por isenção:
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Reproduzido do X |
quinta-feira, 18 de abril de 2024
Ziraldo: por Sérgio Augusto.
quarta-feira, 17 de abril de 2024
O novo mecanismo dos "cardeais" da congregação Lava Jato
O Mecanismo, da Netflix, série dirigida por José Padilha, exaltou a Lava Jato e virou um doc que deixou a direita excitada. Para os porões neoliberais e bolsonaristas foi algo como uma atração porno-neoliberal para ser vista nas madrugadas. Teria sido bancada pela empresa estadunidense Netflix. O Mecanismo foi um alvoroço no momento em que parte da mídia do oligarcas brasileiros era pautada por Sérgio Moro e seus parças procuradores.
Como O Mecanismo ficalizava a "corrupção endêmica" é muito justo que a Netflix financie agora mais um vibrante episódio sobre um novo mecanismo: o da "fundação" malandra que Moro e seu arrastão jurídico montaram para drenar recursos amealhados pela Lava Jato em processos, a maioria, hoje anulados por uma engrenagem de supeitas e ilegalidades flagrantes.
O doc de Padilha misturava ficção com opiniões e recriava fatos de acordo com a visão difundida pela Lava Jato, organização muito poderosa junto à Folha, ao Estadão, O Globo, TV Globo, Veja, sites da direita etc. O Mecanismo bebeu nessa fonte. É de se esperar que a Netflix e os produtores da série estejam ansiosos para fazer um último episódio que aprofunde as cavernas da Lava Jato, as investigações sobre os juízes e procuradores e, especialmente, siga o dinheiro. As pistas estão aí para o Brasil maratonar. O Conselho Nacional de Justiça está escrevendo o roteiro. É para viralizar, Padilha.
Veja a matéria completa no link (GGN) abaixo.
segunda-feira, 15 de abril de 2024
Dino dá recado a quem quer passar pano no 8 de janeiro
domingo, 14 de abril de 2024
sábado, 13 de abril de 2024
Na capa da IstoÉ - Musk e a conspiração da extrema direita: conexão realizada com sucesso
Comentário do blog - No momento em que Musk é notícia por atacar o STF como parte da ofensiva da extrema direita contra a democracia, a Polícia Federal apreendeu nos últimos dias em garimpos ilegais na área dos Yanonami 24 antenas Starkink pertencentes à empresa de Elon Musk.
No ano passado, reportagem publicada no Globo usou a expressão narcogarimpo ao apurar ligações entre garimpeiros e traficantes de cocaína. Embora ainda receba muitas críticas de usuários e especialistas por instabilidade da conexão, a rede Starlink é muito procurada por quem necessita de acesso à internet em regiões remotas e é, logicamente, instrumento de muita utilidade na logística ilegal.
sexta-feira, 12 de abril de 2024
De Ruy Castro para a Folha: a Internacional da extrema direita
Musk quer ser o führer da Internet
Capa da edição dessa semana da Carta Capital |
Comentário do blog. Elon Musk é investigado na Europa como o maior propagador de notícias falsas nos meios digitais. É uma espécie de Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Adolf Hitler, redivivo. No Brasil, contudo, seu lobby poderoso funciona, é até homenageado pela oposição no Congresso Nacional. Com repetidas ameaças ao STF, ele foi capaz de adiar a regulação das big techs no Brasil. Impressionante a rapidez com que políticos bolsonaristas cederam às pressões neofascistas e golpistras de Elon Musk.Ou talves não seja surpresa: Musk está coordenando ataques às democracias e se articula com governos da extrema direita em vários continentes.
Justiça do DF censura a Agência Pública
Matéria reproduzida do Jorlaistas & Cia. Edição 1455 |
A Agência Pública "reitera a lisura da reportagem e repudia a censura e a violação da liberdade de imprensa, um preceito constitucional tão caro para as democracias".
quarta-feira, 3 de abril de 2024
Fotomemória: Em 2 de abril de 1964, a última imagem de Jango antes da longa e trágica noite que subjugou o Brasil
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Foto Revista Manchete |
A coletânea "Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou", organizada pelo jornalista José Esmeraldo Gonçalves com o saudoso designer J.A.Barros, lançada em 2008, recuperou essa foto que a Manchete publicou com exclusividade mas, infelizmeente, sem crédito. Foi feita no dia 2 de abril de 1964. Adolpho Bloch teria sido avisado que João Goulart deixara o Palácio Laranjeiras e se dirigia ao Santos Dumont, protegido por uns poucos aliados, rumo a Brasília, e enviou uma fotógrafo ao aeroporto carioca. Em Brasília, o golpe já se consolidava. Havia no Planalto quem defendesse uma resistência com apoio de militares legalistas. Jango observou que a situação era irreversível, quis evitar derramamento de sangue, e partiu para Porto Alegre, sua última escala no Brasil, antes do longo exílio no Uruguai.

O Diário de Notícias noticiou que um grupo de oficiais da Marinha
queria empreender uma caçada ao presidente João Goulart.
Jango permaneceu em Brasília durante menos de quatro horas. Naquele momento, circulou uma informação de que comandos da Marinha estariam organizando uma caça feroz ao ainda presidente.
Os capítulos seguintes, a história registra. Jango não voltaria mais ao seu país. Faleceu na Argentina no dia 6 de dezembro de 1976. Causa oficial da morte: infarto. Trinta e sete anos depois foi iniciada uma investigação para apurar a suspeita de que ele poderia ter sido assassinado pela Operação Condor, um esquadrão de execuções de líderes democratas da América Latina montado pelas ditaduras do Chile, Brasil, Argentina e Uruguai. Para a família, dado o longo tempo desde o falecimento do ex-presidente, a exumação não foi cientificamente conclusiva. Um perito contratado pelos Goulart continuou defendendo a continuação da investigação, mas o processo foi encerrado.
Pouco mais de doze anos após a foto histórica no Santos Dumont, Jango foi enterrado em São Borja, como era seu desejo, mas até isso exigiu uma negociação com o governo. O carro que trazia o caixão do ex-presidente foi barrado em Uruguaiana por tropas do 3º Exército. Temendo a repercussão internacional do episódio, o ditador Ernesto Geisel mandou liberar a entrada e o serviço fúnebre, desde que não houvesse público, manifestações de familiares, de políticos, do povo em geral e cerimônia religiosa. Cerca de 10 mil soldados ocuparam São Borja. Apesar disso, calcula-se que mais de 30 mil pessoas ocuparam as ruas da pequena cidade gaúcha. Desafiando as ordens dos militares, o povo exigiu que o caixão fosse levado antes à igreja. No cemitério, Pedro Simon e Tancredo Neves fizeram discursos de despedidas. Sobre o caixão havia uma bandeira com a palavra Anistia, mas esse processo político, decretado em agosto de 1979, não mais alcançou João Goulart.