sexta-feira, 20 de março de 2015

Cartel tinha asas e bico...


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Casa Cláudia: o piso virou capa...

Na Casa Cláudia de abril, o assoalho ganhou capa. O piso Duraflor é a estrela. A capa é dupla e a segunda metade, ao ser desdobrada, serve para você fazer um test drive de como ficará sua sala. A ação é da DPZ. E, sinal dos tempos: associar a capa diretamente com um produto é algo inédito nas revistas da Abril.

Dessa vez está na capa da Time: o par de chifres de Hillary Clinton...

Não é nada do que você está pensando, embora faça sentido. Monica Lewinski que o diga. A revista Time dessa semana foi criticada na rede por colocar um par de chifres em Hillary Clinton, a capa da vez. A revista se defende e diz que a parte superior da letra M do logo TIME já transformou em chifrudos figuras com o Papa Francisco, Putin e Margaret Thatcher. Simples coincidência.




Duas campanhas, o mesmo DNA...

A campanha da imprensa contra a construção de ciclovias em São Paulo tem um ponto em comum com outra violenta investida midiática e elitista - aquela contra os Cieps, do Brizola - no começo doa anos 1980. Quem lesse jornal naquela época e não estivesse familiarizado com a sigla imaginaria que o governador estaria construindo gigantescas "bocas" para vender cocaína. Os Cieps eram tratados como se fossem coisa de bandido. A localização - perto de comunidades carentes - as piscinas, o tempo integral, dentista, orientadores, imagina, tudo muito caro, o povão não mereceria tamanho "luxo". O que Brizola estava querendo, tornar a escola pública igual ou melhor do que as melhores particulares? As ciclovias em São Paulo parecem provocar o mesmo ódio ao tirar espaço dos carrões dos "coxinhas". O que é, em todo mundo, uma alternativa para a mobilidade urbana, em São Paulo é tratada como se o prefeito estivesse construindo um calçadão para o PCC. E não são apenas as ciclovias, as faixas exclusivas para ônibus também estão sob bombardeio. Os "coxinhas" não abrem mão do transporte individual, preferem ficar horas parados no engarrafamento do que sentir o "cheiro do povo" como dizia um ditador que, a isso, preferia botar o seu nariz autoritário em sovaco de cavalo.

"Yes, we can't": "Acabou a reunião. Agora vamos ver o que Obama acha"

Foto Arran Hoare/Gabinete do Primeiro Ministro
Reunião de cúpula da União Europeia, em Bruxelas. François Hollande, Angela Merkel e David Cameron deixam o campo e se encaminham ao vestiário. A política externa da Europa, a partir da Segunda Guerra Mundial, ficou a reboque de Washington, mas desde a crise da Ucrânia, quando as potências ocidentais instrumentalizaram o golpe que derrubou o presidente Victor Yanukovych, a submissão diplomática é vexatória. Os Estados Unidos arrastaram a Europa para várias aventuras militares que, ao invés de resolver, ampliaram conflitos. Iraque, Líbia, Afeganistão, Síria tornaram-se a proveta que gerou e potencializou o terrorismo do Estado Islâmico. Nessa semana, os líderes europeus se reuniram para discutir as sanções à Rússia, que deveriam expirar em julho e setembro próximos. Um telefonema de Obama, na última quarta-feira, para Angela Merkel, fez o trio tremer nas cadeiras. O presidente norte-americano não quer aliviar as pressões tão cedo. Ele considera que o mundo vive uma nova "guerra fria". Embora a própria Angela Merkel tenha dado sinais de que a política de sanções não ajuda a obtenção de um acordo, o trio acima reconheceu um "yes we can't e divulgou um comunicado: “O Conselho Europeu decidiu que a continuidade das medidas de restrição contra a Federação da Rússia, adotadas em 31 de julho de 2014 e intensificadas em 8 de setembro de 2014, deverá estar fortemente atrelada à realização dos acordos de Minsk, levando em conta que as mesmas se referem às sanções válidas até o dia 31 de dezembro de 2015. As decisões necessárias neste âmbito serão tomadas nos próximos meses. O Conselho Europeu está pronto para adotar medidas adicionais, em caso de necessidade”,

Nada é tão ruim que não possa piorar...


Fotos Orlando Kissner/Fotos Públicas
Com o PMDB na mão, Eduardo Cunha já é um dos presidenciáveis para 2018. Essa semana, ele foi a Curitiba inaugurar o programa "Câmara Itinerante" que certamente será um bom instrumento para que percorra o país e amplie a visibilidade que a presidência da Câmara dos Deputado lhe dar, ele que até aqui era um político regional, polêmico, movendo-se entre o Rio de Janeiro e o "baixo clero" do Legislativo, desconhecido dos eleitores dos demais estados. Na Assembleia paranaense, Cunha foi recebido pelo governador Beto Richa, do PSDB, uma aliança que também se configura para 2018 (estarão abraçados, no mínimo, em um eventual segundo turno). Mas teve que ouvir manifestantes que pediam o fim do financiamento empresarial (Cunha é muito a favor do caixa privado na corrida eleitoral) e a realização, já, de uma Constituinte.

Ainda sobre a nova moda do paparazzo caseiro...

Um protesto silencioso. Ao ver que o videogame era claramente mais importante, o jeito foi postar a foto na rede. Paparazzo caseiro, uma nova onda, foi objeto de comentário no post "Coisas da vida", que você pode ver rolando as notas anteriores deste blog. Foto: Reprodução Facebook

Tecnologia 1: empresa startup lança o guarda-chuva que você nunca vai esquecer. O Bluetooth não deixa...

Foto Davek/Divulgação
Quem não perde guarda-chuva? Então, seus problemas acabaram. a Davek, uma startup de Nova York lança uma versão hi tech que vem com um chip Bluetooth embutido capaz de avisar ao seu celular que acidentalmente o guarda-chuva está sendo deixado para trás. Se você esquecer o celular também, aí o problema é seu. Mas o preço não é de camelô: a Davek Alert Umbrella vai custar 99 dólares (desconto só até 12 de abril) para os apoiadores iniciais do projeto. Freguês comum vai pagar mais caro, em torno de 125 dólares.

Tecnologia 2: Amazon enfim autorizada a testar seus drones entregadores de mercadorias...

Foto: Amazon
A Administração Federal de Aviação (FAA), dos Estados Unidos, acaba de dar permissão à Amazon para operar drones, sob determinadas condições. Por enquanto, é um certificado de "aeronavegabilidade experimental" que libera a empresa para voar robôs a até pouco mais de 100 metros de altitude, durante o dia e com boas condições atmosféricas de visibilidade. O operador do drone deve ser qualificado, com certificações técnicas e médicas. Além disso, a Amazon deverá fornecer à autoridade dados mensais sobre os voos.  A autorização é o primeiro passo para a implantação do programa da empresa que pretende enviar produtos via drones para seus clientes. Empresas norte-americanas de menor porte já estavam autorizadas a testar os sistemas, mas a Amazon - que tem objetivo logístico de grande alcance -, assim como o Google, estavam ainda nas filas de espera da FAA.

A outra ponta do novelo...


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quinta-feira, 19 de março de 2015

Coisas da vida....

por Flávio Sépia
* Há algumas semanas, comentaristas de economia e economistas ligados ao setor financeiro passaram a pregar que o Fed (Federal Reserve) aumentaria os juros nos Estados Unidos. O dólar disparou, claro, e se manteve quente enquanto a especulação era plantada por aí. Como se sabe, se a taxa de juros sobe lá, há uma tendência de fuga de dólares do Brasil. Essa era a perspectiva anunciada. Na contramão das análises, ocorre que o Fed não mexeu nos juros e ainda insinua que não mexerá também em abril. Os especuladores que venderam em alta nas últimas semanas estão abrindo champanhe até agora e brindando aos especialistas. O dólar não experimentou a escalada que viria com a nova taxa de juros norte=americana. E o "mercado" está pronto para começar tudo de novo quando os analistas e a mídia voltarem a prometer aumento da taxa de juros no Estados Unidos daqui a algumas semanas. Ou entrando no sobe-desce conforme a boataria implantada pelos espertos nas redes sociais. Convidaram você para esse champanhe?
* Aparentemente, por explanação de um procurador, parece clara a tática da acusação no caso Petrobras, pelo menos em relação às contribuições de campanha. Serão diferenciadas as doações legais daquelas oriundas de supostas propinas. Isso está tranquilizando muitos políticos. O problema é saber o que é dinheiro limpo ou sujo. As empresas pagaram propinas, supostamente, para assegurar superfaturamento, certo? Logicamente, os valores das propinas seriam infinitamente menores do que o lucro auferido pelos aditivos aos contratos. Ou não faria sentido subornar, confere? Como as empreiteiras fizeram doações a políticos de vários partidos e o lucro dos contratos com a Petrobras teria ido parar no caixa geral das empresas, pode-se supor que haverá doações em forma de propinas, supostamente, e outras vindas dos enormes lucros que teriam sido auferidos com o esquema. Tais lucros também são sujos. Como as cédulas das propinas e as do lucro, embora tenham origem no mesmo esquema, não são marcadas com dispositivos magnéticos de rastreamento, como a Justiça vai saber o que é limpo e o que é contaminado nos pacotaços de doações privadas que fizeram a festa das campanhas ?
Cid Gomes cutucou o lobo na sua toca e...

...saiu rindo da própria performance e do furor dos deputados. Fotos de Fábio Rodrigues Pozzebom/Câmara dos Deputados.
* Cid Gomes pediu demissão do MEC depois de bater boca com deputados federais. Mas falou na Câmara o que é senso comum nas ruas. Muitos deputado ficaram apopléticos. Mas quer saber? Não foi nada que eles já não tivessem ouvido antes.
Foto Roberto Stuckert Filho/PR
* Dilma Rousseff assina MP que renegocia dívidas dos clubes de futebol mas exige, entre outros pontos, que sejam publicadas demonstrações contábeis auditadas por empresa independentes; pagamento em dia de obrigações tributárias e contratuais com atletas e funcionários; gasto de, no máximo, 70% da receita bruta com o futebol profissional; manutenção de investimento mínimo permanente nas categorias de base; e cronograma progressivo de redução dos déficits que deverão ser completamente zerados a partir de 2021. O Bom Senso, que reúne jogadores, aprovou. Estão previstas punições caso os clubes não cumpram o acordo. A má gestão, por exemplo, pode levar um clube ao rebaixamento. Isso a CBF não gostou. Considera que é interferência nos regulamentos esportivos.
* Paparazzi é uma coisa que incomoda algumas celebridades. Mas já não é o maior risco. Alguns pequenos escândalos têm sido divulgados pelas próprias em suas redes sociais. Marido que publica no Instagram foto da mulher de calcinha; mulher que publica foto do marido dormindo; amiga que flagra a outra caída no chão depois de uns gorós etc. Hoje, sites divulgam vídeo de um briga íntima de casais. Um dos contendores resolveu postar as imagens na rede. Os famosos estão tirando emprego de colunistas de fofoca e de fotógrafos. E o paparazzo mora ao seu lado.
* A síndrome da má notícia é contagiosa. O Diário do Comércio. de Minas, publica uma matéria sob o título "Produção Nacional de Aço Bruto caiu 5,1%". E o freguês vai ler o texto e descobre que não caiu, subiu 5.1%. Existe a crise no mundo, no país, e existe a megasuper crise cavernosa na cabeça dos editores dos jornalões? Vá entender...
Giselle na campanha do perfume e...
em fotos inspiradas en Brigitte Bardot para a joalheria Vivara. Fotos Divulgação

* Gisele Bundchem anuncia aposentadoria. Mas das passarelas. Continuará posando para campanhas publicitárias (a mais recente é essa ao lado para Chanel N°5) e viajará como Embaixadora da Boa Vontade do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente.
* Amanhã é dia do início do ano astrológico e de eclipse solar 9que não será visto no Brasil). A astróloga Mônica Horta, do site Delas, diz que o duplo fenômeno influirá na vida das pessoas e do pais. Inclusive na crise política. "Essa crise já se arrasta há muito tempo, então o dia 20 de março simboliza um fim, de um lado ou de outro. Me perguntam o que vai acontecer dia 20, eu digo nada. A mudança vai acontecer nesse período. Alguns astrólogos dizem de seis meses antes até seis meses depois", diz Mônica ao site Delas. Te cuida. Dilma.
* Justiça manda soltar os rapazes flagrados acendendo e lançando o morteiro que matou o cinegrafista da Band, Santiago Andrade, durante manifestação no Rio de Janeiro. Além da soltura, todo o processo foi anulado e a acusação desqualificada (os dois não responderão mais por homicídio). A decisão foi tomada em votação por apenas dois entre três desembargadores. O Ministério Público terá que apresentar nova denúncia, sem indiciá-los por homicídio. Antes, o MP vai recorrer. A viúva de Santiago se diz "humilhada" pela decisão. Foi igualmente concedido aos rapazes que lançaram o morteiro que matou o cinegrafista um habeas corpus que já havia sido negado até pelo STF. Não é surpresa, portanto, que, por exemplo, torcedores tenham lançado uma bomba sobre um jornalista durante um jogo recente no Mineirão. A turma confia que vai dar em nada.
* Hoje saiu mais uma lista de donos de contas numeradas na Suiça, a maioria atrelada a empresas constituídas em paraísos fiscais. Há um listão de doadores de campanhas políticas. Tudo gente boa. Junto com a revelação das contas vem sempre a ressalva de que são legais a menos que não sejam informadas à Receita Federal, que estaria investigando se houve sonegação. Qualquer pode abrir conta no exterior, e conta aberta, normal, em qualquer agência, sempre comunicando à Receita. Não se sabe porque as pessoas listadas optaram por contas numeradas, secretas, modalidade que é a preferida por ditadores, traficantes, negociantes de armas, políticos desonestos e até por grupos terroristas.
* Em busca de recursos, a Prefeitura do Rio mandou para a Câmara de Vereadores um projeto que seria uma espécie de cheque em branco para alterações urbanísticas na cidade. Concede direitos para alterar fachadas, para construções sob praças, para construções privadas em áreas públicas etc. O tal projeto permitirá construção de prédios ao longo de vias públicas sobre pilotis, por exemplo. Se um empresário acordar criativo e quiser construir em cima das linhas do BRT, é só pagar. No momento em que derrubam a Perimetral, que era um entulho visual, abre-se espaço para centenas de perimetrais na cidade. Alterar fachadas, fazer puxadinhos, pagou passou. Uma vereadora ficou chocada ao ver que o projeto nem detalha obrigações ou compensações ambientais dos eventuais interessados e é perigosamente genérico. Serão vendidos terrenos das Prefeitura também. Mexe profundamente com a cidade e a população não é nem convidada a se pronunciar. Uma audiência pública cairia bem. E o tal projeto, apesar das reações de alguns vereadores vai correr em regime de urgência. Bom o Ministério Público ficar de olho nas intenções e no andamento dessa coisa que arrisca ser uma bomba-relógio extremamente poderosa nesses dias de luta pela ética no trato com os bens públicos. Se não começa transparente, será transparente se for aprovado e executado?
Apocalipse no Largo da Carioca. Reprodução site Conexão Jornalismo
* O site Conexão Jornalismo publica hoje uma foto do cartar que um sujeito que não tem o que fazer segura no Largo da Carioca ao lado de outro que berra em um megafone. Veja aí ao lado. Em tempo de listões de propinas e de contas na Suíça, ele relaciona a galera que de jeito nenhum vai entrar no suposto céu. Como diz o site, a lista é tão ampla que não escapa ninguém. Talvez nem mesmo os apocalípticos... O cartaz, aliás, incorre em vários crimes ao ofender minorias, médiuns, ateus etc.
* Um empresário carioca oferecia uma recepção para comemorar o aniversário de um amigo jornalista justo no momento em que Dilma Rousseff fazia um pronunciamento na TV. Não deu outra: uma empregada uniformizada logo trouxe da cozinha uma bateria de panelas inox e a turma foi pra janela. Riam muito até que um vizinho, apesar do condomínio classudo, mandou todo mundo tomar no cu. Deu-se então uma elegante troca de xingamentos. No final, o empresário pediu aos convivas que não postassem fotos do evento que ele tem negócios com a área pública. Sabe-se lá. Cessado o panelaço, os "criados", como a dona da casa os trata, foram chamados para recolher as panelas.
* Deu no Sensacionalista... a ideia, segundo o site, é "expulsar o demônio vindo da Globo". Ainda segundo o Sensacionalista, "no contrato de Xuxa, há uma clausula que diz que a apresentadora terá que fazer versões de suas músicas para a igreja. Já são esperados sucessos como “Marquei Jesus no seu coração”, versão de “Marquei um X no seu coração” e “Lua de Cristão”, versão de “Lua de Cristal”.


* Repercute hoje nos jornais ingleses o estilo sedutor da bela repórter Susana Reid, do canal ITV, ao entrevistar o primeiro-ministro David Cameron. Ela riu das piadas, ficou charmosamente surpresa com revelações banais do político, cruzou as pernas, levou as caneta aos lábios. A matéria era para um programa que mostra personalidades em casa. Susana admitiu, depois, que não paquerou Cameron mas o deixou ruborizado. Recentemente, ela participou de um programa do tipo "dança das estrelas", como se vê nas reproduções abaixo.

O drible do Messi e a reação de Pepe Guardiola, técnico do Bayern...

JOGO BARCELONA 1X0 BAYERN PELA LIGA DOS CAMPEÕES, SEMANA PASSADA. VEJA O LANCE NO MASHABLE, CLIQUE AQUI

Essa é boa... conheça a "Bolsa Berlusconi"

As mulheres que participavam das festas de Berlusconi passavam a receber uma "ajuda mensal". 

Não dá para negar que o ex-primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, é hilário. Rico, bon vivant, às voltas com processos e acusações, ele alternava os chatíssimos expedientes no governo com homéricas festas chamadas Bunga-Bunga onde ninguém era de ninguém. Recentemente, ele foi absolvido de um desses processos em que era acusado de incitação à prostituição de menores. Entre outras coisas, os promotores italianos descobriram que Berlusconi mantinha uma espécie de fundo, no bom sentido, que beneficiava com um "mensalão" maneiro um timaço de 20 mulheres. Desde 2010, ele pagou 1,7 milhão de euros às meninas, além de doar casas e um apartamento. Ele entrava com casa e roupa lavada e elas com a comida. O que se revela agora é que uma das peças de defesa do ex-primeiro-ministro é uma carta que enviou a cada uma das "bolsistas", em 2013, reiterando que o "mensalão" era uma "iniciativa generosa e altruísta" mas que seus advogado aconselhavam a interromper as remessas para evitar interpretações incorretas. "Meus advogados, bem que compreendendo a generosidade e o altruísmo da minha iniciativa, convidam-me com absoluta determinação a não continuar com o apoio econômico mensal, porque minha ajuda poderia ser atribuída à aceitação com uma finalidade diferente da autêntica. Por estas razões me vejo obrigado a suspender desde janeiro qualquer contribuição", escreveu sem errar de tecla. Na carta, ele ainda faz considerações políticas e cita "ataques de uma magistratura militante que faz um uso político da Justiça para eliminar o único obstáculo que resistiu e resiste à definitiva tomada do poder por parte da esquerda. Esta é a Itália de hoje.
"Bunga-Bunga" romana: inspiração para
as festas de Berlusconi. Reprodução 
Uma Itália sem Justiça, onde para tê-la é preciso se dirigir ao Tribunal Europeu de Estrasburgo, como estou fazendo, para corrigir a absurda e indigna sentença de 1 de agosto", afirmou Berlusconi sobre o caso Mediaset, pelo qual foi condenado por fraude fiscal. "Lamento, lamento tanto. Espero, quando acabe o processo, possa voltar a vê-la e abraçá-la. Te quero. Silvio", finaliza. Berlusconi está proibido de se candidatar a qualquer cargo eletivo até 2019, mas pretende recorrer ao tribunal europeu. O fato é que as festas - na verdade, uma programação de esbornia que durou dois anos e meio e era fechada, só privilegiados eram admitidos - eram animadas. O" cavaliere" era chamado "papi" enquanto circulava entre os convidados em meio a sessões de strip tease e de jovens vestidas de freira, entre outras fantasias. Há quem diga que as festas do "papi" só encontram paralelo nas orgias romanas promovidas pela sensual Messalina.


Polêmica na publicidade: onde é mesmo que acabam o bom senso e a liberdade de expressão e começa o moralismo doentio?

Uma foto do catálogo da rede americana de varejo tem provocado uma discussão na rede e uma polêmica na Inglaterra. A questão é saber até onde vai a expressão livre e solta na publicidade? A American Apparel ilustrou a divulgação de uma coleção com uma imagem de uma modelo - que, segundo a loja, tem 20 anos - que o órgão de autorregulamentação inglês - Advertising Standards Authority considerou uma peça de "representação sexual". O problema é que um dos integrantes do tal conselho achou que a menina não tem mais do que 16 anos. A marca provou que não, é maior de idade. Aí o conselheiro alegou que, mesmo assim, é grave o fato de a modelo aparentar menos idade. Bom, assim fica difícil. Na base da suposição, o sujeito vai ver o que lhe passa na mente insondável. Melhor esse conselheiro sair um pouco pra tomar um ar, dar um caminhada, esfriar a cabeça. Ou parar de ver anúncio. A sensualidade, como o humor, é um elemento presente em muito anúncios. A pergunta que não quer calar é a seguinte: o que fazia  o conselheiro navegando em um site que vende maiô. Estaria ele querendo ir à praia?

quarta-feira, 18 de março de 2015

Elis Regina, 70 anos, ontem. Relembre a cantora neste texto de Renato Sérgio: "A última vez que vi Elis"

POR RENATO SÉRGIO 
(do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" - Desiderata)

Foto: Reprodução Fatos & Fotos
-“Olha só, Renato, como a minha linha da vida é longa”!
Graças à MANCHETE, eu estava revendo Elis, um ano, cinco meses e sete dias antes daquela triste manhã de 19 de janeiro de 1982, quando ela pediu a nota, mandou fechar a conta e partiu para o outro lado do mistério.
A gente não se esbarrava por aí há 17 anos. Um vacilo mútuo, de parte a parte, por conta de equívocos gerados por um desentendimento profissional e artístico ocorrido em agosto de 1964, quando aconteceu o primeiro show noturno, profissional, da vida dela, num barzinho chamado Bottles, no histórico Beco das Garrafas, berço esplêndido da bossa-nova, numa ruela da Rua Duvivier, em Copacabana.
(Eu era o autor do roteiro e um dos dois produtores-diretores da encenação, embora conste, até em livros, que foram Miele e Bôscoli. Não foram.  Eles fizeram o segundo, não o primeiro, no vizinho Little Club).
Nunca mais nos falamos, nunca mais tinha nem sequer visto Elis. Pois, tanto tempo depois, já estrelíssima, naquele apartamento alugado com móveis e utensílios na Rua Francisco Otaviano, Posto Seis de Copacabana, pousada improvisada durante a temporada do show ‘Saudades do Brasil’ no Canecão, ela reatava nosso papo com toda tranqüilidade, como se não tivesse havido nada além do que um pequeno malentendido que já havia ficado pra trás, na poeira do caminho. E, meio indecifravelmente para quem iria morrer da forma que morreu, dizia-se “uma pessoa que adorava viver”. Foi a última vez que vi e ouvi Elis. Confessando acreditar em todas as coisas naturais e garantindo que a quiromancia sempre foi uma coisa natural. Espalmava a mão, apontava com o dedo indicador da outra e chamava minha atenção:
-“Olha só, Renato, como a minha linha da vida é longa”!
As linhas da mão dela eram umas ignorantes, não sabiam de nada, Elis não chegou nem à pressentida esclerose aos 56, parou nos 36.  Personificação de uma contradição,.pouco depois ela virava as costas e ia embora sem nem dizer adeus. Dos quatro coveiros que fizeram o enterro, Domingos José da Silva, 31 anos, salário-mínimo, nunca teve um disco dela. Quando desceu o esquife ao túmulo número 2.199 da quadra 7 do setor 5 do cemitério do Morumbi, em São Paulo, ele apenas sepultava mais um corpo. Mas calava um canto. E botava um ponto final na carreira turbulenta, porém marcante, de um dos maiores mitos da música popular brasileira.
Era o inesperado fim de um furacão desfeito em pó.
Estava encerrada uma dura caminhada que começou quando ela chegou ao Rio, cantora ainda meio amadora, os aplausos como pagamento, com uma carta de apresentação do PTB gaúcho na mão, pleiteando emprego na Cibrazem. Entre essa carta e o atestado de óbito, uma guerra nada santa, cantando como uma diva, batalhando como um dragão. Deusa e diaba na terra do som. Ficou a voz, em algumas (poucas) gravações. A fala, os ventos levaram.
-“Não preciso de muletas, tenho prazer em me danar e me recompor sozinha”!
 Precisava, sim. Tanto que uma delas a derrotou.
Ela não me parecia a mesma que eu conhecia, naquela horinha meio indefinida em que a tarde começa a  entrelaçar-se  com  a  noite.  João Marcelo em  cambalhotas no sofá da sala ensolarada, o menino Pedro em um braço, a pequena Maria Rita, (de óculos redondos, enormes, para estrabismo), reclamando de qualquer coisa no corredor.  E Elis, impaciente:
- “Ritáaa ... páaara de gritar ... mas que saaaaco!”
Naquele autêntico quadro de família, uma típica dona-de-casa comum, de classe média, em seu cotidiano. Nada a ver com o que se esperava de uma das maiores cantoras populares que este país já teve. Elis tinha razão, quando dizia:
-“É bem mais provável me encontrarem na frente do fogão fazendo a comida dos meus filhos, do que recostada numa ‘chaise-longue’ fazendo caras e bocas de Barbra Streissand em ‘A star is born’ ...”
Nossa longa conversa seria publicada na MANCHETE daquela semana:
“Sei lá, aconteceu tanta coisa em função dessa conquista toda, tanta coisa boa e tanta coisa ruim ao mesmo tempo! E eu tinha uma tremenda insegurança. Agora menos, tanto que já não tenho mais problema de admitir -e de dizer- que a coisa mais importante pra mim é a minha casa. Às vezes você fica com vergonha de assumir uma porção de verdades que, no entanto, têm tudo a ver com nossas vísceras mesmo. Certos tipos de valores que foram importantes pra gente e hoje em dia andam esquecidos. Porque a selvageria está solta, então a competição nos obriga a sermos os melhores e a gente perde muita coisa, mesmo que ganhe essa briga. (...) Comecei a trabalhar com 14 anos de idade, por isso perdi, por exemplo, reunião-dançante. Então, eu já tinha 16 anos e fui correndo comprar uma boneca, quando recebi o primeiro dinheiro, do primeiro disco, ‘Viva a Brotolândia’. Era um boneco grandão chamado Paulinho, de mais de um metro de altura, que dormia comigo toda noite, na cama. Começar cedo a luta tinha me arrancado dos brinquedos. Eu ainda era criança, mas tinha de ser adulta. (...) Só que não tive um avô plantador de azeitonas e uma avó pastora de ovelhas, por parte de mãe, nem dois avós índios, por parte de pai, à toa. E passei minha infância e pré-adolescência morando na periferia de Porto Alegre, onde havia muito verde e tinha cavalo pastando em frente de casa. Eu não me ligo nesse negócio de mar, não, meu referencial é outro, lagoa, rio, mato. Tenho muito a ver com verde, muito mesmo, demais, então quando dizem que eu me escondi na Serra da Cantareira, respondo que estou é me encontrando. Não estou fugindo de ninguém, nem de nada, estou é buscando a mim mesma. Porque, de repente, tive cortados meus primeiros 20 anos de vida sem o ‘degradée’ do desligamento daquilo para uma vida mais urbana e perdi o prumo buscando coisas que não eram tão importantes assim. (...) Por exemplo, cantar é importante, mas implica numa série de situações paralelas que não têm nada a ver com nada!. (...) O importante é estar bem na jogada, tirar o máximo de você mesmo, mas sem que isso tenha que necessariamente nos obrigar a lidar com o paetê, a lantejoula e a tietagem. Melhor é ir deixando o supérfluo na beira da estrada, dali pra diante é só simplificar tudo, sempre. (...) E tem mais: em cena, a gente não canta a mesma coisa exatamente igual, todos os dias, não. Tem o clima geral, eu, os músicos, a platéia, o que aconteceu com cada um de nós, e até o que deixou de acontecer, tem a rapaziada ao redor, os circundantes e os circunstantes, tem tudo que faz  com  que  a  coisa  em  si  se  diversifique.
Do contrário, não haveria quem agüentasse. Tem dia que você faz bem, tem dia que você faz melhor, tem dia que você faz maravilhosamente, e tem dia que você quer se matar de ódio por ter feito uma bela porcaria. Quem está sentadão lá na frente acha  que toda noite é a mesma coisa, sempre. E não é. Nada é tão mecânico quanto parece ser ...”          
(O relógio de parede bate oito horas).  
“Ihhhh, o papo tá bom, mas daqui a pouco tenho de estar no Canecão ... (bocejando) ... tem dias que eu gostaria de ficar em casa, sossegada, emburrecendo diante da televisão ... (risadinha) ... eu não consigo ver mais do que 10 minutos, ficam aquelas figurinhas passando, meu olho vai amolecendo, amolecendo e fim de papo, já estou nos braços do nosso amigo Morfeu. Televisão é ótima, pra dormir! Mas, ligo a máquina de fazer doido no camarim, pra ouvir o som da novela. É que sou do tempo do rádio, tevê só pintou em minha vida quando eu tinha 16 ou 17 anos, os hábitos já estavam consolidados, tricô, crochê ... (irônica) ... trata-se de uma pessoa antiga, sou moça prendada, faço tapetinho de retalho, planto chuchu ...”

Em cada frase uma lição
Se a voz de Elis transmitiu tudo (ou quase tudo) que podia (e deu tempo) de cantar e de repente se calou numa overdose etílico-alcalóide, nada mais a fazer senão recortar pedaços de tanta coisa maravilhosa que ela disse, pipocando, aqui e ali. Em cada frase, acima de tudo, uma lição. 
(Psiu ... silêncio ... Elis vai falar. Ouça).
“As coisas andam tão esquisitas hoje em dia que a gente fica ressabiada de dizer que gosta das pessoas, então inventamos desculpas, compromissos,   só que de repente a gente se toca que não há mais nada a ser feito e que é tarde paca.” * “Tem lances desvirtuados do ser humano que realmente me assustam. Não entendo e talvez morra sem entender as pessoas.” * “O que me abriu os olhos foi o lance do Vinícius. O sorriso dele, morto, me deu a sensação de alguém que estava plenamente satisfeito, porque havia feito tudo o que podia, tinha vontade e capacidade de fazer. E eu daqui a pouco tenho um infarto e danço desta vida sem fazer nada do que gostaria de ter feito!” * “Quando comecei a me gostar, tudo começou a dar certo”  * “Alguma alegria é fundamental. É preciso pelo menos conservar o bom humor, senão a gente se flagra comprando um 22 e dando um teco na cabeça.” * “Os seres criativos são solitários, mesmo se rodeados pelo resto da Humanidade.” * “Tenho pânico de solidão, tanto que já estou aprendendo a jogar paciência comigo mesma” * “Olha, ninguém é imutável, tá? Também faço minhas besteiras, sim. É que, aos 36 anos, de vez em quando me sinto como duas de 18.” * “Estou mais cínica. E perder a ingenuidade é muito ruim. Ainda bem que na hora em que abro a boca fica tudo diferente.” * “Eu sou músico, com letra ‘o’. E não aceito discriminação: meu instrumento é a voz aliada à palavra.” * “Cantar é sacerdócio. Nem ter filho é mais importante do que cantar.” * “Medo? Só de câncer, de avião, de diabetes e de morrer afogada.” * “A gente chega a um ponto da carreira que tem de tomar muito cuidado com o que faz. E com o que diz.” * “Sou mais petulante e impertinente do que eles todos.” * “Por que exigem de mim tanta coisa? Sou boa cantora e  ainda  tenho  de  ser  bem-educada,  pô?”  *  “Estava completamente desequipada para a  vida  e  levei  o  maior  susto.  Não  sabia  que  tinha  tanta sujeira por baixo dos panos, então me  veio  uma  espécie  de  amargura, de ceticismo.” * “Prefiro jogar no ataque, baixinha e folgada. Já se foi o  tempo  em que era escoteira, sempre alerta. Melhor ser Macunaíma.” * “Quero ver o circo pegar fogo, eu de lira na mão, morrendo de dar  risada.  Num  sistema  desses, cheio de contradições, eu é que vou pagar o pato? Só porque Freud achou eu também tenho de achar? Aqui, ó!” * “Não dá pra ficar acomodada, contesto todos os valores que me foram impostos. E não estou aqui pra semear ventos, prefiro que os outros colham tempestades.” * “Já transei análise, mas não quero mais mexer nessas feridas. Não tenho nem estrutura, nem saco. E, depois, quem procura a análise nega a proposta da vida em grupo.”  * “Difícil é descasar, porque, além de tudo, a Justiça é machista.” * “Se seguisse o rumo natural da minha vida, eu seria uma operária têxtil, mas carrego uma anomalia, a de ser boa cantora numa terra em que poucos cantam bem.” * “Pode escrever aí: Elis Regina é uma mulher atenta.“ * “Desde a velha Rádio Nacional que somos um ‘bye-bye Brazil’ sem fim, na base da ‘caravana rolidêi’. Minha idéia era sair num ‘trailer’ por aí, antes que tudo vire Estados Unidos.” * “Sou apenas o meu tipo inesquecível. Apesar de que às vezes me ache uma bela porcaria!” * “Como alguém com um metro e 55 de altura pode se achar bonita? Eu apenas me esforço!” * “Minha cara não está mais quadrada, tipo cara de cavalo. Depois que tive a Maria Rita meus traços deram uma arredondada. Deve ser o equilíbrio da energia.” * “Há cinco anos só uso homeopatia, alimentação natural e acupuntura.” * “Rita Lee é a pessoa mais parecida comigo que eu já encontrei. Mas quem mexeu com as minhas entranhas, balançou meu coreto, foi Caetano.” * “Não consigo mais passar despercebida na multidão e isso é um peso.” * “Aprendi que na ponta da faca não se consegue nada. Tem mais é que ser malandro, chiando o menos possível.” * “As pessoas jamais perdoaram meu sucesso.” * “Não tenho de pedir desculpas. Simplesmente fui passando por certos troços e ficando diferente. Mas não é porque sou notícia que o pessoal pode empastelar minha vida.” * “Não pisem no meu calo, que eu saio dando patada! Sou guerreira, pego metralhadora pra sair atrás de quem me enche a paciência.” * “Isso que está aí não aceito. Não faço parte dessa roda” * “A gente era pobre mas achava muito mais graça na vida” * “Não perdi a esperança, mas tenho certeza de que não vou mudar o mundo. Muita gente mais importante do que eu, uma simples cantora popular, já tentou e não conseguiu.” * “Continuo rindo igual, é verdade, só que mais de vez em quando.” * “A vida não pode ser só isso aqui, senão não teria o menor sentido. Isto é apenas uma passagem. Mas, de qualquer forma, é triste as pessoas só saberem que a gente gosta delas depois que elas se foram.” * “Vou deixar testamento, não sei é se vão respeitar.” * “E através dos meus discos é que vão me julgar. Eles são o meu maior legado para a posteridade.” * “No mais, bicho, o que não dá pra explicar é que dizem que sou a maior cantora, mas quem vende disco é a bunda da Gretchen ...”

ATUALIZAÇÃO EM 20/3/2015

* Chega às livrarias uma nova biografia de Elis Regina. O autor, Julio Maria, entrevistou 130 pessoas, durante quatro anos, para narrar a vida da cantora desde a infância pobre em Porto Alegre até o fim trágico, aos 38 anos. "Elis Regina - Nada Será Como Antes" (Master Books) cita, em vários trechos, os caminhos cruzados de Elis com Renato Sérgio, ex-redator da Manchete, autor do texto principal deste post. 

terça-feira, 17 de março de 2015

Falou e disse: o recado da cantora Pitty no twitter

"Pressionar qualquer governo por melhorias sim, marchar ao lado de extremistas de direita, fanáticos religiosos e saudosos da ditadura jamé". 
A cantora Pitty criticou no twitter as manifestações de domingo. Foi o que bastou para receber um "jorro de ódio", como definiu, dos ativistas da direita prende-e-arrebenta. Ela escreveu:
"Uau. Se vocês vissem nas minhas mentions o jorro de ódio irracional desde ontem… Diálogo zero, só ofensas preconceituosas. Olha que nem defendo o PT!".  
Uma das fãs dos coturnos do Bolsonaro, mandou que ela voltasse pra cozinha.


segunda-feira, 16 de março de 2015

Duas imagens, duas épocas

 O tempo passa, o tempo voa e tem sempre alguma autoridade tentando explicar ao povo o inexplicável.  O procurador Deltan Dallagnoll está na TV agora demostrando os números do pagamento de propinas por empresários a políticos de vários partidos dentro dos desvios operados por ex-funcionários da Petrobras. O procurador parece não ter muita intimidade com o projetor de power point. Boas intenções à parte, ele se postou diante do feixe de luz, eclipsou as informações - não conseguia ouvir os apelos dos fotógrafos e repórteres presentes-  e criou na tela uma sombra sinistra que deve ser ameaçadora para os acusados. Nesses dias em que há quem peça a volta da ditadura vem à lembrança outra cena oficial, essa de 1981, quando um coronel do Exército (Job Lorena) era o encarregado de demonstrar em mirabolante projeção que os militares que carregavam bombas para o atentado do Riocentro eram, na verdade, vítimas de bombas armadas por militantes de esquerda. A história mostrou que eram terroristas da linha dura do regime. Obviamente, os dois casos não têm relação a não ser visual, guardadas as diferenças tecnológicas de cada época. Que o procurador cumpra sua missão. O coronel, na época, não cumpriu a dele.

O governo Dilma e o fantasma da Besta

por Luis Nassif (para GGN)
Para não se perder em digressões sobre a natureza das manifestações, o primeiro passo é aceitar os protestos como um fenômeno amplo e disseminado, pegando todas as classes sociais e todas as regiões. O sentimento anti-Dilma, anti-PT, anti-anti é generalizado. Hoje, o país está dividido em dois grupos: a esquerda militante, sozinha em um canto, com uma visão muito mais legalista do que pró-Dilma; e todo o restante do país no outro.
O segundo é separar os processos centrais que impulsionam os protestos, da ação dos grupos oportunistas que surfam na onda.
O ponto central que explica esse explosão está presente na história em todos grandes períodos de inclusão. Foi assim primeira revolução industrial, na urbanização europeia dos anos 1920, trazendo consigo o integralismo italiano, o nazismo alemão e seus arremedos em várias partes do mundo; na explosão do mercado de massa norte-americano, nos idos de 1850; na primeira consolidação da onda migratória brasileira, nos anos 1920; no avanço da classe operária industrial brasileira nos anos 1950 e 1960, no macarthismo norte-americano e na KKK nos anos 1960.
A expansão econômica abre espaço para a urbanização e para a criação de uma nova classe operária ou de incluídos. Nessa fase, o crescimento permite repartir os frutos por todos os setores, amainando os conflitos de classe e contendo os preconceitos. Quando à frente do processo estão políticos de fôlego – Mandela ou Lula – a fase de inclusão se dá com menos conflitos.
Quando esgota-se o ciclo de crescimento, frustram-se as expectativas de melhoria individual e afloram todos os preconceitos e frustrações, tanto dos velhos quanto dos novos incluídos, ambos irmanados na falta de perspectivas.
Por exemplo, a nova geração dos metalúrgicos do ABC era filha do "milagre econômico”.  Em dez anos sua vida mudou radicalmente, como o próprio Lula admite.  Os comícios da Vila Euclides só aconteceram quando a crise econômica se impôs e abortou os sonhos de ascensão continuada. Sua vida estava melhor do que dez anos atrás; mas pior que no ano anterior.
No século 21, o fenômeno da inclusão ocorreu, nos emergentes, com a ascensão social das classes D e E; nos países centrais com o fluxos migratórios; em todos eles, incluindo Oriente Médio e outras regiões, no rastro da implosão dos sistemas convencionais de controle da informação (por governos ou grupos de mídia), com o advento das redes sociais.
No caso brasileiro, sobre esse caldeirão fumegante veio o circo de horrores da Lava Jato, pela primeira vez expondo em sua plenitude as vísceras dos sistemas de financiamento de campanha e da corrupção política, o presidencialismo de coalisão em estado de putrefação. E, na sequencia, as restrições de uma política fiscal dura, enfiada a seco goela abaixo do eleitor, para corrigir os excessos do período anterior.
E aí tem-se o terreno adubado para aparecer a besta, o sentimento irracional e generalizado que comanda as grandes manifestações de massa, sem liderança, sem controle, tendo em comum apenas o ódio contra qualquer alvo móvel, o afloramento de insatisfações pessoais, profissionais, políticas de cada um, embora comportando-se como massa.
Nessa geleia geral, cabe de tudo, da classe média séria, cumpridora dos seus deveres, à malandragem mais ostensiva, dos cidadãos desinformados aos direitistas mais empedernidos.
Mas há  pontos em comum que definem a natureza dessas explosões.
A explosão é fruto do isolamento trazido pela falta de rumo. Sem os partidos e instituições como agentes agregadores, a massa procura formas mais primárias de coesão, na antipolítica.
Uma dessas formas são  os ataques aos "diferentes", sejam ímpios que professem outro partido ou minorias. É o princípio ancestral do bode expiatório e dos grandes linchamentos dos quais nem Cristo escapou.
Outro é a ânsia por "ordem", qualquer coisa que mostre um rumo, que organize os fatos, que enquadre essa desordem difusa. Pode ser uma mensagem forte de esperança, ou um estímulo adicional à intolerância.
Mesmo assim, não se reduzam as manifestações a manobras conspiratórias ou planejadas. Existem, sim, mas dentro de um espectro muito maior e menos controlável.
O fenômeno do parasitismo político
Na biologia estuda-se o fenômeno do parasitismo. Segundo a definição, parasitas são organismos que vivem em associação com outro, dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro.
Na política, o parasitismo é similar. Em cima do sentimento maior pululam as manobras oportunistas, de grupos parasitários.
Um deles são os grupos de mídia, que atuaram como agentes estimuladores das tendências de revolta. Ontem, na Paulista, um dos poucos slogans que não era anti-Dilma foi o conhecido “o povo não é bobo, abaixo a rede Globo”.
Outros, políticos querendo tirar sua casquinha. Bolsonaro foi vaiado, Martha Suplicy execrada por petistas e antipetistas, e FHC, Serra e Aécio – que já conhecem a Besta desde o governo tucano – preferiram colocar lenha na fogueira e prudentemente ficar longe do fogaréu.
Um terceiro grupo são malandros de toda espécie vendendo camisetas, ou vendendo apoio a golpistas etc.
Em junho de 2013, quem quis tirar casquinha, levou na cabeça. Nenhum grupo parasita logrou cavalgar a Besta.
O que acontece quando a besta aparece
Quando a besta sai às ruas, não bastam mais os mecanismos convencionais de prevenção de crise. É uma boiada estourando, sem comando, com uma corrida dos grupos oportunistas para tentar cavalgar o boi guia.
Esses estouros de boiada podem levar a um Hitler, a um Berlusconi ou a um Roosevelt, dependendo de quem conseguir dirigir os instintos da boiada. A mensagem unificadora pode ser um discurso de esperança e solidariedade; ou o exercício da intolerância e da busca do inimigo para ser liquidado.
Quando se tem uma imprensa irresponsável, uma oposição rasa, pensando apenas em seus interesses comerciais e políticos, e um governo medíocre, é mais combustível na fogueira da intolerância.
Mesmo para um governo mais ativo, o desafio seria enorme, conforme atestam os exemplos históricos. Dilma montou em um burro xucro que já derrubou políticos bem mais experientes. E nem sei se Lula saberia cavalga-lo com sucesso.
Mas a situação se agrava quando se ignoram os sinais. Os trabalhos preventivos são eficazes antes da besta acordar. Depois, que Deus nos ajude e o Diabo não atrapalhe.
Por isso mesmo, as manifestações de junho de 2013 foram um presente para o governo Dilma e o PT, uma sinalização para começar a agir e reduzir os pontos de desgaste.
Nada foi feito. Demorou muito para entenderem o fenômeno e até hoje não aprenderam como tratá-lo. Ambos - partido e Dilma – decidiram recorrer a truques do estoque político tradicional – criar o factoide da Constituição exclusiva para desviar a atenção da mídia, esperando com isso desviar o assunto. Ou, como fez José Eduardo Cardozo ontem, o discurso convencional sobre a democracia, a tolerância. Vale para o dia da malhação de Judas. Mas e a estratégia maior para o dia seguinte?
Apesar dos alertas altissonantes das manifestações de junho de 2013, das provas claras de que a besta estava solta, que o país ingressava em novo tempo político, não se mudou em nada o estilo de governo, não se abriu nem o Estado nem o partido às demandas dos novos grupos ou à participação da sociedade civil, não se buscou a participação dos diversos setores sociais e econômicos na definição das políticas públicas.
Pelo contrário, Dilma radicalizou ainda mais seu voluntarismo de baixo discernimento até o limite da crise fiscal e social. E, quando veio a Lava Jato, deixou que o tema fosse cavalgado pela mídia montada em vazamentos seletivos.
Alguém comparou ao ato de tirar doce de criança. Errado. As crianças reagem, nem que seja chorando.
O cenário futuro
O que se tem agora são os seguintes personagens e/ou eventos.
O efeito das manifestações
Manifestações duram um dia, deixam ecos e podem se repetir. Mas não comandam a política.
Só surtem efeito quando os governantes perdem totalmente a condição de governabilidade. Aí servem de álibi para o jogo político, como ocorreu com Fernando Collor. Quem o derrubou não foram os “caras pintadas”. Foi sua falta de jogo de cintura para atender às demandas dos políticos e dos grupos de mídia.
As manifestações não levarão ao impeachment de Dilma, a não ser que continue a errar reiteradamente – aliás, não é impossível.
O poder do eleitor só se manifesta no período eleitoral.
Nesse sentido, as manifestações marcam o fim do ciclo petista no poder. Dificilmente o partido – e o governo Dilma – se recuperarão até 2018, menos ainda até 2016.
O próximo período
Quem comandará o próximo período?
O PSDB virou um grupelho radical. Internamente, em vez de levantar novos nomes, intelectuais, políticos com pensamento renovado, limitou-se a ir a reboque da mídia e da besta. Com isso passou a ter a cara disforme do senador Aloyzio Nunes, com um ódio tão visceral de dar engulhos, pelo primarismo e pela violência. É ele, Serra, FHC, Aécio que representarão o novo almejado pelas multidões?
Nesse lusco-fusco político, qualquer aposta é temerária. Em 1989 emergiu Fernando Collor, cavalgando as ideias de Margareth Tachter e do sentimento anti-Brasilia, correndo ao largo dos partidos políticos e do próprio sistema Globo – que só aderiu à sua candidatura quando percebeu que os candidatos preferenciais, Mário Covas e Guilherme Afif, estavam fora do páreo.
E agora?
As estratégias até 2018
O grande desafio de Dilma será levar o país inteiro até 2018. Será a maior contribuição que seu governo poderá dar ao sistema democrático e ao projeto que ela em tese representa.
As frentes de batalha serão as seguintes:
1.    Recompor a base de apoio político. Aparentemente começou a trabalhar com um conselho mais profissional.
2.    Recompor sua base de apoio social. Só conseguirá isso se der um corte radical no seu estilo de governo e abrir-se para as demandas sociais e econômicas, revigorando os conselhos empresariais e sociais. Tudo isso amparada em uma estratégia de comunicação
3.    Redefinir os eixos do desenvolvimento. No Ministério Dilma há um Ministro com visão mais ampla de desenvolvimento: Nelson Barbosa. A nova base política exigirá um Ministério novo. Dilma deveria aproveitar  para juntar a visão sistêmica de Barbosa com a imaginação luxuriante de Roberto Mangabeira Unger, e definir linhas centrais de atuação de cada Ministério, para uma ação minimamente articulada.
O desafio de Dilma será se preparar para 2016. 2015 está morto, será o ano de juntar os cacos. Dependendo do trabalho que for feito, poderá se reabilitar em parte no próximo ano. Ou afundar de vez.
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