domingo, 11 de janeiro de 2015

Todos são Charlie...



Colaboradores do Charlie Hebdo. Foto Kluger-Bundesregeirung

Foto France Diplomatie

Foto Frandce Diplomatie 
Foto France Diplomatie

Foto France Diplomatie

Foto France Diplomatie


Do Facebook La France est Charlie
India, do Facebook La France est Charlie

No trem, do Facebook La France est Charlie

Liceu agrícola. do Facebook La France est Charlie

India. do Facebook La France est Charlie

Time de handball francês. Do Facebook La France est Charlie
Charlie Brown. Do Facebook La France est Charlie

Manifestação em Paris: pela liberdade, contra o terrorismo e a intolerância religiosa...um domingo que entra para a história

A multidão na Place de la République. Foto Libération
Comoção da equipe do Charlie Hebdo na manifestação. Do Libération. Leia mais, clique AQUI

Com o presidente da França, François Hollande, à frente, Chefes de Estado e personalidades estrangeiras participam da manifestação que acontece neste momento em Paris em defesa da liberdade de expressão e contra o terrorismo, após uma semana dramática marcada por atentados e assassinatos. A marcha reúne mais de um milhão de pessoas. Foto: Gouvernement.fr
France Soir. Para ver mais, clique AQUI

sábado, 10 de janeiro de 2015

Cadê a notícia que estava aqui?

por Flávio Sépia
Por contenção de gastos ou por avaliar que não vale o investimento, a cobertura internacional das TVs abertas anda acomodada. Raramente, os correspondentes vão aonde a notícia está, mesmo diante de acontecimentos marcantes. É comum fatos relevantes, como as manifestações do Egito, há quatro anos, parte da chamada Primavera Árabe, serem "cobertos" por um repórter que fala da Quinta Avenida, em Nova York, obviamente dando um CtrlC nas agências de notícias. A crise da Ucrânia, mais recente, foi descrita em detalhes, na maioria das entradas, por um repórter que estava a quilômetros de distância, nas ruas de Londres, com o Parlamento ao fundo. Também colhendo informações na base do copia e cola, certamente. Às vezes, há até uma sutileza cenográfica: um correspondente relatou o desaparecimento de um avião no mar, narrando o fato direto de uma capital a quilômetros de distância e com o "cuidado" de falar à beira do... mar, provavelmente, para dar um "clima" correlato à "cobertura".
No caso do atentado ao Charlie Hebdo, em Paris, e à caçada que se seguiu, com terroristas cercados em uma gráfica e outro criminoso em um mercado, destacou-se a cobertura da Globo News. Talvez o único canal brasileiro que tentou acompanhar de perto - e em certos momentos o fez muito bem -  a dinâmica dos acontecimentos. Houve nítido revezamento de equipes próprias dia e noite. Mandou bem. Não falo da estratégia cansativa de reunir "especialistas" do estúdio e passar análises quase sempre superficiais sobre o assunto. A Globo News fez isso também, e foi chato como quase sempre: "especialistas" em segurança, em política internacional, em religião, limitavam-se a teorizar, especular, obviamente sem informações detalhadas sobre os acontecimentos. Um papo de vizinhos, algo assim. Enquanto falavam e falavam, os telespectadores que queriam saber como estava a caçada aos terroristas roíam as unhas ou mudavam para a CNN. Mais eficiente foi a interpretação "quente" que a Globo News conseguiu adicionar à cobertura com seus jovens repórteres, em Paris, contextualizando a notícia, com clareza, no ato - o que não deve ser fácil naquelas circunstâncias- , praticando mais jornalismo e menos academia. Já as TVS abertas, especialmente a Globo, pareciam meio à deriva.
Leia no Portal Imprensa, clique AQUI
A Globo deslocou de Londres uma correspondente aparentemente mais habituada a coberturas mais "leves", shows, desfiles de moda, espetáculos, features, entrevistas em estúdios. Não deu certo e a repórter é a menos culpada. Ela foi criticada até pela inexperiência exemplificada por alguns comentários na revelação de que era trainee há pouco mais de seis anos. Em um episódio que virou viral na rede, embora a 300 metros da cena (no mercado de produtos judaicos), vazaram aúdio e imagem em que ela admite que não tem novas informações porque está "sem internet". Sua fonte crucial naquele momento eram as mesmas fontes, de resto, a que milhões de brasileiros acessavam naquele momento e nesses tempos de informação sem fronteira. No vídeo vazado, a repórter se assusta com uma explosão ou tiros e mostra-se extremamente nervosa. Comenta depois, com singela naturalidade, que se assustou porque nunca havia ouvido tiros na vida. No vídeo, pergunta aos colegas se eles ouviram a explosão, que denunciava  exatamente o momento em que a polícia invadia o mercado. A jornalista foi criticada na rede por estar, na avaliação dos internautas, lendo notícias no celular. Talvez por isso, ainda abalada, tenha entrado ao vivo no Jornal Nacional permitindo que a câmera enquadrasse ostensivamente (o que não é comum), o seu "caderninho" de anotações. Talvez para mostrar que o smartphone vilão dos trend topics de ontem era de "papel". Claro que nenhuma jovem repórter, ainda mais com poucos anos de atividade, tem obrigação de ser uma Christiane Amanpour, da CNN. Desconte-se também o fato de que um canal de notícias por assinatura pode dedicar muito mais tempo a um acontecimento. A Globo até reforçou a equipe - pelo menos uma âncora que estava em férias na Europa apresentou-se para trabalhar -  mas a notícia rolou com tal velocidade que o prejuízo já estava contabilizado.
Em meio à mobilização de profissionais de tantos veículos, foi espantoso que jornalistas do canal francês BFMTV tenham se dado bem com uma ideia bem básica, bem beabá, que não ocorreu à concorrência: telefonaram para a gráfica onde estavam os irmãos Chérif e Saidi Kouachi, foram atendidos e fizeram algumas perguntas a Chérif, que respondeu. Simples assim. Entre outras coisas, o terrorista falou que era defensor e vingador do profeta. "Se alguém ofender o profeta, nós podemos matá-lo".
Uma grande manifestação está prevista para amanhã, em Paris. Os franceses estão mobilizados, segundo a mídia local, e querem dar uma demonstração de que o terror não sufocará a liberdade. Chefes de Estado europeus estarão presentes. É a notícia anunciada, E a chance de as TVs abertas trocarem a zona de conforto por mais jornalismo. Isso, sem falar que a encrenca não acabou. A polícia francesa caça a terrorista que escapou.

Atualização - Segundo a imprensa francesa, Hayat Boumeddiene, namorada de Amedi Coualibaly, um dos terroristas mortos, pode estar na Síria. Autoridades turcas suspeitam de que uma jovem com perfil semelhante cruzou a fronteira da Turquia com a Síria no mesmo dia em que o namorado matou uma policial francesa. Mas a polícia francesa ainda busca a suspeita em território francês, até que se confirme a veracidade da informação, e tenta localizar outros possíveis integrantes de células terroristas residentes.
Do Huffington Post-Reprodução

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Tributo ao Charlie Hebdo: um sentimento, duas mensagens... a capa da New Yorker e a irreverência do programa Les Guignols

Capa da revista New Yorker dessa semana: uma emocionante homenagem ao Charlie Hebdo.





O programa satírico Les Guignols, que vai ao ar na TV francesa, Canal+, pôs no ar uma capa fictícia. Seria, no espírito do Charlie Hebdo, a 'primeira edição' após a tragédia. A chamada é, adaptando-se à linguagem dos nossos classificados, "Urgente, precisa-se de seis novos cartunistas". A equipe do CH assinaria embaixo. 


UFRJ recupera o Mural Última Ceia, de Ziraldo, que o antigo Canecão emparedou há mais de 40 anos...

Ziraldo e o painel do ex-Canecão, no dia 13 de janeiro. UFRJ vai restaurar a obra ao longo de 2015. Mas, já em abril, os cariocas poderão ver o Mural Última Ceia, que os antigos inquilinos do Canecão emparedaram há 43 anos.  Foto Agência Brasil

Obra de arte redescoberta pela UFRJ. Ziraldo no ex-Canecão reencontra a parte visível do painel. Foto Agência Brasil


Mural Última Ceia. Reprodução
por José Esmeraldo Gonçalves
Em maio de 2010, este blog publicou um pequeno texto sobre o mural de Ziraldo, no antigo Canecão. Foi pintado em 1967 e, cinco anos depois, os antigos administradores emparedaram a pintura, que nunca mais foi vista. Após uma longa disputa judicial, a Universidade Federal do Rio de Janeiro retomou legalmente o terreno da famosa casa de shows, em 2010. Tratava-se de um empreendimento privado usufruindo de um bem público, de forma irregular, sem que, segundo a UFRJ, os inquilinos pagassem aluguel, além disso, acumulava problemas trabalhistas e fazendários. A universidade planejava desde 2010 transformar o lugar em um centro cultural mas até isso sofreu um atraso já que o antigo ocupante postergou a retirada de equipamentos e móveis da casa e, sem isso, nada poderia ser feito. Só em 2013, foi cumprida a decisão de esvaziar o prédio. A expectativa é que no ano que vem o espaço volte a funcionar como palco de shows e de espetáculos de artes cênicas, dança, música, além de atividades acadêmicas e científicas. Um primeira boa notícia chega agora em mensagem enviada ao blog. Leia, abaixo:

CONVITE

Lançamento do Laboratório Público de Restauro - Mural Última Ceia, de Ziraldo

"Inaugurando as atividades do programa UFRJ Carioca – Rio 450, o Magnífico Reitor da UFRJ, Prof. Carlos Levi, o Coordenador do Fórum de Ciência e Cultura, Prof. Carlos Vainer, e o Diretor da Escola de Belas Artes, Prof. Carlos Terra têm a honra de convidar para o lançamento do Projeto «Laboratório Público de Restauro - Mural Última Ceia, de Ziraldo».
Esta extraordinária pintura mural, de 32m x 6m foi realizada em 1967 no recinto da casa de espetáculo então denominada Canecão. A UFRJ, através de seu Fórum de Ciência e Cultura e da Escola de Belas Artes, promoverá, em 2015, a restauração da obra, que se encontrava tapada e murada, escondida da apreciação do público.
O Laboratório Público de Restauro - Mural Última Ceia será aberto à visitação pública a partir de abril e a obra deverá ser devolvida aos cariocas antes do final do ano.
A UFRJ reafirma, assim, seu compromisso com a preservação da arte do país e do Rio de Janeiro. E faz deste gesto um passo a mais no seu engajamento para recuperar e devolver à cidade e a nossos artistas e músicos um grande espaço para espetáculos, agora como equipamento público, sem fins lucrativos, voltado para a democratização do acesso à cultura e à arte".

O lançamento do Projeto “Laboratório Público de Restauro - Última Ceia, de Ziraldo” será na terça-feira, 13 de janeiro, às 16 horas, com a seguinte programação:

16h – Apresentação do projeto e exposição de Ziraldo sobre a Última Ceia, no Auditório da Casa da Ciência, Rua Lauro Muller, 3.

16h - Visita ao Espaço UFRJ e ao fragmento do mural que está visível, Avenida Venceslau Brás, 215.

Compareçam.

(Enviado por Maria Dias/UFRJ)


VEJA POST SOBRE O MURAL EMPAREDADO PUBLICADO NESTE BLOG EM 2010, CLIQUE 
Publicado em 12 de Maio de 2010. 


Redação do Globo sob ataque... trabalhista

Um irônica coincidência. No mesmo dia em que publicou como matéria principal a invasão da redação e a tragédia do Charlie Hebdo, a redação do jornal O Globo sofreu um duro ataque. Uma triste fatalidade, mas sem vítimas fatais, felizmente. Uma força-tarefa do RH, especialmente treinada pela direção do jornal, empreendeu uma operação-relâmpago e disparou rajadas de demissões que atingiram mais de cem profissionais. No último ano e meio, tais armas de destruição em massa de empregos viraram rotina nos grandes veículos. Leia abaixo.








Deu no Portal Imprensa
"Nesta quinta-feira (8/1), o jornal carioca O Globo realizou uma série de demissões. IMPRENSA apurou que 30 funcionários integram a lista de dispensas, incluindo repórteres, editores e colunistas.
Segundo o Jornal Opção, o número de demitidos na Infoglobo - empresa que administra os meios de comunicação do Grupo Globo - teria chegado a 160 pessoas. Ao menos 30 na redação, e o restante entre os setores administrativo e comercial. Entre os demitidos estão Fernanda Escóssia, ex-editora de "País"; os colunistas Jorge Luiz ("Esporte"), Artur Xexéo ("Cultura") e Agostinho Vieira ("Meio Ambiente"); e a ex-editora de "Rio", Angelina Nunes. Esta última fez o anúncio em seu Facebook: "A partir de hoje não estou mais no Globo. Vou concluir o mestrado e me preparar para quando o Carnaval chegar", escreveu.
Estariam também entre os dispensados as repórteres Carla Alencastro, Isabela Bastos, Laura Antunes e Paula Autran, além dos diagramadores Claudio Rocha e Télio Navega.
 LEIA MAIS, CLIQUE AQUI






Deu no Comunique-se 
O jornal O Globo realizou mais de uma centena de demissões nesta quinta-feira, 8. Conforme informações extraoficiais repassadas à reportagem do Comunique-se, ao todo, o veículo de comunicação dispensou cerca de 160 profissionais, atingindo vários departamentos da empresa, como administrativo e comercial. Na redação, os cortes alcançaram aproximadamente 30 pessoas, entre repórteres e diagramadores. Na lista de jornalistas que se despediram do dia a dia do impresso mantido pela Infoglobo estão profissionais premiados e com longo tempo de casa, caso da editora-assistente de ‘Rio’, Angelina Nunes, que estava na empresa de comunicação desde 1991. Ela usou o perfil que mantém no Facebook para confirmar a sua saída. “A partir de hoje não estou mais no Globo. Vou concluir o mestrado e me preparar para quando o Carnaval chegar”, publicou. Durante os 23 anos de trabalhos dedicados ao Globo, somou conquistas como Prêmio Esso, Prêmio Embratel e Prêmio Vladimir Herzog. LEIA MAIS, CLIQUE AQUI

Uma questão: Relativizar a liberdade ou imprimir o bom senso?

Reprodução do portal português PÚBLICO

Há órgãos de informação que se recusam a publicar as caricaturas do jornal satírico francês. Outros estão a rasurá-los. Autocensura? 

por Hugo Torres (*)
"A liberdade com que o Charlie Hebdo testa semanalmente os limites da sátira nunca foi do agrado de todos, nem mesmo de todos os meios de comunicação social que se solidarizaram com a redação do jornal francês após o violento ataque desta quarta-feira. Nunca foi e continua a não ser: na cobertura noticiosa dos últimos dias há meios que se coíbem de publicar ou difundir as polêmicas representações de Maomé. Outros fazem-no, mas com muitas reservas.
O debate sobre a autocensura está aceso desde que dois (ou três?) terroristas irromperam na sede do Charlie Hebdo e mataram 12 pessoas, dentro e fora do edifício do semanário, em Paris. A mídia media deve insistir em cartoons que sabem que muitos consideram ofensivos? E se decidirem não o fazer, estão a demonstrar sensibilidade ou a sucumbir ao medo? A resposta não é igual para todos. Nos EUA, onde a controvérsia está mais acesa, são várias as soluções.
O New York Times, um jornal de referência a nível global, optou por manter a posição de sempre a este respeito: “não publicar imagens ou outro material que tenham a intenção deliberada de ofender sensibilidades religiosas”. “Após cuidadosa reflexão, os editores do Times decidiram que descrever os cartoons em causa daria informação suficiente aos leitores para estes perceberem a história”, disse uma porta-voz do diário, Eileen Murphy.
O editor executivo do Washington Post, Martin Baron, afirma nas páginas do próprio jornal que conteúdo que “é incisiva, deliberada ou desnecessariamente ofensivo para membros de grupos religiosos” deve ser evitado. Contudo, o editor de opinião do Post julgou necessária, para contexto, a publicação da caricatura que motivou o primeiro ataque ao Charlie Hebdo, em 2011 – e teve autonomia para o fazer na página do editorial desta quinta-feira. “Penso que ver esta capa vai ajudar os leitores a compreenderem do que se trata”, disse Fred Hiatt.
Outros títulos com menos impacto internacional, como o Boston Globe ou o Philadelphia Inquirer, também se recusam a publicar as caricaturas que fizeram com que a redação do Charlie Hebdo ficasse sob proteção policial nos últimos quatro anos. “Não publicaremos os cartoons sob nenhuma circunstância. A ideia de insultar gratuitamente dezenas de milhões de muçulmanos em vez de descrever algo por palavras faz com que esta não seja uma decisão difícil de tomar”, sublinhou o editor do Philadelphia Inquirer, Bill Marimow, à Reuters.
Por sua vez, a Reuters e a Associated Press, duas das maiores agências noticiosas do mundo, tomaram decisão idêntica e não estão a distribuir as imagens com as representações polêmicas de Maomé. A agência France Presse, por outro lado, pôs em linha fotografias que incluem os cartoons considerados insultuosos. No entanto, nem sempre as imagens da AFP estão publicadas como foram originalmente distribuídas: alguns órgãos de comunicação estão a cortar ou a rasurar as imagens de modo a retirar ou a esconder as caricaturas.
São os casos do New York Daily News e do britânico Telegraph. Este último foi muito criticado pelos leitores europeus, menos habituados a este pudor do que os norte-americanos. Também no Reino Unido, o Financial Times enfureceu os leitores com um artigo de opinião de um dos seus editores. “A França é a terra de Voltaire, mas a insensatez editorial tem prevalecido demasiadas vezes no Charlie Hebdo”, decidiu escrever Tony Barber, logo após o ataque. A reacção exaltada que provocou, pela falta de absoluta solidariedade com os camaradas parisienses, levou o jornalista a reescrever o texto.
Na Europa, a maioria dos jornais de grande circulação publicou as caricaturas (incluindo o PÚBLICO). Nos EUA, contam-se pelos dedos e são sobretudo publicações online: The Huffington Post, Buzzfeed, The Daily Beast, Mashable, Slate, Bloomberg. O USA Today, depois de algum tempo renitente, acabou por publicar. O Wall Street Journal fez o mesmo que o Washington Post: fez sair um único cartoon na página do editorial.
Nas televisões, a CBS, a ABC, a NBC, a CNBC e a MSNBC assumiram um posicionamento conservador. A CNN começou por difundir imagens pixelizadas e a Fox chegou a mostrar um cartoon, mas ambas deram um passo atrás e passaram a descrever verbalmente as imagens. Num memorando interno revelado pelo Politico, a CNN admite emitir imagens das caricaturas (em manifestações, por exemplo), desde que em planos abertos e muito afastados.
No Facebook e no Twitter, uma rede muito frequentada por jornalistas, são longos os debates em torno deste assunto. O facto de um órgão de informação não publicar as caricaturas colide com a defesa intransigente da liberdade de imprensa? Não há consenso, mas a Repórteres Sem Fronteiras lançou mesmo assim um apelo aos media: demonstrem “profunda solidariedade” com o Charlie Hebdo e publiquem as caricaturas".

(Texto publicado originalmente em Portugal no portal PÚBLICO (www.publico.pt). Leia mais, clique AQUI

Se a religião, qualquer religião, for sinônimo de opressão, merece sim todas as sátiras e críticas...

O escritor Salman Rushdie até hoje ameaçado de morte por ter publicado, em 1989, o livro "Versos Satânicos", que denuncia a perseguição de fundamentalistas islâmicos a cristãos e hindus, divulgou ontem uma nota sobre o ataque ao Charlie Hebdo. A chacina terrorista que vitimou jornalistas e chargistas tem sido debatida na rede. Um das questões é o limite, o que já é ameaçador, da liberdade de expressão. Há na rede quem ache que os chargistas mereceram morrer. Uma espécie de adaptação do argumento bolsonariano de que mulher que veste saia curta está pedindo para ser estuprada. Outros determinam que religiões não podem ser criticadas mesmo quando abrigam braços radicais do terror ou do proselitismo e da intimidação, ou quando se organizam como partidos políticos e tentam deturpar leis produzidas por estados laicos, ou, ainda, quando estimulam agressões contra praticantes de religiões que classificam de "demoníacas".
Salman Rushdie, em curta nota, propõem um outro pensamento.
"A religião, uma forma medieval de desrazão, quando combinada com artilharia moderna se torna uma ameaça real às nossas liberdades. Este totalitarismo religioso causou uma mutação mortal no coração do Islã e nós vemos as consequências trágicas hoje, em Paris. Eu apoio Charlie Hebdo, como todos nós deveríamos apoiar, a defender a arte da sátira, que sempre foi uma força em favor da liberdade e contra a tirania, a desonestidade e a estupidez. "Respeitar a religião" se tornou um código para "ter medo da religião". As religiões, assim como todas as outras ideias, merecem crítica, sátira e, sim, nosso destemido desrespeito".

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Brasil já está entre os dez maiores mercados eletrônicos globais

O Brasil que não desconhece a crise rejeita a histeria analítica. Leitura recomendada aos profetas do fim do mundo ou aiatolás da terra-arrasada. Veja isso: pesquisa divulgada pela eMarketer informa que o Brasil pode ter uma chance de sobreviver ao apocalipse trombeteado pela mídia. O comércio eletrônico cresceu 22% no Brasil em 2014, alcançando a cifra de US$ 16,28 bilhões. Nenhum país da América Latina, mesmo Chile, México e Colômbia elogiados pelos Chicago boys ou girls chega perto disso. Com isso, o Brasil passa a figurar na lista dos dez maiores mercados eletrônicos globais. Esse dado, o das vendas via internet, foi minimizado e quase ignorado nas análises contaminadas de política partidária sobre a vendas do varejo no fim de 2014. A previsão de crescimento do varejo eletrônico para 2015 é de, no mínimo, 15,5%, mas o mercado pode surpreender, como, aliás, tem feito.

Repórter é agredido, ao vivo, em Teresina...

O repórter Pedro Borges fazia uma reportagem em Teresina, Piauí, quando foi agredido com uma "voadora". A matéria é da Rede Meio Norte. Borges apurava a ocorrência de um tiroteio que teria resultado na morte de um homem e em ferimentos em uma mulher e uma criança. Moradores, que acusavam a polícia civil de ter feitos os disparos, se irritaram porque o repórter ouviu também a versão dos policiais. A agressão acontece no fim do vídeo. Veja, clique AQUI 


Charlie Hebdo: nas bancas, semana que vem...

A edição do Charlie Hebdo que estava nas bancas, ontem, em Paris, no momento do atentado. Houellebecq (o escritor Michael Houellebecq), é autor de um livro ("Soumission", de ficção política) que provoca reações na França por ser acusado de islamofobia. O semanário brinca com suas "previsões", algo como "em 2015, perco meus dentes" e "em 2022, farei Ramadã". Há também uma "chamada" de capa para a "verdadeira história do menino Jesus". Reprodução




O Charlie Hebdo vai ser publicado normalmente na semana que vem. É a melhor resposta ao terrorismo religioso. Segundo Patrick Pelloux, que é médico, trabalha em hospitais de emergência e é um dos colunistas do semanário, a redação decidiu seguir em frente. Jornalistas e chargistas trabalharão em casa, já que as instalações do CH estão isoladas para a investigação policial em andamento. “É muito duro, estamos todos com a nossa dor, os nossos medos, mas vamos fazê-lo porque não é a estupidez que vai ganhar. Charb (diretor da publicação, morto no atentado) dizia sempre que o jornal deveria sair custasse o que custasse”, disse Pelloux. Ironicamente, o terrorismo vai dar um sobrevida ao veículo que queria destruir. O Charlie Hebdo estava em crise, deficitário, ainda afetado pelo ataque e incêndio das suas instalações em 2011, vendendo apenas 30 mil exemplares e, obviamente, fora do foco dos anunciantes. Perde de longe para o que seria seu concorrente mais próximo, Le Canard Enchainé, que roda mais de 400 mil cópias, vai para as bancas também na quarta-feira, é satírico, mas segue uma linha baseada em fatos, faz jornalismo investigativo e já revelou vários escândalos intramuros do Palácio do Eliseu. O conteúdo da edição do Charlie Hebdo pós-atentado não está ainda elaborado, mas sabe-se que, por simbolizar a resposta aos assassinos, deverá alcançar a tiragem de um milhão de exemplares. Os editores do Libération anunciam que apoiar Charlie é uma questão fundamental. Enquanto a polícia francesa caça os terroristas, jornais de vários países reproduzem as capas mais satíricas do semanário, multiplicando sua mensagem.

EM ALGUNS JORNAIS, HOJE, A SOLIDARIEDADE EM FORMA DE CHARGE



quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Charlie Hebdo: o terror contra o humor...

Um dia trágico para a liberdade. Terroristas invadem a redação da revista Charlie Hebdo, em Paris, e metralham jornalistas e chargistas. Doze pessoas foram mortas e outras 20 ficaram feridas no ataque. Os assassinos saíram gritando "Allahu Akbar" (Deus é grande). É o fanatismo religioso como indutor de tragédias e derramamento de sangue e como crescente ameaça, a mais devastadora, à civilização. O humor foi a vítima de hoje, mas o objetivo da ofensiva em curso é claramente a intimidação sem fronteiras e sem limites.
Charlie Hebdo foi criada em 1969. Os tempos eram de rescaldo das manifestações de Maio de 1968. Inicialmente, a revista foi batizada de Hara-Kiri Hebdo. Em 1970, quando morreu De Gaulle, o grande vilão da repressão aos estudantes, os editores brincaram com a notícia. Poucos dias antes um incêndio em uma discoteca resultara em 146 mortos, o Hara-Kiri adotou a fórmula de jornal popular para ironizar o tratamento da mídia ao cobrir os dois acontecimentos e mancheteou: "Baile Trágico em Colombey: um morto". Foi o suficiente para o Ministério do Interior proibir a circulação da HK. Os editores então rebatizaram a revista de Charlie Hebdo, uma homenagem irônica ao falecido. O nome pegou e a publicação sobreviveu até 1981, quando saiu das bancas com problemas de circulação. Voltaria ainda mais crítica em 1992. Seus alvos preferenciais sempre foram a extrema direita, o radicalismo, seja político, islâmico, judaico ou cristão, as instituições financeiras, banqueiros, comportamentos, o moralismo em geral. A grande polêmica estourou em 2006 quando a Charlie Hebdo veiculou na primeira página cartoons de Maomé, que haviam sido publicados pelo jornal dinamarquês Jyllands Posten.  A revista, cuja tiragem média era de 100 mil, vendeu, naquela ocasião, mais de 300 mil exemplares. Desde então, entrou na mira dos terroristas islâmicos. Em 2011, um bomba destruiu a redação.
Paulette, de Wolinski, morto no
 atentado ao Charlie Hebdo.

Entre os mortos na ação terrorista desta trágica manhã em Paris, estão quatro cartunistas: o editor Stephane Charbonnier, o "Charb"; Jean Cabut, o "Cabu"; Tignous; e Georges Wolinski. Este, era considerado um dos mitos da contracultura com seu trabalho marcado por política e erotismo. Uma das suas personagens mais famosas, Paulette, foi musa dos quadrinhos do começo dos anos 70. Wolinski, 80 anos, que também atuou no Libération e, em 1968, fundou a revista L'Enragé, sobreviveu às pressões conservadoras, mas, sinal dos tempos, não teve chances diante do terror religioso.
Atualização - Roberto Muggiati, autor de livros e artigos que analisam a contracultura nas décadas 1960/1970, envia algumas observações que merecem registro. "O Charlie - herdeiro do Hara Kiri - adotou o nome porque publicava a tira do Charlie Brown, o Peanuts, nosso Minduim. O nome derivou de uma revista mensal de quadrinho chamada Charles Mensuel, editada por Bernier e Delfiel de Ton, em 1968 (ambos participaram da primeira equipe do Hara-Kiro Hebdo); e, também, claro, era uma gozação em cima do De Gaulle. Um detalhe que a imprensa omitiu e é óbvio para jornalistas. Você jamais encontraria a redação completa a não ser na hora da reunião de pauta, que era o que acontecia ontem ás onze horas. Em outros dias, os cartunistas trabalhavam em casa, quem sabe mandavam suas colaborações por e-mail. Não se tratava de um jornal diário, de redação presente para cada fechamento. Os assassinos tinham informação de dentro, talvez um contínuo amargurado, ou uma faxineira islâmica, quem sabe? O jornal hebdomadário saía às quartas. Chegaram ao local certo na hora certa, sabiam direitinho o que estavam fazendo. No Brasil, um repórter de TV comparou: é como se morressem o Jaguar, o Ziraldo, o Millor e o Henfil... Eu lembro: já o Leon Eliachar (jornalista de humor, frasista, trabalhou na Manchete, Última Hora, autor de livros como "O Homem ao Cubo" e "O Homem ao Quadrado"), nascido no Cairo, morreu assassinado a tiros". 

O número 1

A edição que irritou o governo francês, que a considerou ofensiva a De Gaulle. O então Hara-Kiri foi fechado e voltou como Charlie Hebdo


O Papa Francisco, em visita ao Rio, não escapou da gozação "pronto para atrair clientes".

Desastre de avião virou piada para criticar  abstenção em eleições


Jesus revelou suas "mágicas" ao Charlie Hebdo.

Submissão da França ao sinal verde de  Obama também foi criticada
Um milhão de rabinos em troca da Palestina...
...profetas na mira dos chargistas ("100 chicotadas se você não morrer de rir")

Michael Jackson, enfim branco, sem esquecer o detalhe da mão na pélvis...

Casamento gay é "brega" segundo Charlie Hebdo

Final feliz..

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

"Pedal inteligente": startup francesa faz bicicleta 'conversar' com o ciclista

"Pedal inteligente" transmite....

...informações direto para o celular do ciclista. Reprodução Mashable.
por Omelete
Deu no Mashable. "Smart" virou uma espécie de palavra mágica da década. Smartphone, smartwatch, smartglasses... Um empresa startup francesa, a Connected Cycle,  lança o "pedal inteligente". Sensores nos pedais da bicicleta gravam e informam toda a performance do ciclista, como rota, localização, velocidade, calorias queimadas etc, e através de um aplicativo repassa os dados para o celular. A dispositivo também funciona como alarme anti-roubo já que avisa ao usuário se a bicicleta está sendo manuseada ou movimentada na sua ausência. É a tecnologia chegando à "magrela".

É sério? Felipe Massa diz à revista Autosport que Valteri Bottas aprendeu muito com ele... E a Williams terá Susie Wolff nos testes da pré-temporada. Cuidado com a Loba, Massa

Susie Wolff na capa da AutomoBelle, revista de automóveis dedicada às mulheres. 

A piloto de testes de Williams em foto para a revista Men's Health. Reprodução
por Omelete
Em entrevista à revista Autosport, o piloto Felipe Massa afirma que ensinou muita coisa ao seu companheiro de equipe, o jovem Valteri Bottas. "Acredito que ele cresceu muito comigo esse ano, observando muita coisa e aprendendo". Então, tá. Bottas, que estreou na F1 em 2013, ficou em quarto lugar na temporada de 2014, com 186 pontos;o brasileiro em sétimo, com 134. Botas foi mais regular, subiu mais vezes no pódio, foi mais ousado e agressivo. Viu Felipe mais pelo retrovisor do que enxergou o aerofólio do brasileiro. Embora Bottas tenha sido assediado por outras equipes, permanece na Williams para a temporada 2015. Felipe vai poder "ensinar" mais 'segredos' da F1 ao finlandês. Mas a Williams tem outra novidade: a escocesa Susie Wolff, piloto de testes da escuderia, que passou 2014 trabalhando nos simuladores e ajudando a desenvolver o carro, vai ganhar uma chance de ir para a pista. Foi escalada para participar dos testes da pré-temporada em Jerez, na Espanha. Serão 12 dias de preparação, a partir de 26 de fevereiro. No mínimo, a Williams a quer com regra trés em caso de algum imprevisto com a dupla titular, Bottas e Massa. Até aí, tudo bem. E se a piloto, de 32 anos, que há muito quer uma chance na F1, mostrar velocidade nos treinos? Vai pegar mal para quem comer poeira em Jerez. Até hoje, apenas cinco mulheres participaram de GP da principal categoria: a italiana Teresa di Felipis, nos anos 50; a também italiana Leila Lombardi, nos anos 70, a única a pontuar em um sexto lugar; já a inglesa Divina Gallica, a sul-africana Desiree Wilson e a italiana Giovanna Amati (esta em 1992, a última mulher a tentar a F1) correram em treinos classificatórios mas não conseguiram entrar no grid.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Haja praia... Ipanema sem espaço para doce balanço

Foto Tomaz Silva-Agência.Brasil
por BQVManchete
Com a temperatura no Rio batendo os 40° - e sensação térmica, segundo os meteorologistas, próxima dos 50° - as praias estão lotadas. A foto de Tomaz Silva dá uma ideia de como fica a Praia de Ipanema, congestionada de barracas. Se voltasse dos verões dos Anos 60, nem se pudesse ou quisesse, a Garota de Ipanema encontraria espaço, hoje, para seu doce balanço.

Motosserra está derrubando 300 árvores do Aterro do Flamengo. Alô, Ministério Público !

Foto: Reprodução de matéria publicada no Globo de hoje. 
por BQVManchete (comentário do blog)
Recentemente, uns e outros jogaram um "balão de ensaio" na mídia sobre a privatização do Aterro do Flamengo, um patrimônio dos cariocas frequentemente ameaçado. Não é de hoje. Quando do início do aterro, nos anos 50, um jornal carioca queria que fosse liberada a construção de prédios no local. Felizmente, a campanha de grilagem não vingou. Mas o jornal não desistiu. No fim dos anos 60, a Praia de Copacabana começou a ser ampliada, com a Av. Atlântica ganhando duas pistas e, sob o pretexto de baixar os custos, foi sugerido que se permitisse a construção de uma segunda muralha de prédios à margem da nova pista. Prevaleceu o bom senso e a picaretagem não foi adiante. Não faz muito tempo, os concessionários de um restaurante no Aterro chegaram a encomendar um projeto de uma casa de show para ser construída ao lado. Aparentemente, a ideia idiota foi arquivada mas é bom ficar de olho. Agora, surge a denúncia de que os concessionários da Maria da Glória vão passar a motosserra em 300 árvores do Aterro. O projeto teria sido aprovado pelos órgãos "competentes". Discute-se há alguns meses a adaptação da Marina para receber a Olimpíada. Dizem que tudo foi "discutido" com a sociedade. Mas os moradores dos arredores e os usuários do Parque jamais ouviram falar nesse desmatamento de 300 árvores. Há até um sujeito que diz que "as árvores a serem cortadas não afetam espécies do projeto paisagístico original". E daí?" Árvore é árvore. E tudo isso para construir estacionamentos destinado a atrair ainda mais público para mafuás de shows e pajelanças marqueteiras. Isso acontece em apenas uma parte do Aterro. Agora imagine o que aconteceria, ou acontecerá, quanto todo o Aterro for privatizado, como uns e outros começam a defender? O pretexto, agora, é a "boa causa", a Olimpíada, mas a consequência é a deturpação da finalidade de uma das mais belas e queridas áreas de lazer do cariocas. No caso, parece que não adianta mais se queixar às autoridades. Segundo a matéria, as árvores do Aterro já estão sendo Marina - um previa construções até no espelho d'água da Baía, - foram barrados pela Justiça, mas esse segue navegando com todas as velas enfunadas. Esse será um dos "legados olímpicos" que o Rio vai receber. Um "presente" para os 450 anos da Cidade Maravilhosa. Alô, Ministério Público.

domingo, 4 de janeiro de 2015

PANAIR: há 50 anos, a ditadura civil-militar abateu, em manobra criminosa, a maior empresa aérea brasileira.


Reprodução
Anúncio publicado na Manchete Esportiva, 1958
Anúncio publicado na revista Manchete



por Gonça
O fato não ganhou muito destaque entre as graves conclusões da Comissão da Verdade. Na primeira semana de dezembro passado, entre os relatórios produzidos pela instituição que apurou violações de direitos humanos praticadas durante a ditadura civil-militar,  o Volume II trata da consequências sofridas por determinadas empresas que foram prejudicadas pelos golpistas. A justificativa das perseguições era "política" (algumas corporações teriam ligação com o governo destituído, alegavam as autoridades), mas os objetivos reais era financeiros e de favorecimento suspeito de concorrentes.
Há 50 anos, mais precisamente no dia 10 de fevereiro de 1965, uma dessas empresas, a Panair do Brasil, foi literalmente ao chão. Segundo a Comissão da Verdade apurou, a empresa foi criminosamente declarada "falida", sem que houvesse qualquer razão administrativa ou operacional para a ato. Autoridades, funcionários da União e o SNI (Serviço Nacional de Informações), criado meses antes, empreenderam uma ofensiva contra a empresa, beneficiando a concorrente escolhida, a Varig. Para os militares, os sócios da Panair, Mario Walace Simosen e Celso da Rocha Miranda, tinham "notórias" ligações com o governo anterior. Com um simples decreto, o ditador Castelo Branco cassou as linhas da companhia - que tinha a maior malha aérea nacional e internacional entre as empresas brasileiras - transferindo-as para a Varig e a Cruzeiro. Em seguida, a ditadura pressionou para que a Justiça referendasse a fraude e decretasse a falência da Panair. Segundo o jornalista  Daniel Leb Sasaki, autor do livro "Pouso Forçado", a aérea não tinha títulos protestados, ações de fornecedores ou funcionários, nem dívidas com a União maiores que as concorrentes. Empréstimos então em curso somavam valores bem menores do que seus ativos e a Panair era, então, a segunda maior empresa privada do Brasil. Foi tamanha a perseguição empreendida pelos militares e tão fortemente suspeita que, em 1969, a ditadura providenciou outro decreto, feito sob medida e sob efeito retroativo, que impedia que empresas aéreas retomassem suas atividades "após processos de falência". Essa lei só foi aplicada contra a Panair, Mas companhia aérea é apenas o caso mais notório de ação comercial da ditadura. Em todo o Brasil, muitas empresas foram coagidas, concorrências foram orquestradas, contrato distribuídos, verbas transferidas e privilégios negociados, sempre sobre a justificativa "política", quando, na verdade, velados interesses econômicos e pessoais estavam na raiz das medidas. O rótulo de "subversivo" era a senha preferencial para as negociatas da época. E a Panair caiu nessa turbulência.
O lendário Constellation, hoje no Museu da TAM, em São Carlos (SP). Reprodução Facebook

No Santos Dumont. Reprodução

Dramático desfecho à parte, a Panair é o símbolo de uma época. Em janeiro de 1965, um mês antes de ser abatida, voava com aviões de última geração como DC-8 e Caravelle, além do DC-7 e dos equipamentos mais antigos com Constellation, Catalina e DC3. A malha internacional incluia entre outras rotas Paris, Frankfurt, Milão, Roma, Londres, Madrid e Lisboa, Buenos Aires, Montevidéu e Santiago do Chile. Obrigada a aterrissar, virou história

O livro de Daniel Sasaki e...
...o documentário de Marco Altberg reconstituem a história da Panair

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