quarta-feira, 16 de abril de 2025

Anote essa palavra: tecnofeudalismo

Você vai ouvir muito esse termo, cada vez mais pronunciado. Faltava popularizar uma definição para o absolutismo das gigantes da tecnologia, Amazon, Facebook, X, Microsoft, Apple etc. Essas corporaçoes atuam como se estivessem acima de todos os governos. Agora aliadas de Donald Trump, a quem financiaram, mostram força e poder de controlar ainda mais sociedade. Desde o ano passsado, a palavra tecnofeudalismo deixou os limites da academia e alcançou os leigos disposto a entender o tamanho da encrenca armada pelas bigs techs. Coube ao economista francês Cédric Duran tipificar que na era digital o mundo recuou para comportamentos e estruturas sociais semelhantes às da Idade Média. Como os salteadores das antigas estradas medievais, os novos senhores feudais ocupam estalagens digitais apenas para sequestrar e revender os dados pessoais dos seus súditos... aos seus próprios súditos. Duran desenvolve essa tese no livro Critique de l'économie numérique lançado em 2020, mas dramaticamente atual no feudo de Trump e seus oligarcas encastelados na Casa Branca. 

Pense nisso: quando você cria conteúdos para as plataforma das big techs é como se um mercador entregrasse na feira de Flandres cereais, grãos e especiarias em geral. Ele, como você, tem o ponto de venda, mas o dono da banca, o senhor feudal ou a big tech, faturam mais do que você. (Flávio Sépia) 

Na capa da New Yorker: a insana coreografia que me lembrou Carlitos

 


O fotojornalista Guina Ramos recorda o dia em que fotografou Mario Vargas llosa para a antiga Manchete. O repórter Ib Teixeira entrevistou o escritor peruano que faleceu aos 89 anos

 

Mario Vargas Llosa
Não é toda hora que um fotojornalista mediano que nem eu tem oportunidade de fotografar um Prêmio Nobel de Literatura.

Mario Vargas Llosa - Foto Guina A. Ramos, 1979
Ao que me lembre, só me aconteceu uma vez (até vou revisar meus arquivos...), mas, evidentemente sem que eu nem nem o próprio soubéssemos que lhe caberia, uns 30 anos depois, este galardão da literatura mundial...

Só sei que (do pouco que me lembro) fui, um dia, em 1979, ao Hotel Glória, então um hotel realmente glorioso, a um evento sócio literário de que já não tenho a menor ideia, com a tarefa precípua de fotografar o escritor Mario Vargas Llosa, falecido neste 13/04/2025, aos 89 anos, em Lima, no seu país natal, o Peru. 

 

Esta foto felizmente me foi salva pela Biblioteca Nacional, que na Hemeroteca Digital Brasileira, nos fez, aos jornalistas da época e à memória brasileira, o grande favor de digitalizar todas as edições da revista Manchete. 

Este material nem sequer estava entre meus recortes de revistas e jornais, que ainda entopem algumas caixas e gavetas por aqui.


A entrevista, de Ib Teixeira, repórter especial da Manchete, acho que foi feita em sala à parte no hotel, e creio que continua merecedora de atenção, espero que a foto também.

Falaram de literatura, mas já havia na conversa sinais dos rumos políticos que o escritor tomava, questão importante na sua biografia, mas que não é nosso tema aqui.


Tenho, ao menos, uma ponta de filme (negativos) das fotos daquele dia. Fotos bem ruinzinhas, com as violentas sombras do flash direto, que fiz no saguão do auditório, à saída do evento, quando Vargas Llosa era envolvido em uma conversa por Vilma Guimarães Rosa Reeves, filha do celebrado escritor João Guimarães Rosa, ela também escritora e concorrente constante, mas não vitoriosa, a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.

Afinal, pelo que tiro da amostra publicada na revista, o melhor das fotos ficou mesmo para os arquivos da Manchete, que sabe-se lá onde estará...

* Matéria originalmente postada por Guina Ramos no blog Bonecos da História

terça-feira, 15 de abril de 2025

Trump: "Al Capone" no poder - Tarifas vão impulsionar a globalização do contrabando

Al Capone estaria rindo à toa se vivesse na Era Trump.


por Flávio Sépia 

Uma das consequências óbvias e ainda não comentada do tarifaço de Trump será o aumento do contrabando em nível planetário. Para fugir das barreiras fiscais e das fronteiras, o caminho ilegal é uma opção. 

Basta lembrar do que aconteceu quando uma onda moralista e hipócrita levou os Estados Unidos a adotarem a Lei Seca de 1920 a 1933. Criminalizar a bebida alcoólica abriu espaço para o crime se organizar em estruturas "corporativas". Na sua rede de bunkers lotados de dólares, Al Capone agradecia todo dia aos mentores da Lei Seca. 

É mais ou menos o que contrabandistas transnacionais farão diante das medidas tresloucadas de Donald Trump e seus oligarcas acampados na Casa Branca. 

A Lei Seca americana (que a geração you tube não confunda com a versão brasileira de blitzs e bafômetros depois das baladas) proibia fabricação, transporte e consumo de bebidas alcoólicas. Foi um desastre social e fiscal que durou 13 anos. 

As consequências da tarifação de Trump são mais sofisticadas. Por exemplo, além de incentivar o contrabando, têm impacto poderoso nas bolsas de valores e no mercado financeiro em geral. No caso de Trump, a suspeita gangorra de morde e assopra ou decreta e pausa faz  milionários no mercado. Os bem informados, claro, principalmente aqueles que investiram milhões de dólares na eleição do magnata. 

Outro exemplo de como barreiras fiscais exageradas favorecem o contrabando. Nos anos 1950, o Brasil taxava importação de carros em mais de 100%. Veículos de luxo eram ainda mais visados. Muitos carros entravam pelo litoral do Ceará, cujo recorte oferecia enseadas capazes de receber barcos de médio porte. O mesmo navio que trazia Impalas levava carregamentos de café. Dizia-se que alguns palacetes do Aldeota, bairro elegante da capital cearense, abrigavam ricos "empresários" que traziam carrões, "esquentavam" a documentação e mandavam para abonados do Rio e São Paulo. 

Se esse tempo voltar, o Paraguai vai virar um "tigre" do Cone Sul.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Kate Perry: 10 minutos no espaço

Kate Perry e "migas" passaram apenas dez minutos no espaço, sem entrar em órbita. O fato gerou piadas e memes, como na reprodução acima.

por Ed Sá 

A corrida espacial broxou. O homem pisou na Lua em 1969. Havia a expectativa de, a partir daí e rapidamente, estadunidenses e soviéticos logo passarem para o objetivo seguinte: Marte. O projeto flopou. O "planeta vermelho" continua inalcançável para seres humanos.

Diante disso, os súditos de Trump privatizaram a corrida espacial com o objetivo de... levar, de novo, o homem à Lua. 

A memória carioca conta que o Brasil parou para ver ao vivo na TV Neil Armstrong dando pulinhos no solo lunar. Poucos meses depois, no segundo pouso na lua, em uma tarde de domingo, o alto falante do Maracanã anunciou para a torcida ligada no jogo que Pete Conrad estava caminhando na Lua. A galera vaiou o locutor. Já naquela época virou chatice bem rápido.

Mais de meio século depois, astronautas não são mais heróis. Qualquer CEO gordo tira onda de viajante espacial. E a China e Elon Musk ainda  preparam um revival de voos rumo à Lua antes do fim da década. Marte fica pra próxima.

 A notícia que está bombando é o voo de 10 minutos, do tipo é-bom-não-foi?, que levou a cantora Kate Perry e mais cinco mulheres ao espaço a bordo da nave Blue Origin do bilionário Jeff Bezos, da Amazon. Virou banalidade, rolé de amigas, que não tiveram tempo nem de colocar a conversa em dia. 

Não demora muito vamos chamar um uber com destino ao Mar da Tranquilidade. Milionários brasileiros como Jojô Todinho, Gustavo Lima, influenciadores e influenciadoras vão ali ao satélite da Terra e voltam já. O rico clã Bolsonaro vai pedir ao parça Musk para organizar uma naveciata lunar. Roberto Carlos e Neymar venderão passagens para cruzeiros na Lua. Deputados e senadores aprovarão no plenário lotado um pacote de emendas Pix para pagar suas viagens espaciais sob o pretexto de "fiscalizar a rota".

Na reprodução do New York Post, um momento hilário da mini jornada espacial de Kate Perry foi a queda de Bezos na poeira do deserto texano quando se preparava para receber as "astronautas". O tombo repercutiu na mídia mundial. 


Chico Buarque, Francis Hime: o encontro casual que resultou em um clássico da MPB recuperado por Elis Regina

 

Geraldo Vandré, Ellis e Chico Buarque. Foto publicada na Fatos & Fotos em 12 de novembro de 1966. 

A revista Fatos & Fotos (assim como a antiga Manchete) é um verdadeiro banco de dados e imagens sobre a MPB. As redes sociais se encarregam de recuperar na internet tais momentos marcantes. O ex-funcionário da Bloch, Nilton Muniz, colaborador do Panis cum Ovum, "o blog que virou Fatos & Fotos", volta e meia resgata posts que revivem épocas. Veja essa pérola que foi publicada em 1966, na querida F&F. O registro é do Facebook MPB Bossa' Post ( https://www.facebook.com/story.php?story_fbid=1235318487964707&id=100044597012154&post_id=100044597012154_1235318487964707&rdid=zHixaErd1HVNh8oG# )

"Por trás da letra: Atrás da Porta"

"Francis Hime morava nos Estados Unidos e passava férias no Brasil. Em uma festa restrita a poucos amigos, encontrou-se com Chico Buarque e tocou a melodia da música, Chico gostou e começou a escrever, lá mesmo, a letra . Os dois não se lembram o motivo - Chico atribui ao excesso ou mesmo a falta de bebida e até falta de inspiração momentânea - o fato é que o letrista só conseguiu fazer uma parte da música.

A obra incompleta ficou esquecida por um tempo, até que Elis a ouviu e ficou maravilhada. Gravou o trecho com letra e deixou a segunda parte apenas orquestrada, uma forma, para muitos, de pressionar Chico a concluir a música. 

Chico finalizou a letra e o resto virou história." 

P.S - Em iniciativa elogiável, a Biblioteca Nacional digitalizou as coleções da antiga Mancehete e da Fatos & Fotos. Esta última chegou a entrar no site de Periódicos da BN. Infelizmente, a F&F digitalizada foi retirada do acervo sem maiores justificativas. Um funcionário contatado chegou a justificar a  exclusão com um formal "por motivo técnico". A tal coleção jamais voltou ao ar. Pena, a Fatos & Fotos fez coberturas inesquecíveis de atualidades. Foi marcante o acompanhamento da revista, por exemplo, das manifestações estudantis de 1968, dos festivais da canção, de crises políticas, do exílio de Chico Buarque em Roma e de Caetano e Gil em Londres. das Copas de 1962 e 1970. A F&F publicou históricas entrevistas com cineastas, escritores, compositores, cantores e cantoras e teve cronistas como Clarice Lispector e Nelson Rodrigues, entre outros. A BN deve uma explicação por ter investido na digitalização da revista para subitamente retirá-la do acervo.    

Um futuro Nobel comia os restos do meu prato em Paris* • Por Roberto Muggiati

 

Vargas Llosa em Paris, anos 1960. Foto: Reprodução Instagram

Quando eu era bolsista pobre em Paris em 1960, meu amigo Octávio Carneiro Lins – que trabalhava com o tio, o embaixador Paulo Carneiro, na Unesco – costumava me convidar para jantar nos melhores restaurantes. Mas Octávio era uma figura complicada e essa aparente generosidade muitas vezes ocultava surtos perversos de sadismo.

Duas ou três vezes ele me levou ao México Lindo, na rue des Canettes, naquele cafofo da rive gauche entre as igrejas de Saint-Germain e de Saint Sulpice. Na primeira vez cuspi a comida toda no prato de tão apimentada que era. – Caliente?! – comentou o garçom, gozando da minha cara. Octávio, macaco velho em culinárias exóticas e chegado a temperos fortes, por trás de um semblante à Buster Keaton, também devia estar se divertindo.

Vocês já devem ter ouvido falar na Maldição de Montezuma, que acomete os incautos que vão ao México e exageram na comida local. Na segunda vez que fui ao México Lindo, bem que me esforcei, mas ainda refuguei mais da metade da comida. Da terceira, já com as papilas gustativas cauterizadas no ferro em brasa, me saí um pouco melhor, mas pedi ao Octávio que voltássemos, por favor, à boa e velha cuisine française.

Para mim a história teria morrido aí, não fosse ter lido, 45 anos depois, o romance Travessuras da menina má, de Mário Vargas Llosa – o peruano que ganhou o Nobel de Literatura em 2010. Ele morou em Paris à mesma época que eu. Cito trechos do livro:

 

“No meu primeiro ano em Paris, quando passava apertos financeiros, muitas noites ficava na porta dos fundos desse restaurante [o México Lindo] esperando que Paúl aparecesse com um pacotinho de tamales, tortilhas, carninhas ou enchiladas, que ia saborear no meu sótão do Hôtel du Sénat antes que esfriassem.”

“Paúl, ao saber das minhas dificuldades, quis me dar uma força com a comida, porque no México Lindo era o que sobrava. Que eu passasse pela porta dos fundos, por volta das dez da noite e ele me ofereceria ‘um banquete grátis e quente’, coisa que já fizera com outros compatriotas carentes.”

 O México Lindo acabou há muito, ainda no século passado. Mas histórias e coincidências como esta sobrevivem ao tempo.

*Do livro de memórias em gestação Paris por um triz.

** Mario Vargas llosa faleceu ontem, em Lima, aos 89 anos. A família não informou a causa da morte. Desde que deixou Madrid em 2022 e voltou a residir no Peru o escritor estava debilitado.  

domingo, 13 de abril de 2025

Frase do dia: tem que aplaudir...

 "Intestino do Bolsonaro se adianta e já está preso". 

Do Sensacionalista (O Globo) 

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Fórmula 1 vai entrar no mercado de apostas

As bets estão conversando com a direção de parcerias da Fórmula 1 para incluir a modalidade no ramo de apostas. Na Europa, especialmente na Inglaterra, os GPs da categoria até entram nas bolsas de apostas mas com participação quase irrelevante. O que a F1 quer é ampliar isso e chegar aos admiradores das corridas em todo o mundo. Assim como no futebol onde apostadores arriscam a sorte no resultado das partidas, nos cartões amarelos, no primeiro gol etc, a F1 deve oferecer vários tipos de apostas: pole position, volta mais rápida, quebras, pit stop mais veloz, vencedor e o que mais a imaginação e a voracidade das bets permitir. O risco, como demostram casos notórios no futebol, é a ocorrência de fraudes. Há, como se sabe, casos de jogadores que participam de esquemas do tipo forçar cartão amarelo "premiado".  E aí? Veremos pilotos forçando quebra? 

Na capa do Charlie Hebdo...

 


terça-feira, 8 de abril de 2025

Extrema direita bolsonarista agora quer intervenção militar dos Estados Unidos no Brasil. Alexandre Moraes falou sobre o tema à revista New Yorker

Em longa entrevista à revista New York, Alexandre Moraes disse que a eventual pressão dos Estados Unidos contra o STF só fará efeito se um porta-aviões chegar ao Lago Paranoá. 

Bolsonaristas doidões, incluindo deputados e senadores de extrema direita, têm feito apelos por intervenção armada dos Estados Unidos no Brasil. 

Veja declaração exata de Moraes sobre o assunto à revista New York.



domingo, 6 de abril de 2025

Janete Clair - Como parte do centenário de nascimento da autora de novelas, será relançado o romance "Nenê Bonet", publicado originalmente em forma de folhetim na antiga revista Manchete

 

Anúncio do lançamento de "Nenê Bonet", de Janete Clair, originalmente publicado em forma de folhetim na antiga revista Manchete. 

O Globo, 5/4/2025 

Estão previstas homenagens mais do que merecidas ao eterno talento e magia da autora de novelas  Janete Clair, que competaria 100 anos no dia 25 próximo. A coluna do jornalista Ancelmo Góes, do Globo, informa sobre mostra comemorativa, a partir do dia 28, no Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro. Ancelmo cita o relançamento do romance "Nenê Bonet" publicado originalmente na antiga Manchete, em 1980, em capítulos semanasi (veja no alto uma das peças da camanha de lançamento do folhetim que, na época, alavancou vendas das edições da reviata.    

Le Parisien: o ar do Louvre, de Notre Dame e do Sacré-Coeur à venda em latas. Custa 12 euros a unidade . O fabricante não informa se vai enlatar o cheirinho do metrô de Paris na hora do rush

 

Le Parisien, edição de 6/4/2025

por José Esmeraldo Gonçalves
Turistas que forem a Paris têm nova opção de lembrancinhas. A empresa tcheca Fattrol lançou enlatados com o ar de ambientes icônicos da Cidade Luz. Segundo o jornal Le Parisien, a iniciativa é polêmica. Há quem a ache ridícula, quem a considere apelação para enganar visitantes e, obviamente, quem compre o enlatado para levar para os amigos e parentes.  No momento estão à venda por cerca de 12 euros, os ares do Louvre, da Torre Eiffel, Notre Dame, Museu  d' Orsay e Sacré-Coeur. 
Se a moda pegar, vamos esperar que não captem o ar do metrô de Paris na hora do rush ou de restaurantes franceses que servem andouillette. Vou poupá-los da descrição, apenas digo que é um tipo de salsichão cujo recheio inclui o conteúdo do cólon do porco. Maiores informações com as jornalistas Jussara Razzé e Deborah Berman que provaram o prato no interior da França e imediatamente devolveram à cozinha a iguaria mais fedida do mundo.  

Ou, se a Fattrol vier para o Brasil, que não recolha, por exemplo, o ar da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Das Comissões de ambas as casas. Se for utilizar o ar de Copacabana, evitar o cheirinho do Posto 5, nas imediações da única estação de tratamento de esgoto no mundo instalada em área turística. Passar longe das redações das Jovem Pan, de vista Oeste, do Antagonista...    

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Em resposta a Trump, pinguins taxam uso de imagem

Logo da Editora Penguin



Mr. Pinguin


Logo da Antarctica 

PINGUINS RESPONDEM À ALTURA O TARIFAÇO DE TRUMP:

VÃO TAXAR PESADAMENTE O USO DE SUA IMAGEM NOS LOGOS DA EDITORA PENGUIN, NA FRANQUIA DE FILMES BATMAN E NAS EMBALAGENS DA CERVEJA ANTARCTICA.

Reunião de emergência para retaliar Trump

* Trump taxou em 10% todos os produtos exportados pela ilhas Heard e McDonald para os Estados Unidos. De acordo com a tradicional ignorância geografica dos estadunidenses, ele não sabia que as ilhas são desabitadas, a não ser por populações de pinguins, que vão retaliar. Editora Penguim, franquia de filmes Batman e até a cerveja Antarctica (da AmBev, com ações na Bolsa de Nova York) podem ser obrigadas a desembolsar taxas expressivas por uso não autorizado de imagem. 

Um jornal a serviço da ditadura: as páginas de sangue da Folha de São Paulo quando atuou como "sócia" da repressão

 

Nas sombras do anos 1970, uma réstia de luz informava que algo estranho ocorria na Folha de São Paulo. Jornalistas detectavam mudança de clima e a presença de figuras desclassificadas, no sentido da palavra, fingindo naturalidade no ambiente da redação. 
Em 1971, viaturas de reportagem e distribuição de jornais da Folha foram incendiadas supostamente por opositores de ditadura. Àquela altura, já havia sinais público de que Octávio Frias de Oliveira, assim como poderosos empresários paulistanos, apoiava a OBAN, operação de caça a "subversivos". Eram uma espécie de "sócios" de assassinatos e tortura. Com a volta da democracia, pouco a pouco foi aberto porão da vergonha da Folha de São Paulo. As pesquisas revelam que a parceria com a ditadura foi muito maior do que se imaginava.  O jornal fez coberturas jornalísticas descaradas em apoio à política repressiva, além de contratar integrantes das Forças Armadas e da polícia como falsos repórteres. Esquadrões da ditadura usavam as viaturas para vigiar e prender opositores do regime, muitos do quais foram assassinados. 
A cumplicidade da Folha fica ainda mais evidente no recém-lançado livro "A Serviço da Repressão - Grupo Folha de Violações de Direitos na Ditadura", por Ana Paula Goulart Ribeiro, Amanda Romanelli, André Bonsanto, Flora Daemon, Joëlle Rouchou e Lucas Pedretti (Mórula Editora).    

A revista The Economist vem com duas capas. De um lado a ruína, do outro a oportunidade... para a China.

 



Para The Economist, o ridículo Dia da Libertação, propagado por Trump, é na verdade o Dia da Ruína. A segunda capa mostra que a China vai sentir o tranco da tarifação, mas vê a crise como uma rota de oportunidades para criar novos mercados e, principalmente, reorganizar o seu enorme mercado interno e setores da economia que demonstraram fragilidade nos últimos anos. 

Em meio às várias escolhas estratégicas, há uma certeza e uma dúvida: a China vai retaliar; resta saber quem vai piscar primeiro.

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Nem Jesus sabe se Neymar voltará à seleção brasileira.

por Niko Bolontrin

A seleção brasileira de futebol está sofrendo um terremoto de indefinições. A mídia esportiva especula nomes de futuros treinadores. Por incrível que pareça, a CBF teria voltado a contatar Carlos Ancelotti. Cansado de dizer não, o treinador do Real Madrid vai acabar processando a CBF por assédio moral e stalking. 

Jorge Jesus e outro nome. Esse topa, mas pede salário astronômico, equivalente ao que recebe do Al Hilal saudita. Felipe Luis, do Flamengo, tem pouco tempo de atuação como treinador, mas está na mira. Não falou oficialmente sobre o assunto, embora tenham vazado sinais de que não aceitaria um convite. Mais sensato do que a CBF, ele prefere dar continuidade ao seu trabalho promissor no time carioca. 

Novos nomes vai surgir. Correndo por fora estão Abel Ferreira e José Mourinho. Por enquanto o favorito é Jorge Jesus. Sobre o português circula um rumor de que Neymar teria comunicado à CBF que não aceita Jesus como seu treinador. Parece estranho o lobby do Neymar que não joga futebol efetivamente a sério há quase dois anos. Fez umas poucas partidas na volta ao Santos enfrentando times de pouca expressão e logo foi para o estaleiro com novo problema muscular que já o deixa parado há cerca de dois meses. 

Jorge Jesus incomoda Neymar por ter falado a verdade quando da sua volta  ao Al Hilal . Segundo ele, o brasileiro ainda não tinha condições de jogar futebol. Dito e acontecido. 

Na verdade, desde a fase final da sua conturbada permanência no PSG ele não tem continuidade em campo. E se há alguma coisa que jogador precisa é de sequência de jogo. No momento, Neymar se mantém ativo no poker, festas e como personagem promovido por canais esportivos "amigos" ou impulsionados no You Tube e em outras redes sociais. Neymar pausou novamente a carreira de jogador de futebol. É influencer em atividade.

Diz-se que o seu objetivo é a seleção brasileira e a Copa do Mundo de 2026. Não parece. Neymar ficou fora dos recentes jogos do Brasil contra a Colômbia e Argentina. Não tinha condições de jogo ou foi poupado. 

Teria sido um bom teste vê-lo enfrentar times intensos como esses. Não foi possível, fica pra próxima. Brasil jogará com Equador e Paraguai no próximo mês de junho. Nem Jesus sabe se Neymar estará bem campo.



quarta-feira, 2 de abril de 2025

Marine Le Pen, líder da extrema direita francesa, desviou verba pública do seu gabinete. Puxou ao pai fascista que também surrupiou euros do Parlamento Europeu.

 


por Flávio Sépia 

Não apenas a direita brasileira tem picaretas sob a mira da justiça. Na França, a surpresa da semana foi a a revelação de que a ultradireita Marine Le Pen desviou verbas públicas destinadas ao seu gabinete. Ela foi declarada inelegível para as próximas eleições. O Charlie Hebdo lembra aos distintos eleitores que Marine  Le Pen, em matéria de surrupiar euros, puxou ao pai fascista. Ele também foi acusado de desviar fundos do Parlamento Europeu durante dois anos. A notícia repercutiu nos jornais francesas. No Brasil, crimes semelhantes são tão comuns que nem viram notícia. Provavelmente uma dessas falcatruas está acontecendo enquanto você ler estas linhas. E certamente algumas com digitais da extrema direita. Uma busca no Google revela o CPF das suas, não nossas, senhorias.


segunda-feira, 31 de março de 2025

Pela primeira vez, a seleção brasileira vai precisar de um milagre de Jesus

por Niko Bolontrin

A seleção brasileira já foi o paraíso dos técnicos de futebol. Todos sonhavam em comandar o escrete, como a crônica esportiva chamava então. Houve uma época que era o melhor emprego do mundo. Dizem que Fiola dormia enquanto Pelé, Nilton Santos e Didi comandavam o jogo. Foi acordado para receber a Jules Rimet em 1958. Aimoré Moreira não dormia na beira do campo mas herdou o timaço que trouxe o bi em 1962. Foi ao Chile só distribuir as camisas. Aqueles times não precisavam de "professor" nem de "mister". Havia um mestre em cada posição .  

Falando sério: Zagallo teve pouco a ver com o Tri de 70. Foi escalado pela ditadura e ganhou o salário fazendo quase nada. Não havia necessidade. As feras do Saldanha se reuniam no hotel na véspera e determinavam o jogo, enquanto capitães e almirantes da delegação curtiam tequilas patrióticas. Em 1994, Romário, Bebeto e Tafarel garantiram o título para Carlos Alberto Parreira.    

Em 1998, faltou união e reunião dos jogadores para barrar Ronaldo Fenômeno, um convalescente recém-saído de um hospital francês. Difícil: naquele vestiário não havia jogador com voz e personalidade para fazer o treinador tremer e decidir pelo óbvio: Ronaldo estava incapacitado. E Zagallo não teve coragem de barrar o número um da patrocinadora Brahma. Em 2002, Luiz Felipe Scolari, o Felipão, tirou a sorte grande: Ronaldo em mega forma, Rivaldo, Ronaldinho... 

A partir de 2006, com Parreira todo enrolado na Alemanha e os jogadores esbanjando dias de folgas,  a seleção tornou-se um fardo difícil de carregar. Dunga fracassou na África do Sul em 2010. Em 2014, o vexame dos 7x1 com aassinatura do Felipão; 2018, desastre teu nome é Tite; em 2022 Tite (o popular Adenor Bachi) era verborágico nas coletivas, parecia o Einstein explicando a Teoria da Relatividade, e confuso na beira do gramado. O novo futebol passou na janela e Adenor não viu. Mas era o queridinho dos jornalistas da Globo. 

Na semana passada, a propósito do vexame da seleção diante da Argentina, um jornalista do UOL, ex-Globo, ao analisar a falta de comando do treinador Dorival Junior, citou Tite como um "injustiçado". Leva pra casa, mano.  Tite não foi injustiçado, Tite teve chances mas não passou no Enem do futebol por duas vezes. Simples assim. 

Ano que vem tem Copa. Por enquanto o Brasil está uma tremenda bolinha e sem treinador. Dorival Júnior se manteve por apenas 445 dias e uma noite de pesadelo ao sofrer goleada (4x1) da Argentina. 

A CBF tenta agora trazer Jorge Jesus.  O português terá a difícil missão de pausar os 23 anos em que o Brasil sofre um duro jejum de título de campeão de Copa do Mundo. Só Jesus para a seleção evitar quebrar o recorde negativo anterior: os 24 anos entre 1970 e 1994 sem botar a mão na taça..    

 

domingo, 30 de março de 2025

A direita brasileira tem jornalistas "Ifood". É a turma que entrega "encomendas"

por Flávio Sépia 

O golpista Bolsonaro, agora réu, diz que precisa da imprensa. Hipocrisia. Ele já sabe que conta com parte da mídia. Os jornalões, os canais de notícias da TV paga,  os porões do You Tube e as as redes sociais abrigam comentaristas, analistas e articulistas em número que daria para preencher muitas garupas em motociata de bozorocas. 

São os jornalistas "ifood" que têm a missão de entregar encomendas. Agora que o STF dá um grande passo rumo ao julgamento dos golpistas, esse nicho da extrema direita está fazendo hora extra. O alvo principal é o ministro Alexandre Moraes, mas as escopetas apontam para o Supremo, como instituição.  Bolsonaro está na pista para entrevistas "exclusivas" em vários veículos. Deputados e senadores neofascistas se revezam na tribuna com ofensas aos ministros do STF. Um desses extremistas expressou até o desejo de matar a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente.

As fake news dos golpistas foragidos encontram espaços frequentes nas redes sociais que seguem sem a devida regulação que os jornalistas "ifood" chamam de "censura".