sábado, 29 de junho de 2024

Avisem ao Biden que, em 1986, Ulysses Guimarães sofreu de confusão mental. A mídia veiculou muitas informações falsas sobre o problema que, em seguida, foi diagnosticado: era intoxicação medicamentosa. O político superou a crise, presidiu a Constituinte e foi chamado de Sr. Impeachment por ajudar a despejar Collor de Mello do Palácio do Planalto.

por Flávio Sépia 

Observando o drama público que vive Joe Biden não pude deixar de voltar a um acontecimento parecido ocorrido na pollítica brasileira. 

Em 1986, Ulysses Guimarães, então presidente da Câmara dos Deputados, deu sinais, em público, de confusão mental, alternava momentos de muita euforia e de profunda tristeza. Na verdade, como sua mulher, Mora, revelou ao jornalista Jorge Bastos Moreno, constatou-se depois que ele foi vítima de uma intoxicação medicamentosa provocada por prescrição de remédios inadequados para combater a depressão. 

Enquanto não se encontrou o motivo, Ulysses sofreu uma cruel perseguição de adversários e por parte da mídia que veiculou informações falsas geradas por politicos. Uma hora, diziam que Ulysses tinha um um tumor no cérebro ou circularam informações falsas de que, desorientado, criara confusão em um voo. Após um tratamento de desintoxicação, Ulysses retomou o protagonismo na política e, menos de um ano depois presidiu a Assenbléia Nacional Constituinte, candidatou-se a presidente em 1989 e foi chamado de Sr. Impeachement ao ajudar a despachar Collor de Mello no rastro de graves escândalos de corrupção. 

A baixa performance de Joe Biden durante debate com Trump, somada ao seu comportamento errôneo nos últimos meses, assusta os democratas. Algumas lideranças, em off, já admitem a troca do candidato do partido. Sobram avaliaçoes polúticas, mas faltam transparência e informações médicas sobre a saúde física e mental de Biden. Pode ser curável, assim como no caso de Ulysses? Pode se agravar? Sem que essas questões sejam esclarecidas aos eleitores, as piadas, as fake news e o deboche de Donald Trump até novembro (e está previsto outro debate da TV após as convenções partidárias) seguirão causando danos irreparáveis ao democrata.           

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Na capa da Time: e ninguém anotou a placa

 


Comentário do blog - Não apenas os democratas estão em pânico. O mundo está. O primeiro debate dos candidatos à Casa Branca foi um desastre. 

A capa da Time faz a leitura mais dramática .

Biden encurralado pela própria mente; Trump desfilando um pacote de mentiras. Difícil acreditar que Biden encontre energia e estratégia para enfrentar Trump em novembro. O eventual retorno do magnata à presidência. Imaginar que os democratas tomarão a decisão mais difícil da história do partido - retirar Biden da corrida presidencial - é, por enquanto, só imaginação. Escolher um substituto é outro desafio. E o regra três, se vier, terá menos tempo de articulações e campanha. Será a versão americana do nosso Fernando Haddad em 2022, que teve apenas um mês para se apresentar aos eleitores.

A França sitiada pela ultra direita

 


Desde a surpreendente vitória da ultra direita e do fascismo nas eleições para o Parlamento europeu, aumentou a violência contra imigrantes na França. Casos de agressões são registrados em várias regiões. O jornal Libération pede uma mobilização geral dos eleitores. Em uma analogia histórica, a França vai decidir se quer a democracia ou se vai voltar à República de Vichy.

Na Carta Capital - Não é opcional. Todo dia o contribuinte brasileiro ajuda um rico

Comentário do blog: o "programa social" mais caro, historicamente resistente e que assalta as finanças públicas forma uma espécie de "bolsa" bilionária para os ricos. Os privilégios  fiscais vão de isenções própriamente ditas a créditos fiscais, subsídios,  aplicações que não pagam impostos etc. Se a tudo isso for somada a contabilidade "criativa" que só os ricos praticam, a sonegação, a lavagem.de dinheiro, as remessas para paraísos fiscais e as movimentações fraudulentas do tipo operado pelas Lojas Americanas, dá para imaginar o rombo planetário que assola a saúde fiscal do Brasil. E, ainda, se a tudo isso for somada a isenção fiscal de igrejas bilionárias, das falsas entidades beneficentes e das "organizações sociais" que administram entidades públicas e das "compensações" por chuva em excesso, por falta de chuvas, compensações por queda de lucro presumido por concessionárias, pela caixa preta da emendas dos legislativos federais, estaduais e municipais, você poderá ter uma ideia do que seria o Brasil justo sem esses desvios institucionalizados. O mundo deve mais uma vez se curvar ao Brasil: aqui existe o conceito jurídico de leis cortuptas como exemplificado acima. Na maioria das vezes rouba-se na boa  à margem qualquer código, moral,
civil e penal.  

quarta-feira, 26 de junho de 2024

O Pantanal está em chamas e o Estadão queima a verdade

 


O Pantanal queima mais uma vez. O que também é reincidência pela enésima vez é a irresponsabilidade do agronegócio: 80% dos grandes focos de incêndio estão em propriedades privadas e não têm causas ambientais, são resultado de queimadas, prática proibida, mas criminosamente adotada por fazendeiros. A participação do clima se dá pela falta de chuvas que deixa a vegetação seca, o que fornece o combustível para a propagação do fogo, é fato. O gatilho, contudo, é a mão do homem. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, informa que o governo federal combate 20 dos 27 grandes incêndios, mesmo não sendo da competência federal. "Temos uma responsabilidade sobre as unidades de conservação, mas o fogo não é estadual, não é municipal, o fogo é algo que destrói a vida e cria prejuízos econômicos e sociais" disse ela ao Poder 360. 

O Estadão prefere politizar a questão,  contornar o problema, e livrar a cara dos criminosos.

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Fotomemória da redação: Há 40 anos Erasmo Carlos deu um close nela e não foi "cancelado"



Roberta Close e Erasmo Carlos em 1984. A foto da capa
da Manchete foi assinada por Vantoen P. Jr., que...


também fez a página dupla interna.

por Ed Sá

Em junho de 1984, Erasmo Carlos e Roberta Close gravaram em em Ipanema o clipe da música "Close", um grande sucesso naquele ano. Praia lotada, multidão em volta, os dois circularam impunes em meio à curiosidade da massa. O Brasil daquele ano talvez fosse mais cordial, embora preconceituoso. Pelo menos, Roberta não foi biblicamente apedrejada nas ruas pela guarda da moral e dos valores e Erasmo não foi cancelado pelos bons costumes. Ela "fez a praia inteira levantar numa apoteose a beira-mar", como escreveu Erasmo. 

Hoje, não sei, as milícias religiosas talvez partissem para a briga. Há 40 anos Erasmo ousou homenagear a primeira sex symbol transsexual da nação e a sua música foi um dos maiores sucessos do ano. Roberta Close, aliás, foi capa da Manchete várias vezes e, em nenhum momento, um deputado qualquer subiu à tribuna para mandar as "ovelhas" incendiarem as bancas. O Brasil mudou pra pior, Erasmo (ele mesmo uma figura cordial) não está mais aqui e Roberta Close completará 60 anos em dezembro. Casada com o empresário suíço Roland Granacher, ela mudou-se para Zurique em 1990 e declarou em entrevistas que não voltaria a morar no Brasil. Motivo: o preconceito, hoje mais agressivo e imprevisível.  

P.S - Coube à página Fotos Históricas Plus, do Facebook (https://www.facebook.com/fotoshistoricasplus) relembrar esse encontro típico dos anos 1980 que virou capa de Manchete e repercute neste post assinado pelo incansável Ed Sá.   

domingo, 23 de junho de 2024

Na capa da Carta Capital: mulheres vão às ruas contra os "aiatolás" brasileiros

 


Comentário do blog. Uma conspiração ocorre às claras no Brasil. Ninguém pode dizer que não a vê. A sala de comando está nos porões mais imundos do Congresso. De lá saem projetos que viram leis e que têm dois fluxos principais. São iniciativas para tirar dinheiro do Estado laico em favorecimento da indústria religiosa, desde uma montanha de isenções  de impostos, convênios, dispensa de taxas e contribuições previdenciárias ou são leis de construção de uma futura teocracia propriamente dita. Os "aiatolás" já temos, a guarda religiosa está em formação, o poder legislativo já está dominado, a ocupação avança no judiciário e no executivo em estados, municípios e na submissão e concessões da Presidência em busca da "base" inalcançável. Já se sabe que a reação dificilmente virá dos políticos. Aqueles capazes são minorias. No caso da proposta de criminalização do aborto nos casos até aqui protegidos pela lei, a reação veio das ruas essa redes sociais com as mulheres à frente. Desculpem o pessimismo, mas é  possível prever que os desafortunados que viverem verão a obra do fascismo neopentecostal pronta e operante.

sábado, 22 de junho de 2024

Olimpíada Paris 2024. Time Brasil mostra seu uniforme de congresso neopentecostal

 


O COB escolheu a marca bolsonarista Riachuelo para vestir os atletas brasileiros que vão à Olimpíada de Paris 2004. Aparentemente, esqueceram de avisar ao estilista responsável que os Jogos são competição esportiva e não um congresso neopentecostal. Tudo aí é ruim,  a calça frouxa, a saia virginal, os chinelos, o casaco impróprio para o verão parisiense. Foto de Alexandre Loureiro/COB/Divulgação.

IstoÉ bota na capa o circo dos horrores do Senado

 


 A capa da IstoÉ dessa semana é o espetáculo porno político religioso no Senado. Um figura que se diz atriz fez uma performance interpretando um feto gerado por um  estupro. No caso, sob encomenda de senadores, ela levou a campanha pela criminalização do aborto, nos casos em que a Constituição admite, a um patamar escabroso. Foi um circo de horrores.

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Nos passos de Anouk Aimée (1932-2024) em Deauville, set do filme "Um homem, uma mulher"

 

Anouk Aimée em "Um homem, uma Mulher". Foto Divulgação

por José Esmeraldo Gonçalves

A notícia do falecimento da Anouk Aimée, ontem, em Paris, aos 92 anos remeteu a memória de uma geração a um ano (1966) e a um filme "Um homem, uma mulher". A atriz atuou em clássicos como "A Doce Vida" e "Oito e Meio", mas seu sucesso mais popular foi mesmo o filme dirigido por Claude Lelouch. Além da fama internacional, a história de um amor que nasceu na Normandia a levou ao tapete vermelho das premiações como a Palma de Ouro em Cannes, em 1966, ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro, em 1967, uma indicação na categoria Melhor Atriz, também no Oscar e um Globo de Ouro. Para as plateias brasileiras, a trilha sonora oferecia uma atração a mais: a música “Samba da Bênção”, de Vinicius de Moraes e Baden Powell.

Trintignant e Anouk Aimée: cena do filme, na praia.
Foto Divulgação


O set ainda inspira casais de turistas. Foto de J.Esmeraldo

Les Plantes: o cinema desfila na passarela de madeira em Deauville.
Foto de Jussara Razzé 

Em 2016, 50 anos depois das filmagens, de alguma forma refiz os passos do casal Jean-Louis Duroc (Jean-Louis Trintignant) e Anne Gauthier (Anouk Aimée) em Deauville, o elegante balneário francês à margem do Atlântico Norte. Viúvos recentes, os personagens do filme se encontram na pequena cidade durante uma visita ao colégio interno dos respectivos filhos. Inicialmente ficam amigos, mas a saudade dos ex-parceiros adiciona alguma dor à passagem para o status seguinte, o de amantes. 

Deauville: placa em homenagem ao filme.
Foto de Jussara Razzé
Algumas cidades ganham o filme das suas vidas. "Um homem, uma Mulher" e Deauville são inseparáveis. Andar pela cidade é como percorrer fotogramas em Les Planches, as famosas passarelas de madeira e na praia que o par central percorria. Em 1986, Lelouch voltou a Deauville com Trintignant e Anouk Aimée para filmar "Um Homem, uma Mulher 20 anos depois". A continuação não fez o mesmo sucesso e o que Deauville guarda na memória - com direito a placa comemorativa em um dos locais das filmagens - é o set da primeira versão. E agora, as lembranças de Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignant, que faleceu em 2022, aos 91 anos.  


Fotomemória: O dia em que o repórter Tarlis Batista reuniu a MPB em Montreux. E ele mesmo fez a foto


A tanga preta de Ney Matogrosso comprova que em meio à agenda musical
o momento era de doce lazer na Suíça. Da esq. para a dir: Elba Ramalho, Caetano Veloso, 
Ney, Claude Nobs, Milton Nascimento e Júlio Barroso. Foto de Tarlis Batista/Manchete 


Montreux, 1978, à beira do Lago Léman, com o Palácio dos Festivais ao fundo, o repórter Tarlis Batista, da Manchete, produziu e fotografou a cena acima de um ilustre grupo de cantores brasileiros convidados para o Festival de Montreux. A turma posou ao lado de Claude Nobs, diretor e idealizador do festival.   

 

terça-feira, 18 de junho de 2024

"Dicotomia Haia-Rio": Sergio Zalis inaugura exposição no Instituto Antônio Carlos Jobim nesta quinta-feira, 20 de junho, às 18h

 


A mostra focaliza os parques urbanos Jardim Botânico, no Rio e Scheveningse Bosjes, em Haia, na Holanda e ocupa a galeria do Instituto Antônio Carlos Jobim, na Rua Jardim Botânico, 1008.  

Nos links abaixo você poderá ver teasers (*) do making of da captura de imagens para exposição "Dicotomia Haia-Rio". Os três vídeos curtinhos mostram o fotógrafo Sergio Zalis trabalhando nos dois parques. As fotos foram depois processadas segundo a técnica focus stacking. O resultado é um diálogo de formas e cores entre o Jardim Botânico carioca e o Scheveningse Bosjes. 

(*) Os teasers de divulgação foram filmados por Frederieke Jochems (Haia, outubro de 2023) e por Fernando Lemos (Rio, abril de 2024).  


Teaser 1

https://www.youtube.com/shorts/AjhpJkETPTI

Teaser 2

https://www.youtube.com/shorts/-Sk3afQQsrk

Teaser 3

https://www.youtube.com/shorts/sUU0FlZ5uME

domingo, 16 de junho de 2024

Copa América vem aí: futebol na gringa tem mudanças. Para pior

por Niko Bolontrin 

Os Estados Unidos empreendem nos últimos anos uma ofensiva para ganhar relevância no futebol e atrair torcedores de várias etnias. Não tem sido fácil. Por enquanto, são os hispânicos, em grande maioria, que vão aos estadios. Tanto que os agentes de imigração adoram circular nas arquibancadas dando incerta no pessoal que atravessa o Rio Grande a nado sem lenço nem documentos. 

Os fãs saxões de basebol e futebol americano, por exemplo, rejeitam algumas regras do soccer, como  chamam. Lei do impedimento é uma delas, o empate com resultado final de um jogo é outra e gostariam de uma alternativa à expulsão: punir o jogador com 5 ou 10 minutos forade campo.

Pode-se dizer que o recente jogo Brasil 1 X 1 Estados Unidos não foi exatamente de futebol. Mais pareceu de futebol society com a diferença do uso de 11 jogadores de cada lado (o futebol society escala sete em cada time). Simples: como a Copa América será jogada em estádios adaptados do futebol amqricano, o campo de jogo é muito menor. Enquanto na Copa do Mundo e em outros torneios importantes como Champions, Eurocopa, Libertadores, Brasileirão, jogos das ligas europeias etc os campos medem 105 metros de comprimento por 68 de largura, na Copa América terão 100 metros por 64. Uma grande diferença. No total uma redução de 740 m². Ou seja, estão fora dos padrões Fifa, mas dentro do lobby para empurrar o soccer goela abaixo do white power dos Estados Unidos. Como disse acima, difícil projeto: os supremacistas brancos, por exemplo, se surpreendem quando alguém explica que o futebol foi criado pelo ingleses. Muitos pensam que o soccer surgiu na África jogado por macacos e com cocos no lugar da bola.

Sobre a torcida brasileira em Orlando, local do amistoso contra os Estados Unidos, uma curiosidade: muitos colocaram a mão no peito durante a execução do hino dos EUA, que eles chamam de "América".  Fofos. 

Panis cum ovum: 15 anos de um blog que é "spin off" do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou"

O BLOG QUE NASCEU...


DE UM LIVRO

por José Esmeraldo Gonçalves

Em junho de 2009, há 15 anos, este blog entrou no ar. O propósito de lancá-lo vinha de antes. A coletânea "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" (Desiderata), cuja noite de autógrafos foi realizada em 3 de novembro de 2008 na Livraria da Travessa, no Leblon, já previa essa extensão digital. 

Os principais veículos do país abriram espaços para o lançamento do "Aconteceu na Manchete".
Fotomontagem por Jussara Razzé

O livro obteve amplo espaço nos principais jornais e revistas e a extraordinária receptividade reforçou a ideia de construir um spin off na internet. 



Acreditamos que a coletânea merecia essa derivação. O próprio projeto gráfico do "Aconteceu na Manchete", concebido por J.A.Barros, que foi diretor de Arte de O Cruzeiro, Manchete, Fatos&Fotos e Fatos, continha nas margens das páginas onde seguiam os textos principais uma coluna com histórias divertidas, curiosidades politicamente corretas e incorretas e revelações jornalísticas e fotojornalísticas das redações da Manchete, Fatos & Fotos, Fatos, Amiga, Desfile, Ele Ela, Carinho, Pais e Filhos, Mulher de Hoje e Sétimo Céu. Esses pequenos e bem-humorados textos ganharam o título de Blog da Bloch. Muitos deles são peças quase rodrigueanas da vida como ela era no Russell, tanto o que acontecia sob as luzes fluorescentes dos andares corridos quanto os enredos menos iluminados e jamais contados até que a irreverência da coletânea fez acontecer.  

Embora faça um contexto da história do grupo, o "Aconteceu" não é sobre a editora que foi uma das mais importantes do país. É sobre pessoas, profissionais que lá trabalharam e os momentos marcantes das suas trajetórias naturalmente vinculadas ao universo paralelo do conjunto de prédios da Rua do Russell. 

Não cabe aqui detalhar o conteúdo do blog Pão com Ovo (Panis cum ovum, segundo o apelido que lhe deu o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, ele próprio um dos autores que participaram da coletânea). Essa multiplicação de pão era um evento tradicional nos tensos fechamentos que muitas vezes varavam a noite. Livros judaicos dizem que "o pão vivo desceu do céu para nos salvar". No caso, quem nos salvava era o sanduíche preparado pela cozinha laica da Bloch. 

O conteúdo acumulado do Panis cum ovum - o blog que virou manchete é autoexplicável no arquivo que o Google guarda nas nuvens. São, hoje, 16.548 posts acompanhados de 19.544 comentários, muitos deles relevantes, e centenas de fotos que em 15 anos foram vistos por 2.052.836 visitantes. 

Vários colegas que participaram dessa saga já se foram, saíram do grupo mas não das memórias que seguem vivas na web. 

Pra quem fica, segue o fio enquanto houver pão com ovo.       

terça-feira, 11 de junho de 2024

A suspeita tentativa de privatização das praias

Projetos de privatização das praias são recorrentes no Congresso. De tempos em tempos as elites corruptas se mobilizam para tomar conta do litoral. Políticos que defenderam o projeto mais recente alegam que não há risco de privatização. Mentem. Matéria do Globo mostrou que há mais brechas no texto do que havia buracosde tatuí na areias antes da poluição acabar com a espécie. A omissão é proposital e costuma ser adotada em projetos suspeitos. Depois, ao longo da tramitação os "izpertos" encaixam tudo que interessa. O projeto atual teve seu caminho fechado diante da repercussão negativa da armação. Tenham certeza de que voltará, o lobby dos spas, dos condomínios de luxo, dos resorts, dos loteamentos, da invasão de mangues, dos clubes vips e das marinas em áreas de preservação os não desistirá.

Há exemplos de privatização de praias absolutamente condenáveis. No México, em muitas praias, a faixa de areia é dividida. Pequenas áreas para o povo e localizações privilegiadas para quem pode pagar caro pelo privilégio. Seguranças impedem o acesso de pessoas sem credenciais ou pulseiras de identificação. Na República Dominicana, a situação também é de apartheid no lazer. Quem não pode pagar - ou seja, se não é hóspede dos muitos resorts - que mergulhe nos trechos congestionados por algas.

Indignadas ou bem-humoradas, as reações ao projeto malandro tomaram conta das redes sociais.  Através de memes e projeções da hecatombe ambiental que atacará as regiões litorâneas e ilhas os brasileiros mostraram os riscos. Imagine quantos "jabutis" (o contrabando de artigos que os legisladores costuma embutir em leis) um projeto desses poderá receber já que está aberto a tudo praticamenter. 

Siga abaixo alguns exercícios de imaginação. 

* Como acontece como frequência, a bancada evangélica também vai querer um pedaço. Digamos, para construir uma mansão para os chefes ou até mesmo uma igreja a beira-mar. 

* A bancada da saúde reivindicará terrenos para erguer hospitais de alto luxo. Milionários poderão curtir a vista do mar mesmo se estiveram espetados na UTI por fios, agulhas e sensores. Damas elegantes poderão parir voltadas para a brisa marítima.

* Autoridades exigirão uma "capitania" para construir complexos hoteleiros, polos gastronômicos e  centros de convenções para debater "políticas governamentais" , "melhorias para as populações de baixa renda" e subsídios fiscais para Elon Musk.  

* A bancada da bola tentará ocupar quilômetros de praias em vários estados para a instalação de "centros de treinamento destinados a jovens promessas do futebol". Claro, haverá um resort para receber cartolas e suas famílias.

* A bancada da bala pedirá terrenos para montar clubes de tiro no Guarujá, na Barra da Tijuca, no Balneário Camboriú e em outras praias bem localizadas.

* A futura lei permitirá a construção de lojas e supermercados na orla. Lojas Havan, Riachuelo, restaurantes Madero e Como Bambu, por exemplo, academia Smart Fit, rede Centauro etc, poderão, caso se habilitem, conquistar espaços nas praias privatizadas. 

* Partidos políticos podem projetar Centros de Conscientização e Lazer em Búzios, Canoa Quebrada, Itacaré, Arraial d'Ajuda etc. 

* Em tese, o proprietário de uma praia poderá cobrar ingressos dos locais e dos turistas. O critério deverá ser por hora e a taxa será individual. Deputados e senadores que votarem a favor da privatização terão acesso livre, algo como direito perpétuo e extensivo às respectivas famílias de frequentar qualquer praia gratuitamente com bebidas e croquetes inclusos.

* Os banhistas que frequentarem trechos de praias ainda não ocupados receberão um colar rosa-choque que terá gravadas a área e a metragem onde poderão circular livremente entre as guaritas de segurança das faixas dos proprietários privados. 

segunda-feira, 10 de junho de 2024

A primeira grande vitória de Vini Jr contra racistas espanhóis

 



Em comunicado oficial, o Real Madrid informou sobre a condenação de três racistas que ofenderam Vino Jr. É a primeira vez que a justiça espanhola manda para a cadeia torcedores que proferiram agressões contra o jogador brasileiro.  O Juizado de Instrução de Valência sentenciou os racistas a uma pena de oito meses de prisão, a pagarem os custos do processo e a se manterem longe de estádios por uma período de dois anos. O caso aconteceu em março de 2023 durante uma partida do Real contra o Valência.  Vini ajudou a identificar os racistas na arquibancada bem perto do campo. A Espanha não tem leis específicas contra racismo, mas enquadrou os agressores em delito contra a integridade moral de Vini Jr. A propósito, já o Brasil tem leis, mas não há registro de racistas cumprindo pena em cadeias. Os três torcedores divulgaram uma carta de arrependimento. Infelizmente, embora a condenação seja histórica, não há confirmação de que eles cumprirão a pena de prisão. A lei espanhola permite suspensão das prisões inferiores a dois anos em caso de réus primários. Fica, contudo, o registro da punição inédita. 


Oi poder público, pode ceder uma ajudinha aí? Clubes de futebol adoram trocar passes com governos para obter vantagens...

 


Em 1985, escrevi o capítulo "Futebol e Poder" para a coletânea "Esporte e Poder" (Vozes)
organizada pela professora Gilda Korff Dieguez: o tema está mais atual do que nunca.
  

por José Esmeraldo Gonçalves

Em 1985, a convite da organizadora e autora Gilda Korf Dieguez, fui convidado para participar de uma coletênea intitulada "Esporte e Poder" (Vozes). Escrevi o capítulo "Futebol e Poder: algumas reflexões sobre o jogo da política". Entre outras ligações perigosas com políticos e governos, citei situações em que clubes de futebol foram favorecidos por verbas ou doações públicas. Um paternalismo político tradicional que implica em transferência de dinheiro ou favores para entidades privadas.

E isso que, de certa forma, atualizo aqui (o livro ainda pode ser encontrado em sebos). Nada mudou. Se Eurico Gaspar Dutra presenteou o Flamengo com um valiosos terreno, Getúlio Vargas matou a bola no peito e concedeu ao mesmo clube empréstimo a juros de amigo para a construção de um grande e valioso prédio vendido há pouco tempo. São apenas antigos exemplos. De lá pra cá,  governadores, prefeitos e presidentes usaram a "caneta" - e não me refiro ao famoso drible dos craques - para fazer lançamentos - e também não me refiro aos passes de longa distância - que acertam os cofres dos times, geralmente aqueles de grandes torcidas. No Congresso existe até uma bancada da bola sempre atenta a criar leis que facilitam a vida dos cartolas. O bônus para os políticos deve vir em forma de votos, é o que esperam. 

Entre os exemplos mais recentes que o capítulo no livro não alcançou estão o nebuloso financimento do estádio do Corinthians e a polêmica concessão do Maracanã que privilegia Fluminense e Flamengo. Duas outras jogadas de efeito estão em curso e devem ser observadas até o desfecho. Cessão de terrenos públicos para construção de centros de treinamento é outra prática recorrente utilizada por prefeitura em todo o Brasil. Uma é a negociação de um terreno pertencente à Caixa Econômica, em região central do Rio de Janeiro para construção de um estádio para o rubro-negro. A Caixa estipulou um preço, o Flamengo tenta pagar menos, o que o banco público não pode aceitar ou cometeria um ato de improbidade. Mas em anos de eleição as pressões vão além dos cartolas e envolvem políticos. O prefeito Eduardo Paes, segundo a imprensa divulgou, pretende ir a Brasília falar com deputados para encontrar uma solução. A outra jogada tem o interesse do Vasco da Gama que reivindica ajuda para reformar o histórico estádio de São Januário. A prefeitura carioca enviou à  Câmara dos Vereadores um projeto que transfere o potencial construtivo de São Januário para outras áreas da cidade, como Barra da Tijuca, na Zona Oeste, e outras na Avenida Brasil. O Vasco venderia o tal potencial construtivo como forma de viabilizar a reforma e modernização do estádio. Mamão com açúcar, como se diz.          

domingo, 9 de junho de 2024

Na capa da Carta Capital: o terrorismo do mercado aponta mísseis para o BC


Comentário do blog: o mercado costuma dar match com a extrema direita. Durante o regime bolsonarista,  Faria Limer vestiu a camiseta fascista. Apoiou a política econômica que paralisou o país, deixou rombos como o dos precatórios, tombos no crescimento e apoiou o derivativo ideológica das pautas de costume e todas as medidas contra os trabalhadores, contra a Previdência ea favor de tudo o que concentrou renda. Mais fascista do que isso só se a Faria Limer se mudasse para Forli. O golpe que o mercado articula junto aí Congresso é impedir que Lula nomeie em setembro o próximo presidente do Banco Central. A "autonomia" só interessa às facções especulativa se
o presidente for de extrema direita.

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Deu no New York Times: Foto de Serra Pelada, de Sebastião Salgado, está entre as 25 imagens que definem a Era Moderna

 


Reprodução New York Times

O jornal estadunidense informa que as 25 imagens que definem a Era Moderna desde 1955 foram escolhidas por uma equipe de especialistas. O brasileiro Sebastião Salgado figura ao lado de nomes como Alberto Korda (o famoso close de Che Guevara está entre as imagens selecionadas), Robert Frank, Gordon Parks, Diane Arbus, Malcolm Browne, Richard Drew, entre outros.