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por José Esmeraldo Gonçalves
Observação certeira essa do Conrado Ubner. Acho que certos jornalistas logo que acordam ligam pro quartel para saber se a tropa está nervosa.
No tempo da ditadura, cada redação tinha um especialista em Forças Armadas e órgãos de segurança. Eram valorizados pelo acesso a fontes da caserna. Quando passavam os colegas sussurravam: " cuidado, esse aí tem generais no caderninho". Eram uns *Elio Gaspari" de baixa patente.
Lembro que um deles foi demitido pouco antes das primeiras eleições diretas para presidente, em 1989. Os militares saíram do noticiário e os brasileiros passaram a desconhecer os nomes dos comandantes. A democracia agradecia a deferência. Os setoristas foram pra reserva não remunerada. Bolsonaro trouxe fardas e coturnos de volta à cena política. E logo reapareceram os setoristas de quartel.. Ontem, na TV, era um tal de "falei com uma fonte militar", " fiz uma apuração com um quatro estrelas".
Isso preocupa. Os militares estão mais badalados do que o BBB da Globo.
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| Ianomâmi em estado de desnutrição extrema. Reprodução Instagram |
Os ianomâmi vivem um caos sanitário que tem as digitais criminosas de Jair Bolsonaro, seus ministros e seu vice-presidente.
Em operação ativa desde 2019, o governo passado apoiou o garimpo e, em consequência, o narcogarimpo, desprezou e oprimiu os indígenas, desmontou a fiscalização e incentivou a brutalidade na Amazônia. Na prática, Bolsonaro, que muitas vezes proferiu frases racistas e ofensivas aos indígenas, liberou a barbárie na região onde hoje se concentram 20 mil garimpeiros ilegais. O quadro que se revelou ao país ontem vinha sendo denunciado nos últimos anos - e ignorado - principalmente desde o começo de 2022 quando se agravou ainda mais.
As fotos divulgadas mostram indígenas esquálidos. São cenas inacreditáveis.
Pois os três principais jornais da elite brasileira não deram grande importância à tragédia. Evitaram publicar as fotos dramáticas em uma espécie de "limpeza étnica" editorial. Dois deles deram chamadas na primeira página. O Globo nem isso. Nas páginas internas, pequenas e burocráticas matérias sem as fotos incômodas. Os jornais Estado de Minas e Correio Braziliense colocaram o assunto com maior importância nas respectivas capas. Para a maioria dos veículos foi como se o drama dos ianomâmi atrapalhasse o sábado dos editores que já estavam às voltas com a demissão do comandante do Exército.
É óbvio que, considerando-se a hierarquização dos fatos, havia espaço para as duas notícias e com igual destaque. O chefe militar omisso quanto à tentativa de golpe e ao ataque aos poderes constitucionais foi descartado e rapidamente substituído. Já as mortes em Roraima vão permanecer na consciência dos governantes que não se identificaram com a causa indígena.
Houve quem criticasse a criação do Ministério dos Povos Originários anunciada por Lula logo após a eleição. Pois aí está a razão. É para salvá-los antes que sejam exterminados.
ATUALIZAÇÃO em 23/1/2022. O Globo finalmente destaca a tragédia dos ianomâmi.
Segundo Hazan, Adolpho não era favorável ao projeto idealizado por seus sobrinhos Oscar Bloch e Pedro Jack Kapeller. Achava que o DNA do grupo estava na bem-sucedida editora de revistas e na gráfica. "Não é o nosso ramo. Um dia nós vamos nos sentar em um banco dessa praça (referindo-se ao largo em frente ao edifício-sede da Bloch na Rua do Russell, no Rio de Janeiro) e vamos recordar: "esse prédio já foi nosso".
Adolpho faleceu em 1995, quando a Rede Manchete já enfrentava a grave crise que levou ao seu fim em junho de 1999, quando foi vendida para a Rede TV.. A Bloch Editores faliu em agosto de 2000 arrastada pelo tsunami administrativo e financeiro que inviabilizou a a TV.
A Rede Manchete teve relativamente pouco tempo de capacidade plena de produção de uma programação de qualidade. Em 1989, com apenas seis de operação, houve a primeira tentativa de venda. Outras propostas fracassadas apareceram até o encerramento definitivo em 1999.
Apesar disso, a Rede Manchete deixou suas marcas de excelência na história da televisão brasileira. Vale citar o jornalismo ágil; novelas como Dona Beija e, principalmente o extraordinário sucesso de Pantanal, além de Ana Raio e Zé Trovão; lançou musicais inesquecíveis, como Bar Academia; inovou em séries, Xingu foi uma delas; e realizou coberturas memoráveis de Copas do Mundo, Olimpíadas e Carnaval.
Talvez investir em TV não tenha sido um decisão tão sem sentido assim. Olhando pelo retrovisor, vê-se que oi meio revistas impressas, a grande especialidade do Grupo Bloch, passou a ter os dias contados a partir do fim dos anos 1990, em processo lento, é verdade, mas inexorável. A Bloch ainda informatizou as redações, ensaiou entrar no meio digital, mas era tarde demais para as finanças combalidas da empresa e cedo demais para a verdadeira explosão da internet, como business, o que só ocorreu a partir do anos 2000. A televisão poderia ter sido uma ponte para o futuro do Grupo Bloch que não deu conta da tarefa que se revelou muito maior do que sua capacidade administrativa e financeira. Adolpho Bloch, como cita Hazan, foi profético.
Claudio Hazan foi diretor-geral do Centro de Produção da Rede Manchete. Ele faleceu precocemente, mas deixou esse depoimento que circula há alguns anos no You Tube.
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| Um goshiwon na Coréia do Sul. Reprodução BBC Brasil |
Os vereadores, em algumas capitais brasileiras, ainda não chegaram ao ponto de permitir a construção de microapartamentos de 3 metros quadrados, mas já avançam nesse sentido. Em São Paulo já é permitido costruir apê de 10 metros quadrados. No Rio de Janeiro, o código de obras determia o mínimo de 25 metros quadrados.
Para se ter uma ideia,o presídio de Bangu 1, no Rio, tem celas de isolamendo com um total de 5 metros quadrados. A Papuda, em Brasília, onde estão os "patridiotas" bolsonaristas, coloca os políticos que vão em cana em celas de 25 metros quadrados, mas essas são para presos com direitos especiais. As celas individuais têm 6 metros quadrados. Claro que existem as celas coletivas superlotadas, mas essa é outra história.
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| Folha de São Paulo, 19/1/2023 |
Havia um intérprete de plantão, o jornalista Alessandro Porro. Oriundo, dispensei os seus serviços. Ainda ingênuo, apesar de meus dois anos de Paris e três de Londres, impregnado da cultura dos anos 60 – rica em problemática e pobre em solucionática – perguntei a ela sobre “il problemma sessuale”.
Com um sorriso irônico, a diva me colocou no devido lugar:
“Problema sessuale? Non lo so, il sesso per me non è un problema. Forse lo sarebbe per lei".
Guardo do encontro nossa foto, eu o repórter de terno e gravata com as ferramentas do ofício. Como 56 anos passam rápido...
(*) Gina Lollobrigida morreu nesta segunda-feira, 16, aos 95 anos, em sua casa, em Roma.
por Ed Sá
Era uma espécie de tradição.Em meio às grandes crises políticas e escândalos que abalavam Brasília era praticamenente obrigatório que surgisse uma musa. Belas mulheres de alguma forma ligadas a escândalos da vez como esposas, amantes ou apenas por trabalharem no Congresso ao lado de envolvidos estampavam jornais e revistas e, algumas delas, acabavam descolando um cachê para posarem nuas para a extinta Playboy.
Como Monica Veloso, pivô da renúncia de Renan Calheiros à presidência do Senado, em 2007. O caso envolvia acusação de pagamento por uma construtora de pensão alimentícia devida por Renan, com quem Monica tivera um relacionamento. Thereza Collor, então mulher de Pedro Collor, que fez a denúncia que disparou a investigação e o processo que resultou no impeachmente de Fernando Collor de Mello, não posou nua, mas agitou o Congresso ao chegar para depor exibindo belas pernas em saias curtas. A assessora parlamentar Denise Rocha, que ficou conhecida durante a chamada CPI do Cachoeira, por trabalhar no gabinete de Ciro Nogueira, integrante da CPI e por ter um vídeo erótico vazado, também foi parar nas páginas da Playboy.![]() |
| Reprodução O Globo, 15/1/2023 |
| Palácio do Planalto: a obra de Di Cavalcanti,As Mulatas, perfurada a faca por terroristas bolsonaristas durante assalto às sedes dos Três Poderes |
Amigo Di Cavalcanti
A hora é grave e
inconstante.
Tudo aquilo que prezamos
O povo, a arte, a cultura
Vemos sendo desfigurado
Pelos homens do passado
Que por terror ao futuro
Optaram pela tortura.
Poeta Di Cavalcanti
Nossas coisas bem-amadas
Neste mesmo exato instante
Estão sendo desfiguradas.
Hay que luchar, Cavalcanti
Como diria Neruda.
Por isso, pinta, pintor
Pinta, pinta, pinta, pinta
Pinta o ódio e pinta o amor
Com o sangue de tua tinta
Pinta as mulheres de cor
Na sua desgraça distinta
Pinta o fruto e pinta a flor
Pinta tudo que não minta
Pinta o riso e pinta a dor
Pinta sem abstracionismo
Pinta a Vida, pintador
No teu mágico realismo! --
(*) Em 6/9/1964, o Brasil estava sob a ditadura instalada em 1/4/1964 quando Vinícius de Moraes escreveu um poema para Di Cavalcanti (trecho reproduzido acima), que comemorava 66 anos.