segunda-feira, 11 de julho de 2022

A pergunta do dia: alô jornalista, já polarizou hoje?

 


Vale a pergunta: se vivessem na Alemanha nos anos 1930 certos comentaristas da mídia brasileira interpretariam o cenário político como "polarizado" e fantasiariam a teoria dos "dois lados iguais"?

domingo, 10 de julho de 2022

A falsa e hipócrita simetria de André Trigueiro

 


O comentário do jornalista André Trigueiro repercutiu negativamente nas redes sociais. A chamada "simetria", assim chamada a "linha editorial" dos comentaristas da Globo News que busca equivaler Bolsonaro a Lula e botar na mesma prateleira os democratas e quem ataca a democracia é conhecida, mas usá-la ao analisar um caso de terrorismo político que resultou no assassinato de um líder do PT excede os limites do bom jornalismo. 

O perfil típico do terrorista bolsonarista que assassinou líder do PT

 

Reprodução Twitter

 

Quando o insano Bolsonaro faz apelos às suas gangues armadas, está nandando um claro recado de violência. Recentemente, em Minas Gerais um terrorista aparentemente ligado ao agronegócio comandou um drone que lançou veneno sobre o público de um evento político de opositores do b deolsonarismo. No Rio, durante evento na Cinelândia, que reuniu uma multidão de apoiadores de Lula, Marcelo Freixo, André Cecíliano e Alexandre Molon,  em outro ato de terror político um bolsonarista lançou uma bomba de fabricação caseira com fezes em área delimitada para o público do encontro partidário promovido por PT, PSB e PSOL. O incentivo oficial à campanha agressiva provoca nos anormais uma leitura de guerra. É preciso que a justiça puba exemplarmente essa escalada do terror, que procura atingir em última análise a democracia. A tragédia de Foz do Iguaçu é um alerta.  O assassino anunciou a intenção de "matar todo mundo". Só não o fez porque apesar de atingido por tiros o líder petista ainda da conseguiu disparar sua arma (ele era guarda municipal) e, pouco antes de morrer, já caído no chão, feriu o terrorista bolsonarista e o impediu de consumar uma grande chacina.

Escalada do terrorismo eleitoral

PRIMEIRO ASSASSINATO POLÍTICO

URGENTE: Bolsonarista assassina líder do PT em Foz do Iguaçu durante festa de aniversário

Marcelo Arruda era tesoureiro do PT na cidade. Crime político aconteceu depois do policial bolsonarista gritar “é Bolsonaro, seus filhos da puta”. Veja o vídeo da festa antes do assassinato e a foto do assassino num post de apoio a Bolsonaro


VEJA  na Fórum


Gorilas preparam a ditadura.2


 

sábado, 9 de julho de 2022

Mídia: não tá fácil pra jornalista

 



Durante entradas ao vivo nas ruas, os repórteres da Globo enfrentam com frequência pentelhos de verde e amarelo interferindo na imagem. Esse bolsonarista aí ficou plantado na Praça 15, no Rio, durante mais de uma entrevista para o RJ antes das sete da manhã. Mãos no bolso, um tanto petulante, em silêncio, ele provocava a equipe. No caso, não houve agressão, como já aconteceu em outras externas da Globo. Um clima que certamente vai se acirrar  na campanha eleitoral. Não deixa de ser um tipo de bullying.

Câncer para todos. Folha de São Paulo entra no lobby para legalização do cigarro eletrônico condenado pela ciência



Se a Folha recebeu um bom Pix para defender o cigarro eletrônico não se sabe. Mas é fato inusitado o jornal eleger o assunto para um editorial. Um dos mais fortes lobbies empresariais hoje em Brasília é o desse dispositivo cancerígeno. A Anvisa resiste bravamente com a ajuda da Associação Médica Brasileira e outras instituições.  O argumento que o jornal dos Frias usa é um mote muito adotado pela ala mais radical do Partido Republicano dos Estados Unidos. Prega que cada um é dono do seu corpo e deve ter liberdade para fazer o que quiser. Deduz-se que o jornalão conservador defende agora a liberação da maconha, da cocaína, das anfetaminas, da roleta russa, do suicídio coletivo e da tatuagem de suástica. Pra tudo isso vale o argumento "cada um dono do seu corpo".  


Cadê a inflação que estava aqui? Foi maquiada.

por Flávio Sépia

Inflação é talvez a palavra mais frequente no noticiário. É uma realidade. O que é irreal são os índices oficiais da inflação. 

Delfim Neto, o czar da economia no período mais violento da ditadura. Foi signatário do AI-5 e avalizou o governo do ditador Garrastazu Médici. Era um dos seus mais importantes auxiliares. Em última instância, o dinheiro para a imensa máquina sangrenta da repressão, do pau-de-arara à cadeira-do-dragão, da remuneração de torturadores à gasolina para as viaturas que sequestravam brasileiros, do envio de agentes para cursos de tortura ministrados pelos Estados Unidos à caríssima estrutura dos órgãos de segurança, também saía do orçamento gestado por Delfim. 

A mídia neoliberal ama Delfim. Chega ao limite mentiroso de desvincular o ministro mais próximo de Médici de tudo o que acontecia nos porões da ditadura. Um colunista volta e meia o elogia como um frasista genial e considera que só a verborragia de Paulo Guedes chega perto dessa "genialidade".

Delfim foi acusado de manipular a inflação no começo dos anos 1970. Segundo o falecido Walter Barelli revelou anos depois, já que a censura impedia na época notícias contrárias ao regime, foram encontradas planilhas fraudadas para cálculo de preços e de índices para correção de salários. 

Naquela época, a falsificação dos níveis da inflação era feita à base da canelada e da canetada. O governo não devia satisfação a ninguém.  

Hoje, um Paulo Guedes nem precisa mexer nos números da inflação ou falsificar planilhas. Há anos as normas tornam a "manipulação" legal embora ainda imoral. A estatística é apurada segundo os aumentos registrados em uma cesta básica de produtos. O problema é que a cesta é mutante. Aumentos sanzonais determinados pelo clima, falta ou excesso de chuva ou outros fatores são minimizados através de complicadas fórmulas matemáticas. Se o feijão dispara, some da cesta ou é relativizado; se o tomate sobe é limado do cálculo; se o chuchu alça voo é abatido na soma. Por isso, a inflação atual em pouco mais de 10% não reflete os 50%, 80,%,100% que você contabiliza no supermercado mais próximo e no seu orçamento familiar.  

Se tivesse esses instrumentos criativos na mão Delfim Neto não teria sido acusado de fora da lei ao maquiar a inflação no governo Médici.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Memórias da redação: A segunda morte do Formigão e a história secreta da queda do Boeing da Varig, em Paris, em 1973 • Por Roberto Muggiati

                    

Ciro Monteiro, o Formigão. Foto Divulgaçao

Dez horas da noite de sexta-feira 13 de julho de 1973, redação da Manchete, fechamento de uma edição extra. Um redator chega aos berros: “O rabecão da Santa Casa deu uma freada brusca, o caixão escapuliu pela porta de trás e o Formigão saiu rolando pelo asfalto dento do esquife!” 

O insólito episódio me veio à lembrança quando fazia para o Panis o alentado levantamento de celebridades mortas em desastres de automóvel. (Automorte: a megapandemia, 9/8/2021). Com um detalhe sinistro: a vítima, no caso, já vinha morta da cama de um hospital e estava a caminho do velório no São João Batista. Era o cantor de sambas Cyro Monteiro, estrela da Era do Rádio, conhecido pelos amigos como “Formigão”. Seu grande sucesso foi “Se acaso você chegasse”, composição de Lupicínio Rodrigues. 

Pouca gente lembra, mas Cyro participou em 1956 como ator da peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes, que o considerava "o maior cantor popular brasileiro de todos os tempos", rivalizando apenas com João Gilberto. 

Em 1965, Vinícius o brindou com um álbum inteiro, De Baden e Vinícius para Ciro Monteiro. Fiel ao seu estilo de vida, Formigão morreu aos 60 anos de cirrose do fígado.

Aquela “segunda morte” de Cyro Monteiro foi um prelúdio adequado àquela noitada macabra. 

Justino Martins examinava – na parte iluminada da mesa em L que chamávamos “churrasqueira” – os cromos do malote de Paris que acabavam de subir do laboratório, com imagens chocantes do desastre do avião da Varig a poucos metros da cabeceira do aeroporto de Orly. 

Regina Lecléry

Uma coincidência dolorosa: apenas três dias antes, duas das vítimas fatais do acidente tinham se despedido ali mesmo do Justino (e de mim, seu “segundo”), junto à mesa de edição: Regina Maria Rosemburgo Lecléry (uma das mulheres mais bonitas da época) e o ator Jean-Dominique Ruhle, seu acompanhante na viagem (os dois tinham trabalhado juntos meses antes no filme de Nélson Pereira dos Santos "Quem é Beta?") Regina tinha vindo ao Rio resolver questões pessoais e voava ao encontro do marido, Gérard Léclery, que a aguardava em Paris para um cruzeiro com Henry Kissinger no seu iate. Eu a conhecera de leve em duas ocasiões: num almoço no Lagoinha Country Club para as candidatas a Miss Elegante Bangu em 1958 (minha irmã representava o Clube Curitibano e Regina era a Miss Lagoinha daquele ano); e em 1961 em Paris, quando ela e Florinda Bolkan eram as aeromoças mais cintilantes da Panair. Logo depois ela casava com o dono da companhia aérea, Wallinho Simonsen. Em novembro de 1963, Regina e o marido passaram com John e Jackie Kennedy o último fim de semana do Presidente Kennedy na sua casa de praia em Palm Beach: na sexta-feira seguinte ele seria assassinado em Dallas.

O Titanic da ditadura

A capa da Manchete com a cobertura da tragédia de Orly. Reprodução



O RG-820 era um voo de celebridades. O cantor Agostinho Santos, 41 anos, tinha como destino final Atenas, onde defenderia, na Olimpíada Internacional da Canção, “Paz sem cor”, composição feita em parceria com a filha Nancy. Viajava acompanhado do maestro e trompetista argentino Juan Carlos Iglesias (nome artístico Carlos Piper), que trabalhara com Elis Regina no programa O fino da bossa – e fizera o arranjo de “Paz sem cor”.  Agostinho ganhara o mundo ao participar da trilha sonora do premiado Orfeu Negro e ao integrar a caravana brasileira no lendário concerto da bossa nova no Carnegie Hall de Nova York em 1962.
A página dupla da abertura da reportagem da Manchete


O Boeing 707 jaz no campo pouco antes da cabeceira da pista de Orly

O dramático resgate. Optamos por não reproduzir aqui as cenas mais chocantes
do interior da aeronave incendiada publicadas na Manchete..

Os jornalistas esportivos da TV Globo Júlio Delamare e Antônio Carlos Scavone iriam respectivamente transmitir e comentar o Grande Prêmio da Inglaterra de Fórmula-1 em Silverstone.  O automobilismo havia se tornado a nova paixão do telespectador brasileiro depois que Emerson Fittipaldi se tornara campeão mundial na temporada de 1972. Outra figura ligada ao esporte era o iatista Joerg Bruder, 35 anos, casado, dois filhos. Formado em geologia, largara tudo por sua paixão náutica. Tricampeão mundial da classe Finn, fabricava e exportava mastros de alumínio de prestígio internacional. Naquela sexta-feira competiria em Brest, na França, em mais uma etapa da Finn Gold Cup. Outra passageira importante era Reeta Prithi, de 19 anos, filha do embaixador da Índia, que viajava para Londres. 

O senador Filinto Müller – homem forte da censura de Getúlio Vargas durante o Estado Novo – comemoraria seus 73 anos no dia seguinte em Paris, acompanhado da mulher, Consuelo (um sólido casamento de 47 anos) e do neto Antônio Pedro. Outro senador que tinha passagem marcada para aquele voo com a mulher era José Sarney, que desistiu à ultima hora da viagem. (Se embarcasse, a história do Brasil teria sido drasticamente reescrita). Sua vaga na primeira classe foi ocupada por Plínio Carvalho e sua filha de nove anos. Iria encontrar-se com a mulher e o outro filho do casal em Londres. Plininho, como era conhecido, fornecia equipamento de exploração petrolífera para a Petrobrás, pertencia ao café soçaite e jogava polo no Itanhangá Golf Club, onde um de seus parceiros era Wallinho Simonsen, ex-marido de Regina Lecléry, além dos colunáveis Ronaldo Xavier de Lima, os irmãos Klabin, Joaquim Monteiro de Carvalho e Didu de Souza Campos.

Também na primeira classe viajava o engenheiro Clayton Quinderé, que ia cuidar de negócios de sua firma de mineração na Europa. Dono de várias empresas no Nordeste, o cearense de 45 anos se dava ao luxo de morar num dos melhores endereços do Rio de Janeiro, o Edifício Chopin, ao lado do Copacabana Palace. 

No livro Caixa-Preta/O relato de três desastres aéreos brasileiros, Ivan Sant’anna relata um episódio suprarreal:

“Enquanto o avião se afastava do clarão da cidade, no restaurante Antonio’s a foto emoldurada de Regina Lecléry despencou da parede, sem que ninguém a tocasse, num presságio do que iria acontecer naquela quarta-feira. ”

O voo transcorreu na atmosfera etérea das travessias transatlânticas, com o  serviço de bordo da Varig – um dos melhores do mundo, ainda mantendo a qualidade impecável do seu criador, o austríaco Barão Max von Stuckart. Depois do conhaque e do cafezinho, foi exibido o filme “O dia do chacal”, lançado em maio no circuito anglo-americano e ainda indisponível nos cinemas brasileiros. Baseado no thriller de espionagem de Frederick Forsyth, filmado magistralmente por Fred Zinnemann, o “Chacal” culmina na tentativa de assassinato do Presidente francês Charles De Gaulle na cerimônia comemorativa do Dia da Libertação de Paris no Arco do Triunfo. Por uma coincidência curiosa, no dia seguinte ao da chegada do voo RG-820 a Paris, o sucessor de De Gaulle, Georges Pompidou, estaria no Arco do Triunfo para a comemoração do 14 Juillet.

O que poderia ter sido um voo inesquecível para os 117 passageiros, transformou-se em tragédia nos últimos minutos antes da aterrissagem em Orly. Um incêndio aparentemente causado por um toco de cigarro acesso jogado na lixeira de um dos banheiros dos fundos provocou uma nuvem de fumaça que rapidamente se espalhou pelo avião, já nos procedimentos de pouso, a poucos quilômetros da cabeceira da pista do aeroporto de Orly. A fumaça tomou conta também da cabine e impedia os pilotos de enxergarem; além disso, tinham perdido o contato com a torre de controle. O pouso de emergência foi feito a um quilômetro da pista de Orly, num campo de cebolas. Foi uma manobra miraculosa dos comandantes Gilberto e Fuzimoto que garantiu a integridade da aeronave. Mas, assim que avião estacou no campo de cebolas e saltaram ao solo os dez tripulantes e o único passageiro sobrevivente (Ricardo Trajano, 21 anos, que se recusou a ficar preso ao cinto de segurança e correu para a porta da cabine de comando), um forte incêndio se alastrou por toda a extensão do Boeing, carbonizando os corpos dos 116 passageiros mortos por asfixia (morreram ainda sete tripulantes) e derretendo parte do teto da aeronave.

Várias lendas e histórias ligadas à Teoria da Conspiração começaram a surgir no Day After do acidente. O histórico do 707 foi considerado “azarado”: construído em 1968, antes de ser comprado pela Varig trabalhou para a empresa de voos charters Seaboard no transporte de tropas norte-americanas para o Vietnã. A redecoração “bonitinha, mas ordinária” feita pela Varig não levou em conta a natureza inflamável do material usado. Houve também uma espécie de “vingança divina” por ter a Varig ajudado a ditadura a dar o golpe de morte na Panair – empresa sólida, mas cuja independência política incomodava os generais. Na tarde de 10 de fevereiro de 1965, numa canetada, o Presidente Castello Branco suspendia as concessões das linhas aéreas nacionais e internacionais da Panair e as outorgava à Varig, amiga do regime militar. Num conchavo combinado com antecedência, tripulações inteiras da Varig já estavam a postos nos aeroportos para assumir os voos da Panair daquela noite. (A Varig, por sua vez, cumpriria seu ciclo de desventuras e sairia totalmente do ar em 2006, depois de 79 anos de atividade.)

E a causa do incêndio? Uma tragédia daquele porte não podia ter sido causada por uma banal guimba de cigarro jogada no cesto de papéis do banheiro. A causa real teria sido a combustão espontânea de cargas de bancos ejetáveis de caça Mirage que o Boeing transportava no porão para serem trocados por apresentarem defeito de fabricação. (Entre 1972 e 1973 a Força Aérea Brasileira fez uma grande encomenda à França de caças Mirage III-E novos em folha.) Ivan Sant’Anna conta no seu livro: “Eu mesmo escutei essa história da boca de um veterano comandante da Transbrasil, que começou na empresa nesta época e teve a oportunidade de comentar o assunto comigo mais de uma vez. ”

A Manchete também saiu chamuscada

Aquela edição da revista fechou de madrugada na redação, rodou na gráfica de Parada de Lucas no sábado e foi às bancas na manhã seguinte, tirando o apetite da maioria dos comensais do farto almoço de domingo. As fotos eram chocantes, mostrando os corpos carbonizados dos passageiros. Alguns eram até identificados nas legendas, como o senador Filinto Müller e sua mulher.

Com seu prestígio abalado pelo acidente, a Varig achou que a Manchete havia exagerado na cobertura e rompeu relações com a editora Bloch. Não mais passagens de cortesia, nem transporte de malotes.  O salvador da pátria foi um judeu romeno de baixa estatura, Joseph Halfin, diretor da Air France no Brasil (Oscar Bloch Sigelmann imediatamente deixou de chama-lo de “Petit Napoléon, como jocosamente fazia.)

O apanhador no campo de cebolas

Comandante Gilberto
Estranho destino teve o comandante do voo RG-820 Gilberto Araújo da Silva. Por sua perícia profissional ao impedir que o Boeing 707 em chamas caísse sobre os subúrbios de Paris, fazendo-o pousar num campo de cebolas ao lado do vilarejo de Saulx-les-Chartreux, a alguns quilômetros da cabeceira da pista do aeroporto, o comandante Gilberto foi condecorado pelo Ministério dos Transportes da República da França – e considerado herói nacional francês, apesar de brasileiro – e pelo governo brasileiro com a Ordem do Mérito Aeronáutico, no grau de Cavaleiro. 

Recuperado das lesões sofridas no acidente de Orly, ele voltou a voar, até se envolver em 1979 num dos acidentes aéreos mais nebulosos da história. Cito do Wikipédia, que fez um relato preciso dos fatos:

“O avião cargueiro Boeing 707-323C (Voo Varig 967) decolou do Aeroporto Internacional de Narita, em Tóquio, às 20h23 do dia 30 de janeiro de 1979. O destino final era o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro-Galeão, com uma escala nos Estados Unidos.

Vinte e dois minutos depois de decolar, o comandante Gilberto Araújo da Silva fez o primeiro contato com o controle de tráfego aéreo. Não havia qualquer problema a bordo. O segundo contato, previsto para as 21h23min, não chegou a ser feito.

O avião desapareceu sobre o Oceano Pacífico cerca de trinta minutos após sua decolagem em Tóquio. Nenhum sinal da queda, como destroços ou corpos, jamais foi encontrado. O voo de carga transportava, entre outros itens, 53 quadros do pintor Manabu Mabe, que voltavam de uma exposição no Japão. As pinturas foram avaliadas na época em mais de US$ 1,24 milhão. É conhecido por ser um dos maiores mistérios da história da aviação e um dos raríssimos voos civis comerciais que desapareceram sem deixar vestígios. Esse caso nunca teve uma causa específica, pois nunca foi encontrado nenhum sinal do PP-VLU (aeronave envolvida). Até hoje nunca foi encontrado nenhum sinal de vestígios plásticos, peças e/ou corpo dos seis tripulantes.

Teorias conspiratórias

O desaparecimento foi notado pelos controladores de voo após a falta de comunicação na passagem do Varig 967 sobre um dos pontos imaginários fixos sobre o oceano, usados na navegação e monitoramento de progresso de voo. Após uma hora de tentativas frustradas de se estabelecer alguma comunicação, o alarme foi dado e as equipes de busca e salvamento foram acionadas. Com a escuridão reinante, as buscas foram suspensas e só foram retornadas mais de doze horas depois da decolagem, na manhã do dia seguinte. Apesar de mais de oito dias de busca intensa no mar, nenhum sinal de destroços, manchas de óleo ou dos corpos dos tripulantes jamais foi encontrado. 

A investigação interna da Varig não conseguiu resolver o enigma. No relatório final sobre o acidente, consta o seguinte: "Não foi possível encontrar nenhum indício que lançasse qualquer luz sobre as causas do desaparecimento da aeronave". Muitas hipóteses e teorias foram formadas a partir de então para tentar entender o que ocorreu com o Boeing 707 da Varig. As teorias da conspiração lançaram no ar algumas delas:

Teria ocorrido um sequestro promovido por colecionadores de arte, já que no porão estavam as obras do pintor Manabu Mabe. No entanto, essas pinturas jamais foram achadas em lugar nenhum;

O Boeing teria sido abatido por soviéticos, interessados em esconder segredos do caça Mikoyan-Gurevich MiG-25 do desertor Viktor Belenko, que supostamente estaria desmontado e sendo levado aos Estados Unidos no porão de cargas do avião;

O ex-rádio-operador e ex-copiloto da Força Aérea Brasileira (FAB) Oswaldo Profeta chegou a escrever um romance chamado O Mistério do 707 para dizer que o que houve não foi um acidente. Ele acredita que a tripulação do Boeing pode ter cometido algum erro de navegação e penetrado no espaço aéreo soviético, uma área supervigiada. Segundo Profeta, é possível que o avião tenha sido abatido; 

Uma teoria conta que o Boeing 707 teria sido forçado a um pouso na costa da Rússia, onde os tripulantes teriam sido mortos;

A hipótese mais plausível, no entanto, considera que, logo após a decolagem, com a aeronave já tendo atingido um nível de cruzeiro elevado, houve uma despressurização lenta na cabine, o que não causou a explosão da aeronave – ou seja, não foi uma descompressão explosiva – mas lentamente sufocou os pilotos. O avião, então, segundo a linha de raciocínio, voou com ajuda do piloto automático por muitos quilômetros mais, até que, acabou o combustível, caiu sobre o mar em algum ponto extremamente distante dos locais por onde passaram as buscas. Portanto, nenhum destroço foi encontrado, sendo provável – como largamente aceito – que estejam ou no fundo do vasto Oceano Pacífico, ou sobre alguma área inabitada do estado americano do Alasca.” 

Também chamou a atenção o fato de que, num dos raríssimos casos da aviação comercial mundial, o comandante Gilberto protagonizou dois desastres aéreos com vítimas fatais – ele próprio incluído no segundo, vítima do que se poderia justificadamente chamar de A Maldição de Orly.

PS • O drama de Manabu Mabe

Manabu Mabe; Divulgação-Guia das Artes
Cada tela desaparecida no acidente estava segurada em US$ 10 mil, valor considerado abaixo do mercado pelo artista. Mabe tinha feito uma grande exposição retrospectiva no Museu de Arte Kumamoto em Osaka. A maioria das 53 telas eram de sua propriedade, mas 20 pertenciam a coleções de museus e a particulares. Passado o impacto, Mabe entrou em contato com os proprietários das obras perdidas. Todos – com exceção de um – se mostraram solidários: não reivindicaram dinheiro, aceitariam outra tela como reposição. O valente Manabu prometeu a si mesmo que viveria mais trinta anos e pintaria tudo o que havia perdido. Ele morreu dezoito anos depois, em 1997, aos 73 de idade, tendo cumprido quase integralmente sua promessa. 

Frase do Dia: silêncio, por favor

 “O silêncio é essencial. Nós precisamos de silêncio como precisamos de ar, como as plantas precisam da luz. Se nossa mente estiver repleta de palavras e pensamentos, não haverá espaço para nós.”

Tich Nhat Hanh (1926-2022), monge budista vietnamita, guru do Vale do Silício.

quarta-feira, 6 de julho de 2022

"CBN, as histórias que ninguém contou": livro revela bastidores da criação da "rádio que toca notícias". Eliane Peixoto, ex-repórter da Manchete, é uma das autoras da coletânea



Jornalistas e radialistas que integraram as primeiras equipes de CBN - que completou 30 anos em outubro de 2021 - divulgam uma coletânea com memórias dos bastidores da rádio. O livro "CBN- As histórias que ninguém ouviu" (Editora Anagrama) foi lançado na semana passada no restaurante La Fiorentina, no Leme, no Rio de Janeiro. São 40 profissionais que narram suas experiências da CBN em uma emissora especializada em nótícia. O livro foi organizado por Dáurea Gramático, com textos, entre outros, de Jorge Guilherme Pontes, que criou o projeto e dirigiu a implantação da CBN. Eliane Peixoto, repórter que trabalhou na Revista Manchete.  participa da coletânea.

Veja a lista de autores: 

Adriana França, Adriana Nunes, Alves de Melo, Amaury Santos, Cecília de Moraes, Cláudia Levinsohn, Cláudio Moura (Gaúcho), Danton Bohrer, Darcilia Lima, Dáurea Gramático, Edson Silva, Eliane Peixoto, Elza Gimenez, Fernando Faria, Gélcio Cunha, Gilson Barcellos, Iris Agatha, Izaura Alice, Jorge Guilherme Pontes, Laerte Rímoli, Liliana Rodrigues, Luciano Garrido, Marcos Antônio de Jesus, Maurício Menezes, Mônica Laplace, Neise Marçal, Nelson Nóbrega, Patrícia Boueri, Ricardo Rodrigues, Sérgio Carvalho, Sílvia Serra, Silvinha Monteiro, Simone Queiroz, Sônia Lara, Souheil Sleimann, Tânia Morales, Valéria Aguiar, Vitória Elizabeth e Wagner Sales .

"A viagem de Batuta - Quando a falta vira saudade" - Sandra Teixeira e Tânia Botelho lançam livro no dia 9 de julho


Os ensinamentos adquiridos no convívio com um cãozinho de estimação e o luto pela sua partida inspiram livro infantil criado pela jornalista e psicanalista Sandra Teixeira em parceria com a ilustradora Tânia Botelho 

Nas palavras de Carlos Nejar,o  poeta e membro da Academia Brasileira de Letras que apresenta a obra, A viagem de Batuta: quando a falta vira saudade "é um livro mágico, simples e inventivo, belo e surpreendente, com uma inteligência de visão rara”.

O convívio com um animal de estimação pode ser enriquecedor (e revelador) sob muitos aspectos. A jornalista e psicanalista Sandra Teixeira e a ilustradora Tânia Botelho sabem bem disso. Essa relação, de tanta aprendizagem, é o mote do primeiro livro infantojuvenil criado por elas. A viagem de Batuta – Quando a falta vira saudade chega às livrarias pela recém-criada INM Editora, do Instituto Nebulosa Marginal, criado pelos psicanalistas Sérgio Gomes e Rosa Lúcia Paiva. 

 Batuta de fato existiu. E viveu ao longo de 15 anos. Após a perda do amigo, em 2006, Tânia Botelho começou a pintar uma série de telas nas quais o bichinho aparecia retratado. Não só ele como seus muitos amigos. Sandra Teixeira foi uma das primeiras pessoas a ver o resultado dessa imersão e, de cara, sugeriu que as ficariam muito bem num livro. Faltava o texto, è vero, o que não seria um problema para uma jornalista e poetisa sensível como ela. E lá foi Sandra colocar no papel o sentimento que a amiga externava na pintura. E, assim, o livro nasceu. 

Sobre as autoras: Sandra Teixeira é jornalista - trabalhou na Bloch/Manchete -  e psicanalista, membro desde 2003 do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro (CPRJ), muito requisitada como comentarista e debatedora para participações em programas de rádio e TV. Estreou na literatura com “Poesia numa hora destas” (7 Letras, 1994) e assina artigos e ensaios para publicações variadas como “A desqualificação perversa dos indígenas brasileiros e a apropriação do território ancestral”, incluso no livro “Racismo, Capitalismo e subjetividades: leituras psicanalíticas e filosóficas” (Editora Eduff, 2018). “A viagem de Batuta – Quando a falta vira saudade” é seu primeiro livro infantil. 

Tânia Botelho trabalhou como atriz no teatro, TV e no cinema e, nos últimos 30 anos, dedica-se totalmente às artes visuais, já tendo realizado exposições no Brasil, Europa e nos EUA, onde vive. “A viagem de Batuta” é seu primeiro livro. 

FRASE DO DIA: o stalker do Baixo Glicério

 “Viver demais é um saco. Tem principalmente o encontro com aquele sujeito chato que me persegue há anos e que chamam de ‘O Criador’. Criador de casos é o que ele é...”

Roberto Muggiati, às cinco da manhã de um dia qualquer.

terça-feira, 5 de julho de 2022

Ricardo Azoury (*): o novato que não se acovardou. Por Marcelo Auler

Ricardo Azoury em foto de Ana Paula
Oliveira Migliari/TV Brasil

Em 1977, o jovem Ricardo Azoury (1956) iniciava-se como repórter fotográfico após freqüentar um cursinho da Revista Manchete. Eu, com três anos de profissão, continuava um estagiário naquela redação mesclada de profissionais competentes assim como de pessoas sisudas... Mas ali vivenciamos um belo aprendizado.

No Espírito Santo o então governador biônico Elcio Álvares, decidiu enfrentar o ecologista Augusto Ruschi (1915/1986) e pensou em lhe tomar a Estação Biológica de Santa Lúcia, pra ali instalar uma fábrica de palmito. Tratava-se de uma área de 279 hectares com que Ruschi mantinha íntima relação desde pelo menos 1930 para estudos e pesquisas de flora e fauna. Ali havia 600 mil orquídeas, 20 mil árvores e 320 espécies de animais, e os beija-flores, dos quais o biólogo era um especialista.

Na defesa do Parque nas mãos do professor da UFRJ seguiram para Santa Tereza (ES) algumas caravanas de estados diferentes. Eu e Azoury cobrimos a preparação de uma que sairia do Rio, freqüentando reuniões noturnas bastante chatas. A princípio fomos avisados que a ida ao Espírito Santo com as caravanas ficaria a cargo de outra equipe.

Na hora H, porém, decidiram que eu iria e me mandaram escolher outro fotógrafo. Temiam encarregar um novato da missão e ele não dar conta do recado. Preferi consultá-lo, lembrando que ele poderia estar colocando em risco o emprego, mas Azoury foi claro: “se é para testar, testem logo. Se for para demitir, demitam logo”. Eu então defendi sua ida comigo, o que prevaleceu.

Alberto Ruschi por Ricardo Azoury e...

...a estátua inspirada na foto publicada na Manchete, em 1977. O homenagem ao naturalista está instalada no Parque Pedra da Cebola, na Mata Atlântica, no Espírito Santo.

Ao sairmos, provoquei o então editor-chefe da revista, Roberto Muggiati, perguntando qual a foto que ele queria para a abertura da matéria (página dupla). Ele então desenhou um homem de perfil recebendo com um beija-flor lhe beijando os lábios. Azoury, por óbvio, ficou preocupado.

No nosso encontro com Ruschi eu expus o problema: “professor, o emprego deste rapaz está em jogo”. Ele, imediatamente, acalmou-nos. Isso é fácil.

Na verdade, foi bastante trabalhoso, pois precisávamos recolher os potes com água doce que ficavam em torno da casa principal, deixando apenas um em um viveiro. Alia aprendíamos as aves. Depois de fechá-las no viveiro, retirávamos o pote com água lá de dentro e recolocávamos todos os de fora.

Ruschi entrava naquela enorme gaiola, tendo na boca uma pequena cápsula, em cuja ponta estava um bico de plástico igual aos dos potes. Ali as aves iam adoçar a boca, buscando a água com açúcar.  

Não satisfeito com o equipamento de Azoury, Ruschi resmungou muito e foi na sua residência buscar um flash mais potente, para garantir a qualidade final do material. Repetimos toda a operação. Coube-me segurar o flash maior que não se adaptava à máquina. Ali, oficialmente, Azoury me promoveu a seu “flasheiro”.

A foto, como não podia deixar de ser, fez sucesso e Azoury permaneceu na Manchete muito mais tempo do que eu, demitido em julho de 1978.

Vá em paz, querido Azoury. Obrigado por termos convivido ainda que muito menos do que eu gostaria, pois nossas vidas profissionais nos separaram. Um beijo, garoto. (Marcelo Auler)

(*) Fotógrafo profissional durante 42 anos, Ricardo Azoury faleceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, após um acidente de carro na entrada de Itaipava, em abril último. O blog faz esse registro tardio, mas indispensável, ao colega que, entre muitos outros veículos, trabalhou na Manchete e na Fatos & Fotos. Pedimos licença a Marcelo Auler - um extraordinário jornalista investigativo que também foi repórter da Manchete - para reproduzir seu texto veiculado pelo site GGN, assim como permissão à fotógrafa Ana Paula Migliari (outra grande profissional ex-Manchete), autora do retrato acima. Após deixar a Manchete, Azoury construiu uma carreira marcante. Foi da Agência F4 e teve fotos publicadas nos principais jornais e revistas brasileiros e em “Newsweek”, “New York Times”, “L’Express”, e “Scientific America”, (José Esmeraldo Gonçalves)


segunda-feira, 4 de julho de 2022

O mensageiro da morte

 

Reprodução Twitter 


Bolsonaro não apenas flexibilizou o porte de armas, ele comprometeu as estruturas de fiscalização. São milhares de categorias com direito a portar armas, uma suspeita explosão de formação de clubes de tiro, de caça, de colecionadores. Em São Paulo a polícia começa a apreender fuzis e pistolas legalizadas em poder de organizações criminosas. Esse tipo de desvio, que poupa o bandido de ir ao Paraguai ou a Miami comprar  armas, é um presente para o tráfico e a milícia. O Exército, encarregado de fiscalizar o derrame de armamento, joga a toalha. A tragédia está plantada. Só o voto certo na urna eletrônica pode conter o rio de sangue.

domingo, 3 de julho de 2022

Frase do Dia: quer moleza?

"Quem joga futebol tem pressão. Se não quer pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada", disse Felipão na sua apresentação como técnico da seleção brasileira em 2012, irritando o Sindicato dos Bancários".

Na comemoração dos 20 anos do Penta, Felipão turbina o Furacão, dá de dois no Palmeiras no Alianz Park e bota o Athletico na vice-liderança do Brasileirão.

sábado, 2 de julho de 2022

Vai uma Ferrari aí? Quem compra carro de luxo no Brasil

por O.V.Pochê 

Há tantos institutos fazendo pesquisas sobre qualquer assunto que resolvi mandar uma mensagem para um amigo que trabalha em uma dessas organizações sugerindo uma enquete. 

Seguinte: quem compra carro de luxo no Brasil?

A situação econômica está a perigo, a indústria andou para trás, não há grandes obras em andamento, mercado imobiliário ameaça reagir mas disparada dos juros atrapalha etc.

Um esboço inicial que poderia indicar algumas categorias de compradores que passam ao largo da crise e estão segurando o leite das crianças de donos e vendedores das agências de carros de luxo no Brasil.

* Juízes. A crise não chegou a esse time. nenhuma crise chega. Recebem altos salários e têm aumentos bem acima da inflação. São discretos. Data vênia.

* Militares que trabalham diretamente com Bolsonaro. Essa categoria recebeu boladas de até 300 mil reais e está muito bem empregada. Selva!

* Pastores. Esses estão sob as bençãos da prosperidade. A fonte de renda deles é fiel. Alguns que se infiltraram em ministérios do Bolsonaro  oram por suborno. Glória a Deus.

* Cantores sertanejos. Os circuitos de shows das prefeituras sustentam as contas bancárias dessa turma. Sem problemas. Adquirem carrões e aviões. Barrrbaridade, sô! 

* Milicianos. São discretos, usam "laranjas", mas operações policiais sempre recolhem carrões dos criminosos em garagens de mansões. É nóis!

* Traficantes. São compradores mais discretos ainda. Também usam " laranjal". Big Boss raramente é preso, mas quando a cana vai lá a ostentacão automobilistica aparece. Já os chefes do segundo escalão, que moram em favelas têm grana, mas não se arriscam muito a sair do morro, geralmente usam carrões roubados e circulam só nos territórios dominados.

* Operadores de pirâmide de bitcoin. Esses fazem a festa das revendedoras. Detonam as moedas digitais dos clientes enquanto a pirâmide sobe. Viva block chain!

* Astros e estrelas da TV. Há casos de compradores de BMW e Porsche na Record, Band e SBT, apesar da audiência claudicante dessas emissoras. Os elencos da Rede Globo tinham  grande concentração de carros de luxo. Um ator coadjuvante apaixonado por carros tinha coleção de importados. A Globo se reestruturou financeiramente, demitiu levas de medalhões e a ostentação diminuiu muito. 

* Políticos. Geralmente têm garagens  secretas. Alguns dos mais jovens não resistem aos carros de luxo. Os mais velhos preferem emendar com jatinhos próprios. 

* Mercado. Operadores e especuladores e grande investidores vivem dias felizes. Pequenos investidores nem tanto. A política monetária do governo Bolsonaro é testada nas salas dos bancos e corretoras. Quando mais desgraça mais faturam, dólar sobe, juro sobe, manipulação do mercado sobe.

* Agronegócio. Com o dólar alto e os subsídios federais, a elite do campo é assidua nas importadoras de carro de grife. Acelera!

* Sonegadores. São privilegiados. A legislação permite que não pagar impostos seja operação lucrativa. O sujeito sonega durante anos, aguarda uma anistia e se esta não vem descola um parcelamento em 50 anos. Enquanto isso compram Ferraris e Áudios. Grandes empresários adoram moleza. 

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Na capa da Galileu: avanço do fascismo no Brasil não é ficção

 


Charge do Borega (*) ilustra a lama bolsonarista

 


(*) Borega é um jornalista e cartunista baiano. É autor de dois livros: Charges do Borega,  Eleições 2014 e A Aventura está no ar.

A democracia assediada: Braga Neto passa a mão no TSE

O general linha-dura Braga Netto, pré-candidato a vice de Bolsonaro, lançou uma clara ameaça: as eleições podem ser canceladas. 

Durante encontro com empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, segundo a jornalista Malu Gaspar, do Globo, Braga Neto subiu nos coturnos e mandou um duro recado ao TSE. Se não houver auditoria de votos conforme exigência de Bolsonaro, "não tem eleição".

Apesar desse mantra golpista repetido pela facção do Planalto, as urnas eletrônicas são auditáveis. O que Bolsonaro e Braga mostram com esse tipo de terrorismo verbal é um permanente desejo de assediar a democracia.