terça-feira, 24 de março de 2020

Stephen King, autor de livro sobre um vírus de gripe que contamina o mundo, faz um alerta sobre a Covid -19

O escritor Stephen King está usando The Stand (no Brasil o livro, de 1978, ganhou o título A Dança da Morte) para alertar as pessoas sobre a disseminação do coronavírus e a importância do  distanciamento social.

The Stand gira em torno de um colapso dos EUA após a liberação acidental de uma nova cepa de influenza.

King pediu através do twitter que não comparem o coronavírus com o vírus que contamina a humanidade na sua ficção. No livro,  o vírus se espalha e mata mais de 90% da população global, uma taxa de mortalidade que não se compara à da Covid-19, que está entre 1 e 3,4%.

Mas, ainda assim, ele admite que existem semelhanças. Um dos  capítulos, por exemplo, narra a rapidez com que a doença se espalha, uma das características do coronavírus.

O escritor fez, ainda, um alerta sobre a importância do distanciamento social, "a melhor arma que temos para combater a disseminação do coronavírus".

Suspensão de salários: o arrastão dos terroristas sociais neoliberais

Nada mais simbólico do que é capaz o terrorismo social neoliberal do que os acontecimentos de ontem. No mesmo dia em que anunciou o "confisco" de quatro meses de salários dos trabalhadores, o governo concordou em repassar R$10 bilhões em verbas públicas para as companhias aéreas.

Claro que as pequenas e médias empresas e alguns setores essenciais deverão ser apoiados pelo Estado. Nessa hora, aliás, o Estado mínimo que a selvageria neoliberal defende torna-se o máximo. Mas é extrema crueldade exigir que só os trabalhadores paguem a conta do freio da economia acionado pelo coronavírus.

Vários países estão apontando caminho oposto: estipular um dotação mensal como suporte a  populações sob cerco econômico. Em vez do desprezo, a solidariedade.

Diante da reação nas redes sociais, a medida provisória que determinava o arrastão dos salários foi suspensa. Mas a ameaça permanece. O arsenal de injustiças e de distribuição de privilégios do governo Bolsonaro e do seu Ministério da Economia é inesgotável.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Onde está o logotipo?

Reprodução Twitter

Esqueceram a Doença do Amor! • Por Roberto Muggiati


Cartaz de A Montanha Mágica, de Thomas Mann
No festival de literatura pestilencial que assola a mídia, senti uma grave omissão, a da tuberculose – a Musa Branca ou o Mal du Siècle – que dizimou a burguesia e a classe média do século 19 à metade do século 20. Meu avô paterno, Diogo Muggiati, morreu de tuberculose aos 34 anos num hospital de Pavia, Itália, onde fora se tratar em 1911. Meu avô materno Eugênio Machado da Luz, e seu filho Geninho, também a contraíram, nos anos 1940. Batizada em 1839 pelo patologista alemão Johann Lukas Schoenlein, a tuberculose – originada a partir do gado domesticado – já ocorria na Grécia antiga. Ao longo da história, vários escritores contraíram a doença: os ingleses John Milton, Lord Byron, Shelley, Jane Austen; os alemães Goethe, Schiller, Kant; os russos Tchecov, Dostoievski, Gorki, os franceses Descartes, Musset, Balzac,  Camus; o suíço Jean-Jacques Rousseau; os americanos Walt Whitman, Ralph Waldo Emerson, Edgar Allan Poe.

Jeanne Moreau em Diário de uma camareira.
Na adolescência, invadindo a biblioteca do meu pai, lia furtivamente Segredos de Alcova/Journal d’une femme de chambre, romance de Octave Mirbeau, que foi filmado três vezes – em 1964 por Luis Buñuel, com Jeanne Moreau – o livro mostrava o furor sexual que assola os doentes (a incontrolável TT = tesão de tísico).

Robert Taylor e Greta Garbo em A dama das camélias

Mimi, a heroína da ópera de Puccini, La Bohème, sofre de tuberculose; e também Violeta, em La Traviata de Verdi – A dama das camélias do romance de Alexandre Dumas Filho que inspirou a ópera. A literatura e a música imortalizaram a tuberculose como “A doença do amor”.

Thomas Mann acompanhou a mulher doente em sua internação num sanatório de Davos Platz, na Suíça. A experiência o levou a escrever A montanha mágica, um dos maiores romances do século 20.  Em outra estação de sanatórios suíça, Clavadel, a russa Elena Ivanovna Diakonova, mais conhecida como Gala (depois Dali), conheceu o poeta Paul Éluard e acabaram se casando.

No Brasil, sem ir muito longe, temos uma verdadeira Sociedade dos Poetas Mortos (de Tuberculose): Castro Alves, aos 24 anos; Casemiro de Abreu, aos 23; Álvares de Azevedo, aos 21. Entre golfadas de sangue e poesia, todos cantaram a doença, Álvares de Azevedo, por exemplo:

Descansem o meu leito solitário 
Na floresta dos homens esquecida 
À sombra de uma cruz e escrevam nela: 
Foi poeta, sonhou e amou a vida.


Manuel Bandeira também peregrinou pelos sanatórios de Clavadel, de 1913 a 1914, onde travou amizade com Paul Éluard. A Primeira Guerra Mundial o forçou a voltar ao Brasil. A tuberculose inspirou-lhe um poema notável, Pneumotórax:

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.

— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Nelson Rodrigues: esquete
cômico criado na cama
Quem visita a região petropolitana ainda pode ver, na praça central de Nogueira, a antiga estação ferroviária. Os trens da Leopoldina viajavam lotados de pacientes que acorriam aos sanatórios da Serra. O grande Nelson Rodrigues também frequentou a rota serrana, sua primeira internação foi aos 23 anos em Campos do Jordão, São Paulo, em 1935. Conta Ruy Castro em sua biografia de Nélson, O anjo pornográfico, que, instado pelos pacientes do Sanatorinho Popular, Nelson escreveu um esquete cômico sobre eles mesmos. O sucesso quase virou tragédia: levados a gargalhadas irresistíveis, os doentes sofreram violentos acessos de tosse que por pouco não se transformaram em jatos de sangue.

Lembro ainda, no começo da adolescência, uma cena de filme que causou frisson nas plateias da época. Em À noite sonhamos/A Song to Remember, uma biografia romanceada de Chopin, interpretado pelo galã Cornel Wilde, o fim prematuro do pianista polonês, que morreu de tuberculose aos 39 anos, se anuncia em tecnicolor quando gotas vermelhas de sangue caem sobre as teclas brancas do piano.

Jimmie Rodgers
Os cantores de blues e de Country & Western, uma raça itinerante, foram os músicos mais atingidos pela tuberculose na primeira metade do século 20 e exorcizaram as dores da doença em suas canções. Uma das mais conhecidas é T B Blues, de Jimmie Rodgers:

‘Cause my body rattles
Like a train on that old S.P.
I’ve got the T.B. blues.
Porque meu coração chacoalha
Como um trem naquela velha Southern Pacific
Eu tenho o blues da tuberculose.
(Ouçam AQUI)


O jazz na virada do bebop, perdeu três grandes promessas: o baixista Jimmy Blanton, aos 23 anos; o guitarrista Charlie Christian, aos 25; e o trompetista Fats Navarro, aos 26. Os sambistas brasileiros também sofreram pesadas baixas, como os escritores, atores e jornalistas mais chegados à vida boêmia. O exemplo mais notório é o genial Noel Rosa, que morreu de tuberculose em 1937, aos 26 anos (por pouco não entra para o célebre Clube 27...)

Além da tuberculose, outros surtos de doença forneceram rico material para a literatura. A Peste Negra da Idade Média levou o contemporâneo Boccaccio a escrever o Decamerão. Edgar Allan Poe inspirou-se em outra peste para escrever o conto A máscara da Morte Vermelha. Pedro Nava e Nelson Rodrigues descreveram a passagem da Gripe Espanhola pelo Brasil no pós-guerra de 1918. O cólera rendeu duas obra-primas: O amor nos tempos do cólera, de García Marquez, e Morte em Veneza, de Thomas Mann.

Este inusitado coronavírus que caiu de repente sobre nós, já deu inspiração de sobra. Eu mesmo comecei a escrever um Diário do Coronavírus. Só estou torcendo agora, como todos nós, para que esta praga vá embora o mais rápido possível.

PS – Se querem saber bem mais, consultem o link
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pessoas_que_sofreram_de_tuberculose


domingo, 22 de março de 2020

Papa Francisco: a benção diante da Praça de São Pedro vazia...

Foto Vaticano Media

Nada é por acaso. Sigam o dinheiro...

Reproduzido  do Estadão

Covid-19 tem "visto preferencial" para entrar no Brasil? Passageiros denunciam que aeroportos estão de "porteira aberta"

Relatos de passageiros dão conta de que voos da Espanha, Itália e Portugal chegam lotados ao Brasil e não encontram qualquer fiscalização nos aeroportos. 


Reproduzido do Facebook

Veja o vídeo AQUI. Reproduzido do Twiter
No Ceará e no Maranhão, governadores tiveram que recorrer à Justiça, contra a Anac e Anvisa, para determinar fiscalização de passageiros em aeroportos. A agência provavelmente vai recorrer para manter os portões abertos como quer o governo federal.  




Reproduções Twitter



O coronavoo...

Reproduzido do Twitter

Covid-19: desconfie das estatísticas (infelizmente a situação pode ser pior)

Benjamin Disraeli, ex-primeiro ministro  britânico no século 18, é autor da frase abaixo:

- "Existem três tipos de mentiras, aquela com pernas, aquela com pernas longas e as estatísticas".

Disraeli, se vivo fosse, acrescentaria um quarto tipo: as estatísticas do coronavírus. Se os números da economia que sustentam os comentários dos jornalistas de mercado costumam ser furados pela dura realidade - sejam os da suposta "retomada" do crescimento, os do desemprego, os da venda no varejo etc - imaginem as cifras da atual pandemia.

Entre os mortos no Brasil  há mais de um caso de pessoas que sequer constavam do número de infectados. A Itália registra problema semelhante. A revista Panorama apontou situações não detectadas pelas autoridades locais e citou um exemplo: o de um cidadão que telefonou para o seu médico particular dizendo que estava com febre, foi aconselhado a tomar remédio à base de paracetamol. Mesmo assim, no dia seguinte a febre subiu, acompanhada de uma leve dificuldade para respirar. O médico, por telefone, diagnosticou Covid-19 e mandou que ele ficasse em quarentena e só fosse ao hospital no caso de agravamento da respiração. Lá, os serviços públicos não são informados de casos desse tipo. Aqui, um hospital em São Paulo deixou de relatar pelo menos cinco doentes.

Quer dizer, existe o doente clandestino.

Não importa sua idade, siga os conselhos dos médicos: fique em casa, cumpra rigorosa quarentena, lave bem as mãos e desinfecte produtos recebidos.

Fique de olho em uma controvérsia não muito esclarecida. Vários países aconselham o uso de máscaras por pessoas não infectadas, quando em público ou em contato com alguém. No Brasil, autoridades dizem que a máscara não protege, talvez por temer desabastecimento. Mas, mesmo em quarentena, faz sentido usar máscara ao atender entregas, por exemplo. Faça isso, se possível. Se os profissionais de saúde as usam nos seus ambientes de trabalho, significa que esse é um recurso válido de proteção.

Na capa da Veja: as últimas trincheiras da vida


A Veja cobriu a rotina no Albert Einstein, um hospital de ponta. A chamada principal é verdadeira. Os profissionais de saúde estão na linha de frente da luta contra o coronavírus.
Pode-se dizer que, em termos de dramaticidade, a Veja não viu nada ainda.
Nos últimos dois dias, surgiram suspeitas de contaminação em grandes favelas. Segundo os infectologistas, essa será a grande inflexão da pandemia no Brasil, quando campo de batalha se transfere para a saúde pública sucateada pelo fundamentalistas do "teto de gastos" dos últimos anos.

Para não esquecer: há 30 anos o Collorvírus assolava o Brasil...

Há 30 anos, Collor tomava posse. A foto mostra o eleito e sua facção descendo a rampa e, simbolicamente, levando o Brasil para um buraco econômico e moral. Foto de Elza Fiúza/Agência Brasil

A data passou praticamente em branco. O coronavírus ocupa todos os espaços.

Mas em 15 de março de 1990, há 30 anos, uma praga assolava o Brasil. Fernando Collor tomava posse. Logo no dia seguinte, mandou confiscar a poupança de milhões de brasileiros. O neoliberalismo do novo governo logo seria potencializado com altas doses de corrupção.

O Collorvírus atacou todos os setores. Uma das medidas do "caçador de marajás" exaltado pela Veja , Globo, Manchete e outros veículos da direita - que aliás fizeram um evidente "jornalismo" de campanha, que lembrou muito o que elegeu o pai do Bananinha - foi acabar com uma secular estrutura pública de combate às edemias, presente em todos os estados brasileiros. Os guardas e médicos da Sucam, anteriormente chamada de Departamento Nacional de Endemias Rurais, combateram doenças como Chagas, malária, esquistossomose, febre amarela, filariose, tracoma, bócio endêmico, leishmanioses e dengue (em 1955 foi eliminado o último foco no país) nas pequenas cidades, nas áreas rurais e nas mais distantes fazendas e povoados. Uma organização que faz falta em dias como os atuais.

De resto, uma triste conclusão: o eleitor brasileiro não desenvolveu anticorpos nem imunidade contra esses profetas da incompetência que fazem do país uma das maiores ilhas de injustiça social do mundo.

sábado, 21 de março de 2020

Fora, vírus! Sujou? Use álcool gel...

Reprodução Facebook

A saideira...


O governo inglês vinha pedindo que as pessoas evitassem se aglomerar em pubs. A recomendação não pegou e os pubs continuaram lotados até que as autoridades decidiram fechá-los de vez.
The Sun publica as fotos acima com as casas cheias para a saideira, na véspera de começar a vigorar a proibição.

Revista Time: quando o mundo para


Na capa da Istoé: "chose de loque", como dizia o bordão de Jô Soares...


Os "agentes transmissores" do coronavírus...


Os âncoras da mídia conservadora se derramaram em elogios ao ministro da Saúde, Luiz Mandetta. Deve ter sido por carência. De tão agredida pelo Bananão, o pai do Bananinha, a mídia se deslumbrou com o tratamento mais civilizado que recebeu durante as primeiras coletivas sobre o coronavírus. Agora, a realidade mostra que, por inspiração do chefe que desacredita a pandemia sempre que pode, o governo rejeitou por tempo demais qualquer medida restritiva e jogou o Brasil no trágico modelo da Itália. Perdeu tempo que vai custa vidas. Mesmo com o avanço da Covid-19, o Planalto, para quem a pandemia é "gripezinha", continua praticamente ignorando a estratégia de colocar cidades em quarentena, de parar atividades não essenciais.
Por falar em atividades não essenciais, Mandetta fez um discurso, ontem, baseado em falsa premissa. Segundo ele, fechar rodovias e aeroportos significa impedir que insumos sanitários cheguem aos hospitais. Falso. Países que bloqueiam estradas e voos não impedem transporte de carga, nem de veículos essenciais. O objetivo e impedir ou reduzir a circulação de pessoas.
O twitter acima é do governador do Maranhão que faz há semanas um trabalho preventivo no estado. Ele havia pedido a interrupção - assim com o governador Wilson Witzel, no caso do Rio de Janeiro - de voos comerciais com passageiros. Seguindo o discurso ignorante de Brasília, um juiz negou a solicitação do governador do Maranhão. E a Anac nem considerou o pedido semelhante do governador do Rio de Janeiro. O Planalto desmiolado parece se candidatar a um crachá de agente transmissor do coronavírus no Brasil.

Folha faz anúncio com falas do pai do Bananinha para mostrar furor sociopata contra a liberdade de imprensa


VEJA O ANÚNCIO DA FOLHA DE SÃO PAULO. CLIQUE AQUI

"O senhor me ouve bem, governador Zema? "'Ovo' muito bem"


O homem é do Partido Novo, mas o português é decadente. Em entrevista à CNN Brasil, o governador de Minas, Romeu Zema, respondeu ""Ovo" muito bem", quando a apresentadora deu-lhe as boas-vindas ao programa e perguntou-lhe se a ouvia bem.  Veja AQUI

Solidários: jornais argentinos fazem capas iguais para combater o vírus


sexta-feira, 20 de março de 2020

Memória digital? Cuidado que o vento leva. Ou o que restou do NO.




Há muito se discute o risco de guardar textos e fotos apenas em memória digital. O prazer de folhear o álbum de família da sua infância, em versão analógica, talvez não seja experimentado pelo seu filho ou neto, a não ser que você mande imprimir as lembranças e as guarde bem. Claro que pode guardá-las em pen drives e em HDs internos e externos, que têm componentes que podem entrar em colapso. Ou em DVDs que, dizem, é mais seguro, ou ainda na nuvem que armazena arquivos em diversos servidores, mas não é infalível, pode sofrer invasões.

O álbum de família é um simples exemplo, mas a questão envolve aspectos gerais da memória histórica, jornalística, científica e cultural.

Veja este: na época da bolha da internet, na virada dos anos 1990 para Século 21, surgiu no Brasil um site que reuniu uma brilhante equipe de jornalistas. Era o NO. O No Ponto. Se teve grande audiência naqueles quase primórdios do jornalismo digital, não se sabe, mas foi certamente um nicho de qualidade na época. O site era bancado por um banco de investimentos que logo tirou o time de campo, como costuma acontecer nas iniciativas instáveis desses operadores financeiros. Com o fechamento, diz-se, todo o arquivo do NO. teria se perdido em algum desfiladeiro ou caverna impenetrável da internet.

Todo, não. Algumas páginas escaparam do "delete" fatídico.

Roberto Muggiati, ex-diretor da Manchete e ex-colaborador do NO. , desconfiou da perenidade dos seus escritos em ambiente não palpável e preferiu imprimir e encadernar seus textos. E alguma coisa escapou do site que sumiu misteriosamente.