quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Caneta Azul, o hit da nova era...

por O.V.Pochê

Confirmado em mais de 3 milhões de acessos: a era Bolsonaro tem finalmente uma trilha sonora intelectual e musicalmente à altura e o Ministério da Educação tem seu hino. "Caneta Azul" é o hit do momento.

Postada no dia 3 de outubro, a canção composta pelo maranhense Manoel Gomes virou sucesso desbancando medalhões em números de cliques na internet. O refrão é algo como
"Caneta azul, azul caneta/Caneta azul tá marcada com minhas letra/Caneta azul, azul caneta/Caneta azul tá marcada com minhas letra". A letra descreve um "drama popular": o triste extravio de uma caneta. "Eu perdi minha caneta e eu peço, por favor/Quem encontrou, me entrega ela/A professora, ela veio brigar comigo/Porque eu perdi a última caneta que eu tinha/Não brigue, professora, porque eu vou comprar outra canetinha".

Duvida? Ouça AQUI

Caneta, aliás, é aparentemente um fetiche da nova era. Bolsonaro ostentava um Bic até se indispor com Emmanuel Macron e descobrir que a caneta é francesa. Resolveu trocá-la por uma Compactor alegando ser produtor brasileiro. Não é. É alemã, terra de outra desafeta do Bozo, Angela Melker.

Tá difícil. Nem o Curinga dá jeito na bagunça.

Para livrar os ouvidos do passado musical do país, registre-se que já houve outros azuis em nosso céu (que não eram de anil, nem de índole varonil...)

Que o digam Tim Maia (AQUI)  e Elis Regina (AQUI)

Rosa Freire D"Aguiar, ex-Manchete, lança "Celso Furtado - Diários Intermitentes"

Em uma época em que predominam os economistas e jornalistas "de mercado", é mais do que recomendável ler Diários Intermitentes de Celso Furtado lançado por Rosa Freire D'Aguiar.
A autora é viúva do economista e foi correspondente da Manchete em Paris nos anos 1970/1980 e colaboradora da Fatos & Fotos e Pais & Filhos. Com reprodução de documentos e fotos, o livro revela anotações dos diários de Celso Furtado.
A propósito, ele defendia a ideia de que o subdesenvolvimento não é um rito de passagem para o desenvolvimento e sim uma condição de dependência crônica frente aos países industrializados. Para superá-la é necessário redirecionar a economia rumo a um desenvolvimento social.
Mais ou menos o oposto do que prega o neoliberalismo que leva a concentração de renda a índices selvagens.

sábado, 26 de outubro de 2019

Fotografia: um monumento à democracia

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Plaza Itália - Santiago do Chile - Foto de Susana Hidalgo/Instagram
Santiago foi tomada ontem por um milhão de pessoas em protesto contra as consequência de uma política econômica que tem a marca da brutalidade neoliberal. Recuperar direitos e lutar contra a enorme desigualdade a que o Chile foi conduzido pelos fanáticos da especulação financeira e do mercado acima de tudo são as palavras de ordem.

A foto é da chilena Susana Hidalgo, publicada no Instagram @su_hidalgo.

É mais uma imagem que viralizou nas redes sociais, especialmente nas páginas dos brasileiros que sentem nas pele a ofensiva rentista do atual governo, com resultados muito mais graves em desemprego e supressão de direitos, em um processo ainda mais violento e criminoso de transferência de renda para os mais ricos.

Fotografia - Chile: o violinista no protesto

O violinista. Foto de Cristobal Venegas. (links no textos) 

Cristobal Venegas é o autor dessa foto publicada pela BBC Brasil.  Segundo ele, o violinista tocava em meio aos protestos na capital chilena.
A polícia atirava nos manifestantes, enquanto médicos voluntários ajudavam os feridos.
O músico tentava incentivá-los.
Venegas é um fotojornalista freelancer que aponta as lentes para as violações de direitos humanos, a violência contra os gêneros e as agressões ao meio ambiente em países da América Latina

Fotografia: essa imagem viralizou no mundo

Everton, o pequeno herói. Foto de Leo Malafaia publicada na Folha de São Paulo (link da matéria abaixo)

O derramamento de óleo que atingiu o litoral do Nordeste comprometeu praias, mangues, a vida animal e pessoas. O que um governo odioso trata como questão ideológica, quase como se dissesse "toma essa ambientalista, vire-se", é um drama profundo. Um fotógrafo da AFP, Leo Malafaia, fez a foto acima, que a Folha de São Paulo publicou ontem. O texto descreve: "um menino sai da água do mar com os olhos fechados e os braços abertos, em um gesto de impotência, com o corpo coberto por um saco de lixo, empapado de óleo". 
Everton Miguel dos Anjos, 13 anos, ajudava os voluntários a retirar petróleo das praias.

VEJA A MATÉRIA COMPLETA NO FOLHA, AQUI

Capa da Allure: Sharon Stone aos 61 anos, eterno instinto selvagem


Gotty/ Allure. Foto postada por Sharon Stone no Instagram


Na capa da Women's Health: o verão é de Paolla Oliveira



Paolla Oliveira na capa da Women's Health. A revista, que já pertenceu à Abril, é hoje da Rock Mountain Sports Content especializada no segmento esporte, bem-estar e vida ao ar livre.

Chile: a face dramática do neoliberalismo selvagem. O mesmo que o Brasil agora abraçou...


Chega a ser comovente o esforço do neoliberalismo brasileiro encastelado na mídia conservadora para desvincular as manifestações no Chile do impacto selvagem da política econômica dos chamados Chicagos Boys - os filhotes intelectualmente molestados por Milton Friedman -, que tiveram forte participação na ditadura de Pinochet. As imposições do radical Consenso de Washington, cujos resultados se tornaram dramáticos em várias economias, são hoje contestadas. Menos no Brasil. Paulo Guedes, o atual ministro da Economia, é egresso dos porões acadêmicos de Pinochet e aplica aqui as políticas que na imaginação dos "boys" deveriam fazer do Chile um paraíso neoliberal. Da mesma forma que aqui, lá trocaram artigos da Constituição por "leis" do mercado financeiro especulativo.

Na Folha de hoje, Roberto Simon arruma uma explicação prosaica para a crise chilena. Diz que o país não conseguiu dar conta das demandas criadas por uma nova classe média. Nova classe média? A pobreza, a concentração de renda e a desmonte das políticas sociais levam a população às ruas. Não é que a "nova classe média" sinta falta de Paris e da Disney, é empobrecimento mesmo. No começo dos anos 2000, enquanto o "milagre" chileno era exaltado pelos neoliberais, os subúrbios das grandes cidades já exibiam os sinais da tragédia social como produto final da era Pinochet. Quem fosse a Concepción, no sul do país, veria o drama em favelas, algumas com barracos de papelão, sob os rigores do inverno.

O futuro te espera na próxima esquina, Brasil

Na capa da Istoé: o cabaré em chamas


O desastre ecológico no Nordeste e a cenografia do ministro...


Federico Fellini popularizou a palavra "paparazzi" ao focalizar em "La Dolce Vita" os fotógrafos de celebridades que gravitavam em torno da Via Veneto, em Roma. Com imensa capacidade de desmoralizar qualquer coisa - até o VAR sucumbiu aos trópicos - o Brasil acaba de comprometer a dura labuta dos "paparazzi".

Veja a foto acima publicada hoje no Globo. É assinada por Genival Paparazzi. Mostra o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antonio, do PSL, e que é formalmente acusado pelo MP de apropriação de recursos eleitorais e associação criminosa, "testando" e aprovando a praia de Muro Alto, em Pernambuco, em plena maré de óleo que assola o Nordeste.

O ministro quis dar a impressão de que o desastre ecológico que o governo levou quase um mês para combater e ainda combate mal acabou. Tentou passar o recado fake de que turistas e locais já retomam a doce rotina praieira. Não é verdade. Enquanto ele posava nesse ponto do litoral, mais óleo desembarcava em muitas outras regiões.

Mas a foto é que é curiosa. Observem o "flagrante". A praia pernambucana parece, na verdade, muçulmana ou evangélica fundamentalista.  A maioria dos banhistas está vestida. Alguns até agasalhados, de mangas compridas. O ministro finge que desafia a poluição mas, precavido, botou apenas os pezinhos na água supostamente, segundo ele, limpa.

Situação ridículo, se não fosse poluída.

ATUALIZAÇÃO - 27/10/2019 - A praia de Muro Alto, em Pernambuco, no momento em que o ministro do Turismo posou de fake news, estava imprópria para banho. Havia óleo na água. A informação é da Agência Estadual de Meio Ambiental de Pernambuco.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Mídia: o jogo do contente...

Reprodução

O Globo afirma que o trabalho do governo "tem sido quase sempre louvável". Isso mesmo, o jornal fala da atuação oficial na tragédia do derramamento de óleo nas praias do Nordeste. Não foi nada "louvável" o governo agir quase um mês depois. Preferiu, antes, atacar Ongs e se apressar em atribuir a lambança a Maduro. Já ontem, Ricardo Salles, do Meio Ambiente (ele deve detestar até o nome do cargo que ocupa) apontou mais um "culpado": o Greenpeace. Segundo o ministro, um navio da organização supostamente circulava ao largo do Nordeste no período do vazamento. Esse navio deve ser maior do que o Titanic já que carregaria cerca de 200 toneladas de petróleo.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

América do Sul abre as veias. Mas no Brasil, como canta Zé Ramalho, faz um "tempo confortável". Hei, boi...

Reprodução Twitter
A América do Sul se agita. Equador, Chile, Argentina... Em comum, a receita imposta pelo neoliberalismo selvagem com o consequente achatamento de renda e direitos atingindo níveis críticos. No Chile, o número de mortos já chega a 18, incluindo vítimas de espancamento por parte da repressão. terça-feira (22), eram 15 mortos.

Há poucas horas, na Bolívia, o presidente e candidato à reeleição Evo Morales convocou uma entrevista coletiva na manhã de hoje para denunciar um golpe de Estado em marcha. Em seguida declarou "estado de emergência e mobilização pacífica para defesa da democracia". Morales diz que os sinais de golpe estão no impedimento da contagem de votos e na destruição de dependências dos tribunais regionais eleitorais.

A Argentina decidirá no domingo se manda pra casa o atual presidente, o empresário Maurício Macri, e sua política econômica neoliberal que sufocou o país e fez explodir a pobreza.


Enquanto isso, a mídia oligarca brasileira comemora hoje a aprovação do confisco da Previdência no moldes do que o Chile fez décadas atrás e que foi um dos motores da grave crise social atual, ao lado do aumento da concentração de renda, das privatizações que favorecem corporações e encarecem ou eliminam os serviços públicos. O mesmo gatilho que levantou o povo do Equador.

No Brasil, já há alguns anos, o povo vem sendo conduzido para o mesmo buraco. Aparentemente, a maioria está contente apesar de fodida e mal paga, mais até do que chilenos, equatorianos e argentinos.

O reforma da Previdência aprovada teve o desfecho esperado. Os cortes se dão em cima dos trabalhadores. A Câmara, o Senado, o ministério da Economia e Bolsonaro pouparam categorias, cederam gentilmente ao poder de pressão dos privilegiados. Além disso, se a reforma é confisco para a maioria, será benefício para outros setores que até aumentos de proventos "compensatórios" terão. Da mesma forma, os outros poderes - o Judiciário e o Legislativo - em seus vários níveis, não estão ao alcance desse arrocho, ao contrário, continuam sacando a caneta que cria mais benesses.

Mas as ruas estão calmas. A trilha sonora que se ouve é Zé Ramalho: "Êh, ô, ô, vida de gado / Povo marcado / Êh, povo feliz!"

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Paris 2024: os Jogos Olímpicos apresentam seu símbolo


O Comitê Organizador dos Jogos Olimpicos e Paralímpicos de 2024, em Paris, apresentou sua marca-símbolo. O design oferece várias leituras: a chama, o ouro da medalha, e o rosto de uma mulher, Marianne, que representa a República e os valores franceses de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
O logotipo incorpora mais uma homenagem: a tipologia utilizada remete às placas de estações de metrô, como a Abesses, em Montmartre, em estilo art nouveau, que viveu seu auge entre 1905 e 1911. Trata-se de uma referência às estações que estavam em funcionamento durante a última Olimpiada de Verão que Paris sediou, a de 1924.

domingo, 20 de outubro de 2019

The Economist: a traição de Trump

Segundo análise em The Economist, Donald Trump acaba de passar um recado ao mundo: os Estados Unidos não são um aliado confiável.

A revista refere-se ao caos que o milionário arrumou na Síria ao abandonar os curdos, a quem vinha apoiando.

Após a decisão e ao ver que a retirada resultou em ataque imediato dos turcos e na fuga de apoiadores do Estado Islâmico que estavam em prisões vigiadas pelos curdos, Donald Trump apenas foi para o twitter e digitou: "Espero que todos saiam bem, estamos a 12.000 quilômetros de distância!". Em outras palavras: ligou o foda-se.

A Europa, vítima preferencial dos terroristas do Estado Islâmico, teme que a inesperada ordem de Trump faça ressurgir o grupo jihadista que estava praticamente derrotado.

Pensa que a vida tá fácil? Revista Caras lança o Caras Bank:



As bancas de jornais saíram na frente. Quando os jornaleiros perceberam que a vaca das revistas  impressas estava indo pro brejo passaram a vender recarga e capas de celulares, refrigerantes, biscoitos, sorvete, brinquedos, mochilas etc. A queda nas vendas e o encerramento das edições impressas de muito títulos agravaram a crise. O solução foi virar loja de conveniência de calçada.

Agora são as próprias revistas sobreviventes que estão diversificando as fontes de faturamento. Algumas montaram lojas digitais para vendas de produtos diversos. A Caras, que já associou a marca a produtos como talheres e louças oferecidos como colecionáveis na compra ou assinatura de exemplares, lançará em breve um banco digital, um tipo de instituição financeira em alta no mercado.

Em parceria com o BTX Digital, o Caras Bank oferecerá conta digital gratuita, cartão de débito e crédito, saques na rede 24 Horas, empréstimos, maquininhas de cartão, aplicações financeiras, entre outros serviços. Quem nunca pôs os pés na ilha e no castelo das celebridades, pelo menos poderá ter na mão o cartão dos famosos.

Carne artificial - Se a Veja tivesse esperado 35 anos não pagaria o mico do "Boimate": a mancada mais saborosa do jornalismo brasileiro

Reprodução

Na semana passada O Globo anunciou um novo colunista: Eurípedes Alcântara, ex-Veja. O jornal apresentou o articulista aos leitores e descreveu seu currículo. O próprio jornalista, ao comentar a nova função, contou que costuma se ligar em novidades que "realmente mudam o nosso dia a dia". Acrescentou que "pretende ser um antena para levar utilidades ao leitor". Nada mais inerente à condição de jornalista. Mas ter critério é sempre recomendável. E faltou um item importante no currículo.

Em 1984 Eurípedes se apressou a levar um novidade ao leitor e causou uma das maiores mancadas da revista Veja. O feito se tornou conhecido em redações e faculdades como o "Caso Boimate". Na ocasião, o agora colunista do Globo leu uma matéria da revista britânica New Scientist sobre um cruzamento de genes do boi com células do tomate e se empolgou com o "avanço científico". No texto, detalhou que o novo fruto, chamado "Boimate",  tinha "50% de proteína vegetal e 50% de proteína animal" e saudou a experiência dos cientistas: "permite sonhar com um tomateiro do que já se colha algo parecido com um filé ao molho de tomate".

O jornalista fechou a matéria e, enquanto a Veja era impressa, provavelmente dormiu embalado pela perspectiva de um mundo de "boimanga", "jabutivaca", "boicaxi" e outros frutos híbridos.

Soube-se depois que a reportagem original da revista New Scientist era apenas uma brincadeira de 1° de Abril, tradição na imprensa inglesa que Eurípedes levou a sério e fez a Veja pagar um dos maiores micos da história do jornalismo.

Em 2015, o ilustrador Paulo Nilson revelou no Facebook que desenhou mas não assinou a ilustração acima: achou a história tão fantástica que preferiu dispensar o crédito.

E Eurípedes Alcântara ficou com as subidas honras de segurar o "boimate" sozinho.

Se tivesse esperado uns 35 anos, o jornalista escaparia, em parte, da gozação. Recentemente, revistas científicas, fora do 1° de Abril, revelaram técnicas de produção de carne artificial a partir do cultivo de células animais em laboratórios.

Sem o delirante molho de tomate da Veja.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Edifício Palace II: a foto do fato...

Há poucos dias, a jornalista Behula Spencer, que foi repórter da revista Manchete, publicou no face Virou Manchete, uma extensão deste blog, o post abaixo: 
Reprodução Facebook 

O caso do Edifício Palace II aconteceu no Rio de Janeiro em fins de fevereiro de 1998. A foto da implosão, que foi capa da Manchete, é do fotojornalista Alex Ferro. Foi também abertura da matéria, um total de 20 páginas.




A tragédia do Palace II mobilizou vários repórteres da Manchete. Nas páginas internas um crédito coletivo nomeou a equipe que participou da cobertura.

Foram, na verdade, vários desabamentos. O primeiro, no dia 22 de fevereiro, quando se romperam colunas de sustentação e parte do edifício ruiu. Oito pessoas morreram. O segundo, no dia 27, quando caíram mais 22 apartamentos. Talvez a foto a que Behula se refere seja a dessa ocasião.
No dia seguinte, houve a implosão completa do resto da estrutura registrada por Alex Ferro.

O padre, a moça, a batina e o chicote


por Ed Sá

1999 foi o último ano completo da Manchete nas bancas. A revista ainda virou o milênio até agosto, quando os últimos a sair apagaram a luz. Talvez os tempos já difíceis e o clima ainda carnavalesco - era fevereiro - expliquem essa estranha capa: padre Marcelo Rossi e Tiazinha. Mas a Manchete encontrou um pretexto para juntá-los. Como a chamada explicava, "usando batina e chicote" os dois eram o grande fenômeno de mídia da época. Em simetria com o título principal, Anatomia do Sucesso, a fotomontagem deixa bem claro os atributos que levaram cada um ao mundo das celebridades: as mãos postas do padre - na imagem aparecem perigosamente próximas do pecado - e as curvas da moça criadas por Deus.


Repare que na Manchete o açoite e a fé convivem harmoniosamente. Nem sempre foi assim. Dê uma olhada nessa gravura de Charles Monnet (1732-1808). Chama-se "The Flagellation of the Penitents".
Um adendo: essa capa, na época, não provocou comoção nacional.
No Brasil de hoje as milícias religiosas provavelmente chicoteariam os editores "infiéis".

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Fotografia - Moro é vítima de bullying


A capa do Estadão (16/10/2019) estampa uma dessas fotos que não precisam de legenda para assinalar uma situação política. Durante cerimônia de hasteamento da bandeira, em Brasília, a fotógrafa Gabriela Biló registrou um gesto típico de Bolsonaro fazendo "arminha" em direção a um cabisbaixo ministro da Justiça Sergio Moro. Ao lado, Paulo Guedes, ministro da Economia, mostra um riso babão sobre a encenação do chefe. Embora obediente ao Planalto, Moro tem recebido algumas estocadas políticas, a maioria vinda do próprio Bolsonaro. Se ambos estivessem na escola, Bolsonaro seria o bully (que em inglês corresponde ao aluno que frequentemente atormenta e intimida um colega) e Moro seria a vítima do bullying.
Gabriele Biló não fez apenas uma imagem. Ela enquadrou a mediocridade política tão atual que nem um photoshop cavalar deixaria o Brasil bem na foto.