por Aguinaldo Ramos
Quando o golpe de 1964 ocorreu eu tinha 13 anos, morava perto da refinaria da Petrobras, em Duque de Caxias e, de diferente, notei apenas as tropas do Exército pelas redondezas.
Em junho de 1968, quando da "passeata dos 100 mil" e outras, eu, aos 17 anos, morava em Olaria, nos subúrbios do Rio, e acompanhei pelos jornais.
A partir daí, convivendo com a turma de jovens da igreja local, fui me inteirando da situação. Vieram o AI-5 e o governo Médici e, de repente, eu trocava a pretensão de ser engenheiro pela curiosidade das Ciências Sociais e entrava, em 1971, para o IFCS/UFRJ.
Em 1973, com ainda mais curiosidade sobre a sociedade humana e depois de uns 15 colegas serem presos durante as férias, saltei fora da universidade e tentei, com parceira e amigo, ir de carona até o Chile de Allende. Por falta de dinheiro e, talvez, premonição dos perigos, voltamos de Mendoza, a 100 km da fronteira chilena...
A partir de 1977, fui fotojornalista na Manchete (e outras revistas da Bloch) e no Jornal do Brasil, freelancer na imprensa após 1986 e para empresas no correr dos anos 1990. Em todo esse tempo a minha postura diante de protestos ou arranjos, de lutas ou acordos, sempre foi a da maior "neutralidade" possível: dava atenção à imagem e não às ideias.
Da virada dos anos 2000 para cá, à medida que ressurgia em mim a necessidade de refletir (e de escrever) sobre a convivência humana, fui me envolvendo com (e opinando sobre) temas próximos, até ficarem evidentes os princípios que buscava desde o início: SOMOS TODOS IGUAIS NESSA TERRA E É ASSIM QUE DEVEMOS CONVIVER.
Nos últimos anos, as condições sociais e políticas do Brasil me apontaram que a nossa desigualdade social é não só injusta, mas também praticamente insuportável, tanto para quem a sofre quanto para quem tenha consciência disso. E também me indicaram que só a superação dessa desigualdade social trará paz, desenvolvimento, soberania e, em última instância, felicidade ao povo brasileiro.
Então, hoje, me percebo (e me sinto contente de ser) um cada vez mais intenso ativista político (e social, e cultural etc), entendendo cada vez mais a necessidade de, na medida do possível, estar presente nos atos que constituem a luta por avanços sociais, desde a paciente atuação cotidiana até a emocionante presença em momentos coletivos.
Se a luta é árdua, se há quem não a entenda ou se há os que apenas defendem o seu pequeno mundo, paciência... Importante é que aprendi que essa perspectiva é justa, é construtiva, é libertadora. E, melhor ainda, é que nesta caminhada tenho encontrado companheiros que enquanto me trazem fé e alegria, vão se tornando queridos.
Sobre a foto: A selfie foi feita no Largo da Carioca, em 31/03/2016, durante manifestação contra a ameaça de golpe político-jurídico-midiático em curso no Brasil. A camisa azul, além de indicar que a democracia tem todas as cores, é uma homenagem à comunidade de Vila Autódromo, por sua resistência contra o poder econômico da especulação imobiliária, que lhes é imposta pela Prefeitura do Rio. A camisa vermelha, levada como alternativa, foi improvisada sobre a cabeça, como proteção por conta de uma gripe insistente. Os cabelos brancos são uma espécie de registro desta trajetória. As bandeiras ao fundo dão a localização dessa luta: o povo do Brasil é a referência.
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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sábado, 16 de abril de 2016
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