por José Esmeraldo Gonçalves
No jornalismo investigativo ou não a fonte anônima deve ser secundária no desenvolvimento da apuração. É válida desde que preferencialmente ajude a balizar e orientar a investigação ou a matéria e, ainda, quando narra fatos que testemunhou. Mas fonte anônima que opina? Inusitado.
Um exemplo célebre do uso adequado do anonimato foi o Caso Watergate (a invasão do escritório dos Democratas orquestrada por Richard Nixon e seus capangas republicanos). Os repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward usaram uma fonte secreta, à qual deram o nome de Deep Throat, que não foi a protagonista principal da série de reportagens. Mais do que isso, forneceu caminhos, nomes e locais que levaram a dupla de jornalistas a puxar fios que revelaram a malha de espionagem e manipulação do governo Nixon com fins eleitorais.
Aqui, atualmente, a fonte não identificada calça a especulação, planta opiniões e, não raro, sustenta a pauta que o jornalista já traz pronta da redação. Um roteiro prévio que precisa apenas de um avatar: a fonte sem nome, geralmente fácil de achar e tão secreta quanto o orçamento da Câmara dos Deputados.
No recente episódio da campanha dos principais veículos neoliberais contra a nomeação do economista Marcos Pochmann para o IBGE, uma das jornalistas envolvida nos ataques, a notória Malu Gaspar, conseguiu levantar ainda mais o sarrafo leviano da prática da "fonte não identificada". Ela encaixou um tal de "há quem diga" para encaixar uma suposta "informação".
"Há quem diga" isso, "há que diga aquilo" é uma introdução que aceita qualquer complemento.
Com isso, a "fonte não identificada" acaba de escalar mais um degrau no pódio do jornalismo não confiável.
Como exemplo, finalizo ao estilo vigente entre colunistas: uma fonte ligada ao núcleo duro do Congresso segredou que ouviu do líder de um partido da base que testemunhou uma conversa entre dois políticos próximos ao presidente uma crítica ao jornalismo. Essa pessoa, que pediu para não ser identificada, teria escutado no corredor de uma autarquia que a Abin estaria cogitando botar um caça-fantasmas de plantão em redações e estúdios.
2 comentários:
É que jornalistas tem que se virar e ficar de quatro para encaixar as posições dos patrões nas suas reportagem e artigos.
Brasil tem até jornalista cartomante que que tenta adivinhar o futuro para promover jornalista de ódio. "Se" Pochman manipular os índices do IBGE o Brasil vira uma Argentina. Miriam Leitão obrou essa "aula" essa "aula" de jornalismo de inferior
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