domingo, 16 de julho de 2023

Meu encontro (literal) com Jane Birkin • Por Roberto Muggiati

Jane Birkin morreu aos 76 anos. A causa da morte não foi divulgada.
 Há alguns anos a atriz e cantora sofreu um AVC. 


Com Serge Gainsburg.


Em Cannes, também com Gainsbourg.

Em 1969, ela concorreu ao Festival Internacional do Filme
do Rio de Janeirocom o longa Wonderful 

Jane Birkin chocou as plateias ao currar, com uma amiga, o fotógrafo do filme Blowup (1966), de Antonioni. De periguete anônima nessa cena de sexo explícito, a atriz londrina saltou para protagonista em Wonderwall (1968), com trilha sonora assinada pelo beatle George Harrison. Depois de um casamento-relâmpago com o compositor John Barry, Birkin iniciou um relacionamento com o ator-chansonnier  Serge Gainsbourg, quando contracenaram no filme Slogan. Em 1969, Gainsbourg e Jane gravaram o dueto  Je t'aime... moi non plus. Ele havia escrito a música para Brigitte Bardot, com quem tivera um caso antes de conhecer Jane. Je t’aime provocou um escândalo mundial: interpretada aos sussurros, a canção simulava uma relação sexual, com direito a um orgasmo, encenado (ou, segundo alguns, real) de Jane. Sua execução foi banida nas rádios da Espanha, Islândia, Itália, Iugoslávia, Polônia, Portugal, Reino Unido, Suécia e denunciada publicamente pelo Vaticano. No Brasil, a ditadura militar, rápida no gatilho, proibiu prontamente a canção.

Ouçam AQUI

Je t'aime moi non plus Legendado.Serge Gainsbourg & Jane Birkin -Original videoclip - YouTube

Apesar da imagem festiva na cama, o casamento não se segurou. Jane descreveu Serge como “um homem muito difícil, alcoólatra e violento. ”  A filha, Charlotte Gainsbourg, 51 anos, teve a sorte de herdar o melhor de cada um e se tornou uma grande atriz, com atuações marcantes em Melancholia e Ninfomaníaca. 

Por conta da disponibilidade do repórter, tive com a jovem Jane Birkin um contato físico que eu poderia descrever no mínimo de bizarro. Foi durante a cobertura do 2º Festival Internacional do Filme do Rio de Janeiro, em março de 1969, a serviço da revista Veja, da qual era editor de Artes e Espetáculos. Acompanhava os tititis crepusculares (com duplo sentido) das celebridades na pérgula do Copacabana Palace quando o eterno moleque Roman Polanski arremessou Jane Birkin na piscina famosa. A atriz passou raspando como um rojão, ainda tentou se agarrar a mim, mas felizmente não me levou no seu mergulho azul – logo eu, totalmente enfarpelado. Polanski concorria no festival com o sinistro O bebê de Rosemary, meses antes de ter a mulher Sharon Tate, com bebê na barriga, chacinada em Los Angeles pelos fanáticos do bando de Charles Manson. Jane Birkin representava o filme Wonderwall no festival carioca. O prêmio Gaivota de Ouro coube ao épico hípico argentino Martin Fierro, que nada tinha a ver com aquele mundo maluco em que vivíamos então.

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