segunda-feira, 17 de julho de 2023

Futebol com nome, sobrenome e bola murcha

Imagem reproduzida da Folha de São Paulo 

por Niko Bolontrin

Hoje, na Folha de São Paulo, Ruy Castro deu um chapéu no time do ridículo que joga atualmente nos estádios do Brasileirão. 

O cronista está cheio de razão. 

Tem jogador que gasta mais tempo descolorindo os cabelos do que treinando falta (aliás, já repararam que são cada vez mais raros os gols de falta?). Outros passam horas escolhendo pulseiras e braceletes; alguns se dedicam a ensaiar comemorações; os evangélicos treinam formas de agradecer vitórias a Jesus, ora apontam para o céu na esperança de que os milhares de satélites não atrapalhem o trânsito da mensagem rumo ao Criador, ora se lançam ao gramado em êxtase bíblico etc. 

Garrincha deixava a concentração para ministrar um workshup para suecas interessadas. Não existem mais concentracões monásticas mas, se existissem, os atuais boleiros pulariam o muro sim mas só para fazer uma nova tatuagem. 

Uma das novidades nas transmissões é a nomenclatura dos jogadores: ninguém mais se chama Dé, Fio, Kaká, Zico, Vavá, Almir ou Pelé. Nem Zizinho, Jairzinho, Marinho, Zinho ou Quarentinha. 

A maioria, como observa Ruy Castro, é Raphael Veiga, Paulo Henrique Ganso, Marcos Freitas, Everton Ribeiro, Victor Hugo.

Nos anos 1940 e 1950, nomes e sobrenomes eram reservados para os fora de série. Não era qualquer um que recebia dos locutores a "razão social" completa. Só Ángel Labruna, Adolfo Pederneira, Nilton Santos, Djalma Santos, Ademir Menezes, Alfredo Di Stefano, Jair da Rosa Pinto, entre outros poucos que conquistaram a honraria. 

Hoje, qualquer Zé Mané vira "José Manuel de Souza", vai pro Catar e carimba o passaporte de volta pra casa antes da Copa acabar.


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