quarta-feira, 9 de junho de 2021

O Manifesto da Granja

O manifesto dos jogadores era, há dias, a notícia mais esperada. Até pelo quase ineditismo. Jogador, a grande maioria, normalmente só se manifesta no pagode, na balada ou no baile funk. Claro, a Democracia Corinthiana, um marco histórico, é a exceção que confirma a regra. Desculpe, minto como Pazuello. Jogadores da seleção já fizeram um manifesto, mas era contra a imprensa. 

Não se esperava que o manifesto prometido fosse um chamamento a uma revolução que começaria com os jogadores se recusando a participar a Copa América.  Seria pedir demais, tanto que o que veio foi muito menos. Em Teresópolis, a montanha pariu um frango magrelo e inofensivo. E olha que este blog supersticioso já sugeriu que está na hora de mudar o nome da sede da seleção brasileira, onde o time treina e se concentra. Chama-se Granja Comary. Levanta suspeitas... e a camisa já é amarela. E estamos há 21 anos sem trazer o caneco pra casa. Se não rolar no Catar vamos emplacar 22.

"É um manifesto que não manifesta nada", diz o jornalista José Trajano. De fato, os jogadores se dizem contra a Copa América, mas vão jogar. Mas não explicam porque. Pela pandemia que já matou quase 500 mil brasileiros não é. A Covid-19 nem é citada. Incomodados com a denúncia de assédio sexual que motivou o afastamento do presidente da CBF, Rogério Caboclo, também não é. Pela acusação também de assédio que a Nike fez a Neymar jamais seria. Contra Bolsonaro? Nunca. Ele parece ter mais apoiadores do que opositores na Granja. Falam no manifesto que não querem se meter em política, mas já posaram sorridentes ao lado do Bolsonaro na final da Copa América, no Maracanã, em 2019. Pura política. 

Na época, a Folha ouviu jogadores e apenas um (Everton Cebolinha) declarou não concordar com a "mistura de futebol e política". Miranda, Daniel Alves, Allan, Philippe Coutinho. Thiago Silva, David Neres, Richarlison, Lucas Paquetá, Alex Sandro e Marquinhos aprovaram a "mistura". Fagner, Willian e Cássio, entre outros, puxaram o coro de "mito, mito". Em tempo: sem manifesto mas com atitude Mastercard e AmBev não querem associar suas marcas  à Copa América da pandemia.

Leia a seguir o Manifesto da Granja e tente descobrir o que os jogadores querem dizer.

"Quando nasce um brasileiro, nasce um torcedor. E para os mais de 200 milhões de torcedores escrevemos essa carta para expor nossa opinião quanto a realização da Copa América. Somos um grupo coeso, porém com ideias distintas. Por diversas razões, sejam elas humanitárias ou de cunho profissional, estamos insatisfeitos com a condução da Copa América pela Conmebol, fosse ela sediada tardiamente no Chile ou mesmo no Brasil. Todos os fatos recentes nos levam a acreditar em um processo inadequado em sua realização. É importante frisar que em nenhum momento quisemos tornar essa discussão política. Somos conscientes da importância da nossa posição, acompanhamos o que é veiculado pela mídia mídia estamos presentes nas redes sociais. Nos manifestamos, também, para evitar que mais notícias falsas envolvendo nossos nomes circulem à revelia dos fatos verdadeiros. Por fim, lembramos que somos trabalhadores, profissionais do futebol. Temos uma missão a cumprir com a histórica camisa verde amarela pentacampeã do mundo. Somos contra a organização da Copa América, mas nunca diremos não à Seleção Brasileira."

Um comentário:

J.A.Barros disse...

Uma declaração contraditória, que depois de afirmar que é contra a realização da Copa América no brasil, para no fim afirmar que seguirá a determinação da CBF e atenderá à convocação da Seleção brtasileira