Flagrado no bueiro, de máscara (Reprodução/Arquivo pessoal) |
Conhecida como “Capital Nacional da Logística” e “Terra da Uva”, Jundiaí é o sétimo município mais rico de São Paulo e tem o 18º PIB do Brasil, à frente de dez capitais. Seu índice de desenvolvimento humano em 2013 foi o 11º do país e o 4º do estado.
Segundo a FIERJ, Jundiaí é a 9.ª cidade com maior qualidade de vida do Brasil. Estatísticas são estatísticas. No último Dia dos Namorados, um homem de 35 anos foi encontrado por PMs dentro de um bueiro no bairro jundiaiense de Vila Bandeirantes. Por volta das nove horas de sábado, os soldados Alirando e Cleon, informados de que um morador de rua costumava dormir toda noite dentro de um bueiro, foram conferir. (A delação indica que o exótico pernoite deveria estar incomodando a comunidade.)
Segundo as folhas locais, “o homem ainda estava dentro do bueiro e chorou durante a conversa com os policiais, alegando que tem problemas com drogas e que estava sentindo frio e dores nas pernas. Disse também que tinha perdido o contato com a família.”
O policial Cleon tentou levá-lo ao abrigo da prefeitura, mas o homem se recusou. Os PMs lhe deram uma barra de chocolate e saíram para buscar comida. Ao voltarem, o homem tinha desaparecido. As autoridades não revelaram sua identidade, apenas a informação de que tem 35 anos.
Mais estatísticas: a prefeitura de Jundiaí diz que este ano fez 214 abordagens a pessoas em situação de rua (sic), mas nem todas são encaminhadas para abrigos, porque muitas não querem. Quem se recusa, recebe cobertores, roupas para frio, comida e kits de higiene.
Trinta e cinco anos: a idade de Joseph K em O processo; de Leopold Bloom no dia da sua vida em Ulisses; de Jay Gatsby ao ser assassinado na piscina de sua mansão. A esta altura o homem, com a barra de chocolate derretida no bolso da calça, já deve ter pegado a estrada em busca de outro bueiro em outra cidade. Bueiro rima com brasileiro. A propósito: a padroeira de Jundiaí é Nossa Senhora do Desterro.
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