terça-feira, 2 de julho de 2019

GP de Fórmula 1 no Aterro do Flamengo: uma polêmica no grid de largada

Aterro do Flamengo: pista de GP de Fórmula 1. Foto de Alexandre Macieira/Riotur

O Aterro é tombado e a ideia de receber uma corrida da F-1 é polêmica. Mas o cenário seria o mais belo do mundo. Foto de Pedro Kirilos/Riotour. 

Em torno da polêmica sobre a construção de um autódromo no Rio para receber um GP de Fórmula 1, o colunista Ancelmo Góes, do Globo, sugeriu ontem o Aterro do Flamengo como palco de uma eventual prova da categoria.

A ideia não é nova. Em 2009, foi cogitada pela prefeitura a realização de uma corrida da Fórmula Indy no mesmo local. O acordo não prosperou. Vários GPs internacionais são realizados em parques. Assim o Canadá (Île de Notre-Dame, em Montreal), Cingapura (no Marina Bay) e Melbourne (no Albert Park) montam seus circuitos.

O Rio ficou sem autódromo quando ganhou o direito de sediar a Olimpíada de 2016 e a prefeitura usou o terreno para construir o Parque Olímpico, em Jacarepaguá. Em troca, ficou a promessa de  erguer um autódromo em Marechal Deodoro. A nova pista jamais foi construída e o projeto é agora questionado pelo Ministério Público por supostas irregularidades na concessão a empresário privado, além de não ter licença ambiental, já que destruirá área da Mata Atlântica.

Faltaram inteligência e mais critério com verbas públicas aos criadores do Parque Olímpico. Exemplo não faltou. Na mesma época em que o Rio começava a preparar as suas instalações para 2016, a Rússia mostrava o que fazer. Sochi, sede da Olimpíada de Inverno de 2014, construiu seu belo parque olímpico com ginásios e áreas para as diversas modalidade e nos amplos espaços entre as instalações montou a pista que sedia o GP da Rússia. De quebra, no mesmo local, foi erguido o estádio que recebeu jogos da Copa do Mundo 2018.

Circuito da Gávea, 1934, no início da Avenida Niemeyer

Na Marquês de São Vicente. Reprodução
Vale lembrar que entre 1933 e 1954, o Rio tinha o seu GP, corrida internacional disputada nas ruas. Era o Circuito da Gávea que, a partir de 1950, recebeu provas da Fórmula 1.


Os carros percorriam as ruas Marquês de São Vicente, Estrada da Gávea, Avenida Niemeyer, Visconde de Albuquerque, Bartolomeu Mitre, contornando o Morro Dois Irmãos. Manchete (acima) cobriu a prova de 1954.

Transformar o Aterro em pista certamente vai gerar discussão. Os projetistas de circuitos encontrariam uma solução para aproveitar as duas longas retas do parque, com curvas nos retornos. O local é tombado e os jardins de Burle Marx ficariam expostos a danos, mas tecnicamente seriam protegidos. Só a Federação Internacional de Automobilismo e a FOCA (Formula One Constructor´s Association), que controla a Fórmula 1, poderia aferir a qualidade do asfalto, se apto ou não a receber os Mercedes, Ferrari, Renault, RBS etc.

Polêmica teria, caso a ideia fosse em frente. Mas uma coisa é certa: o cenário carioca seria campeão mundial.

3 comentários:

Igor disse...

Acho que o Aterro é lugar de lazer da população e não de eventos comerciais

Telles disse...

Dou a maior força. Não seria preciso construir um autódromo.

J.A.Barros disse...

Igor tem toda razão. Depois de cada corrida seria necessário construir um novo aterro. O Aterro é o jardim do Rio de Janeiro.