domingo, 28 de dezembro de 2014

Rua do Russell: leiloeiro bate o martelo na memória de um bar que quase não existiu...

por BQVManchete
Não era bem um botequim. No local funcionou, se não me engano, uma associação de classe, que mantinha um bar, acho que não-oficial, sem maiores estruturas, aberto para não-sócios. Não demorou a virar um point para alguns funcionários da extinta Bloch. Ficava na cobertura do Edifício Ipú, um belo prédio construído em 1935 (projeto de Ari Leon Rey e Floriano Brilhante), um dos símbolos da arquitetura art déco do Rio de Janeiro. O terraço, colado ao Hotel Glória, com ampla vista para o Aterro, foi palco de happy hours memoráveis pré ou pós-fechamentos, que ninguém era de ferro. O bar quase improvisado, com cara de cantina, não tinha nome, mas ganhou vários apelidos da turma. Um deles, "Jornada nas Estrelas". Não durou muito e acho até que só sobreviveu enquanto durou por conta da freguesia que trabalhava uns trezentos metros ao lado, em outro prédio da mesma Rua do Russell, o da Manchete, também símbolo da arquitetura, no caso o modernismo de Oscar Niemeyer. Por que mesmo esse tema surge on the rocks? Um anúncio pop up no portal da Folha, hoje, trouxe de volta a imagem do terraço do "Jornada". O site Lance Judicial Leilões Eletrônicos (clique no link) anuncia que vai bater o martelo para vender a cobertura do Edifício Ipú. daqui a pouco mais de 60 dias. O lance inicial é de R$1.890,00, segundo os leiloeiros. Alguém se habilita?
Mas o valor não inclui o "patrimônio imaterial" das conversas etílicas devidamente ali jogadas fora lá pelo começo dos anos 80, revisitado rapidamente neste curto post e nas imagens abaixo.
Como se diz de Las Vegas, o que aconteceu no "Jornada" ficou no "Jornada".

O "Jornada", point quase improvisado, ficava no último andar do Ipú. Foto: Reprodução Facebook
O terraço agora vazio do prédio, jóia da art déco carioca. Foto; Reprodução site Lance Judicial

Foto: Reprodução site Lance Judicial


Um comentário:

J.A.Barros disse...

Amilde Pedrosa, o App, morava nesse edifício. ele era um artista e trabalhava na revista O Cruzeiro era o caricaturista da política e dos políticos do momento.
Na ocasião, trabalhavam no O Cruzeiro famosos desenhistas como o Pericles, criador do Amigo da Onça, Carlos Estevão desenhista, Borjalo que criou os bonecos sem boca, Millor Fernandes e no final o Claudius cartunista famoso. Era uma casa cheia de craques do pincel.