por BQVManchete
Não era bem um botequim. No local funcionou, se não me engano, uma associação de classe, que mantinha um bar, acho que não-oficial, sem maiores estruturas, aberto para não-sócios. Não demorou a virar um point para alguns funcionários da extinta Bloch. Ficava na cobertura do Edifício Ipú, um belo prédio construído em 1935 (projeto de Ari Leon Rey e Floriano Brilhante), um dos símbolos da arquitetura art déco do Rio de Janeiro. O terraço, colado ao Hotel Glória, com ampla vista para o Aterro, foi palco de happy hours memoráveis pré ou pós-fechamentos, que ninguém era de ferro. O bar quase improvisado, com cara de cantina, não tinha nome, mas ganhou vários apelidos da turma. Um deles, "Jornada nas Estrelas". Não durou muito e acho até que só sobreviveu enquanto durou por conta da freguesia que trabalhava uns trezentos metros ao lado, em outro prédio da mesma Rua do Russell, o da Manchete, também símbolo da arquitetura, no caso o modernismo de Oscar Niemeyer. Por que mesmo esse tema surge on the rocks? Um anúncio pop up no portal da Folha, hoje, trouxe de volta a imagem do terraço do "Jornada". O site Lance Judicial Leilões Eletrônicos (clique no link) anuncia que vai bater o martelo para vender a cobertura do Edifício Ipú. daqui a pouco mais de 60 dias. O lance inicial é de R$1.890,00, segundo os leiloeiros. Alguém se habilita?
Mas o valor não inclui o "patrimônio imaterial" das conversas etílicas devidamente ali jogadas fora lá pelo começo dos anos 80, revisitado rapidamente neste curto post e nas imagens abaixo.
Como se diz de Las Vegas, o que aconteceu no "Jornada" ficou no "Jornada".
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O "Jornada", point quase improvisado, ficava no último andar do Ipú. Foto: Reprodução Facebook |
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O terraço agora vazio do prédio, jóia da art déco carioca. Foto; Reprodução site Lance Judicial |
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Foto: Reprodução site Lance Judicial |
Um comentário:
Amilde Pedrosa, o App, morava nesse edifício. ele era um artista e trabalhava na revista O Cruzeiro era o caricaturista da política e dos políticos do momento.
Na ocasião, trabalhavam no O Cruzeiro famosos desenhistas como o Pericles, criador do Amigo da Onça, Carlos Estevão desenhista, Borjalo que criou os bonecos sem boca, Millor Fernandes e no final o Claudius cartunista famoso. Era uma casa cheia de craques do pincel.
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