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por Gonça
Na sua coluna na Folha de São Paulo de hoje, Janio de Freitas pede transparência da função da imprensa nesse turbilhão do Caso Cachoeira, que envolve políticos, empresários, partidos, autoridades, empresas e obras públicas. Alguns jornalistas e publicações estão citados ou gravados nas interceptações telefônicas. Devem ser convocados à CPI. É sempre perigosa, embora muitas vezes necessária para a apuração de um fato, a relação entre o repórter e fonte ou fontes criminosas. O cuidado que o jornalista deve ter nessas situações é não se deixar usar, não servir a propósitos que vão além da busca da informação. Se entrar no toma-lá-dá-cá e baganhar a informação exclusiva em troca de interesses da fonte, deixa de ser repórter e passa a ser mero instrumento.
O colunista se refere à "censura democrática" que ronda redações. Existe. Durante a ditadura, esse tipo de censura, que geralmente parte de politicos amigos dos proprietários dos veículos ou de anunciantes importantes, perdeu espaço para a censura oficial, muito mais metódica e eficiente. Com a queda dos militares, a "censura democrática" voltou à ativa. Não seria exagero dizer que nenhum veículo escapa. É conhecido o caso Manchete versus Varig. Quando caiu um Boeing da empresa em Paris, a revista publicou em página dupla uma foto do jato, com o imenso logotipo Varig, caido em um campo nas proximidades do aeroporto de Orly. Como se sabe, o avião sofreu um incêndio a bordo. Foram centenas de vítimas. Um foto dramática. A publicação da matéria e o destaque que recebeu da revista - naquele acidente morreram, entre outros, o cantor Agostinho dos Santos, a socialite Regina Rosemburgo, o funcionário da ditadura Felinto Muller - incomodaram a empresa que passou mais de um década sem anunciar na Manchete. Jânio dá outro exemplo, reproduzido acima. O caso em que Adolpho Bloch recebeu pressão de um anunciante, nos tempos da Guerra Fria, contra a publicação de reportagem de Justino Martins sobre a então União Soviética. Há muito outros casos de "censura amiga". Até o então poderoso presidente de um clube de futebol ligou para Adolpho Bloch pedindo a cabeça de um repórter que o desagradara. A matéria com o tal presidente foi publicada sem censura e o repórter (da Fatos&Fotos) não perdeu o emprego. Qualquer jornalista sabe que todos os veículos têm sua história para contar, ou não contar, como a maioria o faz, dessa tal e sorrateira "censura amiga". Ela existe, repito, acontece entre luvas e coqueteis e é ativíssima. É a censura privê, da área vip.Já causou, causa e causará muitas demissões de bons profissionais.
Na sua coluna na Folha de São Paulo de hoje, Janio de Freitas pede transparência da função da imprensa nesse turbilhão do Caso Cachoeira, que envolve políticos, empresários, partidos, autoridades, empresas e obras públicas. Alguns jornalistas e publicações estão citados ou gravados nas interceptações telefônicas. Devem ser convocados à CPI. É sempre perigosa, embora muitas vezes necessária para a apuração de um fato, a relação entre o repórter e fonte ou fontes criminosas. O cuidado que o jornalista deve ter nessas situações é não se deixar usar, não servir a propósitos que vão além da busca da informação. Se entrar no toma-lá-dá-cá e baganhar a informação exclusiva em troca de interesses da fonte, deixa de ser repórter e passa a ser mero instrumento.
O colunista se refere à "censura democrática" que ronda redações. Existe. Durante a ditadura, esse tipo de censura, que geralmente parte de politicos amigos dos proprietários dos veículos ou de anunciantes importantes, perdeu espaço para a censura oficial, muito mais metódica e eficiente. Com a queda dos militares, a "censura democrática" voltou à ativa. Não seria exagero dizer que nenhum veículo escapa. É conhecido o caso Manchete versus Varig. Quando caiu um Boeing da empresa em Paris, a revista publicou em página dupla uma foto do jato, com o imenso logotipo Varig, caido em um campo nas proximidades do aeroporto de Orly. Como se sabe, o avião sofreu um incêndio a bordo. Foram centenas de vítimas. Um foto dramática. A publicação da matéria e o destaque que recebeu da revista - naquele acidente morreram, entre outros, o cantor Agostinho dos Santos, a socialite Regina Rosemburgo, o funcionário da ditadura Felinto Muller - incomodaram a empresa que passou mais de um década sem anunciar na Manchete. Jânio dá outro exemplo, reproduzido acima. O caso em que Adolpho Bloch recebeu pressão de um anunciante, nos tempos da Guerra Fria, contra a publicação de reportagem de Justino Martins sobre a então União Soviética. Há muito outros casos de "censura amiga". Até o então poderoso presidente de um clube de futebol ligou para Adolpho Bloch pedindo a cabeça de um repórter que o desagradara. A matéria com o tal presidente foi publicada sem censura e o repórter (da Fatos&Fotos) não perdeu o emprego. Qualquer jornalista sabe que todos os veículos têm sua história para contar, ou não contar, como a maioria o faz, dessa tal e sorrateira "censura amiga". Ela existe, repito, acontece entre luvas e coqueteis e é ativíssima. É a censura privê, da área vip.Já causou, causa e causará muitas demissões de bons profissionais.
2 comentários:
Sei de um fotógrafo de um grande jornal que foi demitido porque a mulher de um banqueiro, anmigo da família proprietária, não gostou de uma foto que saiu em um dos suplementos dominicais do tal jornsal, que não é pequeno e não é do Nordeste mas de uma grande capital.
É muito comum, em empresas jornalísticas sob gestão de grupos familiares ocorrerm fatos dessa ordem. No Brasil, ainda são famílias que sãs donas de grandes jornais, estações de TV, enfim a mídia falada, escrita e televisiva. Nã será nem preciso citar o nome dessas empresas porque todos sabem de cor.
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