sábado, 20 de fevereiro de 2010

A imprensa e as eleições


por Gonça
A Época dessa semana publica capa e entrevista com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, pré-candidata à Presidência da República. A propósito, o diretor de redação da revista, Helio Gorovitz, escreve: "Entrevistas como a desta edição - conduzida pelo chefe da sucursal de Brasília, Eumano Silva, pelo editor executivo Guilherme Evelin e por mim - cumprem um dos papéis primordiais de uma revista num ano eleitoral: apresentar aos leitor as ideias, a personalidade e os atos dos candidatos. Só com informações precisas, contextualizadas e honestas podemos ajudar você a decidir quem merece guiar o Brasil a partir do ano que vem." . Ok, perfeito. Mas a imprensa brasileira deveria, neste ano eleitoral, seguir bons exemplos de grandes jornais e revistas internacionais e declarar em editorial a posição política da publicação. Deixar claro para os leitores quem, entre os canditados apresentados, o grupo editorial apoiará. Para usar a explanação do Gorovitz: se a Época leva ao leitores (para ajudá-los a saber em quem votar)   "informações precisas" sobre cada candidato, deduz-se que de posse das informações que levantou a Época terá totais condições de fazer também a sua escolha. É simples.  Sabemos que "informações precisas", "contextualizadas" e "honestas" são para a grande imprensa conceitos relativizados, sujeitos a chuvas e trovoadas, como vimos em tantas eleições. Honestidade, de fato, é o veículo declarar seu candidato e, a partir daí, tornar mais clara e "precisa" a leitura das suas reportagens. O dicionário diz que isento é aquele "livre, desembaraçado, limpo de culpa, independente, que julga sem parcialidade, sem paixão, imparcial, neutro". Leu? Conhece uma pessoa isenta ou um jornal, uma revista, uma TV, um site? Um vizinho, um poste isento, que seja? Pois é: não existe.    

2 comentários:

Milfont disse...

Acho perfeita a colocação. Seria muito mais ético e honesto por parte da imprensa. Aliás, a tradição no Brasil, mesmo que isso fosse possível, não é de isenção. Brizola e Lula que o digam e que foram vítimas de verdeiros complôs por parte de grupos de comunicaçao. Podeomos agora até não saber quem a mídia apoiará mas sabemos com toda certeza quem eles não apoiarão. O diretor da Época ou é muito ingênuo ou crédulo ou as duas coisas: acho que até ele sabe que isenção é conto de fadas. Por tudo isso, concordo, eles deveria declarar o candidato.

deBarros disse...

A isenção é um dos alicerces da democracia. Mas, como não existe regime politico perfeito e muito menos o regime democrático, chegamos a triste conclusão que a democracia se existiu, em sua forma mais perfeita teria sido na Grécia de Sócrates, onde ela foi inventada e posta em prática. No mundo ocidental a democracia, esse regime político, hoje, adotado em sua maioria por esses paises, que constituem o mundo ocidental, procura insistentemente, exercer esse regime dentro mais rígidos de seus parâmetros. Ora, exigir que os veiculos de comunicação sejam isentos no processo político de seus países, seria o mínimo que seus governos assim agissem. Mas, nào é o que acontece. Como sempre os governos se mantem omissos e deixam essa leviandade correr solta, até porque é do do seu interesses que essa prática – deshonesta – continue a ser praticada. O que é uma pena e uma tristeza que mancha o "governo que é do povo, pelo povo e para o povo", pelas palavras de Abraham Lincoln.