terça-feira, 4 de agosto de 2015

Revista Estilo: capa com recurso interativo e parceria com blogueira. É a dura luta pela sobrevivência

A blogueira Camila Coutinho mostra
o recurso interativo da capa da Estilo.
por Clara S. Britto
Haja criatividade para garantir um espaço. Acossadas pela internet, as revistas dão asas à imaginação. A Estilo, edição de agosto, vem com uma capa interativa. As leitoras que baixarem o app Tv Estilo poderão ver e ouvir a imagem em movimento. No miolo da publicação, outras matérias também poderão se acessadas. Para isso, o smartphone ou o tablet deverá ser posicionado na capa. Aliás, na capa da Estilo está a blogueira Camila Coutinho. É outro detalhe a comentar. As blogueiras com grande audiência em blogs e no You Tube são fortes concorrentes das revistas femininas no importante quesito comercial. Grandes marcas de cosméticos, principalmente, incluindo uma das maiores em atuação no Brasil, além de redes de lojas, cortaram verbas para impresso nos últimos anos e direcionaram publicidade para as principais blogueiras. Daí, promovê-las, embora elas nem precisem disso, pode ser um tiro a mais no pé, segundo um especialista de um departamento comercial de uma grande editora. Provavelmente a Estilo está buscando um tipo de parceria com base no ditado "se não pode com a 'inimiga', junte-se a ela". A conferir. O fato é que algumas blogueiras de moda somam enorme audiência, na casa dos milhões de visitas e de pageviews. Daí, aproximar-se desse público - a revista Glamour também quer ser "amiguinha" das blogueiras e já ilustrou capa com a espécie -, pode ser positivo para uma revista impressa. Esse tipo de recurso se soma - e não só no Brasil - a um zilhão de ideias dos revisteiros para sair da crise ou para respirar por mais alguns anos. A maioria dessas "ferramentas" são engraçadinhas mas não costumam resultar em aumento real de circulação e de publicidade que é o nó que os editores do meio impresso tentam desfazer. E vão continuar tentando.
Veja no You Tube: Camila Coutinho ensina as leitoras da Estilo a interagir com a capa. Clique AQUI 

Novo satélite meteorológico francês pode antecipar em seis horas alertas de tempestades e, por tabela, mostrou a poluição da Baía da Guanabara

Rio de Janeiro fotografado pelo MSG-4. Foto Eumetsat
Lançado há poucos dias, o satélite meteorológico MSG-4, da série Meteosat de segunda geração, só ficará completamente operacional no fim do ano, mas já capturou as primeiras fotos da Terra. O novo satélite é europeu e poderá antecipar em até seis horas os alertas sobre tempestades, furacões, tornados. A Agência Espacial Europeia (ESA) e o EUMETSAT lançaram o satélite MSG-4 no dia 15 de julho a bordo de um foguete Ariane 5 da base de Kuru, na Guiana Francesa. Ainda em testes, o equipamento fotografou várias capitais, incluindo o Rio de Janeiro. Involuntariamente, o MSG-4 vai fazer esquentar a polêmica sobre a poluição da Baía da Guanabara. O satélite mostra perfeitamente as manchas causadas por derramamento de esgoto e óleo nas imediações da Ponte Rio-Niteroi, Galeão e Ilha do governador, na parte de cima da foto, mas não exatamente na área, que não aparece na imagem, onde serão disputadas provas olímpicas de iatismo.

Londres. Foto Eumetsat


Nova York. Foto Eumetsat

Artista holandês cria uma nova "igreja". McDonald's nosso que estás no céu...


McDonald's: embalado com fé. Foto Divulgação

McFritas que levam ao paraíso. Foto Divulgação

O personagem Ronald McDonald's ganhou figurino divino. Foto Divulgação
por Clara S. Britto
Uma instalação provocativa do artista plástico holandês Casper Braat dá o que falar. Ele transformou os elementos do Mc Donald's em adereços "religiosos". Trata-se de uma  alegoria ao conceito fast food popularizado pelae rede e levado à prática por certos setores da sedutora e lucrativa indústria da fé em muitos países, especialmente os mais pobres. Braat incorpora as críticas à mega-franchise de comida rápida desde a suspeita quanto à qualidade dos ingredientes às denúncias de problemas trabalhistas envolvendo emprego de menores.A exposição está em cartaz na Gerrit Rietveld Academie, em Amsterdam e foi notícia no site PSKF. Leia mais, clique AQUI. 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

ONU convida para evento no Rio para discutir regulação da mídia e liberdade de expressão


Mesa-redonda acontece na quinta-feira, 6 de agosto, às 19h00, na sede do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro e contará com a presença do relator especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, Edison Lanza.
O Centro de Informação da ONU (UNIC Rio), em parceira com o Coletivo Intervozes e o Instituto de Estudos Socais e Políticos (IESP) da UERJ e apoio do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, convidam para a mesa-redonda “O papel da regulação da mídia na liberdade de expressão”.
O evento acontece na quinta-feira, 6 de agosto, às 19h00, na sede do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro (Rua Evaristo da Veiga, 16 – Centro).
A mesa-redonda contará com a participação do relator especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), Edison Lanza. Também farão parte da mesa a deputada federal Jandira Feghali e a professora Suzy dos Santos, da Escola de Comunicação da UFRJ.
O objetivo do encontro é conhecer a experiência latino-americana e internacional de regulação da mídia e seus impactos na liberdade de expressão e discutir a implementação destas políticas no Brasil.
Serviço
Mesa-redonda: O papel da regulação da mídia na liberdade de expressão
Local: Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro – Rua Evaristo da Veiga, 16 – Centro
Data: 6 de agosto – 19 horas (Atenção: a entrada do prédio do Sindicato fecha às 20h)
(Fonte)
Informações para a imprensa
Valéria Schilling e Gustavo Barreto
Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio)
(21) 2253-2211 e (21) 98202-0171 | (21) 98185-0582
valeria.schilling@unic.org | barretog@un.org

Do Facebook de Romário (a polêmica do extrato falso...)

por Omelete
Romário era imbatível na pequena área. E o baixinho demonstra, agora, que é carne de pescoço também ao reagir contra a mídia em razão do que mostrou ser uma mentira. Ao ser acusado de ter conta milionária no exterior, ele inicialmente achou ótimo, agradeceu, disse que se a conta existisse seria, com certeza, dinheiro que ganhou trabalhando na Europa, e se mandou para a Suiça para conferir o fato. O banco comprovou que o tal extrato era falso. Quer dizer que alguém entrega um papelucho qualquer em uma redação e neguinho publica sem sequer apurar? O Peixe o o banco vão exigir retratação nos tribunais. E Romário tem sacaneado no Face, com o apoio da maioria dos internautas, os tais responsáveis pela notícia. Entre outras coisas, ele pede que digam como obtiveram o extrato, já que a preservação de fontes jornalísticas não é feita para proteger falsificações. Leia um dos posts de Romário:
Galera, 
Estou até agora aguardando uma resposta dos repórteres, editores e da revista Veja sobre o extrato falso de banco que eles usaram para divulgar que eu tinha uma conta milionária na Suíça. Avisei aos repórteres Thiago Prado e Leslei Leitão que era mentira, mas mesmo assim eles levaram a matéria adiante, assumindo a responsabilidade da publicação. Então, eles devem responder agora. De onde veio o documento? Está mais que na hora dos veículos de imprensa, tão essenciais para nossa democracia, assumirem a responsabilidade pelas informações publicadas. Neste caso, sendo um documento falso, o sigilo da fonte não é garantido. Eles têm que revelar qual a origem do documento.
E LEIA MAIS NO TIJOLAÇO, CLIQUE AQUI

DESDOBRAMENTO DO CASO: EM 5/8/2015, A VEJA RECONHECEU O ERRO E PEDIU DESCULPAS A ROMÁRIO DEPOIS QUE O JOGADOR PUBLICOU NA SUA PÁGINA NO FACEBOOK DOCUMENTO DO BANCO SUIÇO QUE ATESTA QUE O EXTRATO USADO  NA MATÉRIA"INVESTIGATIVA" DA REVISTA É FALSO.  O JOGADOR CONFIRMOU QUE VAI PROCESSAR A PUBLICAÇÃO E PEDIR À JUSTIÇA QUE OBRIGUE OS JORNALISTAS ENVOLVIDOS A REVELAREM COMO OBTIVERAM O EXTRATO FALSO. 
PARA FALSIFICAÇÃO E USO DE DOCUMENTO LIGADO A ESTELIONATO OU CAPAZ DE INDUZIR ALGUÉM A UMA FALSA CONCEPÇÃO, O SIGILO DA FONTE NÃO SE ENQUADRA. MONSIEUR ROMÁRIO FEZ O BÁSICO, QUE OS REPÓRTERES DEVERIAM TER FEITO: CHECAR JUNTO AO BANCO.  ISSO APESAR DE O BAIXINHO TER, SEGUNDO INFORMA, ALERTADO À REVISTA, ANTES DA PUBLICAÇÃO DA MATÉRIA, QUE NÃO ERA TITULAR DA CONTA MENCIONADA. OS JORNALISTAS, SEGUNDO ELE, INSISTIRAM NA VERACIDADE DO DOCUMENTO. O JOGADOR VAI PEDIR UMA INDENIZAÇÃO DE SETE VEZES O VALOR "DENUNCIADO" NA CONTA FALSA. O BANCO TAMBÉM ABRIU PROCEDIMENTO JURÍDICO.  SE FOSSE UMA DECISÃO DE CAMPEONATO , OS LOCUTORES REGISTRARIAM QUE O BAIXINHO DRIBLOU NA PEQUENA ÁREA, DEU UM CHAPÉU, METEU POR BAIXO DAS PERNAS, DEIXOU OS ADVERSÁRIOS SENTADOS NA GRAMA E FEZ UM GOL DE PLACA. MAS FALANDO-SE DA PERFORMANCE DO OUTRO TIME, UMA BOLA QUADRADA DIGNA DE PERNAS DE PAU.  




UFC: Ronda Rousey não perdoa. Brasileira Bethe Correa é "atropelada" por "carreta desgovernada" e não pega nem a placa...



A "bomba atômica" fatal. Foto Alexandre Loureiro/Inovafoto/UFC

Dormindo com a inimiga... Foto de Alexandre Loureiro/UFC


Ronda Rousey comemora a vitória-relâmpago. Foto de Alexandre Loureiro/UFC
por Omelete
A verdade é que alguns lutadores brasileiros ultimamente estão apanhando mais do que massa de pizza prensada pelo incrível Hulk. UFC e MMA viraram, aparentemente, parque de diversões pros gringos e o jogo da hora é botar brazuka pra dormir. A última a desabar no ringue foi Bethe Correa. A americana Ronda Rousey precisou de apenas 34 segundos para socar pro espaço a brasileira que mostrou que foi melhor na hora de fazer as encaradas feias e supostamente ameaçadoras antes da luta do que propriamente na hora do vamos ver. Algumas avaliações de "especialistas" também foram pro buraco. Na véspera da luta, eles falavam que bastava a Bethe não cair no "único golpe" da americana - medalhista olímpica em judô - a famosa chave de braço. Falaram que se ficasse em pé e lutasse boxe, Bethe apagaria Ronda. Não rolou. Ronda detonou a brasileira em pé mesmo. Quando Bethe foi ao chão já estava dormindo. E quando voltou a ficar de pé já nem sabia onde estava, se na Lua ou em Marte. Bethe, involuntariamente, botou uma gás extra em Ronda Rousey. Entre as provocações, falou era melhor a americana "não se matar" após perder a luta. Pegou mal: na vida real, o pai de Rhonda se suicidou quando ela ainda era criança. Daí a frase da vencedora, após a vitória, ao dizer que esperava que ninguém nunca mais falasse da sua família. Bethe pediu desculpas, falou que não sabia do fato, mas já era tarde. Ronda, que teria chorado ao saber da declaração, já estava invocada e o soco demolidor já pronto. Mas a verdade é que nem precisava do "incentivo". A americana, com um histórico arrasador, está muito acima das suas atuais desafiantes.
Na véspera da luta, duranrte a pesagem, a encarada que não assustou Ronda Rousey. Foto Alexandre Loureiro/UFC

sábado, 1 de agosto de 2015

1° de agosto, 15 anos de desgosto e de pequenas vitórias

Por ROBERTO MUGGIATI

No dia 1º de agosto de 2000, com a falência de Bloch Editores, foram sumariamente fechadas as portas do majestoso complexo arquitetônico da Praia do Flamengo que durante três décadas abrigou o império de comunicações da Manchete, que abrangia revistas, serviços gráficos, emissoras de rádio e uma rede nacional de televisão. Numa operação rápida e cirúrgica, oficiais de justiça lacraram as entradas dos três prédios desenhados por Oscar Niemeyer, depois de evacuarem os funcionários que ainda se encontravam no seu local de trabalho. Num procedimento de cruel frieza, os novos desempregados sofreram ainda a humilhação de serem minuciosamente revistados antes de chegarem ao “olho da rua...”
Muita coisa ficou para trás nas redações, além das memórias. Pertences pessoais nas gavetas, agasalhos para proteger do ar refrigerado excessivo (nos bons tempos em que o ar ainda era ligado), livros, cadernos de anotações e agendas, e outros itens que variavam de funcionário a funcionário. Os mais antigos, tinham o privilégio de possuir armários trancados a chave onde guardavam até ternos, camisas sociais e gravatas para ocasiões mais festivas. Nos computadores, ficaram também para sempre pedaços da vida de cada um: e-mails íntimos, textos mais pessoais, até algum romance destinado a publicação que tiraria o seu autor do obscuro papel de escriba utilitário, alçando- à fama e fortuna.
Em depoimento no livro Aconteceu na Manchete (Desiderata, 2008), o coordenador de reportagem José Carlos Jesus lembrou aquela terça-feira sombria:

“Quando o telefone da minha mesa tocou, me veio um estranho pressentimento. Tive a certeza de que aquela ligação estava me trazendo alguma coisa de muito grave. Do outro lado da linha, a voz, um tanto autoritária, logo confirmou. A ordem era que juntássemos todos os nossos pertences e nos retirássemos da sala e deixássemos o prédio o mais rápido possível. Só nos restava obedecer. Foi o que fizemos. A Bloch acabava ali. Para aqueles profissionais, uns, como eu, com trinta anos de trabalho, outros com quarenta, era o ponto final de um longo tempo de dedicação a uma empresa que já fazia parte da nossa vida, do nosso corpo e da nossa alma. Levei algum tempo para administrar o choque. ‘E agora? ’, perguntávamos a nós mesmos, entre lágrimas e perplexidade.”


Na foto, de 2012, Jileno Dias, José Carlos
e Nilton Rechtman na coordenação de uma das assembleias
do auditório do sindicato. Ao longo de 15 anos,
foram dezenas de reuniões que orientaram e reforçaram
as reivindicações dos ex-funcionários da Bloch junto à
Massa Falida da empresa.
O choque levou alguns anos para ser absorvido. E foi o mesmo José Carlos Jesus o primeiro a sair do estado de catatonia e inércia – e a propor ações concretas que garantissem os direitos dos ex-funcionários e os levassem a receber o que lhes era licitamente devido como credores da Massa Falida de Bloch Editores.
Foi uma longa luta, iniciada em 2004, durante a qual José Carlos sacrificou sua vida pessoal em função do trabalho pela causa comum. Designado presidente da Comissão dos Ex-Empregados de Bloch Editores, ele enfrentou as piores vicissitudes, entre elas o afastamento de sua família, que foi para os Estados Unidos em busca de melhores condições de vida. Aos poucos, com sua inteligência e espírito de solidariedade, familiarizou-se com os meandros do labirinto jurídico e, com rara diplomacia, costurou todas as alianças possíveis (entre Justiça, Ministério Público e Massa Falida) que pudessem beneficiar a causa dos ex-funcionários e de suas famílias – uma comunidade de 2.500 pessoas que passou por terríveis momentos de crise que incluíram casos de doença, alcoolismo, morte e até fome e suicídio.
A liderança de José Carlos resultou em vitórias: o recebimento do valor “principal” da dívida, em 2009, três rateios da correção monetária, em 2012, 2013, 2014 e agora um quarto rateio prestes a ser iniciado. Ele pagou um alto preço: as pressões psicológicas que sofreu causaram danos à sua saúde e comprometeram seu coração. Felizmente, uma intervenção cirúrgica de quase oito horas, há poucos meses, o brindou com um coração novo. Vamos à luta, companheiros!

Ontem, no Auditório do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, os ex-funcionários da Bloch se reuniram para mais uma assembleia. Uma década e meia após a falência da Bloch, a mobilização continua.



MEMÓRIAS DE UMA LUTA
por José Carlos Jesus

Nesta sexta-feira, 31, julho de 2015, foi realizada mais uma assembleia dos Ex-Empregados de Bloch Editores no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro.
Após passar a limpo todas as etapas dos processos da Massa Falida, uma data foi lembrada e vários ex-empregados chegaram a se emocionar. Este dia 1° de agosto marca os 15 anos da falência da Editora que outrora foi uma das maiores da América Latina, um complexo conhecido como o Império Bloch.
Fundamental foi e continua sendo neste processo, a atuação da Excelentíssima Senhora Doutora Juíza Titular da 5ª Vara Empresarial da Comarca da Capital, Maria da Penha Nobre Mauro, que não poupa esforços para atender as solicitações compatíveis com a lei dos credores trabalhistas da Massa Falida. Ao longo destes 15 anos, muitos obstáculos foram vencidos com o apoio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, em particular, os ex-presidentes que se sucederam durante esse período e, em especial ao advogado Dr. Walter Monteiro.




A foto acima é de 2012. Registra um encontro cordial entre ex-funcionários da Bloch com a Juíza da 5ª Vara Empresarial, dra. Maria da Penha Nobre Mauro, o representante do Ministério Público, dr. Luiz Roldão de Freitas. Particularmente importante foi a atuação da juíza da 5ª Vara Empresarial, não só agilizando o processo, mas imprimindo a ele uma sensibilidade humanista rara na chamada "máquina da Justiça."  
Entre outros, estiveram presentes Murilo Melo Filho, José Carlos Jesus, José Alan Leo Caruso, Roberto Muggiati,  Jileno Dias, Arminda de Oliveira Faria, Zilda Ferreira, Genilda Tuppini, e o presidente do Sindicato dos Gráficos do Rio de Janeiro, Jurandi Calixto Gomes. Na ocasião, a juíza revelou o segredo do seu sucesso: "Por trás dessa montanha de papeis eu vejo apenas o ser humano. Poderosos ou pobres, cada um deles é uma pessoa, um indivíduo sedento de justiça."
Este foi mais um momento relevante entre tantos em meio à luta que a Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores desenvolve há anos.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

"Tomara que caia" ou "tomara que saia logo do ar"?

Os criadores do novo humorístico da Globo, "Tomara que Caia", devem estar arrependidos de ter adotado tal nome. Em tempos de memes e com a público com um imenso canal, a Internet, para opinar livremente, a turma detonou o tal humorístico que pretendia ser "novo" e tem cara e piadas diluvianas. Para quem assiste, a sensação é de "vergonha alheia". Centenas de apelos circulam pela web, desde "tomara que acabe", "tomara que eu ria... no próximo", "tomara que eu chore" etc. Só que a grade de programação da Net exibiu no último fim de semana uma apelo mais forte:  "Tomara que saia logo do ar!"
Em nota oficial, a Net informou que a imagem indevida, na verdade, uma meme bem sacada, foi uma falha da empresa Revista Eletrônica, responsável pelo guia de canais.

A prisão do pai do programa nuclear brasileiro

por Luís Nassif (do site GGN - O Brasil de  Todos os Brasil) 
Na operação Eletrobrás, a Lava Jato prendeu o Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. Seu nome apareceu na delação premiada de Danton Avancini, diretor da Camargo Correia, que lhe teria feito três pagamentos.
Ainda há que se esperar o processo final. Hoje em dia tem-se um grupo de procuradores e delegados avalizados por um juiz e, por um conjunto de circunstâncias históricas, donos do poder absoluto de levantar provas, julgar e condenar sem a possibilidade do contraditório, valendo-se de forma indiscriminada da parceria com grupos jornalísticos.
Em outros momentos, o uso indiscriminado de denúncias por jornais produziu grandes enganos e manipulações.
É possível que Othon seja culpado, é possível que não seja, pouco importa: desde hoje está na cadeia o pai do programa nuclear brasileiro.
O Brasil deve a Othon o maior feito de inovação da sua história moderna: o processo de enriquecimento de urânio através de ultra centrífugas. Foi um trabalho portentoso, que sobreviveu às crises do governo Sarney, ao desmonte da era Collor, aos problemas históricos de escassez de recursos, enfrentando boicotes externos, valendo-se de gambiarras eletrônicas para contornar a falta de acesso a componentes básicos, cuja exportação era vetada por países que já dominavam a tecnologia.  LEIA A MATÉRIA COMPLETA. CLIQUE AQUI

Lava Jato entra na 87.458.912ª fase...

Reprodução/Folha de São Paulo. Charge enviada por J.A.Barros

Nerd passa aula de português jogando video game e dá nisso...

Deu no Blue Bus: "Camiseta do Batman vendida na C&A tem erro de português – loja admitiu a falha. Quem chamou a atenção para a falha foi Fernanda Rodrigues, em post no Facebook. Ela comprou a camiseta porque gostou da estampa, mas só quando chegou em casa percebeu que, no lugar de “a menos que”, a C&A escreveu “ao menos que”. O correto seria – “Sempre seja você mesmo, a menos que você possa ser o Batman”. Em resposta à Fernanda, a loja reconheceu o erro e ofereceu a troca da camiseta por um outro modelo. De preferência sem erro dessa vez. Veja no Blue Bus, clique AQUI

Prêmio ABERJE 2015


Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores (CEEBE) informa: na próxima sexta-feira, dia 31 de Julho, haverá nova assembleia no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro. Na pauta, atualização das reivindicações e importante comunicado sobre os próximos passos.

ASSEMBLÉIA DOS TRABALHADORES HABILITADOS À MASSA FALIDA DA BLOCH EDITORES, NESTA SEXTA-FEIRA,  31,  JULHO DE 2015, ÀS 11 HORAS, NO SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, RUA EVARISTO DA VEIGA, 16/ 17º ANDAR, CENTRO, RIO DE JANEIRO, RJ.

EM PAUTA, ATUALIZAÇÃO SOBRE A GESTÃO DA MASSA FALIDA, AS PRÓXIMAS REIVINDICAÇÕES E O ACOMPANHAMENTO DAS AÇÕES DE INTERESSE DOS CREDORES.
O COMPARECIMENTO DE TODOS É ESSENCIAL.
SÓ A UNIÃO E A MOBILIZAÇÃO DOS EX-FUNCIONÁRIOS TORNARÃO POSSÍVEIS O ALCANCE DOS OBJETIVOS COMUNS E A PRESERVAÇÃO DOS DIREITOS ASSEGURADOS POR LEI.
LUTE PELO QUE É SEU.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Redentor antenado... com wi-fi de graça

Foto Shana Reis
O Cristo Redentor vai ganhar wi-fi. O ponto turístico mais visitado do Rio - recebe mais de três milhões de visitantes por ano - oferecerá internet sem fio gratuita. Quem apoia o sistema que vai conectar os turistas é a Hyundai Motor Brasil. Significa que os turistas vão poder postar imediatamente, direto do Corcovado, fotos de um dos mais belos visuais do mundo. Veja nas imagens dos profissionais cariocas Shana Reis e Fernando Maia.

Foto de Shana Reis
Foto de Fernando Maia

Foto de Fernando Maia


Nova Friburgo: visite a Fevest 2015 (de 02 a 04 de agosto)


quarta-feira, 22 de julho de 2015

Há 50 anos, a Grécia foi injustiçada por uma "lady". E nesse caso Angela Merkel não teve culpa

Há 50 anos, a Grécia era pobre mas limpinha, como se diz. A dama do chucrute Angela Merkel ainda não havia quebrado o orgulho do país. Mesmo assim, a terra de Sócrates, não o jogador, levou uma goleada imposta por capitalistas. O vilão daquela época não foi o FMI. Coube a Hollywood derrotar Atenas. Lançado em fins de 1964, "Zorba, o Grego" estava indicado para sete Oscars, em 1965, nas categorias principais. Mas a academia deve ter considerado pobre aquele filme em cenário idem e com personagens nada glamourosos segundo a ótica da capital do cinema, ainda mais em um ano em que a indústria havia investido milhões de dólares em uma luxuosa superprodução. Zorba foi massacrado por "My Fair Lady", que ficou com os Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor (George Cukor), Melhor Ator (Rex Harrison), Melhor Fotografia Colorida, Melhor Figurino, Melhor Direção de Arte Colorida, Melhor Edição de Som e Melhor Trilha Sonora.
Se Anthony Quinn não foi vencedor, apesar de uma atuação antológica, Irene Pappas também não foi lembrada. A Melhor Atriz foi Julie Andrews, pelo filme "Mary Poppins", que derrotou Audrey Hepburn indicada por "My Fair Lady". Para não sair de mãos vazias, "Zorba" foi premiado por Melhor Atriz Coadjuvante (Lila Kedrova), Melhor Fotografia em Preto e Melhor Direção de Arte Preto e Branco. A canção-tema de "Zorba", assinada pelo compositor grego Mikis Theodorakis e igualmente ignorada pelo Oscar, virou sucesso nas paradas mundiais. Talvez você seja capaz de cantarolar a música que pontuou a dança típica syrtaki na famosa sequência de Anthony Quinn e Alan Bates, mas dificilmente lembrará a canção vencedora em 1965, que foi "Mary Poppins".
Há 50 anos, como hoje, o orgulho grego foi quebrado por ladies ocidentais. Apesar disso, "Zorba", um grego nada sofisticado, uma espécie de irresistível "malandro" helênico, entrou para a história do cinema. Reveja a cena da syrtaki, clique AQUI.


É a crise? Revistas tentam "falar" com um tipo de leitora que antes não ganhava dos editores nem beijinho no ombro...


por Clara S. Britto
As revistas brasileiras ainda resistem à diversidade, digamos, estética. São raríssimas as capas que escapam ao que os produtores consideram padrão europeu ou novaiorquino de beleza. Quase sempre simbolizado pela a magreza asséptica de modelos brancas, curvas perfeitas photoshopadas ou não, dentes de porcelanato, cabelos impecáveis. Lá fora, depois de colocar modelos plus size em capas - no início como "novidade e "ousadia" - alguns títulos tradicionais começam a mostrar mulheres "fora do padrão" não como "exotismo" mas com a intenção de alcançar um vasto grupo de leitoras que não se sentia representado pelas publicações. Na capa da edição de agosto da revista de boa forma Women's Running está Erica Jean Schenk, que dá dicas de corridas para iniciantes. Simples: uma pessoa normal falando para pessoas normais.
Com a crise de identidade e o impasse digital no horizonte, as revistas descem do pedestal e tentam "conversar" com leitoras e consumidoras a quem antes, nos tempos de vacas gordas, sem trocadilho, desprezavam. É... não está fácil pra ninguém.

terça-feira, 21 de julho de 2015

A estrela do David


Por ROBERTO MUGGIATI

Outro da Bloch que se foi, David Klajmic. Certa vez o David me deu um presente. Sou eternamente grato. Foi um relógio de pulso Mondaine. Aproximou-se da grande mesa do editor, por trás da qual eu me protegia – dez metros por dez metros, em ângulo reto – e me entregou o estojo dizendo: “Com os agradecimentos do Egon.” Egon era o pai do Michel Frank, envolvido até a medula na morte de Cláudia Lessin Rodrigues. O dono dos relógios Mondaine agradecia porque tínhamos em mão um dossiê completo do caso e não o publicamos. Os agradecimentos – e um milhão de relógios – deveriam ser endereçados ao Oscar Bloch Sigelmann, que proibiu a redação da Manchete de publicar a matéria.
Na quarta-feira, 7 de setembro de 1977, as bancas estariam fechadas. Tínhamos de antecipar o lançamento da revista para terça. O fechamento da edição foi marcado para um ensolarado domingo, 4 de setembro. Desci cedo da Serra no meu fusca com meu sobrinho Sérgio, que tinha acabado seu casamento com a australiana Jane. Encerrava-se toda uma temporada de fins de semana no Sítio do Sossego, em Nogueira. Meu casamento também começava a terminar. Um fechamento de Manchete num domingo era um verdadeiro terror. Cheguei ao prédio do Russell às dez da manhã e arregacei as mangas. Os patrões já estavam lá, excitadíssimos – o Adolpho, o Oscar e o Jaquito, que Adolpho denominava “a Troika”, em alusão ao trio que reinava na União Soviética. De camisa esporte nestes dias festivos, adrenalina a mil, eles adoravam brincar de jornalista e interferir ostensivamente no nosso trabalho. A grande história do momento era a morte de Claudia Lessin Rodrigues, cujo corpo fora encontrado nas rochas da Avenida Niemeyer numa segunda-feira no final de julho. Uma dupla da revista – o repórter Tarlis Baptista e o fotógrafo Adir Mera – voltava de um trabalho na Barra e parou ao ver a movimentação policial. O Mera fotografou toda a operação de resgate do corpo – a lembrança daquelas fotos em preto e branco da nudez juvenil de Cláudia Lessin me persegue até hoje. Tarlis prosseguiu, com seu instinto de cão farejador, atrás de todas as pistas possíveis.  Tamanha persistência foi premiada. Às dez horas da noite daquele domingo ele voltou exultante de um encontro que tivera numa churrascaria do Meier com o detetive Jamil Warwar. Trazia em mãos o dossiê completo do caso, ouro puro.
Oscar Bloch Sigelmann pegou o telefone da minha mesa e ligou para Egon Frank, pai de Michel. “Olá, Egon, temos aqui a versão completa do dossiê policial, mas não vamos publicar, de jeito nenhum. Você pode contar conosco.” Os anúncios da Mondaine eram importantes na receita da Bloch. Jornalismo é isso aí. A Manchete nada publicou e outra cópia do Dossiê Warwar foi entregue de bandeja ao repórter da Veja Valério Meinel, que ganhou o Prêmio Esso de Reportagem daquele ano com a matéria de capa.
Oscar me odiava cordialmente. “Muggiati, quando o Adolpho morrer, o primeiro que eu vou demitir é você.” Bipolar, às vezes me beijava e dizia: “Você é o maior editor da Manchete de todos os tempos!” Ironia da sorte, embora mais jovem do que seu tio Adolpho, morreu antes e só demitiu a si mesmo. David Klajmic tinha autoridade moral sobre o Oscar. Quando o Célio Lyra sofreu uma estafa, David intercedeu para que ele tivesse o melhor tratamento no Samaritano. As contas do hospital VIP assustaram os Bloch. David aproveitou o susto para convencer os patrões a fazerem uma permuta com a Golden Cross e garantiu assim, por alguns anos, um plano de saúde para os funcionários. A última vez que vi David foi no enterro do Célio Lyra, no São João Batista, no canto mais distante do cemitério, quase perto do Rio Sul. Tudo com o Célio era complicado, até a morte: o caixão não cabia na vaga junto à parede e teria de ser serrado. Saí antes do fim. Encontrei o David sentado num banco no portão de entrada do cemitério. Não acompanhara o enterro até aquelas lonjuras. Parecia cansado, tomado por aquele cansaço mortal que abateu muitos de nós depois que o Império Bloch se desmantelou.
Neste próximo 1º de agosto a falência da Bloch Editores completa quinze anos. Quinze anos de solidão, sofrimento, doença, morte e agruras.
Meu caro David Klajmic, muito obrigado pelo reloginho Mondaine, que, como todo relógio popular, se esfacelou em poucos meses. Obrigado, mais do que tudo, pela lição de jornalismo – e de vida.

  

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Revelação: os mapas secretos da Guerra Fria... A tecnologia não era avançada mas mesmo assim os soviéticos mapearam cidades americanas com impressionante riqueza de detalhes



O mapa soviético, o da esquerda, mostra uma região de Chicago, em 1982, e é muito mais detalhado do que o mapa americano, da mesma região, feito em 1984. Reprodução

Instalações navais em San Diego foram mapeadas pelos soviéticos com muito mais informações do que o mapa equivalente dos próprios americanos. Reprodução

Nova York, parte de Manhattan, ruas, prédios, pontes, tráfego no rio Hudson, porto etc. Reprodução
Com a queda da União Soviética, em 1989, militares que desmontavam instalações estratégicas, algumas situadas na Europa Oriental, evitaram que caixas de mapas fossem para o lixo e acabaram encontrando interessados para o que cartógrafos consideram hoje um inestimável tesouro da Guerra Fria. São centenas de mapas feitos por cartógrafos soviéticos com base em informações de espiões. Em um época em que a tecnologia não era avançada, os mapas soviéticos surpreendem pela riqueza de detalhes e pormenores que não estão nos mapa dos próprios países cartografados. Largura exata de estradas, resistência de pontes e informações sobre o material de que são construídas, edifícios, pier e prédios de instalações navais. Informações que não seriam possíveis obter sem a ajuda de espiões que pesquisaram em terra cada região. Os mapas são tão precisos que até hoje são usados pelo Departamento de Estado Americano.
Pentágono e arredores, em Washington DC. Reprodução

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domingo, 19 de julho de 2015

Recorde: Revista Sports Illustrated faz 25 capas de uma mesma edição para celebrar a conquista da Copa do Mundo pela seleção feminina americana. Veja algumas capas...





The Sun revela: filme de 1933 mostra a família real britânica fazendo a saudação nazista.

A família real britânica subiu nas nobres tamancas. É que o The Sun publicou uma matéria e divulgou um filme no seu website que mostra a Rainha Elizabeth 2ª, ainda criança, fazendo a saudação nazista. As imagens foram captadas em 1933. O Palácio de Buckingham criticou a decisão do jornal de revelar um filme privado. Mas não é novidade a inclinação nazista de parte da realeza no período que antecedeu a 2ª Guerra. Era grande na Inglaterra o medo do comunismo e muitos viam no nacional-socialismo e no fortalecimento a Alemanha um reforço na estratégia de impedir o avanço vermelho na Europa Ocidental. Churchill inclusive. Historiadores afirmam que com um pouco mais de habilidade e se controlasse o ressentimento em função da 1° Guerra, Hitler teria ganho muito aliados no país e talvez até um apoio que retardaria ou impediria a entrada do país no conflito. Tanto que o Alto Comando nazista considerou precipitado o bombardeio de Londres, considerado um erro de Hitler. No filme, a pequena Elizabeth obviamente não tem ideia do que está fazendo. Mas o tio, que viria a ser coroado Edward 3°, sabia muito bem. Parecia um bucólico e inocente fim de semana em Balmoral, Escócia, até que a família faz alegremente a saudação nazista. Edward, notório simpatizante de Hitler, chegou a se reunir com o fuhrer em 1937, depois que abdicou do trono para se casar com a americana Walis Simpson.
The Sun respondeu às críticas do Palácio de Buckingham e justificou jornalisticamente a publicação do material. "Essas imagens ficaram escondidas por 82 anos. Publicá-las é fornecer uma visão histórica fascinantes sobre uma década sombria e tumultuada, de preconceitos e ideias distorcidas".

VEJA O VÍDEO DIVULGADO PELO THE SUN E QUE MOSTRA A FAMÍLIA REAL PRATICANDO O "HEIL HITLER". CLIQUE AQUI



Jules Bianchi: ninguém foi punido pela tragédia de erros que causou a morte do piloto francês no GP do Japão


O morte de Jules Bianchi, aos 25 anos, permanece impune. Erros grosseiros no GP de Japão, em outubro do ano passado, causaram a tragédia. Ao deixar parado na área de escape um pesado guindaste, sem que o carro de segurança entrasse na pista - apenas a bandeira amarela foi acionada - a organização da corrida decretou o acidente fatal. Além disso, Suzuki, autódromo antigo, tem área de escape reduzidas. A prova havia sido interrompida por causa da chuva e, na nova largada, a luz natural começava a cair. Havia, naquele dia, previsão de fortes chuvas. Os organizadores até cogitaram em antecipar o horário da prova ou transferi-la para o dia seguinte. Mas e os compromissos com a TV? E os prejuízos e transtornos que tal adiamento provocaria? A sucessão de erros resultou no acidente. A F1 investiu muito em segurança nos últimos anos, tanto que o último acidente fatal de corrida na categoria foi o de Ayrton Senna. Apesar do avanço das tecnologias de proteção, o automobilismo não está imune à estupidez paga com a vida do piloto francês. A prova da incompetência deu-se no Japão. Naquele dia, a ganância e a arrogância venceram o bom senso. A FIA produziu um simples relatório e parou aí. Agora, imagine se tanta incompetência fosse demonstrada em Interlagos... A turma do complexo vira-lata estaria comemorando como "coisa de Brasil", esse país onde nada funciona...


sexta-feira, 17 de julho de 2015

Ghiggia: o jogador que transformou Carlos Heitor Cony em ateu...

por José Esmeraldo Gonçalves

"Apenas três pessoas, com um único gesto, calaram o Maracanã com 200 mil pessoas; Frank Sinatra, o Papa João Paulo 2° e eu. Acredito que poucas pessoas o farão neste século". 

A frase de Ghiggia é tão certeira quanto seu chute contra as traves de Barbosa, aos 34 minutos do segundo tempo, no dia 16 de julho de 1950. Sessenta e cinco anos, ontem.
Por uma dessas inexplicáveis coincidências, Alfredo Ghiggia morreu no data em que deixou sua marca no Maracanã, quando o Brasil perdeu do Uruguai por 2x1. Aos 88 anos, último jogador vivo entre os participantes do jogo que deu a Copa ao seu país, o autor do gol da vitória uruguaia sofreu um ataque cardíaco, em casa, enquanto assistia a uma reprise do jogo Internacional x Tigres pela Libertadores das Américas.
O escritor e jornalista João Máximo, que foi chefe-de-redação da Fatos & Fotos, já disse que aquele gol de Ghiggia pode ter sido recebido em silêncio por todos no estádio mas estava destinado a ecoar para sempre. "Nunca na história do futebol mundial, um único lance acarretou tantas discussões, tantas análises, tantas evocações, talvez porque nenhum, como este, tenha transcendido sua simples condição de fato esportivo para alçar-se às dimensões do drama e mitologia, para converter-se em um momento histórico na vida de uma nação". Já Carlos Heitor Cony, escritor e jornalista, também ex-combatente da velha Manchete, foi bíblico ao relembrar o gol do uruguaio: "Deixei de acreditar em Deus no dia em que vi o Brasil perder a Copa do Mundo no Maracanã". E Cony dá as razões para sua "consagração" em ateu : "Duzentas mil pessoas viram quando Ghiggia fez o gol. Foi um lance claríssimo, sem qualquer confusão que pudesse suscitar dúvidas. Pois bem, depois do jogo não encontrei uma só pessoa que descrevesse aquele lance da mesma maneira. Então, como acreditar na versão de meia dúzia de apóstolos, os poucos que viram Cristo ressuscitar, meio na penumbra, num local ermo e obscuro?"
Paulo Perdigão, um entre tantos jornalistas e escritores que transitaram pelas redações da Manchete nas ruas Frei Caneca e Russell, escreveu o livro "Anatomia de uma derrota" (L&PM), sobre o fatídico 16 de julho de 1950. Mas não se trata de um livro qualquer. Perdigão, um dos 200 mil torcedores que testemunharam a tragédia, era obstinado pelo tema. Em 1975, ele publicou na revista EleEla um conto no qual volta ao passado, coloca-se atrás do gol de Barbosa e tenta alertá-lo para o que sabia que ia acontecer: a investida fatal de Ghiggia. Um segundo antes de o uruguaio desfechar seu chute, Perdigão, o viajante do tempo, grita Parem tudo!. "Nos olhos de Barbosa" - escreveu em "Anatomia de uma derrota" - "vislumbrei por uma fração de segundos uma resposta acolhedora. Pelo menos ele entendeu o apelo. Exatamente. O grito atingiu-o como um raio". (...) "Meu grito distraíra a atenção de Barbosa, num ínfimo instante. O suficiente para que Ghiggia tomasse partido do pequeno ângulo entre o goleiro e a trave esquerda e desferisse o tiro fatal". 
Perdigão encerra o conto com uma dramática confissão: 
"Pois na dolorosa viagem ao fundo da minha neurose, descobri porque no dia 16 de julho de 1950 comecei a morrer em vida. E aqui tenho essa verdade a carregar para o resto dos meus dias. O Uruguai não derrotou o Brasil!. Eu, somente eu, fui o responsável pelo gol de Ghiggia". 
Pesquisador determinado, Perdigão trabalhava em uma monografia sobre o PRK-30, o famoso programa da Rádio Nacional, quando ao revirar os arquivos da emissora encontrou quatro discos de 78 rotações contendo a narração completa de Brasil 1x2 Uruguai. Percebeu que relato era tão esclarecedor, em meio às infinitas e variadas versões do jogo e do gol, como cita Cony, que decidiu transcrevê-lo no livro, na íntegra, A narração do jogo mostra que o gol de Ghiggia não foi assim tão imprevisível.
No primeiro tempo, o Uruguai perdeu gols feitos, colocou bola na trave. Ghiggia, por várias vezes, desceu ameaçador pela direita. O tom de voz do locutor. assustado, e a reação da torcida, temorosa, mostravam que a Celeste não estava no Maracanã a passeio.
O gol de Friaça, a 1min e 21s do segundo tempo (acima, reprodução do livro "Anatomia de uma derrota"), trouxe otimismo ao estádio e reacendeu o clima de "já ganhou" que antecedeu a final da Copa..
Mas o gol de Schiaffino, aos 20min e 13s, aliás com a participação de Ghiggia, devolveu a tensão ao jogo. Pela primeira vez naquela tarde, o Maracanã "ouviu o silêncio", mas caberia a Ghiggia, 14 minutos depois, calar definitivamente o estádio.
Elegante, o "carrasco" uruguaio sempre mostrou respeito pelo goleiro Barbosa, a quem defendeu em inúmeras entrevistas ao longo da vida. Ghiggia explicava que durante a partida recebera muitas bolas pela direita e levantara cruzamentos sobre a área. Ele tinha certeza de que o goleiro brasileiro esperava que ele repetisse a jogada e por isso se deslocou ligeiramente para cortar uma possível bola centrada. Ao perceber tarde demais que o chute viria no canto esquerdo, Barbosa pula, toca a bola, mas não consegue desviá-la.
E foi assim que o gol à direita das cabines de rádio entrou para a história para não sair mais. Virou o "gol de Ghiggia", o Ghiggia que transformou Carlos Heitor Cony em ateu.
Alguma lição ou dever de casa, o dia traumático deixou. Ao sair do Maracanã naquele 16 de julho, nenhum torcedor imaginaria que nas duas décadas seguintes o Brasil ganharia três Copas. Talvez por isso o tempo tenha concedido uma aura épica à derrota de 50. que seduziu ou assombrou gerações que nem eram nascidas na época. Virou lenda, como as grandes derrotas.
 Nada a ver com um certo e patético 7x1, do Mineirão, que o Maracanã foi poupado de receber. Aquele foi apenas o dia em que a farsa se eternizou como farsa.
Velório de Ghiggia no Salão dos Passos Perdidos, Palácio Legislativo, em Montevidéu: honras para um herói do Uruguai. Foto: Presidência do Uruguai