quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Nem a morte calará a voz sincopada de Miltinho, o rei do suingue


por Eli Halfoun
Sempre que um cantor de sucesso nos deixa é normal dizer que a morte calou sua voz. É lugar comum e não é verdade: cantores deixam suas vozes eternizadas em discos, em DVDs e na memória do público que continua e continuará cantando a vida de quem se foi cantando. Miltinho é um desses artistas de quem se ouvirá a voz eternamente. Não chegou a ser um sucesso estupendo e meteórico, mas deixou para a Música Popular Brasileira um jeito diferente e pessoal de cantar com uma divisão musical que chamou atenção ainda como crooner como o conheci na boate Drink em Copacabana, no Rio. Ninguém dividiu melhor a melodia do que Miltinho: não tinha aquela voz potente exigida em outros tempos dos cantores, mas tinha uma maneira sincopada de cantar que era (é) alegria para os nossos hoje tão sacrificados musicalmente ouvidos. Foi Miltinho sem dúvida quem valorizou o sincopado e fez escola de muitos seguidores entre os quais Zeca Pagodinho.Não se pode dizer que Miltinho despediu-se antes da hora (ninguém se despede antes), mas sua partida não deixa de ser um benefício para ele e para os que o admiravam. Aos 86 anos Miltinho sofria do Mal de Alzheimer e felizmente não precisou continuar convivendo com a terrível doença que debilita tantos idosos. Até na hora de parir Miltinho dividiu a vida com um sincopado que foi a marca registrada de sua carreira e é hoje sem dúvida uma das mais importantes marcas na história da nossa música. (Eli Halfoun)

Em 2008, Miltinho comemorou 80 anos. Na matéria do Globo, declarou que "Mulher de 30" foi seu maior sucesso. Admitiu que teve o "seu tempo", mas que era preciso abrir espaço aos mais jovens. "Mas é sempre bom ser lembrado para que as novas gerações saibam que existiu e existe um Miltinho", declarou ao repórter João Pìmentel.
Clique na reprodução acima da matéria do Globo para ampliar


“A Grande Família” se despede hoje, mas talvez não para sempre


Divulgação.TV Globo
por Eli Halfoun
O fim de “A Grande Família” com uma edição especial amanhã, dia 11, acaba com a velha lenda de que só saem do ar programas que não conquistam boa audiência, Depois de bem sucedidas temporada (quase 30 anos no ar) “A Grande Família” deixa a programação da Globo como uma das mais criativas e vistas comédias da emissora, inclusive nessa fase em que a Globo vem perdendo audiência na maioria dos horários. A comédia criada originalmente por Oduvaldo Vianna Filho e Armando Costa deixa de ser exibida no momento em que mantinha mais de 20.0 de audiência, maior público do horário entre as comédias exibidas depois da novela do chamado horário nobre, o que mostra que, ao contrário do que se diz, o público não está cansado das aventuras de Lineu, Nenê e cia. O elenco sim é que devia estar cansado dos personagens (atores são criativos e não gostam de interpretar os mesmos personagens por muito tempo para não ficarem marcados) e no caso de “A Grande Família” era para o elenco, tempo demais.
Não creio que esse seja um final definitivo do programa que deixa a grade de programação com um gostinho de quero mais. O que me parece é que o programa ficará fora por um longo período ( a Grande Família original estreou em 1972 e ficou no ar até 1974), mas acabará voltando talvez com num novo elenco ou totalmente reformulado com novos personagens sempre tendo nos personagens originais a referência como nas famílias de um modo geral que gostam de ver o programa simplesmente porque de alguma forma se enxergam nele e se identificam com a família fictícia e ao mesmo tempo muito real. “A Grande Família” cumpriu um importante papel na televisão brasileira que ficou mais brasileira mostrando que comédias têm um enorme espaço na televisão que, aliás, o tem utilizado muito bem em outras comédias, todas filhas dessa grande e vitoriosa família que, na versão atual, chegou em 29 de março de 2001 para sua primeira fase e retornou para a segunda fase em 4 de abril de 2013, exibindo cerca de 500 episódios, um número sem dúvida histórico e que não vai parar por aí. (Eli Halfoun)

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O publicitário Guilherme Pereira criou capas de revistas "honestas". Confira como ficariam se os editores tivessem um "ataque de sinceridade" . São as capas que você nunca verá nas bancas...






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Revistas: a escolha das melhores capas do ano

O ano não acabou, mas já está no ar o concurso para seleção das melhores capas de 2014. Quase na reta final, sobraram 16 concorrentes de revistas impressas e três do meio digital (as três últimas deste post). Você pode votar na melhor capa. É só acessar o site Comunique-se. Clique AQUI



















segunda-feira, 8 de setembro de 2014

É vendaval.... É vendaval.... Estudo do Global Financial Integrity avalia que empresários, traficantes e políticos "exportam" 30 bilhões de reais de dinheiro sujo, por ano, produto de sonegação fiscal, drogas e corrupção...

Matéria publicada hoje no Huffington Post estima que mais R$ 30 bilhões em dinheiro sujo gerado pelo crime, corrupção, subfaturamento em operações comerciais e evasão fiscal deixam o o Brasil a cada ano. Tais volumes equivalem a 1,5% do PIB anual. O GFT ainda avalia que essas perdas podem ser maiores se computado o dinheiro em espécie enviado ilegalmente para fora do país por investidores, traficantes e multinacionais. "O Brasil tem um problema muito sério com os fluxos financeiros ilícitos, e reduzi-los deveria ser uma prioridade para qualquer governo que venha após as próximas eleições", disse Raymond Baker, presidente GFI. Segundo o HP, fluxos ilícitos enfraquecem a economia através da drenagem receitas do Brasil que poderiam ser usadas ​​para fazer o país crescer. (Leia no Huffington Post, clique AQUI).

por BQVManchete
A questão de lavagem de dinheiro e a transferência ilegal de capitais para fora do Brasil precisa ser enfrentada. Só que grandes sonegadores e investidores "abutres" costumam ter forte apoio político e empresarial. Nos anos 90 até contas, a famosa C5, foram criadas para agilizar o processo de remessa de dólares para o exterior. Nessa brecha que persiste, bilhões decolaram para paraísos fiscais, sem contar aqueles malotes de dólares em vivas verdinhas contrabandeados para o exterior, "na moral", sem a necessidade de qualquer operação comercial de fachada para disfarçar.  Por outro lado, a corrupção política é apenas parte do problema e, talvez, a parte naturalmente mais exposta. Constata-se, por exemplo, que na maioria das denúncias de supostos pagamentos de suborno a mídia faz esforço comovente para preservar o ramal empresarial da roubalheira. Os nomes das empresas envolvidas costumam ser omitidos em reportagens "investigativas". E, quando aparecem, são listadas as "pessoas jurídicas", às vezes um emaranhado delas, escondendo-se dos leitores os nomes dos proprietários que, não raro "moram" ao lado e fazem parte do mesmo grupo social. Essa evasão fiscal impacta diretamente, há décadas, sobre o PIB do Brasil que não adotou "regras" como a de alguns países europeus que em função do baixo crescimento resolveram cinicamente computar "receitas" do crime organizado (da venda de drogas, "proteção", a prostituição e jogo clandestino) no cálculo dos seus PÌBs numa tentativa de turbiná-los em meio à atual crise. Sem essa surpreendente e condenável contabilidade fiscal de alguns países europeus, em matéria de dinheiro sujo, o Brasil tem ficado só no prejú mesmo.

Fotógrafo e compositor, Orlando Abrunhosa, que fez história na revista Manchete, está concorrendo no EXPOSAMBA 2014 com duas músicas. Vote nas canções "Sai Fora do Cara" e "Sementes"

Compositores de todo o Brasil têm a chance de participar da maior mostra de sambas do país, a Exposamba. Organizada pela Fábrica do Samba para homenagear os grandes nomes do mais brasileiro dos ritmos, a iniciativa, totalmente gratuita, irá escolher as melhores novas composições dos quatro cantos nacionais. São 800 vagas. Cada compositor poderá inscrever até duas músicas próprias, além de indicar, caso existam, os coautores. A fase inicial, de pré-seleção é realizada via internet, onde 800 vídeos inscritos serão julgados por voto popular. Os 160 mais votados (20%) passarão para a fase seguinte, de Seleção, que acontecerá no Sesc, na capital paulista, e será presencial. Dentre os 160, 40 serão escolhidos por júri técnico para as semifinais. Nas votações poderá haver coincidência de escolhas pelo júri e pelo voto popular. Na final concorrerão até 20 sambas, escolhidos por júri técnico (dez) e por votação popular (dez). Os vencedores da Exposamba receberão prêmios que totalizam cerca de R$ 200 mil.
Orlando Abrunhosa, fotógrafo que se destacou na revista Manchete, é um dos concorrentes. 
No site Fábrica do Samba (Clique AQUI) você poderá ver as instruções para votar nas músicas do Orlandinho e os links das canções, que também estão nos clipes abaixo.



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De Sérgio Rodrigues para Adolpho Bloch: livro conta a história de dois amigos

Em homenagem a Sérgio Rodrigues (que faleceu no dia 1° de setembro último), a ETEL reedita linha de grande peso afetivo na carreira do designer. As peças foram concebidas para o amigo Adolpho Bloch, fundador da Bloch Editores e da revista Manchete, da Gráficos Bloch, além das redes Manchete de TV e Rádio.
Os protótipos da Linha Adolpho, composta por mesa de trabalho e poltrona, serão exibidos pela primeira vez em setembro, na exposição “De Sergio para Adolpho” na IDA, feira de design da ArtRio. 
O evento, resultado de um última parceria entre o designer e a marca, inclui o pré-lançamento da edição limitada do mobiliário do designer reeditado pela ETEL. Em paralelo à exposição, será lançado o livro "De Sergio para Adolpho" (Ed. Olhares), com a história da relação entre esses dois personagens marcantes, incluindo a concepção das peças da Linha Adolpho e o novo encontro com Etel Carmona. Adolpho Bloch foi um dos primeiros compradores da Poltrona Mole, numa época em que a obra-prima de Sergio Rodrigues ainda era incompreendida. (Ela chegou a passar um ano na vitrine sem uma única venda.) Anos depois, quando o designer deixou a Oca, loja que havia fundado, Adolpho tornou-se cliente praticamente exclusivo, dado o volume de peças criadas por Sergio para as sedes da Bloch. Além da amizade que se estreitava, Adolpho, com sua personalidade sempre arrojada, era um admirador incondicional do trabalho fora do padrão do designer. A Linha Adolpho foi encomendada em 1990, quando ambos já tinham décadas de convivência, e numa época em que o design autoral vivia um período de ostracismo no País. O dono da Bloch queria poltrona e mesa de trabalho novas para sua sala. Como sempre, deixou Sergio totalmente à vontade para criar. A imponência do conjunto, com soluções inventivas e formas pesadas totalmente harmônicas, sugere que essa realmente foi a melhor escolha. A poltrona tem pés de “patins”, como explica Sergio. “Essa solução funciona muito bem em pisos acarpetados”, completa. Seu conforto foi o primeiro atributo comentado por Adolpho. Quando foi apresentado à obra, ele expressou a seu modo: “Tem o tamanho certo das minhas costas.” Além do conjunto para sua sala, Adolpho resolveu encomendar também, em versão um pouco menor, peças da mesma linha para os diretores da empresa. E depois, um conjunto igual para seu escritório em São Paulo, e outra poltrona para a mesa de sua secretária. Dali em diante, ele, que era muito dinâmico e pouco trabalhava sentado, não queria saber de outra poltrona, e se cercou desse conforto escolhido. “Escolhemos lançar as peças no Rio de Janeiro para homenagear a atmosfera em que Sergio desenvolveu seu trabalho. Assim como ele, Adolpho, apesar de ucraniano, era carioquíssimo. Eles são protagonistas da história do Rio e a cidade marca muito suas trajetórias”, explica Lissa Carmona, diretora da ETEL.
 A exposição conta com projeto de cenografia da arquiteta Lia Siqueira, que além da profissional reconhecida, é uma das fundadoras do Instituto Sergio Rodrigues e organizadora do livro “Conversas Ilustradas”, com relatos de Sergio. Com esse repertório, ela participou também da investigação sobre a história das peças e da parceria produtiva de Sergio e Adolpho, conduzida para a produção do livro.
 O fio condutor do livro é a fala do próprio Sergio, descrevendo as situações vividas com Adolpho e a concepção das peças em questão. Ao propor a organização deste pequeno volume (15x15cm / 80p / capa dura), a ETEL aposta mais uma vez na relevância histórica e na expressão simbólica dos móveis de sua coleção, apresentando seu contexto de criação, trajetórias paralelas e movimentos que representam.
 A mesa de trabalho e poltrona Adolpho, reeditadas pela ETEL, terão tiragem limitada a 5 exemplares em madeiras especiais, antigas, raras, como Perobinha do Campo, Cabreúva, Imbuia e no próprio Mogno, matéria-prima utilizada na versão original confeccionada por Sergio. Além das edições limitadas nas madeiras de coleção, a ETEL comercializará a partir de 20 de setembro a linha Adolpho, dessa vez em madeiras certificadas, como Freijó, Sucupira e Cedro.
Fonte: Index Assessoria

A repórter Maria Prata mergulha no universo do fotógrafo Mario Testino no 'Starte' (Globonews)

Mario Testino e Maria Prata. Foto GloboNews
O ‘Starte’ desta terça-feira, dia 9, traz uma matéria especial da repórter Maria Prata com Mario Testino, um dos mais conceituados fotógrafos de moda do mundo. Ele a recebeu no Museu de Arte Brasileira, em São Paulo, onde está em cartaz a exposição ‘In Your Face’, com cerca de 120 de suas fotos. Há registros de estrelas internacionais como Gisele Bündchen, Madonna, Angelina Jolie, Brad Pitt e Kate Moss, entre outras personalidades. Testino vai além do mundo da moda e fala sobre carreira, suas influências e o MATE - Museo Mario Testino, que ele fundou no Peru, seu país de nascimento, para incentivar a arte local.
 Testino revela, entre outros assuntos, o que faz uma foto ficar mais atraente. “Uma foto tem dois aspectos: ou ela é superficial, ou ela é íntima. Para mim, a intimidade faz a foto ficar muito mais interessante, com muito mais vida e vontade de olhar mais vezes”, declara o fotógrafo queridinho de muitas celebridades em todo mundo. Conhecido por fazer pessoas lindas ficarem ainda mais bonitas, Testino revela quem o encanta. “É difícil não ser obcecado pela Gisele. Olho ela de cima abaixo e tudo é perfeito. Olho a Kate Moss e continuo obcecado por ela”, conta.

O ‘Starte’ vai ao ar na noite desta terça-feira, dia 9, às 23h30 na GloboNews.

Fonte: GloboNews

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Marcelo Lartigue, um argentino gente boa

por BQVManchete
O boa-praça Marcelo Lartigue encerrou os trabalhos. Desde os anos 70, o jornalista argentino era uma referência de Búzios. Ainda não tinha criado o irreverente jornal Perú Molhado quando fez alguns frilas para a Fatos & Fotos. A partir de 1981, passou a frequentar a redação da Manchete, na rua do Russell, sempre que lançava uma edição do seu jornal bem-humorado e, ao mesmo tempo, uma publicação comunitária que sempre prestou bons serviços a Búzios.
Marcelo Lartigue. Reprodução 
Distribuía o "filho temporão do Pasquim", como diz Ancelmo Gois no texto acima reproduzido, em todas as redações. Com o tempo, tornou-se uma espécie de anfitrião de muitas equipes de jornalistas e fotógrafos que aportavam em Búzios, cidade que amava. Dava dicas, apresentava fontes, passava contatos. O argentino vai fazer falta: Lartigue, Búzios e Perú Molhado eram marcas (e jeito de viver ou estado de espírito) que andavam sempre juntas.



    

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Em Moscou não se fala em outra coisa: o Miss Bumbum do Brasil está na mídia...

por Omelete
A Rússia vive dias tensos em função da crise na Ucrânia. Por isso, a matéria acima, publicada no Metro, de Moscou, deve ter desanuviado corações e mentes. O jornal, distribuído no metrô, que transporta milhões de passageiros diariamente, deu destaque a nada menos do que o concurso Miss Bumbum, o badalado evento brasileiro. Melhor do que armas e canhões. A final do concurso está marcada para o dia 17 de novembro. O que significa dizer que, mesma que aconteça aqui o segundo turno das eleições, o Brasil terá coisa melhor para acompanhar naqueles dias calorentos de primavera.    

Michael Ende: Brics na cabeça e uma câmera na mão... Fotógrafo alemão que mora no Rio joga, literalmente, uma luz no lixo do Brasil e da China.


por José Esmeraldo Gonçalves - para a revista Contigo - (*)
O fotógrafo e documentarista Michael Ende, 55, frequenta a maior ponte-aérea do mundo. Mora no Rio de Janeiro e trabalha logo ali, na China, a 17.339 quilômetros. E seus próximos destinos são Rússia, Índia e África do Sul. Isso mesmo, o roteiro Brics. Nascido em Liepizing, na então Alemanha Oriental, em 1959 – quando ainda não existia Muro de Berlim – mudou-se com a família para Wuppertal, na Renânia do Norte-Vestfália. Morando no Brasil há quase trinta anos,  tornou-se um carioca adotivo. Casado há 18 anos com uma brasileira, a assistente social Isa Vidinho, 55, Ende mora em Santa Teresa, no centro do Rio, e passa uma boa parte do seu tempo em um sítio em Guapimirim, na região serrana fluminense. É onde relaxa entre uma e outra viagem. 
“Acordo cinco e meia da manhã, acendo incensos, faço uma meditação, limpo a casa, faço minha comida, meu pão, e estudo chinês”, conta. 
Mas os dias na serra são agora pausas não muito longas desfrutadas em meio à realização de um projeto fotográfico de vasto alcance. Depois de vasculhar todas as regiões do Brasil trabalhando para revistas alemãs, como Stern e Geo, Ende agora aponta suas câmeras para uma tarefa ambiciosa: retratar os Brics e conceder à sigla uma imagem humana. Juntos, os países que fazem parte do grupo reúnem uma população que supera três bilhões de pessoas. São economias em busca de novas alternativas para crescer, como seus líderes mostraram durante o 6º Encontro de Cúpula, em Fortaleza (CE), logo após a Copa. Os números dos Brics são conhecidos. Representam 19% do PIB , 41,6%  da população e 26% da área terrestre do planeta. Michael Ende, contudo, busca as populações e culturas que estão por trás das estatísticas impessoais. Mostra a cara e alma desses gigantes territoriais e transforma em imagens suas semelhanças e diferenças. O trabalho – que faz parte do projeto “Vizinhos Distantes” - é de grande dimensão e está apenas começando. Um primeiro capítulo já pôde ser visto na mostra “Brasil-China: luz no lixo” que esteve em cartaz no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio, durante a Copa do Mundo, e que deverá ser levada a outras capitais. Em fotos e vídeos, Ende espelha a atividade de catadores brasileiros e chineses. Mostra o lixo globalizado. Fará o mesmo nos demais Brics e, em seguida, abrirá suas lentes comparativas também para outros ângulos como a colheita não mecanizada, onde agricultores trabalham com as  próprias mãos, atividade ainda predominante nos quatros países, ou a forma como cada povo se comporta ao frequentar, por exemplo, uma praia, ou, ainda, revelará aspectos da culinária e tipos de beleza em cada região. 
Desvendar vizinhos distantes é quase uma constante na trajetória aventureira do fotógrafo. Desde jovem, ele sinalizava que queria ter o mundo na sua câmera. Nos anos 1980, quando a globalização nem era vocábulo, decidiu que Wuppertal era pequena demais para suas objetivas. 
“Escrevia uma coluna no jornal da cidade. Tinha 19 anos, falava de política local e outros acontecimentos. Fiz também matérias sobre música. Ainda na faculdade publiquei na revista Stern uma reportagem sobre metaleiros”, diz, acrescentando que é roqueiro e toca bateria. “Mal” – adverte. “Se tocasse bem seria músico”. 
Já na época, Ende planejava abrir horizontes. “Tinha essa visão. Lembro-me de que falei para os meus pais que um dia iria para o Brasil. Eles achavam que era apenas mania de grandeza. Mas logo depois fui para Portugal, me apaixonei pela cultura e pelo idioma e passei a estudar português”, relata. Enquanto colaborava com publicações alemãs, ele registrava cenas da vida local, quase sempre em preto e branco, o que levou um dos seus professores a identificar no seu estilo algo de Cartier Bresson. Portugal, o “laboratório” onde se desenvolveu como fotógrafo, acabou se tornando sua ponte para o Brasil. Lá o jornalista conheceu muitos brasileiros até casualmente receber de um deles, em 1985, um convite para atuar em projetos da Associação Brasileira de Municípios, em Brasília. “Meu primeiro contato com o Brasil foi uma maravilha. Tive que fazer uma conexão no Rio, o voo em que vinha de Frankfurt estava atrasado. Eu fui ao balcão da companhia aérea, agitado e supernervoso, temendo perder o avião para Brasília. E a primeira brasileira que conheci sorriu e disse “meu amor, calma, vai ter outro voo depois”. Tinha 25 anos e achei maravilhosa aquela voz doce e o primeiro contato com o conceito de ‘nada- funciona-mas-no-final-tudo-se-resolve’”,  recorda-se Ende que, hoje, “com a idade”, admite que já não leva tão na “esportiva’ situações como aquela. Logo constatou que o tal trabalho que desenvolveria em Brasília era um desses casos do tipo “nada funciona”. Não funcionou. “Parecia um cabide de emprego, era um nada”, diz ele. Mas já fascinado com o país, o fotógrafo partiu para conseguir um visto de permanência, retomou os contatos e “vendeu” para a Stern a ideia de uma reportagem sobre a espiritualidade no Planalto Central, onde atuava a médium Neyva Zelaya, líder de uma famosa comunidade mística conhecida como Vale do Amanhecer. Foi a primeira de muitas reportagens. Requisitado pelos editores das revistas ilustradas alemãs, fascinados com os temas que os trópicos ofereciam, Ende acabou deixando Brasília e fixando-se no Rio, em 1988, onde montou sua base. “Passei a fazer muitas reportagens e vídeos para revistas e TVs da Alemanha. Percorri toda a América do Sul, todos os estados do Brasil, reservas indígenas, fronteiras, viajei muito, muito, produzindo textos, fotos e documentários”, conta. Ele destaca uma reportagem que fez na Amazônia sobre o Santo Daime. Como uma espécie de tíquete para entrar naquele mundo místico em plena selva,  recomendaram-lhe que experimentasse o chá ayuasca, que faz parte do ritual do Daime e é feito de plantas nativas que potencializam a percepção. “Foi um choque. Você se sente ligado ao universo, reflete sobre sua vida. Pode ser doloroso. Não é um prazer, não recomendo. As pessoas falam que uma sessão de ayuasca substitui um ano de análise. Eu vejo dessa forma. É muito intenso, você direciona seus pensamentos para seus problemas”, conclui Ende, que transformou a experiência em um documentário de 116 minutos intitulado “O Vinho das Almas”. A relação com o Santo Daime parou aí. Ende pratica o budismo. “Como filosofia, não é uma religião propriamente. É uma maneira de ver a vida, um ensinamento, não me defino como budista. Mas acredito que existe uma coisa que não entendemos, não percebemos. Tenho um lado espiritual, uma ligação com natureza”, explica. Tráfico de drogas, bailes funks, travestis da Lapa, a perigosa rotina dos pilotos dos pequenos aviões que cruzam a imensidão da Amazônia foram outros temas nos quais o repórter-fotográfico mergulhou em dezenas de reportagens. “Eu adorava. Ao lado daqueles pilotos, por exemplo, conheci o voo “espanta macaco”, quando a pista é tão curta que o avião decola raspando nas árvores”, ri. Uma das motivações para abrir o horizonte rumo à China é, de certa forma – explica Ende-  sentir ter esgotado o Brasil. “Já estive em todo lugar. Tenho a impressão de que o Brasil muda muito devagar. As fotos que fiz há alguns anos, de carnaval, baile funk, por exemplo, podem ser publicadas hoje, quase nada mudou. Só apareceu mais um piercing na barriga da menina funkeira. Como fotógrafo, também não tenho mais curiosidade sobre a Alemanha. Hoje acho que uma realidade como a da China é mais excitante”, admite.
Curiosamente, o interesse pela China nasceu de uma motivação jornalística – a crescente importância do país – e ganhou um impulso afetivo extra. “Há alguns anos, eu havia recomendado à Bárbara , 29,  filha do primeiro casamento da Isa, que estudasse chinês. ‘Esquece o inglês’, brinquei. Ela até começou as aulas mas logo desistiu. Um dia Isa me deu como presente de Natal uma gramática chinesa toda riscada. Achei estranho, parecia só um presente barato. Era o livro que a filha tinha deixado de lado. Só que eu comecei a estudar. Isa se surpreendeu, não imaginava que iria levar tão a sério”. Ende admite que aprender o idioma foi fundamental para se movimentar na China já em busca de personagens locais e suas circunstâncias. “Estou no nível intermediário, escrevo meus emails, falo, me viro em qualquer situação. Continuo estudando todos os dias”. Desde a primeira visita – em 2008 - Ende foi aos poucos aprendendo a se movimentar na China. “Trabalhar no Brasil é mais fácil porque o meu português é bem melhor. O chinês, por outro lado, é mais aberto. Para mim isso foi uma surpresa. Em geral, as pessoas têm prazer em serem fotografadas. Lá não tem risco de segurança, a desconfiança é zero. Apenas uma vez tive problema com a polícia. Mas eles chegaram falando “com licença, o que vocês estão fazendo aqui”. Eu estava acompanhado da minha assistente e expliquei que registrava imagens de reciclagem. “Não pode. Posso convidar vocês para irem até a delegacia?”, disse o policial. Fomos, nos ofereceram chá. O delegado pediu para ver as fotos, explicou que a cidade, Yanji (na província de Jili, fronteira da Coréia do Norte), estava em campanha para melhorar a imagem. Perguntou se eu podia deletá-las. Deletei. Mais chá, pedidos de desculpas e saímos. Já na rua, minha assistente na China e na Rússia, a arquiteta e designer Daria Lisaya, que é filha de uma russa, o pai é da Moldávia, e trabalha comigo nem projetos nos dois países, reclamou: “’Você é burro. Podia ter deletado uma foto só. O delegado só queria mostrar serviço diante dos seus subordinados”. No dia seguinte, voltei ao local. Fiquei na cidade por duas semanas e não fui mais incomodado”, conta. São lições do “jeitinho chinês” que se acumulam desde 2008, quando Ende foi à China pela primeira vez. “Viajei com um grupo de estudantes brasileiros. Ficaria apenas quatro semanas mas logo nos primeiros dias mostrei fotos de uma série que chamei de “Rio by Night” e logo me convidaram para fazer uma exposição. Liguei para Isa e disse: ‘amor, vou te falar uma coisa, muito bom aqui, vou ficar uns meses’. Tudo aconteceu com uma rapidez enorme. Fiz a exposição, exibi o filme do Daime. Passei a ficar seis meses lá, seis meses aqui. Dei aulas de fotografia na Nanquim Communication University, por dois anos. E agora fui chamado pela Kennedy School, que leva mestres de várias áreas para ensinar na China”, revela.

Em setembro, Ende embarca de novo na ponte-aérea para a China. Embora entusiasmado com mais um capítulo do projeto “Vizinhos Distantes”, admite que passar tanto tempo não é fácil, sobretudo em relação ao casamento. “É difícil. De um lado é bom porque não cai na rotina. Isa é mais tranquila. Eu gosto de descobrir coisas novas, me sinto deslumbrado por viver a cultura do país. Mas Isa já foi à China umas cinco vezes. E esteve ao meu lado no aterro sanitário de Gericinó. Gosta da Bola Preta mas sacrificou o carnaval e me ajudou muito na produção das fotos”, finaliza.
(*) Texto com trechos extras

Racismo no futebol: Alô, jogadores, hora de sentar na bola e parar o jogo...

por BQVManchete
Já há alguns anos, este blog se manifesta favorável a uma campanha para sensibilizar os jogadores de futebol a interromper a partida sempre que vierem das arquibancadas ofensas racistas. Sentam na bola e esperam a polícia e os cartolas agirem, identificarem os racistas, botarem os canalhas pra fora e prendê-los devidamente.
Obviamente, esse tipo de campanha não vai partir de jornais, TVs e emissoras de rádio que têm interesses no futebol. O goleiro Aranha bem que tentou parar o jogo mas o juiz fingiu que não ouviu. Os colegas demonstraram solidariedade mas seguiram tocando a bola.
Um jogador sob bombardeio de ofensas e até de objetos lançados por racistas perde as condições psicológicas para continuar jogando, pode até perder a cabeça, partir para as arquibancadas e tentar resolver a questão no braço. E, se o fizer, não poderá ser criticado por isso. Retirá-lo de campo é premiar o racismo. Então, só resta uma atitude decente e segura: interromper o jogo.
A sociedade tem que se mexer. O Bom Senso Futebol Clube também. Chega de campanhas, faixas, apelos. Já se viu que nada disso tem funcionado. Ou a lei é imposta ou o Brasil, a CBF, a Fifa e as Federações estaduais, além dos dirigentes do clubes, Ministério dos Esportes, ministério da justiça, Ministério Público, seremos todos cumplicies de racismo.
O site Viomundo publica um texto bem fundamentado sobre o assunto. Leia.

RACISMO, FUTEBOL E O LIVRE MERCADO DO ÓDIO
por Silvio Luiz de Almeida*
Os gritos de “macaco” e “preto fedido” dirigidos ao goleiro Aranha, do Santos – um dos poucos goleiros negros nos times de ponta do futebol mundial – colocaram, mais uma vez, o racismo no esporte no centro do debate público.

Vítima de ofensas racistas por parte da reincidente torcida do Grêmio, Aranha contou em entrevista concedida após o fim da partida que tentou alertar o árbitro, mas foi ignorado. Na súmula do jogo não foi feita menção ao episódio e o assistente, por sua vez, relatou que “nada houve de anormal”.

Assim que o caso ganhou repercussão nacional, as reações do público, da imprensa e das entidades esportivas seguiram o scriptusual: declarações de dirigentes, treinadores e jogadores condenando a atitude racista da torcida do time gaúcho; o árbitro emendando posteriormente a súmula para incluir o ato racista, com o intuito de se precaver de críticas e de eventual responsabilização jurídica; o linchamento moral de uma torcedora em particular que, para seu azar, foi flagrada pelas câmaras de TV enquanto gritava na direção do goleiro santista.

A isso se seguiram reportagens mostrando o quanto a atitude da jovem torcedora gremista surpreendeu seus “amigos negros” (nestes casos, quase sempre aparecem amigos negros para relativizar o racismo), além, é claro, de especulações sobre como a justiça desportiva trataria “esse” caso, como se casos de racismo fossem ocorrências inusitadas.
Para se entender a dinâmica macabra com que estes eventos vêm se repetindo, é necessário entender que o racismo é um processo e não um ato ou conjunto de atos isolados.

Assim, os atos racistas são apenas o modo como o racismo, enquanto processo que reafirma a inferioridade de negros e negras, manifesta-se na vida social. Por isso, é possível identificar determinados atos de violência, ainda que isolados, como manifestações de um tipo específico de relação de dominação a que chamamos de racismo.
Mesmo ocorrendo cotidianamente, é curioso que atos de racismo sejam tratados como atos isolados. É com freqüência que a imprensa nacional e internacional noticia casos de jogadores de futebol negros que são agredidos por torcedores.

E apesar do relato de diversos atletas de que nas partidas ofensas raciais são corriqueiras, as entidades organizadoras, as autoridades governamentais, a imprensa e até os próprios jogadores tratam os sucessivos episódios como “casos isolados”, que jamais “refletem a postura dos clubes e da maioria da torcida”.

Todavia, a ideia de excepcionalidade das agressões racistas não resiste a uma simples olhadela no noticiário: o caso do goleiro santista é mais um dos inúmeros “atos isolados” de agressão racial no futebol ocorrido somente este ano.

Tratar atos racistas como isolados revela-nos um dos efeitos mais nefastos do racismo: a ocultação e a negação de seu caráter processual e sistêmico. Com isso, o racismo aparece enganadoramente como tendo origem no sujeito que pratica o ato racista e não como um elemento estruturante das relações sociais.

Surge então a tendência a fulanizar o racismo, a atribuir culpa individual, a julgar o problema como inerente à natureza humana ou creditá-lo a um desequilíbrio momentâneo do sujeito racista, sem que se cuide da forma como as relações sociais são permeáveis ao racismo.

Esse tipo de abordagem do racismo equivale a tratar apenas o sintoma sem pensar na doença. E o sujeito racista é um sintoma do racismo. Portanto, não é simplesmente o racista que dá origem ao racismo, mas é o racismo que cria o racista.

Com isso quero dizer que o racismo se reproduz porque encontra condições favoráveis para isso. Não é só a violência de quem chama negros e negras de macacos que configura a processualidade do racismo, mas, igualmente, a omissão de quem nada faz para interromper o andamento desse processo.

O racismo está principalmente nos silêncios, nas ausências e nos “não-ditos”. Diante da ofensa racista, o rosto que se vira covardemente para o lado contrário, a cabeça que se abaixa na vergonha conveniente e o sorriso de cumplicidade formam o “vazio” por onde escorre o sangue da vítima que nutre o monstro do racismo. É a hesitação diante do pedido de socorro e é o calar-se diante da ofensa que permite ao racismo se enraizar nas relações, normalizando a destruição do corpo e o tormento da alma.

Nesse sentido, pode-se dizer que o futebol profissional se alimenta do racismo e da violência. O estímulo à competitividade sem limites e a busca de lucros extraordinários são parte da realidade do esporte contemporâneo, romantizada pela falácia do “amor à camisa”, do fair play e pelas pífias declarações de “diga não ao racismo”, como se racismo fosse uma questão moral e não uma questão de poder.

As inúmeras denúncias de corrupção nas principais entidades organizadoras, assim como a persistência do racismo, demonstram que se está diante de um problema que deita suas raízes mais profundas nas grandes disputas políticas e econômicas do nosso tempo.
Nas análises da relação entre o racismo e as práticas esportivas tem-se freqüentemente desconsiderado as relações com a ordem econômica.
Há que se observar que a mercantilização do futebol empurrou a disputa esportiva para além dos campos. O torcedor-consumidor é mobilizado pelo clima de disputa e não pela beleza do futebol. A rivalidade entre torcidas que, em última instância, é a extensão da concorrência mercantil entre clubes e empresas patrocinadoras, faz com que acima da vitória de seu time, o torcedor busque seu maior regozijo na derrota e no lamento adversário, transformado em inimigo por narrativas que, repetidas à exaustão, criam rivalidades aparentemente irracionais e insuperáveis: corintianos x palmeirenses, brasileiros x argentinos, flamenguistas x vascaínos, atleticanos x cruzeirenses, colorados x gremistas etc.
Muitas destas rivalidades, tão úteis para aumentar a audiência de jogos e “mesas redondas”, além, é claro, dos lucros, são ideologicamente sustentadas por antagonismos de classe, de raça e de origem social, surgidos fora dos campos de futebol.

É desse modo que nacionalismos, regionalismos e racismos ajudam a demarcar a diferença entre torcidas, cujos integrantes pagarão ingressos caríssimos para adentrar as “arenas” cada vez mais exclusivas e elitizadas, com suas camisetas e acessórios e com seus hinos e cânticos, para eventualmente fazer de modo livre o que não seria visto com bons olhos na vida cotidiana, como, por exemplo, chamar de “macaco” um desconhecido que nunca lhe fez mal e que, provavelmente, nunca mais encontrará na vida.

Também é interessante notar que nos países do capitalismo central, sofisticados aparatos de vigilância e repressão conseguem limitar a externalização de impulsos mais extremos por parte da torcida; mas ao mesmo tempo em que parte da violência física entre torcidas está contida, o racismo se torna um problema cada dia mais presente.

O futebol deu ao racismo um tom “recreativo”, na feliz expressão do professor Adilson Moreira, ao se referir a um tipo de violência racial vista como natural e aceitável em momentos de descontração. Assim, o xingamento da torcida passa a fazer parte do jogo.

O futebol cria, assim, um espaço próprio, uma espécie de livre mercado do ódio em que a ofensa racial se torna a expressão do torcedor apaixonado, que pagou o ingresso justamente para ter o “direito” de extravasar seus piores sentimentos.

o jogador negro que se cale, pois está sendo pago para jogar (bem) e para suportar os insultos de ambas as torcidas (o que entender quando o árbitro ignorou a reclamação do goleiro Aranha?). E a fim de evitar que esse processo de catarse seja interrompido por quem desconhece a lógica desse consenso às avessas que impera no futebol, até o julgamento dos conflitos é tratado de modo distinto: cabe aos tribunais desportivos resolver conflitos conforme as regras do mundo encantado e “livre” do futebol.

Por esse motivo é muito raro que atos de racismo ocorridos no campo, salvo os de enorme repercussão, sejam tratados pelas leis penais. E mesmo quando alcançados pelas leis penais, restringem-se ao tipo da injúria racial, que faz parecer que o racismo, mais uma vez, é tão somente uma questão moral. Tratar os casos de racismo no âmbito desportivo é uma forma sutil de dizer que no futebol o racismo é permitido, mas desde que com certos limites.

Porém, muitos daqueles que agora demonstram indignação com as atitudes de parte dos gremistas, em particular da infeliz torcedora enxovalhada até com ofensas machistas, estão com ela e com os demais torcedores racistas acumpliciados. São igualmente racistas porque sustentam-se, servem-se e garantem seu modo de vida com o sofrimento de negros e negras, dentro e fora dos gramados, seja por ação, seja por omissão.

São cúmplices e, portanto, racistas, a FIFA, as federações de futebol, os clubes, as comissões de arbitragem e as comissões técnicas que com sua leniência, incentivam a violência racista nos estádios e fora deles. Não custa lembrar que os dirigentes destas entidades são na sua maioria homens brancos, o que ajuda a explicar em parte a total insensibilidade para com o racismo no futebol.

São cúmplices do racismo, dentro e fora dos campos,  as autoridades do Estado, com destaque especial para membros do Judiciário e do Ministério Público, que quando não são omissos, mostram-se, muitas vezes, condescendentes com atos racistas, ajudando a legitimar, legalizar e a propagar a violência racial travestida de “liberdade de expressão”.
São cúmplices do racismo as redes de comunicação, bem como seus jornalistas, cronistas esportivos e apresentadores que ajudam a reforçar a visão individualista e idealista do racismo como “ação isolada” e problema moral, fabricando falsas rivalidades geradoras de violência e concorrendo para a interdição do debate político tanto em relação à importância social do esporte, quanto em relação ao racismo.

São cúmplices do racismo os treinadores – quase todos brancos, o que reforça a imagem do negro como comandado e subalterno –, além dos jogadores de futebol, em especial, os grandes astros, negros e brancos, que poderiam e deveriam interromper as partidas e até mesmo abandonar o campo diante de casos de racismo.

Isso teria um forte impacto, muito mais do que comer bananas lançadas no campo por torcedores racistas, ato que só reafirmou o caráter recreativo do racismo no futebol e propicia algum lucro e momentos de fama nas redes sociais aos mesmos racistas e oportunistas de plantão.

Mas que jogadores terão a coragem necessária de dar esse passo e entrar para história depois de enfrentar os clubes, as entidades, parte da imprensa e, principalmente, os interesses políticos e econômicos que se formam em torno do racismo?

Nesse momento, seria interessante saber dos líderes dos movimentos Bom Senso Futebol Clube e Atletas pelo Brasil se há propostas para coibir o racismo. Persistindo o silêncio, já se poderá concluir que a lógica racista do futebol profissional interdita qualquer espécie de bom senso.
* Presidente do Instituto Luiz Gama. Doutor em Direito pela USP. Professor de Filosofia e Teoria Geral do Direito e de Ciência Política das Faculdades de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Universidade São Judas Tadeu.

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Marjorie Estiano lança álbum. Além de faixas autorais ela canta Tahí, de Joubert de Carvalho, sucesso na voz de Carmen Miranda


Marjorie Estiano na foto de Marcio Simnch, de divulgação do álbum "Oito". 
por Omelete
A cantora Marjorie Estiano lança seu terceiro disco, em setembro, com participações de Gilberto Gil e Mart'nália. “Oito”, nome do álbum tem faixas autorais e uma regravação especial: Tahi, de Joubert de Carvalho.  
 o Perdão”. "Oito" já está em pré-venda no iTunes: https://itunes.apple.com/us/album//id914292573
Além de participar da primeira fase da novela "Império", como a vilã Cora, Marjorie não deixa de investir na carreira de cantora e compositora. Recentemente percorreu Brasil em uma turnê em homenagem aos Beatles, ao lado de Liminha, João Barone, Toni Platão, Leoni, sandra de Sá, Dado Villa-Lobos, Paulo Miklos e André Frateschi. Não faz muito tempo, foi capa das revistas Trip e Vip. 

Foto Vip/Divulgaçao


No novela "Império", como Cora. Foto TV Globo/Divulgação