domingo, 8 de junho de 2014

Seleção não pode depender só da magia do futebol de Neymar

Marcelo, Neymar, Hulk e David Luís: treino regenerativo na piscina da "República de Comary", em Teresópolis. Foto de Rafael Ribeiro/CBF
por Eli Halfoun
Por motivos que nada tem a ver com futebol, a impressão que fica aos menos informados é a de que não há muito entusiasmo em torno da Copa e em consequência da seleção brasileira. É só aparência: a torcida bota muita fé no time comandado por Felipão e até aposta (embora prematuramente) que o hexa já é nosso. Só um importante detalhe parece preocupar parte da torcida e a maioria dos comentaristas de futebol (tem uma penca deles em ação). É a dependência que o selecionado pode estar criando pode estar em torno de Neymar, o nosso craque maior. O fato concreto é que quando Neymar não joga muito bem (raramente joga mal e até o mal dele é bom) a seleção sente e cai de produção. Essa “Neymar dependência” é perigosa: o time, repleto de craques não pode e não deve depender apenas da magia do futebol de Neymar. Nesse time todos precisam ser mágicos, inclusive para superar uma improvável má atuação do craque maior. Digo improvável porque Neymar é apaixonado por futebol e com paixão tudo fica sempre mais fácil. De qualquer maneira, não seria desperdício de tempo preparar o selecionado para independer do futebol de Neymar. Ou seja: se ele não estiver bem (o que repito é muito difícil) é bom (muito bom) que os outros craques estejam. Ficar com o hexa no Brasil depende fundamentalmente do bom futebol de todos os jogadores. Futebol é conjunto e por isso mesmo não pode depender apenas dos pés de Neymar e sua magia com a bola. Neymar é sim fundamental para a seleção brasileira. Os outros dez jogadores também precisam ser. E são. (Eli Halfoun)

Toninho Vaz: escritor lança biografia de Torquato Neto, o poeta da tropicália

Toninho Vaz. na Livraria da Travessa. Foto Zeca Moraes/Divulgação

por Roberto Muggiati (Especial para a Gazeta do Povo)
Toninho Vaz tem alma de biógrafo. Já contou as vidas de Paulo Leminski (O Bandido Que Sabia Latim), da padroeira dos endividados (Edwiges, a Santa Libertária), de Luiz Severiano Ribeiro (O Rei do Cinema) e fez o perfil, em Solar da Fossa, de moradores ilustres do casarão-pensão de Botafogo como Caetano, Gal, Tim Maia, Paulo Coelho, Gutemberg Guarabyra e Paulinho da Viola. Na quinta-feira, 5, ele relançou na Livraria da Travessa do Leblon, no Rio de Janeiro, sua nova edição de A Biografia de Torquato Neto, pela Nossa Cultura. A editora é de Curitiba, o prefaciador – esse que vos escreve – é de Curitiba e Antônio Carlos Martins Vaz, o Toninho, também é de Curitiba, onde cresceu nas imediações da Baixada (atleticano roxo) e começou a trabalhar no Diário do Paraná, aos 22 anos, em 1969.
Toninho sobreviveu à alta rotatividade das redações, evoluiu da imprensa “udigrudi” (Anexo, Raposa, Pasquim) para as semanais de prestígio (IstoÉ, Manchete), foi editor de textos e roteirista na TV Globo, produtor da Globo, do SBT e da CBS/Miami em Nova York (1995-98). É carioca adotivo há 40 anos, com um intervalo de quatro anos em São Paulo. Vida mais errante teve o seu biografado, Torquato Pereira de Araújo, neto, que saiu do Piauí para Salvador, Rio, São Paulo, Londres, Paris e Rio e para o suicídio, na madrugada depois de completar 28 anos, deixando escrita num caderno de espiral a frase contundente: “Pra mim chega.” Torquato fez uma das letras mais bonitas da pós-bossa, musicada por Edu Lobo: “adeus/ vou pra não voltar/ e onde quer que eu vá/ sei que vou sozinho/ tão sozinho amor/ que nem é bom pensar/ que eu não volto mais/ desse meu caminho.” E anunciou o alvorecer da Tropicália na letra de “Geleia Geral” – e a nova realidade que só se concretizaria na cabeça dos visionários e sonhadores: “o poeta desfolha a bandeira/ e a manhã tropical se inicia/ resplandente cadente fagueira/ num calor girassol com alegria/ na geleia geral brasileira/ que o jornal do brasil anuncia.”
Nosferatu
O título anterior do livro – Pra Mim Chega – foi omitido para poupar o sentimento da família. Na nova capa se lê simplesmente A Biografia de Torquato Neto. O poeta olha para nós por cima dos óculos escuros de aros redondos, envolto numa pesada capa preta em plena manhã luminosa de Copacabana, qual um ser de outro planeta, a capa de Nosferatu, o filme de Ivan Cardoso, lembrando também um parangolé enlutado de Hélio Oiticica. Já se foram 42 anos dos tempos de loucuras que levaram Torquato tão cedo deste mundo. Mas ele parecia estranhamente presente naquela noite em que uma nova onda de protestos pré-Copa parou o trânsito no Rio de Janeiro. A loja do Shopping Leblon, com seus 1,4 mil m² forrados de livros, CDs e DVDs, é a joia da coroa da rede Travessa, criada nos anos 80 a partir de uma pequena livraria na Travessa do Ouvidor, defronte à estátua do Pixinguinha tocando saxofone. Um espaço sofisticado, frequentado por celebridades e abrigando cada noite um lançamento de sucesso.
Toninho Vaz não fez por menos e, com sua fiel escudeira, a mulher Naná Gama e Silva, reuniu amigos de todas as épocas e de todos os locais: sua agente literária, Valéria Martins, da Oasys Cultural; o jornalista Ingo Ostrovski; a produtora e tradutora Ana Deiró; a jornalista Priscila Anders; o fotógrafo Zeca Moraes; a cineasta Lúcia Abreu; e sua personal lawyer Tânia Borges, que ajuda Toninho a trilhar o terreno ainda pantanoso das biografias. O Bandido Que Sabia Latim, seu importante perfil de Paulo Leminski, com quem conviveu intensamente em Curitiba, encontra insondáveis obstáculos junto à família do poeta para uma nova edição.
Torquato e Leminski, nascidos em 1944, poetas de uma geração em transe que o curitibano definiu à perfeição no poema em homenagem ao piauiense, “Coroas para Torquato”: “...esferas se rebelam contra a lei das superfícies/ quadrados se abrem/ dos eixos/ sai a perfeição das coisas/ feitas nas coxas/ abaixo o senso das proporções/ pertenço ao número/ dos que viveram uma época excessiva.”

P.S - Roberto Muggiati envia ao BQVManchete a seguinte mensagem em complemento ao texto acima: "Eu, prefaciador do livro, o Toninho, autor, e o Leminski, muito citado e também biografado pelo Toninho - somos todos  de Curitiba e ligados à ManchetePaulo Leminski (e sua mulher Alice Ruiz, poeta), quando moravam no Rio, no Solar da Fossa (tema de outro livro do Toninho), trabalharam no Departamento de Pesquisa da Manchete, isso lá pelos idos dos anos 70. Conta-me o Toninho que o Leminski, com sua cultura enciclopédica, levantou uma pesquisa sobre a História da Humanidade, a pedido de um bacana da redação, que a publicou em série e assinou com o seu nome, apropriando-se do trabalho do polaco. Toninho foi repórter da Manchete em Nova York, sob Arnaldo Dines, no interregno do triumvirato Tão Gomes Pinto-Otávio Costa- Nunzio Briguglio (1996-97). E o Torquato, embora não tenha passado pela Manchete, figurou em suas páginas na famosa foto da Passeata dos Cem Mil (ao lado do Gilberto Gil, na extrema esquerda), na Cinelândia, em 1968. (foto anexa). Um abraço, Muggiati
Torquato Neto, em primeiro plano, ao lado de Gilberto Gil, na Passeata dos Cem Mil, em junho de 1968, no Rio. Foto Reproduçã

sábado, 7 de junho de 2014

Demorô! A Fifa descobriu um dos defeitos dos brasileiros

por BQVManchete
Jeito, não tem. Compare com a entrega do imposto de renda, faltando um dia mais de 20 milhões de brasileiros não tinham feito ainda suas contas com o "leão". Chegar na hora a um compromisso? Difícil. Nós devemos ser o único povo que combina horário na base do "entre três e meia e quatro e meia tô lá". E chega às cinco e meia. Entregar obra pública no prazo? Impossível. Comodismo, falta de planejamento e má fé, tudo junto e misturado, não deixam. Nem obra privada fica pronta em dia. Tente comprar um apartamento na planta, com data para ficar pronto, e espere sentado. Contrate a reforma da sua casa e veja se termina a menos de três meses da data prevista. Nem enterro acontece na hora, até porque se defunto não tem pressa imagine a família e o cemitério. E o pior é que quando você deixa o carro para revisar, o computador para consertar ou entra na fila para esperar a vez, o que mais vai ouvir é um "é rapidinho, doutor". Rapidinha vai ser a desculpa: "rapaz, a parafuseta tava enferrujada, tive que mandar vir um original de São Paulo" ou "pô, também teu HD era paraguaio, foi aí que pegou, mas fica tranquilo mandei vir um da Suécia".
Diretor de Marketing da Fifa, o francês Thierry Weil deu a declaração reproduzida acima ao repórter Jorge Leite Rodrigues, no Globo de hoje. Não é qualidade, mas é fato. Deve ser cultura. Está na nossa placa-mãe. A mãe Joana.

Superstições: campanha mundial da Coca-Cola mostra os sinais que apontam os vencedores de todas as torcidas

VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI

Vai ter Copa: amistoso contra a Sérvia foi um bom teste...

Festa para Fred, o autor do gol. Foto Rafael Ribeiro/CBF

Unidos vencerão... Foto Rafael Ribeiro/CBF

O gesto do goleador: uma resposta à torcida que ensaiou algumas vaias. Mas isso faz parte do jogo. Parafraseando Nelson Rodrigues, nem toda torcida gosta de vaiar, apenas as normais. Foto Rafael Ribeiro/CBF

por BQVManchete
A seleção mostrou mais dificuldades, principalmente no primeiro tempo, para vencer o esquema de jogo da Sérvia. Sem muito poder ofensivo, o adversário foi duro, marcou com rigor, mostrou preparo físico. A Sérvia, como a Croácia, a primeira adversária do time de Felipão, é herdeira da escola iugoslava de futebol, de habilidade e de capacidade de improviso. Em 74, por exemplo, o Brasil não passou do zero a zero contra a então Iugoslávia. Eles gostam de futebol, têm a manha, jogam pelada nas ruas (a propósito, não dá para acreditar no futebol de países que não jogam pelada nas praças e terrenos baldios, daí porque desde sempre João Saldanha se preocupava com a urbanização que tem decretado o fim de muitos campinhos para a garotada brasileira). Voltando a Brasil 1 (e o gol legítimo de Hulk, anulado pelo bandeirinha) X 0 Sérvia : um jogo é útil como treino muito mais quando mostra defeitos do que qualidades. Felipão terá tempo para corrigir as falhas, uma delas a distância excessiva entre setores, o que faz com que com a bola recuperada muitos contra-ataques não deslanchem com a velocidade necessária. Mesmo no ataque, Neymar às vezes não tinha para quem passar a bola (às vezes ele prendeu demais também embora tivesse alternativa) e pediu com gestos, mais de uma vez,  a chegada de um companheiro. No segundo tempo o time já voltou voltou mais compactado. Valeu também por mostrar a opção Fred, o atacante típico que busca o chute a gol mesmo sentado, embora ele ainda esteja meio isolado e não participe como deveria de mais troca de passes na finalização dos ataques. 
Acabou a brincadeira, agora é pra valer. 

Censura na Espanha: revista que satiriza família real "recriada" pelo ditador Franco é recolhida das bancas...

por BQVManchete
Herança maldita do cruel ditador Franco, a família real espanhola embora envolvida em acusações de corrupção e desvio de dinheiro público, não quer largar o osso. Numa tentativa de salvar a mordomia real, o rei abdicou em favor do filho. Enquanto isso, os espanhois protestam nas ruas e cresce uma espécie de "primavera republicana", movimento popular para acabar com a pantomima franquista. Entre a elite burocrática, a instituição que muitos espanhois consideram caduca ainda tem apoiadores capazes de exercer a censura à imprensa. A vítima mais recente foi a revista El Jueves, que teve 60 mil exemplares retirados de circulação. O motivo foi um charge que satiriza a monarquia. Na capa, o rei aparece com um prendedor no nariz ao entregar a "sujeira real" ao filho. Em protesto contra a censura e o recolhimento da edição, os cartunistas da El Juenes pediram demissão. 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

70 anos, hoje: o lado B do "Dia D"...

Na praia: obstáculos como proteção. Reproduçáo

Tanques deixam o navio-transporte. Reprodução

Tropas na barcaça, pouco antes de enfrentar o fogo alemão. Reprodução
por José Esmeraldo Gonçalves
Há exatos 70 anos, na madrugada de 6 de junho de 1944, uma terça-feira, os Aliados deflagravam uma das maiores operações da 2ª Guerra Mundial: o Dia D. Talvez seja também uma das ofensivas mais fotografadas da época. As forças que desembarcaram na França levavam em seus batalhões fotógrafos e cinegrafistas que documentaram todas as fases da operação cujo nome oficial era Overlord. Há vasto material. A revista Life publicou edições com fotos memoráveis. E, ao seu estilo de publicação ilustrada, mostrou também o "antes e o depois", os bastidores da invasão em cores. No acervo digital da publicação há belas e raras imagens que contrastam com a cobertura hard news da Time. A Life também se preocupava em levar algum alívio aos soldados em guerra na Europa. Ao lado da cobertura do avanço dos Aliados, havia espaço nas páginas e capas da revista para as pin ups. Um toque de fantasia nas pausas entre as duras batalhas da Segunda Guerra.
Pausa para almoço sobre caixas de munição. Life Magazine

Soldados ingleses, ainda na Inglaterra, antes da invasão. Life Magazine

VEJA MAIS FOTOS DO DIA D NO ACERVO DIGITAL DA LIFE MAGAZINE. CLIQUE AQUI


Além da cobertura no front, a Life tentou levar um pouco de relax aos soldados que lutavam na Europa e no Pacífico. As pin ups tiveram um papel na guerra: ajudaram a diminuir a tensão nas trincheiras.



A revista Yank era especializada em pin ups e disputava com a Life a preferência das tropas. 





Já os pilotos que bombardeavam a Europa e abriam caminho para a invasão transformavam o nariz dos aviões em posters de fantasias ou de recuerdos de namoradas.



quarta-feira, 4 de junho de 2014

Luiz Claudio Marigo: uma vida dedicada ao meio ambiente. Frequentador das redações da Bloch, onde deixou muitos amigos, Marigo publicou belíssimas reportagens em Manchete, Fatos & Fotos e Geográfica. Ele somava duas paixões:a fotografia e a natureza...



Frederico Mendes, fotógrafo que também atuou por muito anos na Manchete, fala do amigo Marigo na matéria do Globo de hoje




VEJA ÁLBUM DE FOTOS DE LUIZ CLAUDIO MARIGO NO SITE DO GLOBO. CLIQUE AQUI

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Na Contigo!: Gala e Salvador Dalí: os amantes do século segundo Roberto Muggiati...



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Jornalista-gata que cobre seleção da Austrália chama atenção em Vitória

por BQVManchete
As equipes de jornalistas estão aos poucos chegando ao Brasil. Mas, por enquanto, a musa da imprensa é a repórter australiana Melaine McLaughlin,  de 34 anos bem distribuidos. Mel, como é conhecida no seu país, é correspondente da Network Ten  e está em Vitória, no Espírito Santo (ES), acompanhando a seleção do seu país.
Mel McLaughlin Reprodução Twitter

Reprodução

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Copa: saiba aqui o que a imprensa não está noticiando

por Eli Halfoun
Tempo de Copa do Mundo. Anote aí o que a imprensa não está noticiando em destaque:
1 - A Copa 2014 pode encerrar definitivamente a permanência do goleiro Julio César (atualmente joga no Toronto do Canadá) no exterior. Julio estaria com sua volta ao Flamengo praticamente acertada para depois da Copa. Não há por enquanto confirmação oficial, mas sabe-se que o goleiro receberia em torno de R$450 mil mensais. Sabe-se também que sua família já esta comemorando seu retorno definitivo ao Brasil
2 - Não será surpresa se na estréia da seleção brasileira contra a Croácia o técnico Felipão fizer uma mudança na escalação tida como a principal. Felipão não confirma, mas é grande a possibilidade de   William entrar no lugar de Oscar, que passaria a ser a primeira opção como reserva. Felipão está encantado com o futebol e a agilidade de William que a cada dia conquista mais espaço entre os titulares;
3 - O presidente da Fifa, Joseph Blater tem se encarregado pessoalmente de convencer a presidente Dima Rousseff de estar presente na abertura da Copa em São Paulo. Dilma não pretendia ir, mas voltou a pensar no assunto. Já avisou que se for não quer que sua presença seja anunciada no estádio e também não pretende fazer discurso;
4 - A Agência Brasileira de Inteligência não pretende dar mole para o grupo argentino de torcedores conhecido como Barra Brava. A Abin já tem m dossiê completo sobre o grupo conhecido muito mais por sua violência do que pelo amor ao futebol. Existe inclusive a possibilidade de que os 800 torcedores argentinos que ameaçam vir ao Brasil serem presos e enviados de volta ao seu país, que, aliás, também não os quer por lá;

5 – Empenhada em fazer uma cobertura histórica a Globo tem outros planos para a Copa: está reunindo material especial e exclusivo para fazer um documentário sobre a competição. O filme deve ser lançado imediatamente após o final do mundial. Com, espera-se, o Brasil campeão. (Eli Halfoun)

Televisão por assinatura aumenta a audiência e já preocupa a TV convencional

por Eli Halfoun
A televisão por assinatura penou um bocado para conquistar o número de assinantes que pretendia desde sua implantação, mas começa a mostrar uma boa reação: recentes pesquisas revelam que principalmente em São Paulo a chamada televisão paga teve um aumento de 20% na audiência, o que sem dúvida significa um maior número de assinantes. Agora resta saber se esse aumento de audiência é resultado de um interesse maior pelo farto noticiário sobre a Copa, se a programação oferecida por assinatura melhorou ou, o que é mais provável, se as ofertas da televisão comercial espantam cada vez mais os telespectadores. Não há dúvidas de que o aumento da audiência nas emissoras por assinatura está diretamente ligado à qualidade oferecida pelos novos aparelhos de televisão. Por isso mesmo é fundamental que a televisão por assinatura tenha cada vez mais atrações variadas especialmente quando se sabe que todas as classes sociais têm acesso por cabo. Ou pagam por uma caríssima assinatura ou buscam acesso através de “gatos”, o que também está ficando cada vez mais comum. Afinal, esse ainda é o país em que ser esperto e saber levar vantagem. (Eli Halfoun)

É preciso dar um novo sabor para as sobras de comida. Pode ser um saboroso exercício de culinária

por Eli Halfoun
Nas casas da maioria da população os pratos estão vazios ou no mínimo com menos comida, o que acontece também em vários restaurantes populares que aumentam os preços e diminuem as porções. Está difícil ter mesa farta e variada, mas ainda assim se multiplicam na televisão os programas de culinária. Nada contra: aprender novas receitas é também fazer uma viagem cultural pelo curioso mundo dos sabores. Só é difícil entender como em um país que precisa parar de desperdiçar o pão nosso de cada dia ninguém tenha tido até agora a coragem de criar um programa para ensinar a transformar as sobras em um novo e saboroso prato. Nesses tempos de reciclagem o aproveitamento das sobras, que geralmente acabam no lixo, seria sem dúvida uma gostosa maneira de economizar e aprender a reaproveitar o que simplesmente não pode e não deve ser descartado quando se sabe que por aqui muita gente ainda passa fome. O reaproveitamento e modificação das sobras não é novidade: nossas avós faziam isso e o faziam muito bem transformando, por exemplo, a carne assada de ontem no delicioso croquete de amanhã e assim por diante. O que realmente não cabe é ter mais de uma dezena de programas de culinária para ensinar o que o povão não tem condições de consumir. Aproveitar bem as sobras não é vergonha. É apenas mais uma demonstração de criatividade onde a criatividade é fundamental e saborosa, ou seja, na cozinha. Talvez assim nossos pratos fiquem menos vazios. Os bolsos também. (Eli Halfoun)

terça-feira, 3 de junho de 2014

Vai ter Copa: jogo-treino no Serra Dourada foi útil. Jogadores como Neymar, David Luís e William mostraram que, para eles, a parada já começou

A seleção formada. Foto de Rafael Ribeiro/CBF

O melhor do jogo. Foto de RAfael Ribeiro/CBF

Hulk, Daniel Alves e Fred. Foto de Rafael Ribeiro/CBF

Daniel Alves. Foto de Rafael Ribeiro/CBF

O capitão David Luís. Foto de Rafael Ribeiro/CBF
A justa homenagem aos campeões do passado: Zito (representado pelo filho), Mengálvio, Pepe, Edu, Viola e Piazza. Foto Rafael Ribeiro/CBF 

(da Redação BQVManchete)
Valeu o jogo-treino contra o Panamá. Destaques para Neymar, deslocando-se, ligado no jogo e confiante. David Luis, seguro, embora exagerando em algumas entradas duras mas mostrando que já está em clima de Copa, como Felipão pediu. O Willian, que entrou no segundo tempo mas teve tempo de mostrar que vai ser forte opção do Felipão e vai brigar para ser titular. Julio Cesar não foi muito acionado, mas mostrou reflexo ao se recuperar bem de um escorregão na grama e fazer uma defesa difícil. Fred não brilhou. Daniel Alves lutou e acabou fazendo o seu gol. A defesa em geral foi muito bem, com o Panamá só incomodando no início. No primeiro tempo, o Brasil parecia meio espalhado, desarrumado demais naquele campo de dimensões superiores aos dos estádios oficiais da Copa e tinha dificuldades para vencer a defesa do Panamá. Não mostrava muita disposição para pressionar a saída de bola. Oscar, Ramires e Luiz Gustavo não conseguiam armar o jogo. Daí, acho, a seleção apelou para tantos lançamentos longos, sem sucesso. A partida era amistoso, de preparação, mas havia uma certa obrigação de ganhar do adversário fraco. Se o Brasil empata ou perde, haveria um aumento de tensão e talvez de cobrança a atrapalhar a reta final do treinamento. Melhor assim: 4x0 na medida contra um time que marcou duro em alguns momentos. Neymar foi o melhor em campo. O público, de mais 30 mil pagantes, apoiou a seleção e fez uma festa bonita. Belos momentos também a homenagem aos ex-jogadores e a cena que mostrou os craques de hoje cumprimentando os campeões de ontem: Zito (representado pelo filho) e Pepe (campeões em 1958 e 1962), Mengálvio (1962), Piazza e Edu (1970) e Viola (1994). Tinha um grande representante do Penta (2002) lá, mas estava ao lado de Galvão Bueno na cabine da Globo (aliás, Ronaldo saiu-se bem nos comentários, sem enfeitar demais). Vem aí a Sérvia. Felipão deverá usar os jogadores que ficaram em Comary: Fernandinho, Paulinho e Thiago Silva. Desses, Paulinho é o que preocupa mais, tornozelo prejudicado, mas deve entrar contra a Sérvia. É sexta-feira. Vamos conferir se o time de Felipão mostra alguma evolução diante de um escola de futebol mais habilidosa.

Vai vendo... Deu no JB: Barbosa nega que tenha recebido ameaças. Como é que a mídia deu manchete sobre isso durante dois dias ?


Ôba! Não vai ter Copa mas tem grana pra produção do protesto

Foto Reprodução G1

Reproduzido do Globo
por Omelete
Deu no G1. Hoje, em Brasília, produção de alto nível, bolas gigantes, em manifestação contra a Copa. Com um protesto luxuosos como esse, não será surpresa se a galera coxinha for de limusine para os protestos ou de voo charter de helicóptero. Também hoje O Globo publica pesquisa feita pelo Ibope sobre a expectativa dos brasileiros: 71% torcem para que tudo dê certo. Com o Brasil campeão, de preferência, claro.

O cangaço segundo Graciliano Ramos





O banditismo sertanejo dos anos 1930 é dissecado pela prosa arguta do autor de Vidas Secas

por Roberto Muggiati (Especial para a Gazeta do Povo)

“Lampião nasceu há muitos anos em todos os estados do Nordeste. Não falo, está claro, no indivíduo Lampião, que não poderia nascer em muitos lugares e é pouco interessante. Pela descrição publicada vemos perfeitamente que o salteador cafuzo é um herói de arribação bastante chinfrim. Zarolho, corcunda, chamboqueiro, dá impressão má. Refiro-me ao lampionismo, e nas linhas que se seguem é conveniente que o leitor veja alusões a um homem só.”
Esse texto, publicado em 1931 na revista Novidade, de Maceió, faz parte do livro Cangaços (Record), de Graciliano Ramos, organizado pelos “gracilianólogos” Ieda Lebensztayn e Thiago Mio Salla. Reunindo textos que falam dos bandoleiros do sertão nordestino na época crucial dessa coletânea (de 1931 a 1941), o livro traz a visão indignada do escritor – mais humanista do que comunista – diante dos desmandos e desigualdades de um quadro social corrupto e cruel. Ele mesmo sofreu na carne a injustiça: a partir de março de 1936, aos 43 anos, foi encarcerado durante dez meses pela polícia política de Getúlio Vargas. A tenacidade do sertanejo em sua resistência à opressão aparece repetidas vezes na frase “apanhar do governo não é desfeita”, que se aplicaria ao próprio Graça. Ele explica o cangaço:
“O que transformou Lampião em besta-fera foi a necessidade de viver. Enquanto possuía um bocado de farinha e rapadura, trabalhou. Mas quando viu o alastrado e em redor dos bebedouros secos o gado mastigando ossos, quando já não havia no mato raiz de imbu ou caroço de mucunã, pôs o chapéu de couro, o patuá com orações da cabra preta, tomou o rifle e ganhou a capoeira. Lá está como bicho do mato montado.”
Ainda em 1931, a Novidade publicou uma entrevista com Lampião, detalhando “como o célebre cangaceiro, o herói legendário do sertão nordestino, encara certas coisas brasileiras: os direitos de propriedade, o progresso, a justiça, a família, o sertão, os coronéis, o cangaceirismo e a sua própria vida.” Logo de saída, a revista deixa claro: “Na impossibilidade de obtermos um encontro com o notável salteador, recorremos a um truque: um dos nossos redatores, antigo sócio de centros esotéricos, deitou-se, acendeu um cigarro, fechou os olhos e conseguiu, por via telepática, a seguinte entrevista.” Por aproximação estilística, Ieda Lebensztayn atribui a entrevista imaginária a Graciliano. Durante sete anos, ela pesquisou a história da revista Novidade — que teve 24 números, de 11 de abril a 26 de setembro de 1931— para sua tese de doutorado na USP. Outros escritores de talento colaboravam na revista, que era feita nos fundos de uma livraria de Maceió: o poeta Jorge Lima, o romancista José Lins do Rego, o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda e o antropólogo Manuel Diegues Jr. (Quase todos migrariam depois para o Rio.) Mas, a verve do texto, a referência irônica ao esoterismo, a zombaria do bacharelismo e, apontam Lebensztayn “a agudez em relação à miséria absoluta e ao caráter falacioso da palavra escrita; a preceptiva poética de que é preciso conhecer o sertão para se falar dele” — tudo isso é inequivocamente de Graciliano.

Bandoleiros

O livro inclui os dois capítulos do romance Vidas Secas que falam especificamente do cangaço. Eram “dois cangaços”, mencionam os organizadores: o do passado, de caráter social, e o do presente, de motivação econômica, alinhando as datas de alguns de seus chefes: Jesuíno Brilhante (1855-1879), Antônio Silvino (1875-1944), Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (1898-1938), e Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco (1907-1940). Destes, apenas Silvino não foi assassinado, mas preso de 1914 até 1937. Graciliano o visitou na cadeia e fez seu perfil para O Jornal, do Rio, em 1938: “Na catinga imensa, perseguido, queimado pela seca, Silvino teve sempre os modos de um grande senhor, muitas vezes mostrou-se generoso e caprichou em aparecer como uma espécie de cavaleiro andante, protetor dos pobres e das moças desencaminhadas.”
Para o Sistema, o cangaço merecia punição exemplar. Já em 1935 os volantes assombravam a opinião pública com a foto do corpo do cangaceiro Cirilo de Engrácia, comparsa de Lampião, pregado de pé numa tábua e cercado pelos homens que o mataram. A cabeça cortada teve de ser colada ao corpo para a pose de “álbum de família”. Cangaços traz a foto, com o comentário que Graciliano fez no romance Angústia: “Pensei em Cirilo de Engrácia, visto dias antes em fotografia — um cangaceiro morto, amarrado a uma árvore. Parecia vivo e era medonho. O que tinha de morto eram os pés, suspensos, com os dedos quase tocando o chão.” (Qualquer semelhança com o corpo de Vladimir Herzog pendurado nas grades da sua cela é mera coincidência...)
Mas o auge da barbárie é quando são exibidas as doze cabeças cortadas de Lampião, Maria Bonita e o resto do bando. As cenas grotescas de 1938 são evocadas pela memória de uma criança, Ricardo Ramos, filho de Graciliano, numa das epígrafes do livro: “Eu ouvia, fascinado. Passara a meninice acalentado pelas estripulias dos cangaceiros, da polícia volante, duas pestes que nos assolavam. E contei de uma noite, após a ceia, em que atraído pelos foguetes saí à calçada e vi os caminhões, as cabeças cortadas espetadas em estacas, de Lampião, Maria Bonita e mais dez outros, os soldados empunhando archotes, gritando vitoriosos, um cortejo macabro pelas ruas de Maceió. Sonhos assombrados, semanas de pesadelo.”
No artigo “Cabeças”, publicado no Diário de Notícias do Rio de Janeiro em 2 de outubro de 1938, Graciliano investe com seu humor cáustico: “Por outro lado, existem pessoas demasiado sensíveis que estremecem vendo a fotografia de cabeças fora dos corpos. Essas pessoas necessitam uma explicação. Cortar cabeças nem sempre é uma barbaridade. Cortá-las no interior da África, e sem discurso, é barbaridade, naturalmente; mas na Europa, a machado e com discurso, não é barbaridade. O discurso nos aproxima da Alemanha. Claro que ainda precisamos andar um pouco para chegar lá, mas vamos progredindo, não somos bárbaros, graças a Deus.”

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Uma loba no jurídico: olha o alto nível da nova procuradora-geral da Crimeia...

Natalia Poklonskaya. Reprodução Internet

Natalia Poklonskaya. Reprodução Internet




Natalia Poklonskaya. Reprodução Internet


Natalia Poklonskaya na primeira coletiva depois da posse. Reprodução Internet

por Omelete
A Crimeia, que optou em referendo por se desligar da Ucrânia e fazer parte da Federação Russa, está em intenso processo de reorganização das instituições. O país vive um clima de refundação histórica. Em meio às mudanças, uma que por si vale o independência. A nova procuradora-geral da República da Crimeia é a bela loura retratada nesta atento BQVM. Aos 34 anos, Natalia Poklonskaya virou sucesso na rede tão logo sua nomeação foi divulgada. Admiradores já criaram páginas na internet dedicadas à musa da nova Crimeia. Apesar da suave aparência, a nova procuradora é uma loba durona quando se trata de defender seu país. Recentemente, em entrevista, chamou as autoridades ucranianas - responsáveis pelo golpe estimulado por americanos e europeus e que derrubou o governo constitucional do país - de “demônios das cinzas”. Figura de linguagem de quem, além de ser a própria obra de arte, cresceu lendo um certo Wladimir... o Maiakovski. Não foi ele quem disse algo como "a arte (no caso de Poklonskaya, a beleza) não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo"?  


segunda-feira, 2 de junho de 2014

República de Comary: bronca de Felipão é transformada em "crise"... Calma aí!

(da Redação BQVManchete)
A primeira semana de treinamento da seleção teve bons e maus momentos. Em destaque, a aparente união e o alto astral dos jogadores. Entusiasmo e não salto alto. Isso é bom. Ponto fraco foi a "badalação" de vips, parentes, chapas, parceiros e amigos do patrocinadores à beira do campo durante os treinos. No segundo tempo do treino de ontem, o time considerado titular se desconcentrou e permitiu ofensiva dos reservas cometendo os erros de postura que irritaram o treinador. A animada arquibancada vip pode ter sido um fator de distração dos jogadores? Talvez. Outro complicador, este inevitável, é a interpretação que alguns jornalistas fazem das broncas normais do técnico, e isso faz parte do estilo do Felipão. Um dos papeis de um treinador ativo é exatamente reclamar de eventuais erros e interromper o treino para corrigi-los. Foi o que aconteceu ontem. Mas parte da mídia, ávida por esquentar as matérias, analisa o fato como uma "crise", fala que o "time titular" não é mais titular absoluto. Ora, Felipão tem um time considerado titular que é produto dos jogos da Copa da Confederações e dos amistosos disputados até aqui. Mas quem disse que nada pode mudar a partir dos amistosos pré-Copa e dos treinos em Comary? Até Saldanha, que escalou suas onze "feras" na primeira entrevista coletiva que deu como treinador da seleção, mexeu no time durante as Eliminatórias para a Copa de 70. Havia outras "feras" no banco de reservas. 
Os chamados reservas da seleção de Felipão não estão lá apenas como sparrings ( "esparro" na tradução popular que virou gíria) dos titulares. Também vão lutar para entrar no time principal. 
Sem crise.