quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Efeito Trump: Estados Unidos votam contra resolução da ONU que proíbe "glorificação do nazismo".

Sinal dos tempos e um alerta para quem se diverte com a ascensão da ultradireita. Por orientação do magnata Trump, os Estados Unidos votaram contra uma resolução apresentada na ONU para combater "a glorificação do nazismo e do neonazismo”. 

Em vários países, o neonazismo é uma assustadora realidade. Parece a volta do parafuso na história. Remete à Alemanha e Itália dos anos 1920/1930, quando o vertiginoso crescimento da direita radical também foi "normalizado" por figuras como Churchill,  Chamberlain, Pétain etc.

Estados Unidos e Ucrânia foram os únicos a votar, na prática, a favor da "glorificação". Brasil votou contra, não se sabe ainda se com a  concordância ou não do Planalto. Rússia, China e maioria dos países pobres também aprovaram a resolução contra a "exaltação" do nazismo. 

O justificativa da diplomacia americana defende o direito de expressão dos nazistas. Inacreditável. Vejam: 

"Os Estados Unidos devem expressar oposição a esta resolução, um documento mais notável por suas tentativas veladas de legitimar narrativas de desinformação russas de longa data denegrindo nações vizinhas sob o pretexto cínico de impedir a glorificação nazista. A Suprema Corte dos Estados Unidos tem afirmado consistentemente o direito constitucional à liberdade de expressão e os direitos de reunião e associação pacíficas, incluindo nazistas declarados, cujo ódio e xenofobia são amplamente desprezados pelo povo americano. Ao mesmo tempo, defendemos firmemente os direitos constitucionais daqueles que exercem seus direitos para combater a intolerância e expressamos forte oposição ao odioso credo nazista e outros que defendem ódios semelhantes".

Preocupante também foi a posição de vários países da UE que optaram pela cínica abstenção. 

Ficar em cima do muro contra o nazismo também ajudou a impulsionar uma das maiores tragédias da humanidade. 

Paul McCartney diz que "adora" a máscara. Com ela, finalmente pode circular nas ruas sem ser reconhecido...

 Há quem diga que mesmo quando a pandemia passar a máscara fica. O vírus vai continuar circulando, dizem os cientistas. Algumas pessoais mais preocupadas e mesmo vacinadas não vão abrir mão de proteção em meio multidões ou aglomerações. 


Reprodução Instagram

O ex-beatle Paul McCartney já admite que vê vantagens no uso da máscara, além das funções sanitárias. 

A privacidade.  

Ele contou ao programa ‘The Howard Stern Show’ que "adora" a máscara. "Com ela, é  possível ir a qualquer lugar e fazer qualquer coisa”.

A máscara tende a se tornar um problema a mais para os paparazzi.

"Garota de Ipanema" é um canto ou uma cantada?





Fotos de Sergio Alberto Cunha

por Ed Sá

Há poucos dias, em meio a uma polêmica qualquer sobre assédio, uma tuiteira comentou que, se fosse hoje, a letra da música Garota de Ipanema seria um típico relato de importunação sexual. 

Dois homens mais velhos em uma mesa do Bar Veloso a observar a menina de 19 anos? Puro assédio, condenavam. 

Ipanema, em 1962, não tinha se "copacabanizado", a Rua Montenegro ainda era uma tranquila transversal que levava à praia, com pouco trânsito. Helô Pinheiro, a menina, ia ao Veloso algumas vezes por semana comprar cigarros para a mãe. Segundo Ruy Castro no livro Ela é Carioca, ela morava na esquina de Montenegro com Vieira Souto e não precisava passar na frente do bar para ir à praia. 

De tanto a verem chegar, Tom Jobim e Vinícius de Moraes foram inspirados pela cena que a canção, originalmente chamada "Menina que passa", descreve em detalhes. 

Para algumas ativistas das redes sociais, certos versos são uma pura "cantada". "Olha que coisa mais linda mais cheia de graça/É ela menina que vem que passa/Num doce balanço caminho do mar/Moça do corpo dourado do sol de Ipanema/O seu balançado é mais que um poema/É a coisa mais linda que eu já vi passar/Ah, porque estou tão sozinho..."

Pode ser. Mas a verdade é que Helô Pinheiro não foi assediada no sentido grosseiro de hoje e só veio a saber que o "doce balanço" cantado por Tom e Vinícius era seu em 1965, quando a música já se transformara em um grande sucesso. 

A revelação foi da Manchete que naquele ano ouviu de Vinícius a confirmação de quem afinal era a musa da canção. Só então Helô conheceu o poeta em encontro promovido pela revista fotografado por Sergio Alberto.

Tom e Vinicius se foram sem imaginar que um dia o clássico da bossa nova nascido de um olhar poderia ser interpretado como uma espécie de melô de assédio. Mas também há bom senso nas redes sociais. Uma voz feminina menos radical argumentou que galanteio e assédio não devem ser confundidos. O que começa com um elogio deixa de ser aceitável e se torna importunação quando é vulgar ou se a mulher demonstrar que não gostou e se sentir constrangida. 

Não foi o caso, obviamente, como a própria Garota de Ipanema contou em centenas de entrevistas desde que se tornou o símbolo de uma época.  

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Passaralho no Globo atinge repórteres e até colunistas "cardeais"

Desde ontem circula nas redes sociais um extensa lista de jornalistas demitidos do jornal O Globo. Além de repórteres e editores sumariamente afastados, fala-se que colunistas alinhados com o grupo também foram atingidos. No caso, perdem colunas diárias e sofrem cortes de salários. Como algumas colunas passam a ser semanais, os titulares teriam os salários renegociados para baixo em função da diminuição de jornada. 

É preocupante a situação dos meios de comunicação, notadamente das versões impressas dos veículos. 

Um tema a ser estudado: impressos entraram em crise no mundo inteiro, mas no mundo desenvolvido, importantes veículos impressos já encontraram um modelo de negócios que abre perspectivas de sobrevivência. Não precisa acabar tão rápido. The New York Times é o exemplo mais evidente. Mas há vários outros. França e Portugal ainda exibem em bancas uma grande variedade de títulos de revistas, por exemplo. No Brasil, o quadro para os impressos é de acelerada devastação. Um apocalipse visível na decadência das bancas de jornais transformadas em mercearias. A velocidade com que o setor desaparece aqui merece uma análise. É porque somos subdesenvolvidos ? (sim, o rótulo que andava disfarçado de "em desenvolvimento" voltou); temos péssima distribuição de renda e as pessoas estão preocupadas em comer e não em comprar jornais e revistas?; temos um alto índice de desemprego e subemprego?  

Claro, a Covid-19 impacta todos setores. Mas é bom lembrar que a economia, no Brasil, já estava no chão antes da pandemia.

Ou será porque a mídia ajudou a implodir o país institucionalmente com mais um golpe, pelo qual trabalhou intensamente, entre os vários que defendeu ao longo da história. Ou será porque apoia incondicionalmente uma política financeira predadora ditada pelo mercado e seus prepostos, como o especulador Paulo Guedes, que só pensa nas fórmulas neoliberais de Pinochet para o qual trabalhou? 

Seja qual for a resposta, não se pode brigar com os fatos. O país, com a intensa ajuda da mídia, foi jogado em um abismo político, social e econômico. 

O resultado aí está. Pena que os trabalhadores recebem a bordoada. 

E vazou o áudio. Para uma boa repórter, a ofensa de um medíocre Secretário de Vigilância Sanitária indicado pelo Centrão é elogio


O cara é indicado pelo Centrão. Caiu de paraquedas na Anvisa, como muitos que descolaram uma boquinha na agência. Dizem que tem títulos, mas em outubro o sujeito bradava a queda da média móvel de mortos pela Covid e foi incapaz de prever o rebote, como seria sua obrigação. Claro que ele tem costas largas políticas e não respeita a função de jornalistas. Para os medíocres, jornalista é mesmo chato porque pode perguntar o que ele não é capaz ou não sabe responder. 

Nesta quarta-feira, durante a ridícula apresentação de um "plano de vacinação" que nada tem de real, é peça ficção sem vacina e sem seringa, o Secretário de Vigilância Sanitária, Arnaldo Medeiros, preposto do Centrão, do PL, partido do notório cacique Valdemar Costa Neto, lembram?, e que está lá como moeda política, não percebeu que o microfone estava ligado. 

Quando a repórter Valquíria Homero, do portal Poder 360, se apresentou para fazer uma pergunta, o elemento resmungou: "Afe, essa daí é chata, viu? essa é um porre". 

Isso no mesmo evento em que o ministro da Saúde diz que os brasileiros estão "ansiosos" pela vacina. Deve ser porque os brasileiros não privilegiados não têm o plano de saúde estatal que o ministro tem e estão morrendo nas portas dos hospitais lotados. Veja o vídeo AQUI

Plano de vacinação: a triste comédia da vida pública

Pressionado a apresentar um plano de vacinação, o governo federal produziu uma piada de generalidades. É uma carta de intenções que anuncia pendências. Um bando de pessoas que desprezou desde o início a chegada, os cuidados, as consequências e as mortes causas pela pandemia faz um rascunho de alguma coisa que pode acontecer ou não. 

Basta ver o conteúdo mais usado no documento: "prevê", "previsão", "ainda não tem uma data para começar", "depende da disponibilidade de vacinas", "memorandos de entendimento que expõem a intenção de acordo", "prossegue com as negociações para efetuar os contratos", "disponibilizar o quanto antes", "acordo para receber 100 milhões de doses dessa vacina até julho", "pretende comprar". 

Efetivamente, o governo não comprou vacinas, não comprou seringas e o sinal verde para todos os imunizantes vai depender da politizada Anvisa, que também não fala em prazo, mas já informa que a aprovação prévia de vacinas por agências e instituições estrangeiras nada significa porque todas elas serão avaliadas segundo parâmetros nacionais. E uma delas, a Coronavac, por ser chinesa, tem questões geopolíticas sob exame. 

Vai ver, no caso da chinesa, caberá à Abin vai aprovar ou não.

Enquanto o governo federal faz planinhos encadernados sem nada de concreto, alguns países já estão vacinando e outros adquirindo milhões de doses. Quando, finalmente, Balsonaro e Pazuello chegarem ao balcão de compra, restará ao vendedor falar o popular "tem mas acabou". 

A pátria desprezada

 

Autoridades falavam hoje com um cartaz atrás da súcia. "Patria Amada", estampava. "Pátria Desprezada" devia estar escrito lá. 

Pazuello, o incompetente ministro da Saúde,  diz que "cobrança por vacina é ansiedade". Isso é uma ofensa aos brasileiros. Há milhares de famílias que perderam entes e estão com outros internados. 

Esse sujeito, forrado com a grana e a estrutura que tem como funcionário público, bon vivant da verba pública (outro dia se divertia em uma festa privê) é um arrogante. 

Que ele saiba que há pessoas morrendo de Covid-19 por falta de vagas na UTIs. 

Este é o pais ansioso.

A ansiedade é medo. É revolta com um governo desprezível, desumano e criminoso. 

Homem mau dorme bem • Por Roberto Muggiati




O chavão “sono dos justos” não passa disso, um chavão mentiroso. Os justos sempre dormiram mal e há muito tempo perderam até o sono. Quem dorme bem nos dias em que vivemos é o homem mau, o injusto – como já provava admiravelmente há sessenta anos o grande Akira Kurosawa em Homem mau dorme bem. Por artes da pandemia, pude finalmente ver esse filme, de uma atualidade brutal. Quinze anos depois do fim da guerra, homens de negócios transformam o esforço de reconstrução japonês num grande bazar de falcatruas. Baseada em Hamlet – Akira adora o Bardo – a trama traz o herói justiceiro buscando vingar o suicídio do pai, provocado por um bando de corruptos. O protagonista é interpretado pelo ator-fetiche de Kurosawa, Toshiro Mifune, muito distante dos papeis extrovertidos e picarescos habituais. De óculos, terno escuro e capa de chuva, Mifune faz um jovem executivo recém-saído da universidade que casa com a filha de um alto executivo, uma manca cobiçada pelo dinheiro e poder do pai. Paro por aqui com os spoilers. O filme tem uma pegada noir alucinante e não acaba como desejaria o espectador. Só nos resta, como homens de bem, dormir mal...

Estadão revela o pacto dos idiotas

 


terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Vazou telefonema de Bolsonaro para Biden

 - Alô, alô, Bolsonaro espinquing, Bidê tá aí? Baiden. Desculpe, Damares tá me corrigindo aqui. 

- Could you put a translator on the line... não entendi, o senhor é algum tipo de entregador? O pedido do presidente Joe Biden já chegou. O senhor é do Mc Donalds?

- Mc Donalds? Meu filho zero 3 trabalhou no Popeyes, talkey?

- Zero? Desculpe, vou desligar, estamos ocupados, senhor.

- Stop, stop. Quero dar minhas congratulations pro Dr. Baiden. Me presidente do Brazil, me brazuca amigo. Quero dar um happy birthday pra ele, happy birthday to you em nome aí do povo do Brasil

- Ah, really?, o senhor se recusou a reconhecer a vitória do presidente Joe Biden...

- No, no, mistake, mistake, foi Mouron que não me deixou ligar, aimesorry, aimesorry

- O senhor queria invadir os Estados Unidos, a CIA alertou

- No, no, outro mistake... é a mídia safada que inventa, fuck news, fuck news

- What? A CIA disse que o senhor vinha com pólvora...

- No, no, pólvora pra comemorar, comé Damares, como fala? Fireworks, fireworks!

- Motherfucker!

- O que? Sim dou lembrança pra minha mãe, obrigado!

- Sorry, Mr. Biden não pode falar agora, está entrando no túnel... 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

The Guardian: a palavra certa...

 


Ocupação gourmet. Torres e shopping no Ibirapuera. Área cobiçada há muito anos finalmente vai ser conquistada por empresários.

 


por Ed Sá

Contam os mais velhos que ao ser aterrada a praia, à altura da Glória, para a realização do Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro, em 1953, surgiu a ideia de ampliar o projeto rumo ao vizinho Flamengo. 

Aterros no Rio não eram novidade. Ali perto, toda a região da Avenida Beira Mar e do Aeroporto Santos Dumont eram áreas conquistadas ao Atlântico.  A Beira Mar tornou-se uma avenida com prédios então luxuosos. Anos depois, quando o projeto do Aterro do Flamengo começou a tomar forma, logo um lobby de empreiteiros, com apoio de pelo menos um grupo de mídia, defendeu que parte do novo território não fosse inteiramente reservado para um parque público, mas que se permitisse a construção de prédios residenciais. O então Distrito Federal ou o novo Estado da Guanabara poderia vender terrenos e a cidade ganharia um novo bairro elegante. 

Felizmente, o Rio ganhou muito mais com a resistência de quem manteve o parque, hoje um patrimônio dos cariocas.

Certas parcerias entre interesses empresariais associados a políticos costumam ser letais para a qualidade da vida urbana. Quando se discutia a transformação do Parque Lage em instituição pública, como é até hoje, um poderoso grupo manobrou para comprar o local e tentou pressionar governantes a permitirem ali a construção de um cemitério vertical. O que seria hoje um crime ambiental também não vingou, para sorte do Rio.

A ambição privada está sempre à espreita. Agora São Paulo é a vítima. E o Ibirapuera o alvo. A anunciada privatização do parque inclui concessões para potencializar o lucro dos investidores. Acredite, serão construídos no local um shopping e três torres para hotel, apart-hotel e escritórios. Tais empreendimentos vão configurar um presentão: além dos terrenos serem públicos os construtores estarão isentos do IPTU. Ou seja, a população vai perder duas vezes. Não terá acesso a uma parte do parque e a cidade perderá arrecadação de um tributo importante, o que não é pouca coisa já que a área em questão é nobre. Dizem que uma das interessadas é uma empresa chamada Time for Fun... bota divertimento nisso.

ATUALIZADO EM 15/12.

O RIO DEVE MUITO A QUEM DEFENDEU, PROJETOU E CONSTRUIU 

O ATERRO DO FLAMENGO


FOTO DE ALEXANDRE MACIEIRA - RIOTUR - DIVULGAÇÃO

O amigo J.A.Barros, um dos mais ativos participantes deste blog, comentou sobre o post que relata a ameaça ao Parque Ibirapuera, em São Paulo - e que também se refere ao Aterro, no Rio -, e indagou sobre o grupo de pessoas que lutou pelo mais belo parque carioca. 

Este adendo faz justiça a esses verdadeiros heróis, que legaram um presente para a cidade e para as gerações que os sucederam. Um tempo em que os interesses particulares ainda eram desafiados e se construíam espaços para a população, sem distinguir ricos e pobres, e não se destruíam ou roubavam das cidades áreas públicas, transformando-as em uma espécie de clube particular. 

Ao vencer as eleições para o Estado da Guanabara, em 1960, Carlos Lacerda convidou Lotta Macedo Soares para colaborar com o seu governo. Já se falava em construir pistas na área aterrada. Ela sugeriu a implantação de um grande parque. Com apoio de Lacerda, assumiu a responsabilidade e convidou o arquiteto Afonso Reidy para se integrar ao projeto, que logo enfrentou resistência. Um diretor de Urbanização da Sursan (Superintendência de Urbanismo e Saneamento do Estado da Guanabara) queria, em vez do Parque, construir  no local quatro avenidas e prédios à beira-mar. A pressão foi tamanha por parte do diretor e aliados no mercado imobiliário e na mídia que Lacerda foi obrigado a demitir o sujeito e nomear Enaldo Carvo Peixoto para a Sursan. Foi formado um grupo de trabalho do qual participavam Lotta, Afonso Reidy e Lotta, Jorge Machado Moreira (projeto arquitetônico), Berta Leitchic (engenharia, Ethel Bauzer Medeiros (recreação), Carlos Werneck de Carvalho, Sérgio Bernardes e Hélio Mamede (desenvolvimento de projetos), Luiz Emygdio de Mello Filho, botânico, Hélio Modesto, que fazia importante ligação com a administração estadual. Também atuaram no grupo Maria Augusta Leão da Costa Ribeiro, Flávio de Britto Pereira, Alexandre Wollner, Cláudio Marinho de A. Cavalcanti, Maria Hanna Siedlikowski, Maria Laura Osser, Gelse Paciello da Motta, Juan Derlis Scarpellini Ortega, Júlio César Pessolani Zavala, Sérgio Rodrigues e Silva, Mário Ferreira Sophia, Fernanda Abrantes Pinheiro e Swany Rodrigues e Silva. E foram contratados Roberto Burle Marx e Arquitetos Associado, o Laboratório de Estudos Marinhos de Lisboa e o designer americano Richard Kelly.

VOCÊ PODE CONHECER MUITO MAIS DESSE CAPÍTULO QUE ORGULHA OS CARIOCAS NO SITE DO INSTITUTO LOTTA -  https://institutolotta.org.br/o-parque-do-flamengo

domingo, 13 de dezembro de 2020

Sujou! Todo mundo pegando o retorno que tem cagalhão na linha

 


Sadomasô nos aeroportos

Sessão de apalpação

Bebê como bagagem de mão

Na esteira inativa à espera da conexão

Travesseiro próprio

O polêmico scanner corporal pode revelar linhas da intimidade 

por O.V. Pochê

Se você é sadomasoquista e antigamente gastava uma grana em casas especializadas em S&M. Poupe seu dinheiro. Apenas com o que gasta em taxas de embarque você poderá ter prazer em sofrer á vontade em aeroportos. E não só os do Brasil. Dos procedimentos de segurança e de scanner corporal, passando pelos atrasos e remanejamentos de voos, conexões demoradas, filas e, agora, os protocolos da Covid-19, você poderá ser um figurante do filme "50 tons de cinza" sem sair da sala de espera. 

Há situações ridículas também, algo que certamente o passageiro evitar viver em qualquer outro lugar, mas que em aeroporto se submete numa boa. O vexame se normalizou, digamos.

O site Illumeably publica uma seleção de fotos de algumas dessas situações constrangedoras pelas quais milhões de pessoas pagam cara. Para sofrer ou pagar mico.

Em tempos de Bolsonaro, o jornalismo investigativo, quem diria, sumiu ou quando aparece fica constrangido

 


E a Época? O repórter Guilherme Amado foi o autor do furo jornalístico da semana; a matéria sobre os relatórios da ABIN para jogar no forno de pizza  a roubalheira detectada no caso das "Rachadinhas", o escândalo em banho maria que envolve a facção no poder. 

Foi uma novidade na fase atual da grande mídia. As revistas de informação, Veja, Istoé, Época, há muito perderam o apetite para matérias de "denúncia".  Seja porque perderam a fonte de abastecimento que brotava na Lava Jato, seja porque participaram ativamente do processo que levou Bolsonaro ao poder e, ainda agora, mantém o pé de apoio no governo através de afinidades profundas com o czar da política econômica, Paulo Guedes. 

Em outros tempos, a matéria de Guilherme Amado seria capa, sem dúvida, ganharia bom espaço no Jornal Nacional, repercussão ampla na Folha, Estadão etc. 

Tente imaginar a ABIN fazendo hora extra para produzir relatórios em defesa de um filho do Lula ou a filha da Dilma. Sacou o barulho de muitos megatons? Já estou até vendo os editoriais praticamente pedindo a intervenção da Quarta Frota americana, a polícia do Atlântico Sul, para "salvar a democracia brasileira". Miguel Reale se descabelava. Janaína Paschoal estaria a ponto de se enrolar na bandeira do Brasil e se imolar em praça pública. Roger correria pelado na Paulista em puro desespero. O MBL em peso ameaçaria se atirar do Edifício Itália. As senhoras de Copacabana e seus maridos de gordas aposentadorias e fraldas idem ocupariam a Av.Atlântica pedindo a ocupação militar de Brasília, de preferência bombardeando o Planalto, o Alvorada e o apê do Lula em São Bernardo. 

Pois é. 

Vivemos novos tempo. A grave denúncia de Guilherme Amado mereceu da Época apenas uma chamadinha de capa.

Quase constrangida.


sábado, 12 de dezembro de 2020

Irã condena jornalista à morte. Teocracias costumam fazer isso...

A Anistia Internacional denuncia a execução do jornalista opositor Ruhollah Zam. Ele foi enforcado hoje. A Suprema Corte do Irã manteve a condenação apesar dos apelos de várias organizações de direitos humanos. Zam foi condenado por, segundo o governo, liderar protesto contra os aiatolás em 2019. Chegou a se asilar na França, mas durante uma viagem ao Iraque foi capturado por militares iranianos. "O contrarrevolucionário Zam foi enforcado durante a manhã, após a confirmação de sua sentença pela Suprema Corte devido à gravidade dos crimes cometidos contra a República Islâmica", anunciou a televisão estatal". Parte da esquerda brasileira apoia a violenta teocracia iraniana, assim como paparica os religiosos fundamentalistas tupiniquins. Se quer sair do buraco junto às novas gerações, a esquerda deveria rever essas posições. No mínimo, em nome da democracia.  

 


sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

 


PSG e Istambul Basaksehir fazem história ao parar o jogo em protesto contra o racismo. Desde 2014, furar a bola diante de ofensas raciais já deveria ser uma forma de luta

 

O post acima foi publicado aqui há mais de seis anos, após um caso de racismo no futebol brasileiro. 

Ao parar o jogo e deixar o campo -  depois do quarto árbitro, o romeno Sebastian Coltescu, proferir ofensa racial a Pierre Webo, ex-jogador e assistente técnico do time turco - PSG e  Istanbul Basaksehir fizeram história. 

A efetiva reação dos jogadores ao racismo no futebol pode alertar dirigentes,. Que caiam na real e finalmente aprendam que apenas "campanhas educativas" não são suficientes para reprimir um crime. 

A frase de Coltescu  - "aquele negro ali" - ecoou no estádio vazio em função das restrições impostas pela pandemia. Liderados inicialmente por Demba Ba, ao qual se juntaram Neymar e Mbappé, os jogadores abandonaram o gramado. O jogo só foi concluído no dia seguinte, com a substituição do quarto árbitro. 

Em 2014, Aranha foi alvo de racismo em jogo na Arena do Grêmio. O goleiro fechava o gol na vitória do Santos por 2x0 sobre o gaúchos, quando uma torcedora gremista o chamou de 'macaco". Ele tentou parar o jogo, o árbitro não o ouviu, os demais jogadores apenas mostraram solidariedade. E bola que segue. Leia, abaixo, no destaque, o nosso post publicado na época.

Já há alguns anos, este blog se manifesta favorável a uma campanha para sensibilizar os jogadores de futebol a interromper a partida sempre que vierem das arquibancadas ofensas racistas. Sentam na bola e esperam a polícia e os cartolas agirem, identificarem os racistas, botarem os canalhas pra fora e prendê-los devidamente.
Obviamente, esse tipo de campanha não vai partir de jornais, TVs e emissoras de rádio que têm interesses no futebol. O goleiro Aranha bem que tentou parar o jogo mas o juiz fingiu que não ouviu. Os colegas demonstraram solidariedade mas seguiram tocando a bola.
Um jogador sob bombardeio de ofensas e até de objetos lançados por racistas perde as condições psicológicas para continuar jogando, pode até perder a cabeça, partir para as arquibancadas e tentar resolver a questão no braço. E, se o fizer, não poderá ser criticado por isso. Retirá-lo de campo é premiar o racismo. Então, só resta uma atitude decente e segura: interromper o jogo.
A sociedade tem que se mexer. O Bom Senso Futebol Clube também. Chega de campanhas, faixas, apelos. Já se viu que nada disso tem funcionado. Ou a lei é imposta ou o Brasil, a CBF, a Fifa e as Federações estaduais, além dos dirigentes do clubes, Ministério dos Esportes, ministério da justiça, Ministério Público, seremos todos cumplicies de racismo.

Mas será longo o caminho, apesar da atitude dos jogadores do PSG e do Istanbul Basaksehir. Na última terça-feira, 8, no jogo do Palmeiras contra o Libertad, o atacante Rony se ajoelhou no gramado em apoio a Webo e à luta antirracista. A Conmebol ameaça multar o Palmeiras. Alega que o gesto de Rony fere o regulamento da Libertadores, que condena manifestações políticas, comerciais, pessoais, religiosas... Essa última categoria, contudo, não é objeto de ameaças de multa. Jogadores religiosos praticam o exibicionismo da fé, rotineiramente, em campo, sem contestação da cartolagem.  

Parar o jogo até que os racistas sejam identificados e presos é uma arma poderosa. Que essa tenha sido apenas a primeira vez e que os jogadores, a partir de agora, "furem a bola" a cada ofensa racista. 

Vivemos uma "ditabranda", Folha de São Paulo?

Ameaçada de morte por milícias bolsonaristas, a cientista política Ilona Szabó está morando no Canadá. Ela acaba de lançar o livro "A defesa do espaço cívico", onde aponta graves riscos à democracia desde que o sociopata chegou ao poder. No começo do ano passado, certamente por acreditar em alguma boa intenção dos novos governantes, a liberal Ilona aceitou um convite de Sergio Moro para participar do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Logo foi bombardeada pelas milícias. Bolsonaro rapidamente cancelou a nomeação. Por ter aceitado participar do governo, ela recebeu críticas à esquerda e ameaças à direita. Em entrevista ao Globo, Ilona Szabó conta que foi avisada de que estava sendo monitorada e de que poderia receber falsas acusações. Isso deve ser as "ditabranda" da qual a Folha de São Pàulo tanto fala.