segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Economia da Argentina despenca em quase 4%. Chegou a hora do pesadelo

por Flávio Sépia 

Mercado é de extrema direita. Alguem dúvida ? Não há nada de técnico na maioria das projeções. No Brasil erra sempre pra pior mesmo quando é bom o desempenho da economia. Na Argentina, também erra, mas sempre a favor de Milei. Enche a bola do liberticida e agora se "surpreende" com a queda da economia argentina em quase 4%.

domingo, 24 de novembro de 2024

Na capa da IstoÉ: o balão de ensaio


por O.V.Pochê 
Segundo a IstoÉ, Bolsonaro e cúmplices testam a viabilidade de Eduardo Bolsonaro ser candidato a presidente em 2026, mas a  extrema direita tem circulado dois outros nomes: Ronaldo Caiado e Tarcísio Freitas.

Como simples exercício de imaginação, listo alguns candidatos  a cargos do futuro primeiro escalão de Eduardo Bolsonaro.

Casa Civil - Carlos Bolsonaro 
Defesa - Flávio Bolsonaro
Cultura - Jojô Todinho
Economia - Fabrício Queiroz 
Banco Central - Agurdando indicação de Trump 
Educação - Regina Duarte 
Secretário de Imprensa - Alexandre Garcia. 
Planejamento - Veio da Havan.  
Relações Exteriores - Luciano Huck
Agricultura - Gustavo Lima
Casa Civil - Michele Bolsonaro
Petrobras - Aguardando indicação de Musk.
Itaipu - Aguardando indicação de Trump. 
Embaixada do Brasil em Washington - Allan dos Santos.
BNDES -Aguardando indicação de Trump.
Cônsul na Flórida - José Aldo
Novo Ministério Deus, Pátria e Família - Michelle Bolsonaro.
Gerência da Contas Secretas em Paraísos Fiscais - Paulo Guedes
Exército, Marinha e Aeronáutica - Aguardando indicações de Trump.
Cordenação Ministerial para Privatização da Amazônia - Aguardando indicação de Musk.
Chefia Especial do Departamento de Presentes para o Presidente (Jóias, Relógios, Estatuetas de Ouro, fuzis, pistolas,  automóveis Tesla, ações da Starlink etc) -  Jair Messias Bolsonaro.
Ministro do Turismo - Jair Renan Bolsonaro.
Diretor de Motociatas e Gerente do Puxadinho do Alvorada - Caio Copolla.
Coordenador do Café da Manhã com a Mídia Bolsonarista - Augusto Nunes.
Caseiro da Representação Avançada do Alvorada em Orlando FL. - Rodrigo Constantino.
Redator de discursos em lives - Demétrio Magnoli.
Supervisão de Manutenção de Pistolas no Alvorada - Carla Zambeli.
Mentoria de Palestras de Michelle Bolsonaro - Joel Pinheiro.

sábado, 23 de novembro de 2024

Lava e passa?

Sob suspeita. Camboriú (SC) é hoje um dos mais  intensos pontos de lavagem de dinheiro do Brasil. Região não por acaso bolsonarista. Duvida? Basta dar um Google associando Camboriú+Lavagem de dinheiro. São muitos andares de transações.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Na capa da Veja Digital: conversa de bunker

 


A operação Punhal Verde Amarelo não foi piada


Comentário do blog- A capa da Carta Capital dá ao fato a dramaticidade verdadeira. Bolsonaristas têm adotado a estratégia de minimizar a tentativa de atentado, foi apenas um protesto, um ensaio simbólico, dizem. Um dos boys da família Bolsonaro diz que pensar em matar não é crime. Um colunista do Globo descreve a tentativa como tosca. E afirma que Bolsonaro analisou o risco e abortou a operação. E assim ele livra a cara do indiciado. Eu, hein?

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Mídia - Precisamos falar sobre o jornalismo kid preto

por Flávio Sépia

O jornalismo kid preto está disseminado nas redes sociais e em sites, principalmente. Cada um desses canais tem seus "analistas" adestrados nas forças especiais da manipulação neoliberal. Metrópoles, Jovem Pan, Globo News, CNN, Globo, Folha, Estadão têm kids pretos de estimação. Vários deles fazem artigos e  editoriais que um Braga Neto assinaria. Não é difícil identificar o pelotão que faz a linha auxiliar do punhal verde amarelo. São rancorosos, detestam o politicamente correto, a diversidade, as cotas, condenam campanhas contra o racismo, formulam teses para supostamente provar que o Brasil é uma "democracia racial", protestam contra o "cancelamento" de racistas e assediadores. Dizem que isso é "censura" e agride a "liberdade de expressão". Um colunista de um grande jornal costuma ficar nervoso contra quem defende o banimento de conceitos e gírias de conotação preconceituosa. A Câmara dos Deputados tem seus kids pretos. O Senado idem. O  mercado cultiva seus kids pretos. As igrejas estão lotadas de kids pretos. As redes sociais estão roxas de kid pretos. Até o ministério de Lula tem kid preto. As urnas apontaram prefeitos kids pretos e vereadores kids pretos. O futebol tem kid preto. A música sertaneja tem kid preto. 

Não sei porque tanta surpresa com a mais recente revelação de ameaça golpista planejada por kids pretos.

Lula e Xi na capa do Washington Post. Um aperto de mãos que Trump abomina

The Washington Post. Reprodução 

Brasil e China assinaram um amplo pacote de acordos. A China se prepara para a tempestade protecionista que Trump provocará na forma de taxação de importações. A ofensiva de Trump atingirá vários países. O Brasil é um deles. São esperadas, por exemplo, medidas fiscais sobre vendas de aço para os Estados Unidos. O slogan de Trump, que promete a "América" grande de novo, vai levar a arrogância estadunidense às trocas comerciais.  O porto chinês no Peru, os caças Gripen suecos do Brasil, os investimentos de Pequim na África, qualquer afirmação de autodeterminação que a Casa Branca interpretar como hostil vai virar alvo do autoritarismo do magnata. No caso do Brasil, a extrema direita bolsonarista deverá ser interlocutora de Trump. Cenas explícitas de subserviência vão compor a agenda entre um "I love you Trump" e visitas de serviçais da extrema direita brasileira à área de serviço de Mar-a-Lago. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Descubra as palavras em inglês que marcaram as últimas nove décadas. Muitas delas você incorporou ao seu vocabulário

The Times. Reprodução

Para celebrar 90 anos, o British Council elaborou uma lista de palavras em inglês para mostrar como a linguagem registra as mudanças sociais que ocorreram nas últimos decadas. The Times, na edição de hoje, publica uma matéria sobre essa linha do tempo dos vocábulos. Muitas dessas palavras foram incorporadas ao dia a dia do Brasil. 

Confira alguns termos selecionados: 

1930 - Babysitter, Nylon, Jukebox, Video, Multicultural.

1940 - Bikini, Blockbuster, Buzzword, Cool, Deli (abreviatura de Delicatessen), Diskjockey, Nuclear.

1950- Artificial Inteligence, Disco, Graffiti, Rock'n'roll, Sitcom.

1960 - Baby boomer, Bollywood, Gentrification, Hippie, Homophobia. Multiverse, Reggae, Supermodel, Vibes.

1970 - Punk, Hip hop, Karaoke, Curry.

1980 - Avatar, Biodiversity, Cell phone, E-book, Sustainability, Virtual. 

1990 - Blog, Carbon fooprint, Cloud, Emoji, Spam, Google, Web

2000 -Cringe, Crowfunding, Hashtag, Podcast, Selfie.

2010 - Deepfake, Woke, Ghosting. 

2020 - Barbiecore, Bubble.

Veja mais palavras e as justificativas do British Council. Acesse o link

https://www.britishcouncil.org/english-assessment/eltons/festival-of-innovation?shpath=/english-language-evolution

Charlie Hebdo resume a crise: franceses não querem acordo com o Mercosul porque temem ter que comer carne humana da Amazônia...

 

* Pelo menos uma empresa francesa, o Carrefour, informou que não mais comprará carne de países do Mercosul. Alegam que o produto não obedece às normas européias. Já os exportadores brasileiros acusam a medida de protecionista.

O terror parece terrir, mas, cuidado, um dia eles aprendem

 por José Esmeraldo Gonçalves 

A operação terrorista Punhal Verde Amarelo foi coisa séria, foi uma grave ameaça à democracia. Não deu certo, mas o risco continua presente. A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, ele mesmo protótipo de autoritário, é um incentivo aos golpistas brasileiros. 

Despreze os editoriais dos jornalões que até recentemente, sem nenhuma consistência jornalística, apenas sustentados pelo "achismo" ideológico, garantiam aos seus prezados leitores que "o perigo passou", "é hora da conciliação", "vamos dar as mãos" etc. 

Esse tipo de postura é linha auxiliar das ameaças à democracia. 

O Brasil não está imerso apenas um confronto de opiniões, a extrema direita representada pelo bolsonarismo já demonstrou várias vezes que quer implantar no país um regime autoritário e usa a violência para alcançar o objetivo. 

Uma das cenas mais inacreditáveis que a TV mostrou em dezembro de 2022, no dia da diplomação do presidente eleito Lula da Silva, foi um grupo de terroristas aglomerados em um viaduto tentando empurrar um ônibus sobre o trânsito engarrafado no horário do rush em Brasília. A ideia era atingir os carros e seus condutores e conduzidos. Outros terrorristas colocaram uma bomba em uma caminhão tanque nas imediações do aeroporto da capital. Tudo isso, além do 8 de Janeiro e do bolsonarista que agora se imolou em frente ao STF,   demonstra com sobras que essa facção antidemocrática não está brincando e não desistiu. 

Não é surpresa a descoberta do plano Punhal Verde Amarelo cujo objetivo era assassinar Alexandre de Moraes, Lula, Geraldo Alkmin e quem mais resistisse aos golpistas.  

A sorte é que até aqui abusaram da incompetência. São figuras patéticas acostumadas a usufruir do dinheiro público, como um filho inviável que vive de mesada até os 60 anos. Só reaparecem a todo momento porque se beneficiam da impunidade e dos trâmites vagarosos da justiça.

Essa tal Punhal Verde Amarelo é uma tragicomédia. Daria um filme ou um livro como Roberto Muggiati cita no post "Atentados Simbólicos" publicado neste blog, ontem.

Um dos acusados de terrorismo perdeu a oportunidade porque não conseguiu chamar um uber que o levasse à posição determinada pelo chefes da operação. Outro esqueceu uma motocicleta na rua ao saber que o crime havia sido abortado porque uma das vítimas, Alexandre de Moraes, não estava em Brasília. Um general suspeito de terrorismo estava tão confiante que imprimiu todo o plano em uma impressora do Palácio do Planalto. Deve ter mostrado para a sogra, levou para a igreja, exibiu-se na mesa do carteado, vangloriou-se na sauna. Deixou pistas certamente porque se orgulhava da obra feita: queria passar à posteridade, talvez até ser entrevistado pela Jovem Pan, Pânico, Antagonista e Folha de São Paulo. 

Outro general suspeito recebeu em casa a célula criminosa, com direito a salgadinhos e drinques, sem show de Jojô Todinho e Gustavo Lima mas com despesas pagas por verba pública (claro, os terroristas tinham cargos altamente remunerados, estavam com o boi na sombra, como dizem os cariocas). 

Um dos itens do plano levou os acusados de terrorismo a vistarem a quadra do condomínio onde morava Alexandre de Moraes. Devem ter checado também a churrasqueira, piscina, o salão de festas, indagado se o ministro jogava vôlei, perguntado se havia apartamento vago para hospedar um cúmplice e deixado cartão para contato.

Outro terrorista, com a ajuda de um funcionário da equipe de Bolsonaro no Palácio do Planalto, se encarregou de levantar a rota que Moraes seguiria para ir à diplomação do Lula. Bom, Moraes foi, discursou e voltou vivo. Talvez o tal funcionário tenha perdido a conexão com o Waze.

Aparentemente, como a situação estava confusa, os elementos "altamente treinados" das forças especiais, fizeram uma pausa para relaxar em um restaurante conhecido em Brasília, frequentado por burocratas do poder. A conta? Paga pelo tesouro nacional, evidentemente. Se bobear, pediram recibo superfaturado e apresentaram ao RH do Palácio do Planalto para reembolso.

Se a democracia brasileira tem a quem agradecer é às instituições militares e policiais que construíram a incompetência desses aloprados. 

Em todo caso, segue um aviso aos editorialistas dos jornalões que defendem a "conciliação" e aos simpatizantes que articulam uma "anistia" no Congresso. Cuidado, eles acabam aprendendo.

                            

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Atentados simbólicos, ou, A vida imita a arte • Por Roberto Muggiati




• Em 1907, Joseph Conrad publicou O agente secreto, romance em que um grupo anarquista pratica um atentado contra o Observatório de Greenwich, em Londres – marco zero do fuso horário e símbolo supremo do Tempo e do “Império em que o sol nunca se punha”. A história se passa em 1886 e o agente encarregado do ato, Verloc – proprietário de uma lojinha de bricabraque e material pornográfico – acovarda-se e repassa a tarefa para seu cunhado Stevie, jovem irmão de sua mulher. Retardado mental, Stevie tropeça antes de chegar ao objetivo e cai sobre o artefato, que explode, destroçando seu corpo. Em vingança, sua irmã, Winnie, mata o marido com uma faca de cozinha. 
 

Em 1936, Alfred Hitchcock filmou o romance de Conrad com o título de Sabotage (no Brasil com o título lusitano de O marido era o culpado; em Portugal o título foi À 1 e 45). O Verloc de Hitch é, sugestivamente, dono de uma sala de cinema e os explosivos são rolos de filme. Em 1996, o britânico Christopher Hampton fez a sua versão, O agente secreto, com um elenco estelar: Bob Hoskins, Patricia Arquette, Robin Williams, Gérard Dépardieu e Christian Bale. Além disso, o livro de Conrad teve várias adaptações para o rádio e a TV e inspirou nada menos do que três óperas.

O agente secreto era o livro de cabeceira de Ted Kaczynski, o Unamomber, que matou três pessoas e feriu 23, entre 1978 e 1995, enviando cartas-bomba para pessoas que, segundo ele, estavam promovendo avanços tecnológicos que destruíam o meio ambiente.

Nas duas semanas que se seguiram aos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York, foi uma das três obras literárias mais citadas pela mídia norte-americana.


• Em Leviatã, romance publicado em 1992, Paul Auster narra a história de um intelectual nova-iorquino que um dia larga tudo e, intitulando-se “Fantasma da Liberdade”, sai pelos Estados Unidos explodindo réplicas da Estátua da Liberdade. Tempos depois, numa remota beira de estrada, enquanto fabricava mais uma bomba artesanal, ele morre – ou se mata – numa explosão. A história de Benjamin] Sachs é contada pelo melhor amigo, Peter Aron. Conheceram-se num bar do Greenwich Village em 1975, escritores iniciantes. Pete resume o martírio do amigo:

“Em 15 anos, Sachs viajou de uma extremidade de si mesmo à outra e, quando chegou àquele último lugar, duvido que soubesse mais quem era. Tanta distância tinha sido percorrida àquela altura que não lhe seria possível lembrar de onde havia começado”.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

O ogro leva tudo

 


por José Esmeraldo Gonçalves 

O filme Shrek tentou resgatar a imagem do Ogro. Tornou simpático o gigante cruel nascido no milenar folclore europeu. Na origem, o ogro não tem nada de bonzinho e se alimenta de carne humana. 

A capa da New Yorker sugere sem qualquer sutileza que os Estados Unidos e, por tabela imperialista, o mundo serão conduzidos por um ogro. Ao perfil de um Donald Trump em tons mais claros sobrepõe-se o monstro ameaçador. 

Trump 2 chega ao seu novo mandato com poderes que farão o Trump 1 parecer um looser, um perdedor que não conseguiu derrotar o fraco Joe Biden. O Trump 2 tem o Congresso e a Suprema Corte aos seus pés. E apesar da histórica autonomia administrativa, legal e política dos estados na maioria das questões vai se impor a bordo de um argumento poderoso: os governadores republicanos eleitos se beneficiaram da maré eleitoral trumpista. 

Os primeiros pronunciamentos do presidente eleito demostram que o vencedor leva tudo como cantava o Abbas no seu sucesso mundial de 1980. 

Trump sabe que não terá contrapesos nesse segundo mandato. The winner takes it all. The loser has to fall. 

Confiram a letra completa no Google e vejam se não é a própria "melô do Trump".  

terça-feira, 12 de novembro de 2024

You Tube exuma polêmica que envolveu Clodovil e a revista Amiga

 O You Tube é tão voraz que costuma exumar antigas polêmicas em troca de cliques.  Agora faz circular um short (link abaixo) que tenta provar que Clodovil foi alvo de fake news antes da mentira ganhar esse rótulo em inglês. O apresentador, que morreu em 2009, conta que foi vítima de uma fake news veiculada em uma edição da revista Manchete."Pra falar de uma doença que eu não tive, ela botou na capa para vender", disse ele. No vídeo, o falecido Clodô cometeu sua própria fake news, em parte. No anos 1980, a revista Amiga, também da Bloch Editores, publicou uma reportagem sobre celebridades e a aids. Na época, o vírus devastador atingia muitos nomes do meio artístico. 

A chamada de capa da Amiga de fato era especulativa. Pelo menos um cantor processou tanto a revista quanto a Rede Manchete (esta por haver veiculado um anúncio promocional daquela edição equivocada na qual o locutor anunciava "a aids de", seguindo-se uma série de nomes de celebridades. 

Em tempo: o cantor em questão ganhou o processo em todas as instâncias. E Clodovil, em entrevista anterior publicada no site Terra, atribuiu à Amiga, corretamente, a polêmica matéria.


Veja o vídeo

https://www.youtube.com/shorts/ixYml-Xmddw

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Eu choro por ti, Huelva • Por Roberto Muggiati

Huelva. Foto Booking.com

Em outubro de 1960, antes de chegar a Paris para a bolsa de estudos, passei uma semana em Portugal e Espanha. Não era só turismo, eu tinha uma missão específica a cumprir: comprar em Sevilha uma mantilha para o casamento de minha irmã Regina. Depois de uns bordejos por Lisboa – e de uma corrida de touros em Santarém – parti para a Espanha. Tomei uma barca até a gare do outro lado do Tejo, onde embarquei num comboio (trem em bom lusitanês) para a fronteira com a Andaluzia. Lá trocamos o trem por um ônibus e sua primeira parada – para esticarmos as pernas e comer um sanduiche – foi na cidade Huelva, com população de menos de cem mil habitantes, caberiam todos no Maracanã. Era por volta das dez da noite e a praça principal, com uma iluminação exuberante que competia com a luz do dia, vibrava numa feliz celebração da vida. Huelva, minha primeira cidade espanhola, foi para mim, uma verdadeira epifania. Com imensa tristeza, vi agora na TV que ela figurava entre as cidades mais atingidas pelo desastre das chuvas. Uma desgraça a mais no noticiário nosso de cada dia e – para mim – com um tom particular de tragédia. 


quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Eleições em Sucupira



 
Da Folha de São Paulo - Clique para ampliar

Comentário do blog - O sistema eleitoral estadunidense é um dos mais bizarros do mundo. Os "pais da pátria" criaram regras destinadas a evitar surpresas. Apenas candidatos dos partidos Republicano e Democrata podem, na prática, se revezarem no poder. Ruy Castro, na Folha de São Paulo, definiu bem o imbroglio do voto, onde qualquer um pode acusar fraude e, no meio de tanta confusão, pode ter razão. O absurdo maior - e que já aconteceu vásrias vezes - é um candidato obter a maoria dos votos populares e perder a eleição para um concorrente menos votado, que arregimenta mais "delegados". Aí mora a mutreta que derrotou Hillary Clinton e, antes, Al Gore, ambos "por acaso" democratas.     

Faixa bolsonarista em Washington: " Trump, anexa nóis"

por O. V. Pochê

O que acontecerá no mundo a partir da posse de Donald Trump não é totalmente previsível. A caça aos imigrantes ilegais e legais, sanções comerciais contra inimigos e aliados, pauta de costumes sob direção conservadora, fogo na diversidade, na política de direitos humanos e nas campanhas contra o racismo, proibição do aborto sob quaisquer circunstâncias são esperados. Desacreditar a crise do clima será  prioridade. O resto só o magnata e seus assessores sabem.

O que Washington não perde por esperar é a invasão brasileira para a posse de Trump, em janeiro de 2025. Nas redes sociais já há sinais de formação de caravanas da extrema direita. A família Bolsonaro irá em peso. Até o Bozo vai recuperar o passaporte para reverenciar o seu Big Boss.

Mas alguém avise a Washington que a coisa não vai acabar aí. Especula-se que haverá show de Gustavo Lima e Jojo Todinho, o Veio de Havan já mandou fazer smoking verde. Regina Duarte vai apresentar no Salão Oval o monólogo "Me assedia Tio Sam", Ao pé do obelisco um grupo de "patriotas" vai cantar o hino dos Estados Unidos para um pneu. Cassia Kiss vai puxar um "louvor" na hora do discurso de Trump. Alguns "patriotas" protestarão porque receberam crachá de "cucaracha" para entrar na Casa Branca. "I am bolsonarista, friend do Trump, Eu love Trump, please, I am deputada in Brazil, I love America, não me prenda, I want kiss ass do Mr.Trump", assim vai se desesperar uma fã. Uma comitiva de jornalistas e comentaristas brasileiros de extrema direita irá fantasiada de proud boys, a  organização neonazista que fez campanha para Trump. A deputada que usa guirlandas de inspiração nazista distribuirá o adereço nas ruas. Evangélicos levarão banheira de plástico para batizar Donald Trump, se for preciso adentrarão a limusine presidencial. Filhos de bolsonaristas irão fantasiados de peru de Ação de Graças e seus pais interpretarão os pioneiros e os pais da pátria. No meio da multidão de camisas verde-amarela uma faixa revelará a nova palavra de ordem dos bolsonaristas:

"Trump, anexa nóis" ! 

Qualquer semelhança não será mera coincidência.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Qualquer pingo de chuva paralisa um GP. Atualmente é mais perigoso ser motorista de aplicativo do que piloto de F1

por Niko Bolontrin 

O que Ayrton Senna, Alan Prost, Nígel Mansell, Graham Hill, Niki Lauda, Jim Clark, só para citar algumas lendas combativas da Fórmula 1, diriam das regras atuais e dos novos critérios para bandeiras amarelas e vermelhas nas corridas?

Hoje talvez seja mais perigoso ser motorista de aplicativo no trânsito das grandes cidades do que dirigir Ferrari, McLaren, Mercedes etc. Basta cair um pingo de chuva para a direção das provas tremer no Paddock e mandar recolher os bólidos à garagem. 

Não é mais possível identificar pilotos bons de chuva simplesmente porque chuva na pista no máximo vai espalhar resfriado, não mais é desafio para pilotos. 

Não por acaso, bandeiras amarelas e vermelhas têm decidido corridas e até títulos. Vestappen, por exemplo, será tetracampeão. Deveria, quando subir ao pódio, prestar uma homenagem à direção das provas e aos fiscais. Talvez erguendo as bandeiras amarelas e vermelhas como forma de agradecer pelos títulos conquistados sob irregularidades provocadas por sucessivas paralizações de provas que facilitaram seu trabalho.

 Críticas como essa são apenas murmuradas no circo da F1. E só muito discretamente chegam à mídia especializada. Claro, Red Bull é poderosa, faz campanhas publicitárias bilionárias e mostrou força ao superar todas as polêmicas que acumulou nas últimas quatro temporadas.

A irreverência certeira do Charlie Hebdo


 

Evandro Teixeira, 1936-2024, (*) - O mágico das imagens históricas

por José Esmeraldo Gonçalves

Durante 48 anos Manchete reuniu os mais prestigiados fotojornalistas brasileiros, de várias gerações. Semanalmente, como em uma grande exposição, as bancas - e eram milhares em todo o Brasil - penduravam exemplares abertos em páginas duplas com a foto mais marcante assinada por craques da fotografia. Como um curador, o jornaleiro sabia escolher a imagem da Manchete que mais atraíam atenção. Mas faltou um mestre naquele imensa mostra que transformava a Avenida Paulista, a Rio Branco e tantas outras ruas e praças no Brasil em uma galeria aberta e vibrante.

Evandro Teixeira nunca trabalhou na Manchete.

As coleções mostram apenas uma matéria assinada por ele adquirida da Agência JB. Outras raras imagens, especialmente de 1968, são creditadas à agência.

Editores de revistas ilustradas costumam se apaixonar por fotografias. De certa forma, aprendem a vê-las, mesmo que não ousem fazê-las. 

Muitas vezes, a primeira página do JB provocava nas redações da Manchete Fatos & Fotos alguma frustração que logo se transformava em irresistível admiração.

Evandro não esteve na galeria a céu aberto de Manchete e Fatos & Fotos nas bancas do país? Pena. As duas revistas saíram perdendo. Suas fotos inesquecíveis - Passeata dos 100 Mil, Tomada do Forte de Copacabana, Repressão da Cavalaria das PM na Candelária, Golpe Militar no Chile, Morte de Pablo Neruda e muitas outras publicadas no Jornal do Brasil - estão na memória do fotojornalismo brasileiro e mundial. 

Além disso, ganhou de Carlos Drummond de Andrade um poema que define o próprio fotojornalismo sob a lente mágica de Evandro. Quem mais?

Diante das Fotos de Evandro Teixeira 
(Carlos Drummond de Andrade)

A pessoa, o lugar, o objeto
estão expostos e escondidos
ao mesmo tempo sob a luz,
e dois olhos não são bastantes
para captar o que se oculta
no rápido florir de um gesto.

É preciso que a lente mágica
enriqueça a visão humana
e do real de cada coisa
um mais seco real extraia
para que penetremos fundo
no puro enigma das figuras.

Fotografia – é o codinome
da mais aguda percepção
que a nós mesmos nos vai mostrando
e da evanescência de tudo
edifica uma permanência, cristal do tempo no papel.

Das lutas de rua no Rio
em 68, que nos resta
mais positivo, mais queimante
do que as fotos acusadoras,
tão vivas hoje como então,
a lembrar como a exorcizar?

Marcas da enchente e do despejo,
o cadáver insepultável,
o colchão atirado ao vento,
a lodosa, podre favela,
o mendigo de Nova York
a moça em flor no Jóquei Clube,

Garrincha e Nureyev, dança
de dois destinos, mães-de-santo
na praia-templo de Ipanema,
a dama estranha de Ouro Preto,
a dor da América Latina,
mitos não são, pois que são fotos.

Fotografia: arma de amor,
de justiça e conhecimento,
pelas sete partes do mundo
a viajar, a surpreender
a tormentosa vida do homem
e a esperança a brotar das cinzas.

 

* Evandro Teixeira faleceu ao 88 anos, no dia 4 de novembro, vítima de pneumonia, no Rio de Janeiro. O fotojornalista cumpriu com brilhantismo uma extraordinária carreira profissional de 70 anos, 47 dos quais integrando a fabulosa equipe do Jornal do Brasil, onde fez história..