quarta-feira, 19 de junho de 2024
Fotomemória: O dia em que o repórter Tarlis Batista reuniu a MPB em Montreux. E ele mesmo fez a foto
terça-feira, 18 de junho de 2024
"Dicotomia Haia-Rio": Sergio Zalis inaugura exposição no Instituto Antônio Carlos Jobim nesta quinta-feira, 20 de junho, às 18h
A mostra focaliza os parques urbanos Jardim Botânico, no Rio e Scheveningse Bosjes, em Haia, na Holanda e ocupa a galeria do Instituto Antônio Carlos Jobim, na Rua Jardim Botânico, 1008.
Nos links abaixo você poderá ver teasers (*) do making of da captura de imagens para exposição "Dicotomia Haia-Rio". Os três vídeos curtinhos mostram o fotógrafo Sergio Zalis trabalhando nos dois parques. As fotos foram depois processadas segundo a técnica focus stacking. O resultado é um diálogo de formas e cores entre o Jardim Botânico carioca e o Scheveningse Bosjes.
(*) Os teasers de divulgação foram filmados por Frederieke Jochems (Haia, outubro de 2023) e por Fernando Lemos (Rio, abril de 2024).
Teaser 1
https://www.youtube.com/shorts/AjhpJkETPTI
Teaser 2
https://www.youtube.com/shorts/-Sk3afQQsrk
Teaser 3
domingo, 16 de junho de 2024
Copa América vem aí: futebol na gringa tem mudanças. Para pior
por Niko Bolontrin
Os Estados Unidos empreendem nos últimos anos uma ofensiva para ganhar relevância no futebol e atrair torcedores de várias etnias. Não tem sido fácil. Por enquanto, são os hispânicos, em grande maioria, que vão aos estadios. Tanto que os agentes de imigração adoram circular nas arquibancadas dando incerta no pessoal que atravessa o Rio Grande a nado sem lenço nem documentos.
Os fãs saxões de basebol e futebol americano, por exemplo, rejeitam algumas regras do soccer, como chamam. Lei do impedimento é uma delas, o empate com resultado final de um jogo é outra e gostariam de uma alternativa à expulsão: punir o jogador com 5 ou 10 minutos forade campo.
Pode-se dizer que o recente jogo Brasil 1 X 1 Estados Unidos não foi exatamente de futebol. Mais pareceu de futebol society com a diferença do uso de 11 jogadores de cada lado (o futebol society escala sete em cada time). Simples: como a Copa América será jogada em estádios adaptados do futebol amqricano, o campo de jogo é muito menor. Enquanto na Copa do Mundo e em outros torneios importantes como Champions, Eurocopa, Libertadores, Brasileirão, jogos das ligas europeias etc os campos medem 105 metros de comprimento por 68 de largura, na Copa América terão 100 metros por 64. Uma grande diferença. No total uma redução de 740 m². Ou seja, estão fora dos padrões Fifa, mas dentro do lobby para empurrar o soccer goela abaixo do white power dos Estados Unidos. Como disse acima, difícil projeto: os supremacistas brancos, por exemplo, se surpreendem quando alguém explica que o futebol foi criado pelo ingleses. Muitos pensam que o soccer surgiu na África jogado por macacos e com cocos no lugar da bola.
Sobre a torcida brasileira em Orlando, local do amistoso contra os Estados Unidos, uma curiosidade: muitos colocaram a mão no peito durante a execução do hino dos EUA, que eles chamam de "América". Fofos.
Panis cum ovum: 15 anos de um blog que é "spin off" do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou"
| O BLOG QUE NASCEU... |
| DE UM LIVRO |
por José Esmeraldo Gonçalves
Em junho de 2009, há 15 anos, este blog entrou no ar. O propósito de lancá-lo vinha de antes. A coletânea "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" (Desiderata), cuja noite de autógrafos foi realizada em 3 de novembro de 2008 na Livraria da Travessa, no Leblon, já previa essa extensão digital.
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| Os principais veículos do país abriram espaços para o lançamento do "Aconteceu na Manchete". Fotomontagem por Jussara Razzé |
O livro obteve amplo espaço nos principais jornais e revistas e a extraordinária receptividade reforçou a ideia de construir um spin off na internet.
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Acreditamos que a coletânea merecia essa derivação. O próprio projeto gráfico do "Aconteceu na Manchete", concebido por J.A.Barros, que foi diretor de Arte de O Cruzeiro, Manchete, Fatos&Fotos e Fatos, continha nas margens das páginas onde seguiam os textos principais uma coluna com histórias divertidas, curiosidades politicamente corretas e incorretas e revelações jornalísticas e fotojornalísticas das redações da Manchete, Fatos & Fotos, Fatos, Amiga, Desfile, Ele Ela, Carinho, Pais e Filhos, Mulher de Hoje e Sétimo Céu. Esses pequenos e bem-humorados textos ganharam o título de Blog da Bloch. Muitos deles são peças quase rodrigueanas da vida como ela era no Russell, tanto o que acontecia sob as luzes fluorescentes dos andares corridos quanto os enredos menos iluminados e jamais contados até que a irreverência da coletânea fez acontecer.
Embora faça um contexto da história do grupo, o "Aconteceu" não é sobre a editora que foi uma das mais importantes do país. É sobre pessoas, profissionais que lá trabalharam e os momentos marcantes das suas trajetórias naturalmente vinculadas ao universo paralelo do conjunto de prédios da Rua do Russell.
Não cabe aqui detalhar o conteúdo do blog Pão com Ovo (Panis cum ovum, segundo o apelido que lhe deu o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, ele próprio um dos autores que participaram da coletânea). Essa multiplicação de pão era um evento tradicional nos tensos fechamentos que muitas vezes varavam a noite. Livros judaicos dizem que "o pão vivo desceu do céu para nos salvar". No caso, quem nos salvava era o sanduíche preparado pela cozinha laica da Bloch.
O conteúdo acumulado do Panis cum ovum - o blog que virou manchete é autoexplicável no arquivo que o Google guarda nas nuvens. São, hoje, 16.548 posts acompanhados de 19.544 comentários, muitos deles relevantes, e centenas de fotos que em 15 anos foram vistos por 2.052.836 visitantes.
Vários colegas que participaram dessa saga já se foram, saíram do grupo mas não das memórias que seguem vivas na web.
Pra quem fica, segue o fio enquanto houver pão com ovo.
terça-feira, 11 de junho de 2024
A suspeita tentativa de privatização das praias
Projetos de privatização das praias são recorrentes no Congresso. De tempos em tempos as elites corruptas se mobilizam para tomar conta do litoral. Políticos que defenderam o projeto mais recente alegam que não há risco de privatização. Mentem. Matéria do Globo mostrou que há mais brechas no texto do que havia buracosde tatuí na areias antes da poluição acabar com a espécie. A omissão é proposital e costuma ser adotada em projetos suspeitos. Depois, ao longo da tramitação os "izpertos" encaixam tudo que interessa. O projeto atual teve seu caminho fechado diante da repercussão negativa da armação. Tenham certeza de que voltará, o lobby dos spas, dos condomínios de luxo, dos resorts, dos loteamentos, da invasão de mangues, dos clubes vips e das marinas em áreas de preservação os não desistirá.
Há exemplos de privatização de praias absolutamente condenáveis. No México, em muitas praias, a faixa de areia é dividida. Pequenas áreas para o povo e localizações privilegiadas para quem pode pagar caro pelo privilégio. Seguranças impedem o acesso de pessoas sem credenciais ou pulseiras de identificação. Na República Dominicana, a situação também é de apartheid no lazer. Quem não pode pagar - ou seja, se não é hóspede dos muitos resorts - que mergulhe nos trechos congestionados por algas.
Indignadas ou bem-humoradas, as reações ao projeto malandro tomaram conta das redes sociais. Através de memes e projeções da hecatombe ambiental que atacará as regiões litorâneas e ilhas os brasileiros mostraram os riscos. Imagine quantos "jabutis" (o contrabando de artigos que os legisladores costuma embutir em leis) um projeto desses poderá receber já que está aberto a tudo praticamenter.
Siga abaixo alguns exercícios de imaginação.
* Como acontece como frequência, a bancada evangélica também vai querer um pedaço. Digamos, para construir uma mansão para os chefes ou até mesmo uma igreja a beira-mar.
* A bancada da saúde reivindicará terrenos para erguer hospitais de alto luxo. Milionários poderão curtir a vista do mar mesmo se estiveram espetados na UTI por fios, agulhas e sensores. Damas elegantes poderão parir voltadas para a brisa marítima.
* Autoridades exigirão uma "capitania" para construir complexos hoteleiros, polos gastronômicos e centros de convenções para debater "políticas governamentais" , "melhorias para as populações de baixa renda" e subsídios fiscais para Elon Musk.
* A bancada da bola tentará ocupar quilômetros de praias em vários estados para a instalação de "centros de treinamento destinados a jovens promessas do futebol". Claro, haverá um resort para receber cartolas e suas famílias.
* A bancada da bala pedirá terrenos para montar clubes de tiro no Guarujá, na Barra da Tijuca, no Balneário Camboriú e em outras praias bem localizadas.
* A futura lei permitirá a construção de lojas e supermercados na orla. Lojas Havan, Riachuelo, restaurantes Madero e Como Bambu, por exemplo, academia Smart Fit, rede Centauro etc, poderão, caso se habilitem, conquistar espaços nas praias privatizadas.
* Partidos políticos podem projetar Centros de Conscientização e Lazer em Búzios, Canoa Quebrada, Itacaré, Arraial d'Ajuda etc.
* Em tese, o proprietário de uma praia poderá cobrar ingressos dos locais e dos turistas. O critério deverá ser por hora e a taxa será individual. Deputados e senadores que votarem a favor da privatização terão acesso livre, algo como direito perpétuo e extensivo às respectivas famílias de frequentar qualquer praia gratuitamente com bebidas e croquetes inclusos.
* Os banhistas que frequentarem trechos de praias ainda não ocupados receberão um colar rosa-choque que terá gravadas a área e a metragem onde poderão circular livremente entre as guaritas de segurança das faixas dos proprietários privados.
segunda-feira, 10 de junho de 2024
A primeira grande vitória de Vini Jr contra racistas espanhóis
Oi poder público, pode ceder uma ajudinha aí? Clubes de futebol adoram trocar passes com governos para obter vantagens...

Em 1985, escrevi o capítulo "Futebol e Poder" para a coletânea "Esporte e Poder" (Vozes)
organizada pela professora Gilda Korff Dieguez: o tema está mais atual do que nunca.
por José Esmeraldo Gonçalves
Em 1985, a convite da organizadora e autora Gilda Korf Dieguez, fui convidado para participar de uma coletênea intitulada "Esporte e Poder" (Vozes). Escrevi o capítulo "Futebol e Poder: algumas reflexões sobre o jogo da política". Entre outras ligações perigosas com políticos e governos, citei situações em que clubes de futebol foram favorecidos por verbas ou doações públicas. Um paternalismo político tradicional que implica em transferência de dinheiro ou favores para entidades privadas.
E isso que, de certa forma, atualizo aqui (o livro ainda pode ser encontrado em sebos). Nada mudou. Se Eurico Gaspar Dutra presenteou o Flamengo com um valiosos terreno, Getúlio Vargas matou a bola no peito e concedeu ao mesmo clube empréstimo a juros de amigo para a construção de um grande e valioso prédio vendido há pouco tempo. São apenas antigos exemplos. De lá pra cá, governadores, prefeitos e presidentes usaram a "caneta" - e não me refiro ao famoso drible dos craques - para fazer lançamentos - e também não me refiro aos passes de longa distância - que acertam os cofres dos times, geralmente aqueles de grandes torcidas. No Congresso existe até uma bancada da bola sempre atenta a criar leis que facilitam a vida dos cartolas. O bônus para os políticos deve vir em forma de votos, é o que esperam.
Entre os exemplos mais recentes que o capítulo no livro não alcançou estão o nebuloso financimento do estádio do Corinthians e a polêmica concessão do Maracanã que privilegia Fluminense e Flamengo. Duas outras jogadas de efeito estão em curso e devem ser observadas até o desfecho. Cessão de terrenos públicos para construção de centros de treinamento é outra prática recorrente utilizada por prefeitura em todo o Brasil. Uma é a negociação de um terreno pertencente à Caixa Econômica, em região central do Rio de Janeiro para construção de um estádio para o rubro-negro. A Caixa estipulou um preço, o Flamengo tenta pagar menos, o que o banco público não pode aceitar ou cometeria um ato de improbidade. Mas em anos de eleição as pressões vão além dos cartolas e envolvem políticos. O prefeito Eduardo Paes, segundo a imprensa divulgou, pretende ir a Brasília falar com deputados para encontrar uma solução. A outra jogada tem o interesse do Vasco da Gama que reivindica ajuda para reformar o histórico estádio de São Januário. A prefeitura carioca enviou à Câmara dos Vereadores um projeto que transfere o potencial construtivo de São Januário para outras áreas da cidade, como Barra da Tijuca, na Zona Oeste, e outras na Avenida Brasil. O Vasco venderia o tal potencial construtivo como forma de viabilizar a reforma e modernização do estádio. Mamão com açúcar, como se diz.
domingo, 9 de junho de 2024
Na capa da Carta Capital: o terrorismo do mercado aponta mísseis para o BC
quinta-feira, 6 de junho de 2024
Deu no New York Times: Foto de Serra Pelada, de Sebastião Salgado, está entre as 25 imagens que definem a Era Moderna
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| Reprodução New York Times |
O jornal estadunidense informa que as 25 imagens que definem a Era Moderna desde 1955 foram escolhidas por uma equipe de especialistas. O brasileiro Sebastião Salgado figura ao lado de nomes como Alberto Korda (o famoso close de Che Guevara está entre as imagens selecionadas), Robert Frank, Gordon Parks, Diane Arbus, Malcolm Browne, Richard Drew, entre outros.
quarta-feira, 5 de junho de 2024
Fotomemória Chico Buarque 80 anos: em 1969, um momento feliz no exílio em Roma
Talvez o blog já tenha publicado, em algum momento, essa foto. De qualquer modo, vi que este post do Facebook faz menção à revista Fatos& Fotos, aí envio. Registrando que Chico Buarque fará 80 anos no próximo dia 18 de junho recupero esse momento da vida dele, há 55 anos (Nilton Muniz de Oliveira)
* Boa lembrança. O blog agradece a colaboração. Essa matéria exclusiva da Fatos & Fotos teve texto do próprio Chico Buarque e fotos de Alécio de Andrade, um dos maiores fotógrafos brasileiros. Na época, 1969, ele trabalhava na sucursal das revistas da Bloch em Paris.
No link abaixo vai o acesso à reportagem completa.
https://paniscumovum.blogspot.com/2019/01/memorias-da-redacao-ha-50-anos-chico.html
70 anos no lugar certo na hora certa • Roberto Muggiati compartilha alguns dos melhores momentos de uma carreira que já atravessa oito décadas
Tragédia nos céus de Curitiba • Na noite chuvosa de 16 de junho de 1958 fui mandado ao Hospital da Cruz Vermelha para entrevistar o sobrevivente de um desastre aéreo nas imediações do aeroporto Afonso Pena. “Estava muito escuro, da traseira do avião só ouvi um baita estrondo!” Atrelado a uma cama hospitalar, o rapaz louro não exibia um curativo sequer. Foi um dos oito sobreviventes do voo do Convair da Cruzeiro do Sul de Porto Alegre ao Rio de Janeiro, com escalas em Florianópolis, Curitiba e São Paulo. No outro extremo da cidade, no Hospital do Cajuru, fui ver a chegada dos 22 mortos, entre eles o Senador Nereu Ramos, que ocupara a presidência do país. Dois socorristas carregavam uma caixa metálica de meio metro cúbico. “É o corpo do governador de Santa Catarina”. Há quase um ano eu nutria um ódio visceral por Jorge Lacerda. Na época, jornalista mal pago, decidi escrever matérias pagas. Até o respeitável Dicesar Plaisant, da Academia Paranaense de Letras, praticava a “picaretagem”. Ouvi dizer que o Jorge Lacerda estava distribuindo dinheiro a rodo e viajei a Florianópolis para pleitear o meu. Encontrei-o à saída do palácio, recusou rispidamente qualquer proposta. Talvez procurasse poupar aquele jovem imberbe de se tornar um “picareta”. Ao vê-lo reduzido àqueles míseros despojos, fui tomado de profundo remorso. Lamento até hoje a morte, aos 43 anos, do filho de imigrantes gregos formado em medicina e em direito, brilhante político e poeta que ombreava nos suplementos literários com Drummond e Bandeira, Raquel de Queiroz e Lygia Fagundes Telles.
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| Arte: Roberto Mendonça Muggiati |
O General não segurou o Homem da Vassoura • Ao sufocar o golpe de Carlos Lacerda e asseclas contra a posse de JK, eleito legitimamente no pleito presidencial de 1955, o general Henrique Batista Duffles Teixeira Lott se consagrou como defensor da democracia e candidato natural à sucessão de JK. Entrevistei Lott na sua campanha em Curitiba: seu perfil austero não era páreo para os esquetes histriônicos de Jânio da Silva Quadros, o Homem da Vassoura, que venceu em outubro de 1960 por uma enxurrada de votos em mais uma explosão de populismo delirante do nosso povo. Empossado como o primeiro Presidente em Brasília (que ele odiava), depois de uma série de medidas autoritárias e idiossincráticas – proibição do biquíni, da lança-perfume, das rinhas de galo e das corridas de cavalo nos dias de semana, a mania dos bilhetinhos e a adoção de alpercatas e um uniforme funcional apelidado de pijânio – após 237 dias de governo Jânio Quadros renunciou. Darcy Ribeiro escreveu: “Ninguém sabe, até hoje, por que Jânio renunciou. Nem ele.” O tresloucado gesto provocaria uma agitação nas camadas tecnônicas da nossa política que levaria inexoravelmente ao golpe militar de março de 1964.
Minha última noite em Berlim me arrancou da atmosfera de pesadelo para uma de sonho. Jantando na cobertura do Hotel Hilton com um grupo de jornalistas brasileiros, inadvertidamente invadimos outra festa, bem maior, e passei a trombar com figuras que me pareciam vagamente familiares. Spencer Tracy? Montgomery Clift, com sua indefectível capa de chuva? Sim, e sem a menor dúvida Marlene Dietrich, Judy Garland, Burt Lancaster, Richard Widmark, o ‘Risadinha’ – era o elenco milionário au grand complet do filme Julgamento em Nuremberg, num dos maiores lançamentos cinematográficos de todos os tempos. A Guerra Fria vivia um de seus momentos mais acalorados.
O homem invisível dos Anos de Chumbo • No auge da Revolução Cultural, sugeri à Bloch um livro que fundisse a biografia de Mao Tsé-tung com a história da China comunista. Alberto Dines, o intelectual da família (era casado com uma sobrinha de Adolpho), ficou tão entusiasmado com o projeto que me deu um adiantamento de mil dólares e colocou à minha disposição as sucursais internacionais, que me forneceram uma montanha de livros, na época a China era um dos temas favoritos das editoras do mundo inteiro. Nas brechas da reportagem – e num mês de férias que dediquei exclusivamente ao livro – escrevi Mao e a China, um volume robusto de 502 gramas e 374 páginas. Quando deixei a Manchete pela Veja, cinco mil exemplares já impressos ocupavam um bom espaço na gráfica de Parada de Lucas. Em represália à minha saída, Adolpho se recusava a lançar o livro, mas o bom senso comercial o fez repassa-lo para outra editora. Em concorrida noite de autógrafos, Mao e a China foi lançado na segunda-feira, 9 de dezembro de 1968 (foto). Na sexta-feira 13 era decretado o AI-5. Mais inoportuno do que a Veja, foi o livro errado na hora errada. Mao e a China era uma declaração de amor ao comunismo chinês. O livro, uma incitação à luta armada, passou a aparecer menos nas vitrinas das livrarias do que nas exposições de “material subversivo apreendido pelo exército”. Quando o guerrilheiro Carlos Lamarca morreu fuzilado em 1971, no sertão da Bahia, os jornais do país inteiro publicaram trechos de suas cartas para a companheira Iara Iavelberg. “12 de julho: Lendo Mao e a China, de Roberto Muggiati, me impressiono cada vez mais em tudo e vejo a necessidade urgente da Revolução Cultural dos quadros de vanguarda.” Mao e a China foi o último livro que Lamarca leu. Estranhamente, em momento algum a ditadura veio bater à minha porta. Com um forte sentimento de rejeição, autointitulei-me O Homem Invisível dos Anos de Chumbo. Só tempos depois matei a charada. Em 1969 voltei para a Manchete e para o Rio. Tivesse ficado em São Paulo, a coisa seria bem diferente. Num documentário sobre Vladimir Herzog, vi colegas meus da Veja e da Realidade – ideologicamente autênticos sacristães comparados a mim – que foram presos e torturados nos porões do DOI-CODI em São Paulo. Eu tinha tudo a ver com Vlado: nascemos no mesmo ano e, quando deixei o Serviço Brasileiro da BBC em Londres, em 1965, ele foi ocupar a minha vaga. A volta para o “balneário da República” – quem diria? – salvou a minha vida.
sábado, 1 de junho de 2024
Condenado pela justiça, Trump é assombrado pelo seu maior medo caso seja preso: ter que raspar a cabeleira padrão "fanta"
Imagem reproduzida
do YouTube/Oxycontent
por José Esmeraldo Gonçalves
O maior pavor de Donald Trump, agora condenado pela justiça dos Estados Unidos, não é simplesmente puxar uma cadeia ou, caso seja eleito em novembro, ser obrigado a governar usando uma tornozeleira eletrônica. Não. O que o deixa apavorado é ter que raspar a cabeleira ao entrar no presídio.
Desde que o espelho mostrou as primeiras clareiras abertas pela calvicie, o magnata fez implantes nas zonas descabeladas, algumas plantações vingaram outras murcharam como videiras no calor do deserto. Daí, ele passou a gastar horas no banheiro para coreografar cuidadosamente todos os fios de maneira a ocultar o descampado.
Entre os segredos que o jornalista Michael Wolf revelou em 2018 no livro Fire and Fury: Inside the Trump White House estão detalhes estéticos e cosméticos da polêmica e ridícula cabeleira. Trump usa um técnica comum a muitos carecas: pentear os cabelos das laterais, além de alguns tufos sobreviventes atrás e no topo, para cobrir a região devastada. Em seguida, aplica uma quantidade quase industrial de cremes e laquê. O homem é não só uma bomba química ambulante como não pode se aproximar de velas, isqueiros ou fogos de artifício do 4 de julho, por exemplo. Entre outros componentes, laquê contém álcool e gases butano e propano. Talvez fosse tarefa do serviço secreto mantê-lo afastado de ignições ou o presidente correria o risco de se transformar em uma tocha como aquelas da Ku Klux Klan.
A cor da cabeleira padrão "fanta" também teria um explicação: seria consequência da pressa. Deveria ser mais clara, mas Trump não espera a tinta secar e costuma retocar a obra várias vezes por semana, daí o tom alaranjado que virou sua marca.
Careca à parte, entenda os fios políticos e criminais
Donald Trump foi condenado por fraude contábil ao ocultar uma propina de US$ 130 mil para calar a atriz pornô Stormy Daniels, com quem se relacionou. O juri considerou que o suborno configurou interferência no processo eleitoral durante a campanha da eleição de 2016 quando o republicano derrotou a democrata Hillary Clinton. A sentença será anunciada em julho. Pela lei estadunidense, Trump, mesmo se for preso, poderá concorrer à Casa Branca e governar. O ex-presidente ainda responde a processos que não chegaram na fase de julgamento, entre os quais apropriação de documentos sigilosos (ele levou pra casa pastas top secret), por tentar interferir na soma de votos das eleições, por incentivar seus apoiadores a invadirem o Capitólio, sede do Congresso, em Washington, para impedirem a posse de Joe Biden em 2021. Se avançarem, essas acusações poderão amarelar seu destino político.




















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