terça-feira, 20 de junho de 2023

Matéria do DCM revela a motivação de atentado a escolas

 


Um ponto em comum na onda de atentados a escolas: uma máscara de origem nazista. Com a facilidade de obter armas, jovens que se identificam com a ultra direita e as palavras de ordem normalizadas por políticos radicais impulsionam as estatísticas de assassinatos em unidades escolares. Leia excelente reportagem do jornalista Davi Nogueira, do DCM, e entenda que a pratica de invadir escolas  - que no Brasil até recentemente não era "serial" - para matar alunos e professores tem mais conexões com a repetida "instrução" disseminada em palanques de "armar o povo para defender os "valores" do que se pensa. 

Leia a matéria do DCM.

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-que-esta-por-tras-da-mascara-usada-pelo-autor-de-ataque-a-escola-em-cambe-pr/

sábado, 17 de junho de 2023

Bloomsday: à véspera dos 120 anos * Por Roberto Muggiati


 


Atores caracterizados como James Joyce e sua época, 
 em Dublin 


Bloomsday em Irati, no Paraná e...


...no Rio.

É um belo exemplo da vida do autor influenciando a obra. Em 16 de junho de 1904, os namorados James Joyce, 22 anos, e Nora Barnacle, 20, em seu primeiro encontro, procuraram um local ermo de Dublin, onde ela, virgem, o masturbou “com os olhos de uma santa”, relataria ele depois numa carta. Foi a data que Joyce escolheu ao descrever um dia na vida do protagonista Leopold Bloom em Ulysses, que se tornaria o romance mais importante do século, publicado em  1922.

O culto ao romance cresceu ao longo das décadas e acabaria gerando o Bloomsday, o único dia no mundo dedicado a festejar um personagem de ficção. Alguns especialistas sustentam que já em 1925 a data era comemorada por amigos do escritor; outros, que só o foi a partir da década de 1940, após a morte de Joyce. Na verdade, o Bloomsday só foi institucionalizado a partir dos seus 50 anos, em 1954. De lá para cá, as celebrações – inicialmente limitadas à Irlanda – espalharam-se pelo mundo inteiro e hoje abrangem uma quantidade de cidades, inclusive brasileiras.

Em Dublin, locais citados no livro são visitados e várias pessoas envergando roupas da época, trombam com sósias de James Joyce e seu bigodinho típico. À hora do almoço, uma multidão se aglomera no pub Davy Byrnes, onde Leopold Bloom – vendedor ambulante de pequenos anúncios de jornal – fez uma modesta refeição: sanduíche de queijo gorgonzola com uma taça de Borgonha. 

Este ano, o culto e as festividades ao redor do mundo só fizeram crescer. Para se ter uma ideia de até onde vai o Bloomsday, a cidade de Irati, no sudeste do Paraná, acrescentou ao rodeio tradicional, à Festa do Chope e da Linguiça (Deutsches Fest) e à Festa do Borrego no Rolete uma maratona de 19 horas sobre o Ulysses de Joyce. São Patrício que se cuide...


Cédulas de 200 reais sumiram? Eram úteis apenas para diminuir volume de propina em dinheiro vivo...

 



quinta-feira, 15 de junho de 2023

Lei Geral do Esporte é sancionada, mas Lula vetou jogadas inconstitucionais e dribles suspeitos

A história mostra que a mistura de alguns deputados com cartolas do futebol brasileiro costuma ser caótica. 

Lula sancionou a Lei Geral do Esporte. A ideia é unificar e atualizar a legislação do setor, mas o presidente foi obrigado a vetar cerca de 50 pontos, a maoria dribles na Constituição aprovados pelo Congresso. Havia artigos que contariavam direitos trabalhistas e davam aos cartolas o poder de desrespeitar contratos legais. Grupos ligados aos clube-empresa (SAF) e aos fundos financeiros que estão por trás da formação de uma liga nacional se articularam junto a parlamentares ligados ao futebol. Como Lula vetou trechos, os deputados poderão errubar os vetos, o que levaria a matéria para o STF julgar as inconstiticuonalidades. Jogadores de futebol haviam, ór exmepçlo, protestado contra o artigo que dava direito aos clubes de dispensar atleas e não pagar multa rescisória e treinar durante folgas.  A cartolagem também defendia a criação de tribunais esportivos para cada modalidade, em vez de instiuições cetralizadas, como é atualmente, o que criaria uma multidão de empregos para os dirigentes distribuirem entre os mais chegados. A ministra do Esporte Ana Moser defendeu os vetos e considerou a lei um grande avanço. Como exemplo, a instituição de punições contra a corrupção privada no esporte e para atos de homofobia, racismo, xenofobia e sexismo.    

terça-feira, 13 de junho de 2023

Mídia: a arte de desinformar

 

O título poderia ser "Aceno diplomático do PC chinês ao PT". Mas O Globo preferiu desinformar o leitor e embarcar na fake news bolsonarista que insinuou falsas ligações do PT com a sigla do crime organizado. PCC para a maioria dos leitores é "Primeiro Comando da Capital". O Globo sabe disso. A fantasia do título obedece à linha editorial do jornalão da oligarquia Marinho e aos seus editores amestrados.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Meu café da manhã na Tiffany's, Natal de 1976 • Por Roberto Muggiati

Audrey Hepburn em "Bonequinha de Luxo"
("Breakfast at Tiffany’s") durante a cena-título na loja da griffe em Nova York.
Foto:Divulgação Paramount  

O coraçãozinho da Tiffany sobre o tubinho preto da Audrey Hepburn.


Para ler ao som de Moon River, da trilha de Bonequinha de Luxo: Audrey Hepburn e Henry Mancini

https://www.youtube.com/watch?v=Bk93NaY70Tg

Quando viajei com minha mulher Lina para Nova York em dezembro de 1976 eu já estava namorando a Lena, colega de trabalho na Bloch. E apaixonado. É uma situação terrível essa superposição de casamentos. No futebol imperava a nova estratégia de Coutinho e seu jargão parecia ter tudo a ver comigo: overlapping, ponto futuro, polivalente... 

Uma manhã acordei cedo, Lina dormia ainda, fui caminhar por NY, já toda decorada para o Natal. Tinha visto num jornal a promoção especial para namorados da Tiffany, que ficava perto do meu hotel. Aquela saída sozinho era um crime deliberado, com a intenção de comprar o pendente de coraçãozinho de prata para a Lena, custava apenas US$19,99, mas era uma lembrança inestimável.

Lina tinha estabelecido protocolos especiais para nossa união informal. Fã de Sartre e Simone, propunha uma franqueza total. Caso um de nós se apaixonasse por outra pessoa, informaria ao parceiro. Ingênuo, cumpri o combinado e confessei que estava apaixonado pela Lena. Lina reagiu da pior maneira possível. Era nove anos mais velha do que eu, que era catorze anos mais velho do que a Lena. Ferida na autoestima, decidiu vingar-se arrancando todo o meu dinheiro. Não só ficou com nosso apartamento na Rua das Acácias, na Gávea, como com uma pensão mensal. Tive de recomeçar do zero com a Lena e em abril de 1978 casamos em cerimônia coletiva no cartório da Djalma Ulrich, em Copacabana. Lina, que era casada com o maior doleiro do Rio, podre de rico, tinha assinado a separação em branco, abrindo mão de seus direitos. 

Quis conhecer a Lena e o insólito encontro se deu justamente dentro do nosso fuscão diante da porta do prédio do Russell, 804. Entrou para as “memórias da redação” com toda a galera da Bloch assistindo das janelas e torcendo por algum derramamento de sangue. Lina repetia o protocolo de “passagem de pasta” ao qual me submetera em Paris, quando decidimos morar juntos, prometendo que cuidaria dela com o maior desvelo ao seu amante francês, Jerôme – um arquiteto que circulava pelos bulevares numa Porsche de capota arriada, como nos melhores filmes da nouvelle vague. 

Ao contrário do marido doleiro, Lina era péssima nos negócios: vendeu o apartamento da Gávea, comprou um studio em Paris, mas foi ludibriada e acabou perdendo o imóvel. Em 1983, voltou ao Rio e entrou na justiça contra mim. 

Só em 1987 – dez anos após o fim de nossa união – mediante uma polpuda quantia que levantei com meu Fundo de Garantia da Bloch, ela me deixou em paz. Nunca mais a vi, nem no seu enterro, em 2009, aos 80. 

Outro dia, mexendo nos seus guardados, Lena reencontrou o coraçãozinho da Tiffany, que estava sumido há décadas. Um reencontro providencial: eu não tinha meios para lhe dar uma lembrancinha de rubi por nossos 45 anos de casamento, completados em abril.

domingo, 11 de junho de 2023

O ataque à liberdade de expressão que a mídia comercial brasileira ignora

 



Juliana Assange prestou um serviço ao mundo ao revelar no site Wikileaks operações de espionagem política, industrial e comercial dos Estados Unidos contra vários países, inclusive aliados. O Reino Unido, em mais uma demonstração de subserviência em relação a Washington, acaba de conceder a extradição de Assange para os Estados Unidos.  Em nome do direito universal à informação, ocorrem protestos em vários países. 



sexta-feira, 9 de junho de 2023

Mídia: Se essa nota for verdadeira, Lula precisa demitir seu "entorno"


 A mídia brasileira abusa das fontes anônimas onde tudo cabe. A "notícia" acima é uma dessas, pode ser verdadeira ou uma "cascata" no jargão do jornalismo. Também pode ser plantada. Em Brasília é comum políticos usarem jornalistas para lançar "balão de ensaio" e testar nomes para cargos & bocas.   

Agora, se o "coletivo" ouvido pelo Metrópoles estiver certo - aliás, que coletivo, as fontes são ministros e aliados, assim no plural - Lula precisa urgentemente trocar de "entorno".

Hermeto e Elis em Montreux: improviso histórico

 

Reprodução Twitter

https://twitter.com/flertefatale/status/1666980051672334337?t=CKQSNHAqCekeno0YizAP3w

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Na capa da Carta Capital: não passa nem um fio de cabelo no ônus da prova do ex-juiz

 


Fotomemória - Astrud Gilberto (1940-2023) na Manchete em dois momentos exclusivos

 

Em 1965, Alceu de Amoroso Lima, Manuel Bandeira e Agripino Grieco eram entrevistados pela Manchete para a rubrica Jogo da Verdade, quando Astrud Gilberto chegou à redação na Rua Frei Caneca, onde posaria para um ensaio no estúdio. A cantora se juntou ao grupo e o fotógrafo Gil Pinheiro registrou. Dois anos antes, Astrud gravara "Garota de Ipanema" com Stan Getz e ganhara fama internacional.


Em 1972, Astrud voltou ao Brasil. O fotógrafo Luis Alberto e a repórter Tânia Carvalho a levaram ao Parque da Cidade, na Gávea, que ela costumava frequentar quando morava no Rio de Janeiro. Foi em 1972. Na foto menor, a cantora posou com o filho Gregory.

quarta-feira, 7 de junho de 2023

Messi vai para Miami. E não é só para fazer compras

por José Esmeraldo Gonçalves

A nova realidade do mercado para jogadores passou a incluir a Arábia Saudita. A grana que bancou CR7. Há alguns anos, a China foi um destino promissor, chegou a pagar bem, mas regridiu.  O soccer norte-americano levou Pelé e Carlos Alberto, em antigas eras do Cosmos e, há alguns anos, contratou  a estrela David Beckham. Acontece que o soccer nos Estados Unidos parece ter um teto. Faz grandes contratações mas não consegue ultrapassar a bolha do público hispânico. Não se imagina o futebol como o conhecemos competindo lá com o basebol e o futebol americano. Alguns críticos dizem que os Estados Unidos são o mais luxuoso cemitério do futebol. Agora Messi anuncia que vai jogar no Inter de Miami, seja lá o que for isso. Um dos sócios do time e Beckham, o que não quer dizer muito: Ronaldo Fenômeno já foi dono de um time lá e não decolou. O craque Messi já vislumbra a aposentadoria. A Flórida é destino dos ricos aposentados. Tudo a ver, ele admite que passar mais tempo com a família é sua prioridade. Mas o momento é bom. Estados Unidos, Canadá e México sediarão a próxima Copa do Mundo e isso deve impulsionar algum interesse em direção à clássica bola redonda em um país habituado a uma estranha bola oval. Neymar já demonstrou interesse em se mandar para a liga norte-americano. O momento é de impasse entre ele e o PSG e grandes times europeus relutam em investir no brasileiro, pelo menos não surgiu proposta sólida até o momento. A festiva Miami pode, quem sabe, atrair Neymar para a sua fase de  aposentado. O futuro da carreira do brasileiro é uma incógnita, até mesmo fisicamente. Mesmo que permaneça no PSG, a volta aos gramados no começo da temporada europeia é improvável. Fotos recentes exibidas no programa do Craque Neto denunciam um Neymar com quilos a mais e difíceis de serem carregados em campo. Já para o nível do futebol em Miami isso não seria tanto problema assim. 

A Festa da Cueca: da lava jato ao ofurô

Sociedade secreta em festa. Cena meramente ilustrativa, do filme "De olhos bem fechados". 

por O.V.Pochê

Estive fora do Brasil por uns dias. Foi como se perdesse capítulos de um seriado instigante. Só se fala na Festa da Cueca. Que diabos foi isso? Tive que investigar, perguntar na vizinhança e na fila do pão. Soube que um ex-delator da Lava Jato que prestava serviço de espionagem para o "papa" e os "cardeais" da operação teria gravado um vídeo de uma noitada sexo-jurídica realizada em uma suíte de um hotel de luxo.  Data vênia, a jornada noturna entrou e saiu, muito apropriadamente, para os anais do Direito.  Dizem que o vídeo foi surrupiado por uma dos magistrados e cremado durante uma sessão de livramento evangélico. 

Sabe-se que os togados botaram pra quebrar mas, sejamos justos, mantiveram o notório saber jurídico. No meio da suruba desembestada era comum uma autoridade dirigir-se a um colega e respeitosamente. 

- Requeiro a minha vez com a postulante, estou aqui em estado de privação.

- Pois não, excelência, minha audiência com a jovem está terminando  E quid pro quo a fila anda.

Em determinado momento um procurador desavisado entrou com um processo na vara errada e perdeu a causa. Aparentemente criou jurisprudência porque a dita instância passou a ser o foro privilegiado para um colegiado descontraído.  Na ofurô, eu disse ofurô, uma jovem prestava queixa de um magistrado que não conseguia concluir a coisa julgada. A jovem pedia uma arbitragem sobre a indenização devida.

Por decurso de prazo, a suruba acabou antes do dia amanhecer. Os togados providenciaram a anulação processual. Por isso, a gravação foi destruída. In verbis.

 


terça-feira, 6 de junho de 2023

Manifestações de 2013: a revolução dos otários pariu a onda fascista

Usada nas manifestações de 2013, a camisa da seleção se transformaria
nos anos seguintes em uniforme da direita radical. Coincidência? Foto Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil 

por Flávio Sépia

Provavelmente, havia os bem-intencionados, mas os manifestantes de 2013 não contavam com a história. 

Se havia democratas entre as pessoas que foram às ruas, o tempo, essa divindade cruel, os consagrou dez anos depois como os maiores otários do século. 

O que as manifestações de 2013 produziram? 

O golpe contra Dilma Roussef, a ascensão de Eduardo Cunha e Temer, a corrupção e os desmandos jurídicos da Lava Jato e a onda de colunistas da ultra direita que ocupou os princpais veículos. As "jornadas" de 2013, que a mídia conservadora exaltou nos últimos dias, levou para as ruas uma horda de preconceitos, racismo e agressividade, "valores" que, em seguida,  foram colados nas urnas e elegeram políticos fascistas. O pior: transformaram um sujeito do baixo clero em presidente. 

Não se pode dizer que os manifestantes de 2013 não mudaram o Brasil. Mudaram muito e para pior. 

O manifestantes de 2013 deram sua contribuição para que Bolsonaro e suas gangues políticas desmontassem a fiscalização do meio ambiente, botassem armas nas mãos de assassinos e atravessadores de fuzis para o crime organizado, matassem Marielle e Anderson, Dom e Bruno, Luiz Carlos Cancelier, Marcelo Arruda, além de líderes ambientais e rurais e indígenas, produzissem na legislatura passada e repetssem em 2022 dois dos piores Congressos da história política do Brasil, anulassem leis trabalhistas e previdenciarias, transformassem a "rachadinha" em fonte de enriquecimento, destruissem empregos, tentassem normalizar o trabalho escravo e, finalmente, levassem o Brasil a ser top five global em números de mortos durante a Covid. 

O país tenta agora se recuperar disso tudo. Conseguirá?  Há dúvidas. O processo político que as manifestações de 2013 despertou também resultou em um Congresso com maioria da direita que, 10 anos depois, tenta paralisar o governo. 

A inspiração fascista que saiu das ruas não foi embora. Os ataques terroristas em dezembro e janeiro últimos são o mais recente troféu que ainda traz digitais das "jornadas" de 2013. As mesmas forças continuam aí. 

Estranhamente, sumiram apenas os jovens que pediam passagens de ônibus a 20 centavos. Os preços aumentaram acima das inflação nos anos seguintes e eles nunca mais deram as caras. Desapareceram os black blocs, que tinham a missão de acender o gatilho da violência nas passeatas e justificar a repressão policial. Os manifestantes de 2013 protagonizaram na verdade uma versão tosta, mas efetiva, da Marcha sobre Roma de 1922. A mão que os levou às ruas pode voltar, a qualque momento, a ameaçar a democracia. Alguém duvida?      

segunda-feira, 5 de junho de 2023

De Washington Olivetto no Globo de hoje: a Sapucaí londrina

 

por Ed Sá

Na sua coluna de hoje, no Globo, Washington Olivetto compara os desfiles dos Windsor às escolas de samba cariocas. Em solenidades como coroação, enterros etc, The Mall vira Sapucaí. Pensando bem, como se viu na recente sagração do Rei Charles, Londres emula o sambódromo. Tem comissão de frente, tem destaque e alegorias vivas, tem o homenageado, tem enredo, o carnavalesco é o responsável pelo cerimonial, tem os baluartes, que são os demais membros da família real e a bateria personificada pela banda da guarda real. A praça da apoteose, tal qual Darcy Ribeiro imaginou para o final dos desfiles das escolas de samba, é o largo diante do Palácio de Buckingham. 

Fotomemória da redação: em alguma data dos anos 1990, o 'bonde" da Bloch no restaurante do decimo-segundo andar da Rua do Russell

 

Era uma data festiva. Sabe-se lá qual. Pode ser de um almoço de fim de ano, com alguns colegas usando o branco de lei. Vamos aos nomes: em pé, esq. para dir., Hélio Carneiro, dona Bella, Haroldo Jacques, Adolpho Bloch, Carlos Heitor Cony, Roberto Muggiati, Janir de Hollanda, Pedro Jacques Kapeller, Claudia Richer, Roberto Barreira, Lena Muggiati e Tarlis Batista; e, sentados, a partir da esquerda, Vera Mendonça, Marilda Varejão, Celso Arnaldo Araújo, Ateneia Feijó, José Esmeraldo Gonçalves, Lincoln Martins, Sylvia de Castro e Silvia Leal Fernandes. (José Esmeraldo Gonçalves)

domingo, 4 de junho de 2023

O dia em que O Cruzeiro sequestrou a seleção brasileira de futebol e deixou JK, no Catete, esperando horas para homenagear os craques

 


1958: Brasil vence a Copa do Mundo, na Suécia, e revela um jogador de 17 anos que viria a ser, logo depois, considerado Rei de Futebol. Edson Arantes do Nascimento, ou melhor, Pelé, fazia sua estreia no mundo. 

por J.A. Barros 

Naquele ano,1958, eu trabalhava no Departamento de Arte da revista O Cruzeiro. A seleção, na Suécia, acabava de conquistar a Copa do Mundo e, ao voltar ao Brasil, desembarcou no aeroporto do Galeão. Os campeões, a bordo de um carro de bombeiros, desfilaram pela cidade até o Palácio do Catete, onde o presidente Juscelino Kubitschek os homenageou. 

Pois bem, diante desse fato, a direção de O Cruzeiro, também resolveu receber os jogadores no salão da sua sede, projetada por Oscar Niemeyer, na Rua do Livramento, Gamboa, no Centro do Rio de Janeiro. No espaço nobre, no oitavo andar, decorado com 12 obras em grandes formatos assinadas por Portinari (em cada quadro, um aspecto histórico do Brasil era contado pelo pincel desse grande artista). No salão, montaram mesas de finos salgados, champanhe, de batatas fritas a caviar, enfim, um bufê servido pela Confeitaria Colombo. Mas o problema era como conseguir sequestrar a Seleção, desviando o comboio do seu trajeto e conduzindo-o para o prédio da revista. Estava previsto que o cortejo passaria na Av. Rodrigues Alves, nas proximidades da Livramento. Rodolfo Brandt, que fazia parte do grupo de jornalistas da revista Cruzeiro, pilotava uma motocicleta. Assim que a comitiva saiu do Galeão, Rodolfo se posicionou à frente do carro dos bombeiros e passou a liderar a comitiva. O jornalista entrou na Rodrigues Alves e, na rua onde arqueólogos descobriram antigo cais do porto de desembarque dos escravizados, conduziu a moto em direção à sede da revista. Atrás dele vieram os bombeiros e os craques em caminhão aberto. Daí em diante foi fácil. Rodolfo pegou a Sacadura Cabral e, em seguida, a Rua do Livramento. Em  poucos minutos, a seleção entrou no salão de O Cruzeiro. Em princípio, o grupo de jogadores não entendeu muito o que estava acontecendo, mas resolveu relaxar e aproveitar o momento.  Nós, do Departamento de Arte, que estávamos trabalhando, corremos para o salão para conhecer os campeões Garricha, Newton Santos, Vavá, Orlando e todos os outros jogadores. Mas nos detivemos em um garoto que, um pouco tímido, passou a conversar com a gente e contou os gols que fez na Copa e lembrou das lindas moças de cabelos louros e olhos azuis. O garoto modesto nos disse o seu nome. Pelé. Ora, mal sabíamos que aquele menino seria o melhor jogador de futebol do Brasil e do Mundo. A seguir, a seleção retomou seu roteiro, afinal, um Presidente da República estava aguardando os campeões do mundo havia algumas horas. 

O "sequestro" não resultou apenas em comemorações: repórteres e fotógrafos da revista fizeram matérias exclusivas com os heróis do primeiro título mundial da seleção brasileira. Além disso, fomos os primeiros a ver de perto a Taça Jules Rimet. Em certo momento, o goleiro Gilmar foi para a rua e posou beijando a taça com a sede de O Cruzeiro ao fundo.

Encontrando Godot • Por Roberto Muggiati

Samuel Beckett: cabeça de bala de fuzil

Foi na última vez que vi Orly, voltando definitivamente para o Brasil, depois de dois anos de Paris e três de Londres. Na antessala de embarque do aeroporto, vi de repente aquela cabeça única, inconfundível. Samuel Beckett, no bar, tomava cerveja (nada mais dublinense) descontraidamente – logo ele? – com três rapazes, pinta de irlandeses. Beckett tinha 59 anos, parecia sem idade, imortal. Daí a quatro anos ganharia o Nobel. Atrás de uma coluna, num canto, Godot espreitava. Ao ver aquela cabeça incrível, bala de fuzil, congelei. Seis anos antes, em Curitiba, eu tinha lido o livro-fetiche do Luiz Carlos Maciel, Samuel Beckett e a solidão humana. O homem era um monumento. Foi a única ocasião na vida em que eu – anarquista e ateu – quase acreditei ter visto Deus de perto. Em tempo: Godot é um trocadilho bilíngue de Beckett juntando God – Deus em inglês – com o sufixo diminutivo francês ot (inho)...

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Mídia: em editorial, a oligarquia Globo defende cassar um direito do presidente eleito

 

Reprodução Twitter 

Além de um editorial contra a indicação de Zanin para o STF, o Globo adiciona à campanha um artigo de Vera Magalhães,  apresentadora de um programa em TV bolsonarista de São Paulo, em que a jornalista lavajateira defende que Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, não barre projetos da oposição. De quebra, insinua que ele deve fuzilar o nome de Zanin para o STF. Normalmente, os editoriais do Globo são um GPS para a opinião de colunistas e comentaristas do grupo. O editorial contra Zanin foi antecipado ontem na internet. Dona Vera foi correndo preparar seu artigo de hoje em que segue a linha  do patrão.