sábado, 13 de novembro de 2021

COPA DE 1978 - Aquela noite de domingo em Rosário quase deu o Tetra ao Brasil • Roberto Muggiati

Goleiro Hermano salva milagrosamente gol de Roberto Dinamite. Reprodução You Tube

Esse negócio do Brasil jogar com a Argentina fora de Buenos Aires (em Mendoza) me levou de volta à Copa do Mundo de 1978 – uma das mais esdrúxulas das 21 disputadas até hoje.

Em 1974, na Alemanha, o Brasil, ainda dirigido por Zagallo, só contou efetivamente com dois veteranos do Tri, Jairzinho e Rivelino. Acabou eliminado pela nova sensação do futebol, a seleção holandesa – conhecida como “Carrossel Holandês” e “Laranja Mecânica” – e perdeu a disputa do terceiro lugar para a Polônia de Lato.

Em 1978, na Argentina, sob o comando de Cláudio Coutinho, a seleção apareceu renovada, com estrelas emergentes como Reinaldo (21 anos), Toninho Cerezo (23), Roberto Dinamite (24) e Zico (25). Preparador físico da seleção do tri, adepto do Método de Cooper, Coutinho privilegiou a europeização tática do time brasileiro. Momento decisivo da Copa de 1978 – uma espécie de final antecipada – foi o jogo entre Brasil e Argentina na segunda fase, na noite de domingo, 18 de junho, no estádio Gigante de Arroyito, em Rosário, com um público de 37.326 pessoas. Foi uma partida tensa e truncada, batizada “A batalha de Rosário”, em que o Brasil teve mais oportunidades que o adversário, mas acabou num empate de zero a zero.

A decisão sobre qual seleção iria para a grande final ficou para a última rodada: o Brasil enfrentaria a Polônia, a Argentina o Peru, em jogos marcados para o mesmo dia e hora. Mas a FIFA decidiu bruscamente que o jogo da Argentina só começaria depois que terminasse o do Brasil, que venceu a Polônia por 3 x 1. Assim, a Argentina entrou em campo sabendo que, para superar o Brasil no critério de desempate, precisaria vencer por 4 x 0 o Peru, uma das melhores seleções daquela Copa. Numa partida polêmica, em que os peruanos sofreram um inexplicável apagão, a Argentina ganhou por 6 x 0 e foi para a final contra a Holanda, ganhando por 3x1 e conquistando sua primeira Copa. Restou ao Brasil o consolo do terceiro lugar, ao vencer a Itália por 2x1.

Com quatro vitórias e três empates, o Brasil saiu invicto da Copa, mas sem levar a taça, fato inédito nas Copas do Mundo de futebol, que levou Cláudio Coutinho a cunhar a célebre frase: “Em 78, fomos os campeões morais.”

Apenas um gol do Brasil naquela noite no Gigante de Arroyito teria mudado a história. 

Se tiver tempo e curiosidade, veja a “Batalha de Rosário”

AQUI

A Superinteressante foi pioneira no negacionismo?

 

Reprodução  (clique na imagem para ampliar)

por José Esmeraldo Gonçalves 

O fato pode ser inédito no jornalismo. A matéria acima, publicada no Jornalista & Cia, citando revelação do colunista Maurício Stycer, do UOL, informa que a atual direção da Superinteressante decidiu retirar do seu acervo a edição de fevereiro de 2001 que trazia na capa reportagem sob o título "Vacina: a cura ou a doença". Faz algum sentido. Na era pré-internet, as revistas e os jornais repousavam silenciosos em arquivos e coleções pessoais. Hoje, ressuscitam com facilidade. Podem ser consultados com o clique no Google.

Aquela reportagem de capa deve conceder à revista, da Editora Abril, quando ainda era dos Civita, o título de pioneira no negacionismo, atualmente a bandeira odiosa dos bolsonaristas. 

Espantosa é a justificativa do então editor, Adriano Silva: " a revista era muito reverente ao cânone oficial da ciência. Resolvemos ampliar". Nessa estranha linha editorial do começo dos anos 2000, a Superinteressante também acolheu a tese de que a Aids não era causada pelo vírus HIV. Aparentemente, não deu certo desafiar o "cânone oficial da ciência".

Excluir a edição do acervo também abre uma discussão paralela: estaria a Superinteressante praticando a polêmica "teoria do esquecimento", aquela que pretende dar às pessoas e às instituições o direito de apagar da web mancadas e passados? O atual diretor da revista, Alexandre Versignassi, argumenta. como se lê no quadro acima, que em período de pandemia e de vacinação "não é como apagar a história, é uma questão de saúde pública". 

A capa que discute se vacinas são cura ou doença poderá voltar ao acervo em tempo menos revoltos, segundo o diretor disse à coluna do Maurício Stycer.

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Na capa da Carta Capital. Sempre foi política. A togalícia agora quer votos

Sexo grátis em bordel austríaco. Mas só para quem se vacinar


Proprietário do Funpalast, um famoso clube de sexo de Viena, acumulou prejuízos com a Covid. Como  a vacinação completa, na Áustria, está em menos de 60% da população, o bordel resolveu acelerar o processo. Um posto instalado no local oferece um voucher a quem se vacinar. O vale-sexo dá direito a usar a piscina, ver jogos no telão, desfrutar da sauna.  E, se o imunizado preferir, pode escolher uma das belas profissionais do Funpalast. O voucher permite 30 minutos de sexo. Uma "princesa Sissi" pode estar esperando por você até o fim de novembro quando acaba a promoção.  

domingo, 7 de novembro de 2021

As armadilhas mortais das Gerais • Por Roberto Muggiati


Reprodução Twitter
Nos últimos anos, Minas Gerais se protagonizou por uma sequência de desastres: 

 • O vazamento de Mariana, em 2015, cuja lama tóxica degradou o meio ambiente e devastou a vida animal e a de populações de uma imensa região, levando a poluição até as águas do Oceano Atlântico no litoral capixaba.

• O rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019, o maior acidente de trabalho no Brasil em perda de vidas humanas e o segundo maior desastre industrial do século. 

• Agora, a morte trágica da cantora Marília Mendonça, quando o avião em que viajava se chocou com um cabo elétrico da rede de distribuição da Cemig nas proximidades do aeroporto de Caratinga, onde a Rainha da Sofrência e expressão maior do “feminejo” se apresentaria num show.

Na ocasião do desastre de Mariana citei um poema (com forte dosagem crítica) de Carlos Drummond de Andrade, nascido em Itabira, importante cidade do  Quadrilátero Ferrífero mineiro.


LIRA ITABIRANA

I

             O Rio? É doce.

A Vale? Amarga.

Ai, antes fosse

Mais leve a carga.

             II

             Entre estatais

E multinacionais,

Quantos ais!

III

A dívida interna.

A dívida externa

A dívida eterna.

IV

Quantas toneladas exportamos

De ferro?

Quantas lágrimas disfarçamos

Sem berro?


Agora, outro poema de Drummond se presta a uma paráfrase, , aquele que começa com o verso, No meio do caminho tinha uma pedra:


NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha um cabo

Tinha um cabo no meio do caminho

Tinha um cabo

No meio do caminho tinha um cabo


Nunca me esquecerei desse acontecimento

Na vida de minhas retinas tão fatigadas

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

Tinha um cabo

Tinha um cabo no meio do caminho

No meio do caminho tinha um cabo

sábado, 6 de novembro de 2021

Marília Mendonça: as capas do adeus

Os editores se dividiram entre as capas factuais que mostram o acidente e as capas-homenagem que relembram a carreira da cantora sertaneja  ou a emoção do adeus. Nessa última linha o Meia Hora encontrou uma solução estética bem realizada. As imagens são reproduções do site vercapas.com.br

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Quando o público poderá ver o mural "Última Ceia", a obra de Ziraldo que o antigo Canecão emparedou?

 

Ziraldo revê parte do mural "Útima Ceia". Foto Ag. Brasil

por J.A.Barros

Os países europeus, através dos séculos, apreciavam a cultura nas artes em geral. Alguns tinham a música como o interesse principal, outros se dedicavam mais às artes plásticas. A escultura que teve a Grécia como um dos seus berços, tendo Fídias como seu grande criador. No mundo moderno, ressalte-se o talento de Rodin.

A Europa também se destacou na literatura. Grandes escritores se eternizaram. Na filosofia, pensadores modernos surgiram questionando sempre a razão. Países europeus se destacaram, não pelas armas, mas pela cultura de seus povos que  traziam  ao mundo as respostas ao questionamento do homem.

Nas suas raízes, os povos europeus aprenderam a cultivar e respeitar as obras clássicas de seus artistas em todos os seus elementos.

E me pergunto: por que, aqui no Brasil, a cultura não é vista e respeitada tal qual os povos europeus o fazem? 

A prova de que estou falando vem de uma obra, um mural pintado sobre uma parte de uma parede de uma casa de espetáculo, o Canecão. O mural "Última Ceia" tem mais ou menos 30 metros de extensão. Naquela parede, um jovem artista, mineiro de Caratinga, pintou uma visão sua de uma ceia irreverente.

Essa obra, apesar de estar dentro de um recinto fechado, de limitado acesso ao público, era vista por todos que frequentavam a tradicional casa de espetáculos. Quem ali fosse passar algumas horas de distração ouvindo música ao mesmo tempo apreciava o mural. A plateia tinha diante de seus olhos a arte maravilhosa de um artista que se projetava para o mundo da informação e comunicação. Pois,  acreditem, o empresário dono do Canecão, posteriormente despejado por dever aluguel, mandou cobrir a obra com um oleado que o tornou invisível e esquecido pela cidade do Rio de Janeiro.

Mas, esse artista, Ziraldo, com seu talento criativo, seguiu em frente como desenhista e como cartunista. Tornou-se um dos melhores chargistas políticos no Jornal do Brasil e levou sua arte aos leitores da revista Manchete. Incansável, conquistou depois um imenso público de crianças ao contar em livros histórias maravilhosasd como a do  “Menino  Maluquinho”, publicado  originalmente em “tiras” no jornal O Globo.

Pergunto o que acontecerá com o mural nas paredes do Canecão, hoje fechado e abandonado? Nãio faz muito tempo, houve uma campanha para restaurá-lo. Apesar dsso, continuará esquecido ? Quando o público poderá apreciá-lo?  O predio da antiga casa de espetáculos pertence à UFRJ, que tem planos que ainda não saíram do papel para tranformá-lo em centro cultural. 

Deem a Ziraldo o que é de Ziraldo. E ao  ao povo a arte de Ziraldo.

Leia conteúdo relacionado publicado neste blog em 2015. AQUI

Ameaça climática

Reprodução Twitter

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Nelson Freire (1944-2021): a alma das teclas

 

Nelson Freire em 1972, na Manchete. A foto é de Gil Pinheiro

O pianista Nelson Freire, um dos maiores do mundo, morreu ontem, no Rio de Janeiro, aos 77 anos, mas não silencia. Seu extraordinário talento está registrado. É eterno. A melhor homenagem é ouví-lo, sentí-lo. Veja aqui dois momentos da sua longa e brilhante carreira. 

Beethoven Moonlight Sonata 

https://www.youtube.com/watch?v=eFIe8xoS1jI


Bachianas Brasileiras nº 4 Prelude (Villa-Lobos)

https://www.youtube.com/watch?v=A1Emge2-4AM

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

O G20 foi à fonte • Por Roberto Muggiati

Chefes de Estado lançam moedas na Fontana di Trevi. Reprodução RAI

Em Roma, faça como os romanos, reza o ditado. Mas romano que se preza nunca jogou moeda na Fontana di Trevi, uma das mais famosas fontes do mundo, emoldurada por um imponente conjunto de esculturas barrocas, inaugurada há quase 260 anos, em 1762. 


O costume de jogar moedas na fonte – garantindo ao viajante uma volta à Cidade Eterna – foi reforçado pelo turismo de massa nos anos do pós-guerra e exaltado em 1954 pelo filme Three Coins in the Fountain/A fonte dos desejos, um dos primeiros realizados em CinemaScope. O melhor do filme foi a canção da dupla Jule Styne e Sammy Cahn, vencedora do Oscar, que mereceu sua melhor interpretação na voz de Frank Sinatra, OUÇA AQUI

https://www.youtube.com/watch?v=B1FZpyUfM5g


Anita  Ekberg em Dolce Vita.  Foto Divulgação

Em 1960, o diretor italiano Carlo Campogalliani lançou o filme Fontana di Trevi, uma comédia insossa. A grande referência cinematográfica da Fonte de Trevi é a cena da Dolce Vita, de Fellini, em que a atriz sueca Anita Ekberg se banha à noite em suas águas, na companhia de um embasbacado Marcello Mastroianni. VEJA AQUI

https://www.youtube.com/watch?v=The8Xi6fKOE

Neste domingo, encerrando a cúpula do G20, os chefes de estado foram à Fonte de Trevi jogar sua moedinha, seguindo a tradição: com a mão direita, de costas para a fonte. Mas não foi uma moedinha comum e sim a moeda de um euro cunhada especialmente para a ocasião, com a imagem do Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci. (O presidente brasileiro não acompanhou a turma, visitou a fonte na sexta-feira com o filho e membros da comitiva.) Em 2016 foram recolhidos um milhão e meio de euros, que foram destinados a projetos de beneficentes. 

 Em 2020 foi decidido que a fonte será cercada por uma barreira de vidro com um metro de altura para protegê-la de comportamentos inadequados e de vandalismos de alguns dos milhões de turistas que todos os anos visitam Roma.

O galo (bolsonarista) da discórdia

Se o seu vizinho for um bolsolarista ensandencido, cuidado. Em Petrópolis, Marcos Ferreira,  admnirador do "mito", foi preso sob a acusação de assassinar o moradoir ao lado. Ocorre que o matador tinha um galo ao qual ensinou cantar "Bolsonaro". O vizinho Ricardo Montojos vinha reclamando do barulho do galinheiro. A cantoria do galo fascista acabou com o que restava da sua paciência e ele se queixou ao bolsonarista. Este deu-lhe um tiro e, com a vítima caída, ainda golpeou sua cabeça com um pedra. 

domingo, 31 de outubro de 2021

Um zumbi em Roma

Reprodução vídeo Twitter. Link abaixo

por José Esmeraldo Gonçalves

Na reunião do G-20  - na verdade G-19, porque o brasileiro foi o nada absoluto - os chefes de Estado deram um perdido em Bolsonaro. Ele vagava pelos salões como uma alma penada, como mostra o vídeo e comenta a midia. Desimportante, foi praticamente ignorado.  Vai ver os participantes alertaram: "disfarça que lá vem o samsonite. E amanhã não avisa que a gente vai à Fontana di Trevi"
De fato, os líderes foram ao famoso monumento de Bernini e não chamaram o presidente do Bananão, como dizia Ivan Lessa.  Bolsonaro conseguiu trocar algumas palavras com garçons que eram obrigados a ouví-lo. Deve ter pedido apoio para o Brasil entrar na OCDE, sim porque não teve chance de falar sobre isso com mais ninguém. Houve um breve momento em que o brasileiro falou com Angela Merkel para um papo. Para abrir a conversa teria dito "eu não sou tão mau quanto dizem". Bolsonaro tem razão ao não querer ir à Conferência do Clima em Glasgow. São encontros como esses que o levam a chorar no banheiro.

sábado, 30 de outubro de 2021

Por falar em Itália: já viu essa frase em algum lugar?

Publimemória: anúncio da País&Filhos em 1982

Reproduzido do site Propaganda Histórica

Batendo um bolão na Itália. A charge é do jornal La Repubblica

Os homens e os seus nomes: pensata em tempos vazios

por J.A.Barros

De repente me perco, pensando nos grandes homens que marcaram a sua presença nesse histórico mundo. Mundo  onde,  na Idade da Pedra, o homem ainda carregava nas suas rudes e calosas mãos um machado, um machado de pedra, para abater a presa que o alimentava e, ao mesmo tempo, se defender das feras famintas que o cercavam e que também o queriam como presa. 

Do machado de pedra, o homem de hoje chegou à arma automática capaz de disparar 30 balas para matar o inimigo que o espreita atrás de cada esquina. Hoje, o homem não se defende das feras famintas, se defende do próprio homem.

Essa é a luta do homem para sobreviver e viver dias de glória  e dias de  luto neste mundo em que ele nem sabe o que está fazendo e nem como nele veio parar. Mas é preciso ir em frente e construir na vida algo perene que justifique a existência e fique para os que vierem depois. Algo que os faça entender o mundo que recebem para viver. 

E me perco pensando nos homens que pela sua força, sua história, sua inteligência e sua coragem construíram impérios e civilizações. Penso em Júlio Cesar, o conquistador da Gália, que deu a Roma o maior império do mundo. Em Justiniano, que de Bizâncio construiu o Império Romano Oriental. Ou no conquistadores que vieram da Ásia e invadiram mundo conhecidos ou inexplorados. Penso em Carlos Magno, criador a dinastia Carolíngea. Nos guerreiros mongóis, Ghengis Khan que criaou o Império Mongol e Tamerlão, que o renovou. Kublai Khan, neto do herói das planícies asiáticas, Ghengis Khan, que conquistou a China e no seu trono permaneceu.

E penso em Pedro, o Grande, que trouxe à Rússia a civilizaçao do mundo europeu e penso nos outros Impérios que se seguiram. Grandes homens. Napoleão, que trazia nos seus sonhos a unificação da Europa. Além de Abrahão Lincoln, sempre me vem à cabeça o nome de Franklin Delano Roosevelt, que transformou a América do Norte no país que é hoje, mas penso também em Churchil, o ministro que deu à Inglaterra a coragem de lutar contra as forças nazistas que ameaçavam a liberdade da civilização ocidental.

Grandes nomes, grandes homens. E fico a pensar porque neste Brasil, tão imenso e tão rico, até hoje não surgiu um nome, um homem que desse ao país todo o esplendor e a grandeza de que é merecedor.