Ziraldo revê parte do mural "Útima Ceia". Foto Ag. Brasil |
por J.A.Barros
Os países europeus, através dos séculos, apreciavam a cultura nas artes em geral. Alguns tinham a música como o interesse principal, outros se dedicavam mais às artes plásticas. A escultura que teve a Grécia como um dos seus berços, tendo Fídias como seu grande criador. No mundo moderno, ressalte-se o talento de Rodin.
A Europa também se destacou na literatura. Grandes escritores se eternizaram. Na filosofia, pensadores modernos surgiram questionando sempre a razão. Países europeus se destacaram, não pelas armas, mas pela cultura de seus povos que traziam ao mundo as respostas ao questionamento do homem.
Nas suas raízes, os povos europeus aprenderam a cultivar e respeitar as obras clássicas de seus artistas em todos os seus elementos.
E me pergunto: por que, aqui no Brasil, a cultura não é vista e respeitada tal qual os povos europeus o fazem?
A prova de que estou falando vem de uma obra, um mural pintado sobre uma parte de uma parede de uma casa de espetáculo, o Canecão. O mural "Última Ceia" tem mais ou menos 30 metros de extensão. Naquela parede, um jovem artista, mineiro de Caratinga, pintou uma visão sua de uma ceia irreverente.
Essa obra, apesar de estar dentro de um recinto fechado, de limitado acesso ao público, era vista por todos que frequentavam a tradicional casa de espetáculos. Quem ali fosse passar algumas horas de distração ouvindo música ao mesmo tempo apreciava o mural. A plateia tinha diante de seus olhos a arte maravilhosa de um artista que se projetava para o mundo da informação e comunicação. Pois, acreditem, o empresário dono do Canecão, posteriormente despejado por dever aluguel, mandou cobrir a obra com um oleado que o tornou invisível e esquecido pela cidade do Rio de Janeiro.
Mas, esse artista, Ziraldo, com seu talento criativo, seguiu em frente como desenhista e como cartunista. Tornou-se um dos melhores chargistas políticos no Jornal do Brasil e levou sua arte aos leitores da revista Manchete. Incansável, conquistou depois um imenso público de crianças ao contar em livros histórias maravilhosasd como a do “Menino Maluquinho”, publicado originalmente em “tiras” no jornal O Globo.
Pergunto o que acontecerá com o mural nas paredes do Canecão, hoje fechado e abandonado? Nãio faz muito tempo, houve uma campanha para restaurá-lo. Apesar dsso, continuará esquecido ? Quando o público poderá apreciá-lo? O predio da antiga casa de espetáculos pertence à UFRJ, que tem planos que ainda não saíram do papel para tranformá-lo em centro cultural.
Deem a Ziraldo o que é de Ziraldo. E ao ao povo a arte de Ziraldo.
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Um comentário:
Com verbas cortadas por Bolsonaro deve estar difícil para a UFRJ fazer seu projeto no local. Muita pena.
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