segunda-feira, 23 de novembro de 2009

MP: Mais Paulada nos aposentados

por Eli Halfoun
Pelo visto meter a mão no bolso dos aposentados é uma prática que só vai melhorar nos discursos que prometem muito, mas nada mudam. Agora mesmo em Brasília já se sabe que “Lula decidiu com o ministro José Pimentel que o reajuste dos aposentados e pensionistas que ganham (se é que isso pode ser considerado ganho) acima de um salário-mínimo será de apenas 6.5% e prepara medida provisória nesse sentido”. Não estão adiantando nada os avisos de parlamentares da base aliada de que não será fácil aprovar a MP (deve ser Mais Paulada) já que até a base aliada quer um aumento baseado no INPC cheio, que é na ordem de 9,2%. A base aliada também tem feito questão de lembrar que 2010 é ano eleitoral (e Dilma não vai bem nas pesquisas), ou seja, é ano de agradar os aposentados. Agradar, não. Fazer justiça, sim.

Jornal coloquial

por Omelete
De uns tempos pra cá, a Globo resolveu orientar seus âncoras a dar à narração de notícias um tom coloquial, supostamente inspirado nos telejornais americanos. A ABC e a NBC criaram ainda no fim dos anos 60 a clássica figura do âncora, da qual o jornalista Walter Cronkite foi o melhor exemplo. Saia o locutor, o simples leitor de notícias, entrava o Cronkite "inteligente", capaz de analisar o fato que acabava de narrar, de entrevistar um presidente, de questionar um senador ou dirigente de uma grande empresa. A fórmula se espalhou pelas TVs de todo o mundo. Nos anos 90, a CNN inovou mais ainda e ampliou a ação do âncora. Manteve o apresentador-pivô na central do telejornal mas transformou cada repórter em um comentarista, capaz de dialogar com o âncora e, assim, tornar mais clara e contextualizada a informação. O telejornal ganhou nova dinâmica. Aparentemente, a Globo pretende trilhar essa rota. Mas há algumas pedras no caminho. William Bonner e Fátima Bernardes simulam diálogos no meio ou ao fim de determinadas notícias. Mas parecem vacilantes, olham para o telespectador, olham um para o outro, mas não podem perder de vista o teleprompter (há uma facção, no jornalismo da Globo que pretende restringir o uso desse aparelhinho), e temem errar de câmera. Para o telespectador, parece exatamente isso, uma simulação. Não dialogam, apenas encenam um diálogo. Os âncoras americanos improvisam. Bonner e Fátima não fogem do script. Os âncoras americanos emitem opiniões. O próprio Bonner já disse em entrevista que guarda para si a opinião e limita-se a difundir a opinião da emissora. Fica difícil mostrar espontaneidade e ao mesmo tempo não se soltar do texto. Na falta desse improviso e para ressaltar o tal tom coloquial, apresentadores e repórteres agora também se chamam pelo nome. Às vezes, em excesso,. ninguém, em uma conversa normal, intercala o diálogo com o nome do interlocutor tantas vezes. Fátima vira-se para o marido e diz, por exemplo, "Bonner, hoje São Paulo sofreu com um engarrafamento de 150km". Bonner rebate: "Fátima, mas isso não foi nada comparado à Anchieta que registrou um congestionamento de 250km". A Globo News não fica atrás. Acabei de ver Em Cima da Hora. Em uma notícia relativamente curta sobre uma pesquisa eleitoral, ouvi uma dúzia de vezes "Leilane" pra cá, "Camarotti" pra lá, "Leilane" foi isso, 'Camarotti" foi aquilo o que houve... e por aí foi o "bate-papo" entre a apresentadora Leilane Neubarth e o repórter Gerson Camarotti. Soa falsa essa "intimidade", parece coisa ensaiada, sem naturalidade. Daqui a pouco, para mostrar descontração, vai rolar um "meu irmão" por aqui, um "mano" em São Paulo, um "queridão" em Brasília. "'Queridão' como foi o dia do presidente?" "Foi maneiro" gata..."

Bonequinha musical é luxo só


Por Eli Halfoun
Parece que a febre do “apertar cintos” provocada pela crise financeira mundial não preocupa tanto assim os ingleses, pelo menos os que se dedicam à produção de espetáculos musicais. Para promover o lançamento da versão musical de “Bonequinha de Luxo” (um dos mais famosos filmes estrelados por Audrey Hepburn em 1961) os produtores do espetáculo (em cartaz no palco do West End, em Londres, com Anna Ariel no papel título) fizeram o café da manhã mais caro do mundo. Os fabricantes do licor Chamboard bancaram a fartura, que não foi uma fartura qualquer servida para apenas 15 convidados. O cardápio (no caso menu cabe melhor) tinha, entre muitas outras delícias, croissants decorados e cobertos com ouro comestível e diamantes, geléias de groselha negra colhida na região francesa de Bar de Luc, uma xícara do sofisticado café Kopi Luak (cada xícara custa US$75), além de coquetéis preparados com champanhe Perrier Jouet Belle Epoque (custa US$ 1,5 mil a garrafa) e doses do licor Chamboard servido em garrafa incrustada de ouro, diamantes e pérolas (cada garrafa custa US$ 35 mil dólares). A brincadeira (essa é o que se pode chamar de brincadeira de bom gosto) custou US$ 35 mil dólares por pessoa. Aqui festa de lançamento é na base do salgadinho requentado e cerveja vagabunda e ainda por cima quente. Quem pode, pode.

Hebe americana sai de cena. Por enquanto...

Por Eli Halfoun

Enquanto por aqui se especula sobre o provável fim do Fantástico (a Globo não se pronuncia oficialmente até porque parece gostar da boataria), nos Estados Unidos, pelo menos no que diz respeito à televisão, as coisas ficam mais claras e comunicados oficiais acabam imediatamente com as especulações. Foi o que fez Oprah Winfrey, a mais respeitada apresentadora americana (uma espécie de Hebe Camargo de lá ou seria a Hebe a Oprah de cá?): Há dias (mais precisamente no último dia 20) Oprah anunciou em seu programa, que apresenta há duas décadas na CBS, o fim do “Oprah Winfrey Show”. Lá ao contrário do que costuma acontecer por aqui não haverá aquele jogo de empurra para tentar saber seu destino artístico. Ela se encarregou de dizer a verdade: está deixando a CBS para dedicar-se integralmente ao comando de uma nova emissora de televisão da qual é a dona. Ao praticamente despedir-se do público Oprah disse: “Amo tanto este programa que foi a minha vida. Eu o amo o bastante para saber a hora de dizer adeus”. Taí um exemplo que muitos profissionais da nossa televisão deveriam seguir.

Água de coco é legal


A polêmica proibição de venda de coco na praia foi motivo de post e comentários neste paniscumovum. Hoje, nota no Globo, informa que o prefeito Eduardo Paes desfez a niciativa do seu secretário. Bom senso da autoridade e uma besteira a menos. 

Até que a vida nos separe

por Eli Halfoun
Quem abriu uma pequena empresa mesmo que seja só para receber serviços prestados com nota fiscal (caso de muitos jornalistas) sabe que abrir a empresa é muito mais fácil do que livrar-se dela. Não basta fechar a porta e ir embora: antes disso existe toda uma complicada (desnecessária até) burocracia a ser cumprida. Abrir (empresa, é claro) é muito mais fácil do que fechar. O casamento é mais ou menos assim: casar é fácil, mas a separação é complicada. Era: para a maioria das separações não é mais necessário constituir advogado, pagar caro esperar durante anos a lentidão da Justiça. Desde 2007 quando foi sancionada a lei 11.441/07, a separação não consome mais do que 72 horas e custa menos do que R$ 300 quando realizada em cartório. Acabou aquela obrigação do “até que a morte nos separe”. Agora é só até que o cartório nos separe - o que tem funcionado bastante: desde que a lei entrou em vigor houve, em todo o Brasil, 40% de aumento em pedidos de divórcio via cartório. Tem muita gente descasando diariamente: no Rio são realizados 20 mil divórcios por ano nos 30 cartórios que possuem atribuições notarias. Até agora o Tribunal de Justiça do Estado fez 333.327 novos pedidos de divórcio consensual. Separar está bem mais fácil do que casar: hoje é possível o casal brigar no café da manhã e separar no jantar. Nesse caso talvez seja melhor não tomar mais café da manhã em casa ou passar a tomar café várias vezes até conseguir uma briguinha. Parece que a separação é consequência natural do casamento: segundo a Fundação Getúlio Vargas e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) O Judiciário brasileiro realiza em média, 260 mil separações, divórcios e inventários por ano, dos quais 70% são consensuais.. Está tão fácil divorciar-se que o número de casamentos tipo sessão passatempo pode aumentar até porque agora o casamento é “até que a vida nos separe”.

Cuidado: o sal é o vilão dos seus olhos

por Eli Halfoun
Aquele salgadinho (salgado mesmo) fundamental para acompanhar um chope gelado e que você come sem culpa pode ser o vilão de seus olhos. Recente pesquisa publicada no American Journal of Epidemology revela que comer muito sal pode acelerar o aparecimento da catarata, responsável por cerca de 50% dos casos de cegueira no Brasil.
Entenda melhor: a catarata é um distúrbio comum a partir dos 65 anos e que leva a perda da transparência do cristalino, lente que fica atrás da pupila e é responsável por dar foco à visão. Oftalmologistas afirmam que não dá para prevenir o surgimento da catarata, mas é possível retardar e uma das formas é reduzir o consumo diário da quantidade de sal: comer muito sal acelera o aparecimento da catarata porque dificulta a manutenção da pressão do cristalino que para ficar transparente precisa estar com baixos níveis de sódio.
A orientação é que o consumo seja de no máximo seis gramas de sal por dia, equivalente a uma colher de chá. O alerta é importante já que segundo a Organização Mundial de Saúde “o brasileiro ingere o dobro ou até o triplo da quantidade de sal recomendada pelos médicos.”
Segundo o estudo desenvolver catarata ao longo da vida é praticamente inevitável porque o problema está diretamente ligado ao envelhecimento. Calma, nada de ficar apavorado: a cirurgia de catarata é simples e a mais comum entre os adultos (450 mil são realizadas anualmente pelo SUS) acima dos 65 anos. Sempre com resultados bastante satisfatórios em mais de 95% dos casos.
Mesmo assim não custa nada prevenir-se: de saída tire o saleiro da mesa, reduza o sal no preparo dos alimentos (aliás, comer virou um perigo já nos proíbem de quase tudo: gordura, açúcar, carne, os prazeres da “boa mesa”), elimine as latarias (conservas e todos os produtos industrializados) Não é só: além de cuidar da alimentação evite o excesso de radiação ultravioleta. Em outras palavras: proteja os olhos do sol usando óculos escuros (de boa qualidade) e chapéu. O sol causa danos que não se limitam à catarata: provoca também uma série de degenerações maculares.
Prevenir é como diz a sabedoria popular, o melhor remédio para viver mais e melhor. Afinal ainda temos muita coisa para enxergar,além de tiroteios e assaltos

domingo, 22 de novembro de 2009

Uma foto vale mil palavras? Depende do photoshop

O uso do Photoshop para corrigir defeitos em fotos, retocar curvas e cores de mulheres famosas, juntar na mesma foto ou eliminar personagens em determinada cena, tem sido debatido em redações. Há tanto exagero nos retoques que já existem até sites especializados em mostrar os vacilos dos editores e diretores de arte. Visite, neste link, o site Photoshop Disasters

Cony na Band News

Título da crônica: Nova Ponte Aérea. Veja o vídeo no link Cony

Cante parabéns pro Mago



Paulo Coelho (na foto, reprodução do site do escritor) anuncia em seu blog um concurso para escolher vinte dos seus seguidores para serem convidados especias da sua festa de aniversário em março do ano que vem, na Áustria, em uma localidade perto de Viena. O concurso consiste em vinte perguntas que deverão ser respondidas até o fim do ano. Atenção: o convite não inclui passagem e hospedagem mas apenas o direito de participar da festa de aniversário do escritor. Confira no link Entre nessa festa

Gulodice oficial: Congresso ou panelão?


por Eli Halfoun
Se depender do que come às nossas custas daqui a pouco a turma da União, incluídos aí evidentemente deputados e senadores, que são mesmo, em sua maioria, do time “come e dorme”, estarão todos obesos. Recente levantamento mostrou que a turminha gulosa gastou de janeiro até setembro nada mais nada menos do que R$1,5 bilhão em alimentação, item no qual o dinheiro de nossos impostos foi, digamos, mais empregado (eles comem de montão e a população passa fome). O levantamento revela que o gasto total da União com seu pessoal foi até setembro de R$ 2,6 bilhões, o que equivale a cerca de R$ 32 milhões por mês, ou seja, perto de R$ 1 milhão por dia. O quesito (parece mesmo o samba do crioulo doido) alimentação gastou mais, mas não houve economia em diárias (foram gastos R$ 544 milhões). Em seguida estão as passagens quer consumiram R$ 487 milhões (a turminha adora viajar). O levantamento revela que entre os poderes o Executivo é o que gasta mais (cerca de R$ 1,89 bilhão) sendo R$ 958 milhões em alimentação, R$ 502 milhões em diárias e R$ 434 milhões em passagens. Do jeito que essa turma gulosa gasta em alimentação talvez o ideal seja transformar o Congresso em SPA, incluindo aí caminhadas diárias para emagrecer e economizar nas passagens.


Salve o feijão-maravilha dos escravos e dos senhores



por Eli Halfoun
“Fulano está batendo um prato de feijão com arroz” ou “mulher, bota mais água no feijão que estou levando um amigo para jantar” – essas são expressões populares, de certa forma, que pretendem mostrar que feijão é comida de pobre. Não é e nunca foi: ao contrário do que conta a história o feijão não frequentava apenas os pratos dos escravos, mas também a mesa dos “senhores”, que foram os criadores da nossa tradicional feijoada. Com base em depoimentos do pintor francês Jean –Baptiste Debret, que desembarcou no Brasil em 1816 e viveu no Rio ao longo do século 19, o pesquisador Almir Chaiban El-Kareh, da Universidade Federal Fluminense, quer mostrar que a feijoada, como é servida até hoje, não surgiu com os escravos que utilizavam sobras de carne, mas sim nas famílias ricas “porque na época os miúdos eram valorizados pelas elites. Os ricos comiam refeições com feijão incrementados com diversos tipos de carne, enquanto os pobres comiam feijão ralo com pequenos pedaços de carne-seca” como, aliás, acontece até hoje. Até agora a informação é de que a feijoada surgiu como invenção dos escravos que juntariam sobras de carnes não aproveitadas pelos ”senhores” ou como também conta a história seria uma invenção de famílias de poucas posses que requentariam sobras de refeições para reforçar a alimentação. A tese do pesquisador Almir Chaib, mostra que a feijoada foi criada para servir como comida para as elites do século 19. Mesmo assim no começo os ricos não admitiam a preferência pelo já na época feijão nosso de cada dia e como escreveu Debret “os pequenos comerciantes comiam feijão com um pedaço de carne-seca e farinha, regado com muita pimenta, mas faziam as refeições escondidos de todos no fundo das lojas”. Só a partir de 1830, pobres e ricos comiam feijão (existem no mundo 4.600 grãos classificados como feijão) com carne seca todos os dias, o que acabou fazendo o feijão sobressair e conseguir mudar hábitos europeus de alimentação, deixando o cozido português apenas como opção. Aqui a feijoada ganhou ritmo de festa (aliás, é praticamente sinônimo de festa), mas quando é completa ainda é um prato permitido apenas para os “senhores” que nos finais de semana, faça chuva ou faça sol,“caem” de boca em uma suculentas feijoada e deixam de lado os conselhos de cardiologistas que acham a feijoada um veneno para o coração porque é repleta de gorduras, mas eles, os cardiologistas, também não resistem ao saboroso e mais popular de nossos raros típicos. Afinl, feijão tem gosto de festa. Ou não tem?

Imprensa americana está imprensada

por Eli Halfoun
A crise financeira atinge violentamente o até então forte mercado editorial dos Estados Unidos obrigando grandes editoras a fazerem verdadeiros malabarismos (como, aliás, sempre aconteceu por aqui) para diminuir os prejuízos. É, por exemplo, o caso da editora Condé Nast, responsável por, entre outras revistas, a Vogue, que é um sucesso mundial. A editora está buscando fora do país (parece que lá nos States só socorrem os bancos e as montadoras de automóveis) alternativas. De saída, quer reajustar royalties e “empurrar” mais alguns títulos. No Brasil, a Conde Nast conversa com a Carta Editorial, que edita a Vogue por aqui, mas a editora não mostrou nenhum interesse (a maré tá braba mesmo com “uma marolinha”) em passar a editar também uma versão brasileira da revista Gentlemen's Quartely, o que pode fazê-la perder os direitos de publicação da Vogue já que a Editora Globo, com a qual foram iniciadas negociações, só aceita ficar com a Gentlemen’s se puder ficar também com a Vogue. Muitas letrinhas ainda voarão até o final dessa história até porque a Carta Capital tem segundo se comenta, um longo contrato de exclusividade para publicar a Vogue brasileira, mas como no Brasil tem jeitinho pra tudo Globo e Carta Capital podem ficar sócias pelo menos nesse projeto, o que seria uma boa, principalmente para nó, jornalistas realmente profissionais.

"Estação Tom Jobim"


Metrô quase chegando a Ipanema.

A "verba indenizatória" do Aécio Neves

por JJcomunic
Há anos a Folha de São Paulo lutava na justiça para ter acesso às notas fiscais entregues à Câmara pelos deputados para justificar a tal "verba indenizatória". Conseguiu. Está na edição de hoje. O jornal obteve informações de cerca de 70 mil notas. É uma amostra quase mínima do reembolso criado em 2001. A Folha publica matéria com a primeira avaliação. Bingo! Há notas de empresas fantasmas, endereços fictícios etc. Os deputados juntam a papelada para justificar o adicional mensal de R$15 mil. Haja recibo de aluguel de carro, de seguranças, de pagamentos de "consultoria", empresa de táxi aéreo instalada em cidade que nem pista de pouso tem...
E, não faltou dizer na reportagem, a caixa-preta da "verba indenizatória" foi criada em 2001 por Aécio Neves, quando era presidente da Câmara. O próprio, o Aécio presidenciável do PSDB. O mineiro inventou o benefício como uma forma de dar aumento aos colegas e a si próprio. Diz a Folha "o uso do dinheiro era flexível, bastando apresentar uma nota fiscal e alegar que a despesa era relacionada ao exercício do mandato". Vamos raciocinar? O objetivo da "verba" era dar um aumento disfarçado aos deputados. Certo? Supondo que eles gastassem o extra em despesas verdadeiras, não sobraria nada para o bolso de suas excelências e então não seria aumento. Certo? Daí que, para engordar as contas das figuras, só mesmo criando despesas fictícias. Uai, sô, elementar!

O cajueiro do Vieira (do Lamas)



por Gonça
Vieira, o mais antigo garçom do Lamas, comemorou 70 anos de idade, 35 de casa, e anuncia sua aposentadoria neste fim de ano. Durante anos, gerações de jornalistas da Manchete frequentaram o Lamas no endereço original, no Largo do Machado, e no atual, na Marquês de Abrantes. Ney Bianchi, Carlinhos de Oliveira, Henrique Diniz, Monteirinho, Ronaldo Bôscoli, Sérgio de Souza, Wilson Pastor, Sergio Ryff, muitos e saudosos amigos foram atendidos pelo bom Vieira. Em torno de um chope bem tirado e pratos como os famosos filé mignon à francesa ou à oswaldo aranha, o filé à milanesa ou a canja especial, reuniam-se outros colegas das revistas da Bloch como Machadinho, Alberto Carvalho, Orlandinho, Marcelo Horn, Jussara, Regina d'Almeida, Egberto, Maria Alice, Deborah, Raul Silvestre (da TV Manchete)...
Há quase 20 anos, um fotógrafo da Manchete trouxe do Nordeste uma caixa de cajus, que distribuiu na redação. Levei alguns ao Lamas, pedimos uma boa cachaça e ali mesmo demos um destino honroso ao caju nordestino como excelente tira-gosto que é. O Vieira, que nos atendia, tinha acabado de comprar um sítio no interior do Estado, esse mesmo aonde deve ir agora desfrutar da sua merecida aposentadoria, gostou do visual do caju: "Não joguem as castanhas fora. Guardem pra mim que vou plantar no meu sítio".
Dependendo do solo, um cajueiro leva de três a cinco anos para dar frutos. Voltávamos ao Lamas nos anos seguintes e o Vieira não esquecia de dar notícia: "Vingou!"; "Tá lá crescendo"; "Tá florando!".
Deixei a Manchete, fui trabalhar em outras redações, as idas ao Lamas se tornaram raras, infelizmente. Estive lá depois de uma das saídas do tradicional bloco dos jornalistas, o Imprensa que Eu Gamo, há uns três anos, mas naquele dia não encontrei o Vieira. Fiquei sem notícias do cajueiro. Mas torço para que ainda esteja lá, com seus frutos, à espera do dono do sítio. Saúde, amigo Vieira!          

Ui! A emoção fluiu!

O livro branco das privatizações nos anos 90 ainda vai ser publicado. Enquanto isso, é recolher pequena pérolas soltas por aí. Ex-diretora do BNDES de 1993 a 1996, quando a onda de privatização aceitava moeda podre e varria o país de alto a baixo, Elena Landau deixou, como diria o chavão de uma atriz da Globo, "a emoção fluir" em entrevista a Mônica Bergamo, hoje, na Folha de São Paulo. Um trecho da coluna: "Como investidora, Landau é, digamos ideológica. Não investe em ações de empresa com participação estatal. 'Não compro Petrobrás por questão de princípio. Não entro em sociedade de economia mista. Não gosto de coisa que tem o governo administrando'".
E pensar que com todo esse ódio no coraçãozinho, a economista esteve à frente de um banco público. Faz sentido.

Cartaz de Obama vai parar na justiça


Deu no New York Times: o famoso cartaz de campanha de Barack Obama virou objeto de colecionador mas foi parar nos tribunais. O criador do cartaz, o artista plástico Shepard Fairey se "inspirou" em uma foto da AP, que corre atrás do prejuízo. Fairey admitiu o plágio. Precisava?

Com a corda no pescoço



por Eli Halfoun
A nudez da escritora e apresentadora Fernanda Young estampada na revista Playboy não agradou, como era de se esperar, a gregos e troianos (na verdade não agradou nem a uns e nem aos outros), mas tem rendido, além de críticas e piadas, algumas discussões, certamente inúteis. A mais recente se desenvolve em torno dos nós que atam Fernanda em algumas fotos. Agora a gente fica sabendo que os nós são do shibari, técnica milenar japonesa usada artisticamente para amarrar objetos, pacotes ou mulheres como Fernanda fez questão de mostrar. A corda tradicional japonesa utilizada para shibari é de cânhamo e quando é usada para amarração sexual ganha o apropriado nome de kinbaku. Há quem garanta que nas fotos de Fernanda a amarração sexual está mais para origami do que para fantasia sadomasô. Quem bom que esclareceram: como é que íamos poder dormir sem saber disso? (Foto: Divulgação/Playboy)

Praias fora de ordem


por Gonça
A prefeitura anuncia "choque de ordem nas praias". Por que não apenas ordem e que seja fiscalização permanente, metódica, e não surtos com jeito de jogada marqueteira? Basta caminhar pela orla para apontar numerosas infrações à lei. Como bicicletas fora da ciclovia circulando a toda velocidade nas avenidas interrompidas ao tráfego, na cara dos guardas municipais, entre idosos, crianças que brincam e demais pedestres. Quando ocorrer um grave acidente, e só aí - colisões ocorrem a toda hora -, as autoridades vão partir para outro inútil "choque de ordem". As barulhentas bombas hidráulicas com motor a gasolina que abastecem os chuveiros infernizam com altos decibéis a vida de que passa por ali. Alguém se preocupa com isso? Não, apenas os ouvidos de quem vai à praia. São ilegalidades flagrantes, não combatidas. Mas a prefeitura resolveu dar prioridade ao combate à venda de coco na areia. A alegação é que o coco polui e que será substituido por produtos industrializados. E as embalagens dos produtos industrializados não poluem? A medida dará aos quiosques o monopólio de venda de coco? Um breve replay: o ex-prefeito César Maia, em polêmica licitação que foi parar na justiça, concedeu a uma empresa a administração de todos os quiosques da orla. A empresa cobra aluguel dos espaços, indica os produtos que podem ser vendidos e abastece a rede. Não há muito tempo, a mesma empresa tentou banir dos quiosques o coco, trocando-o por produto industrializado. Não deu certo. Cariocas, turistas e toda a torcida do Vasco preferem o produto natural. Bom ficar de olho. A quem essa proibição, travestida de supostos "bons propósitos" (higiene, ecologia etc), beneficiará? Diria que a prefeitura está precisando de um choque de transparência. (Bombas barulhentas. Foto:Jussara Razzé)