sexta-feira, 21 de junho de 2019

Le Monde: Chico Buarque fala sobre a cultura de ódio no Brasil de hoje

Algo como "Uma cultura de ódio se espalhou pelo Brasil" é o título que Le Monde dá a uma entrevista com Chico Buarque publicada hoje.

O cantor fala sobre a situação do Brasil sob o regime Bolsonaro. Segundo o jornal francês, "com uma sinceridade muitas vezes tingida de tristeza".

Le Monde pergunta ao brasileiro porque solicitou à França um visto de longa duração e se esse é um "novo exílio".

Chico explica:

- "Minha situação atual é muito diferente da de 1969. Não estou no exílio hoje. Estou aqui escrevendo, trabalhando em Paris, como faço quando escrevo normalmente. Simplesmente aqui, em Paris, estou mais quieto. Eu tenho mais tempo, por exemplo, para me concentrar em escrever um livro que comecei no início deste ano.

Sobre o desprezo do governo pela cultura, ele comenta:

- "Hoje, artistas e atores culturais no Brasil não são bem-vindos nem bem vistos pelo governo, mas não há perseguição policial como em 1969. No entanto, existem ameaças, não necessariamente contra os artistas. mas contra a esquerda em geral, gays, minorias, mulheres. Uma cultura de ódio se espalhou para o Brasil de uma maneira impressionante. Este ódio é alimentado pelo novo poder, o presidente, sua comitiva, seus filhos, seus ministros ... Eles desacreditam os artistas, a quem eles consideram ser bom para nada. Cultura não tem valor em seus olhos. Dito isso, quero continuar morando no Brasil, não quero morar longe do meu país".


2 comentários:

J.A.Barros disse...

Por que, para escrever um livro, Chico Buarque precisa viajar para outro país – sempre da Europa – e diz ele, que é onde consegue se concentrar para criar os textos do romance ou contos que pretende escrever.
Será mesmo tão necessário essa fuga para um outro país para escrever um livro? Conheci um escritor e jornalista, que escreveu, talvez o seu último livro: "Quase um romance ", na sua casa, no seu escritório, durante uma noite, tendo ao seu lado apenas a sua cachorra de estimação, que o acompanhou nessa empreitada a noite toda sem sair de onde estava. Como podem ver, ao Cony, só precisou de uma mesa, seu computador e a sua cachorra além , é claro o seu talento de escritor, e quando os raios de sol iluminaram o seu rosto, Cony teclava o ponto final do seu romance.

Theo S. Filgueiras disse...

Você precisa se informar. Nâo fale do que não sabe.
Primeiro, qualquer escritor é livre para escrever seu livro onde quiser. Se fosse assim, Hemingway não teria escrito sua obra a maior parte fora dos Estados Unidos.
Segundo, no atual regime neofascista do Brasil, Chico Buarque, e várias outras pessoas, são agredidos verbalmente nas ruas por tropa da nova SS. Claro que ele precisa de tranquilidade para escrever. E, aliás, ele afirma que não deixará o Brasil. Mas é compreensível que algumas pessoas ameaçada estejam fazendo isso, como uma conhecida filósofa ameaçada de morte por milicias bolsonarianas, um ex-deputado, entre outras vítimas de ameaças.