por Eli Halfoun
“Ônibus é condução de pobre” - só
esse tipo absurdo de pensamento explica a repercussão da foto em que a atriz
Lucélia Santos está utilizando o transporte que deveria ser utilizado por todas
as pessoas para evitar o excessivo número de carros nas ruas e em consequência
engarrafamentos monstruosos e desgastantes em todos os aspectos. Se o transporte
público brasileiro tivesse o mínimo de qualidade não haveria tanta surpresa com
o fato de uma atriz popular utilizar o transporte que é do povo. Lucélia Santos
não é a primeira atriz a deslocar-se usando ônibus: Leia Diniz usava a condução
com frequência e não foram poucas vezes que me desloquei com ela de Ipanema,
onde morava para o centro ou um subúrbio de ônibus.
A repercussão em torno de Lucélia
Santos parece preconceituosa ao dizer que gente famosa não pode andar de
ônibus, como se o transporte ruim do jeito que seja mais um castigo aplicado ao
pobre (nos dois sentidos) trabalhador. Lucélia Santos mostrou que transporte público
é para todos e seria utilizado por todos se oferecesse o mínimo de conforto e
segurança. A intenção inicial de Lucélia Santos certamente não era chamar
atenção, mas ela aproveitou a repercussão para comprar mais essa briga em nome
de uma classe que é massacrada diariamente pela falta de respeito de quem
comanda o transporte público que por ser público não precisa ser necessariamente
ruim.
A atriz aproveitou para entrar em uma
importante briga e falar em nome de quem quase não é ouvido e quando é o que
diz entra por um ouvido e sai pelo outro.
Lucélia enumerou dez sugestões
(publicadas por Mônica Bergamo na “Folha”) que sem dúvida podem mudar a
situação do transporte público no Brasil:
1- Mudança da frota para circulação
de ônibus novos. Fora com a sucata;
2- Se quiserem manter os velhos que
seja feita uma revisão geral nos veículos;
3 - Em um país quente como o nosso o
razoável seria ar-condicionado em todos os ônibus. Questão de saúde;
4 - Aumento da frota em número de
ônibus suficientes para que toda a população possa viajar sentada. Que se crie
uma logística inteligente das linhas;
5 - Mapeamento das zonas de maior
demanda e planejamento para atender a todos;
6 - Pontualidade. Que os horários dos
ônibus sejam estampados nos postes dois pontos de parada;
7 - Iluminação adequada nos locais de
parada para maior segurança. Evitará assaltos e ataques sexuais às mulheres;
8 – Revisão dos salários e da carga
horária dos motoristas para evitar estresse. Dar atendimento psicológico e treinamento,
gerando cordialidade e respeito;
9 – Criar uma inteligência para
melhorar o trânsito, definindo lugares para cada veículo. Proibir táxis de
pararem em qualquer lugar;
10 – Os ônibus devem ter rampa de
acesso para cadeirantes.
Quase tudo isso já existe só que não
funciona na prática. Só no papel. (Eli Halfoun)
Um comentário:
Na Europa e EUA, ônibus sem aquecer nem trafega nas ruas das cidades. Imagina um ônibus sem aquecedor no Canadá?
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