segunda-feira, 10 de março de 2014

Deu na revista Piauí: Manchete lembrada em quadrinhos...


(da Redação)
O jornalista e escritor Roberto Muggiati, que dirigiu a Manchete por mais de duas décadas, costuma dizer que se impressiona com o fato de a revista, embora extinta, não sair da memória dos brasileiros. Fotos e textos da Manchete ganham referências frequentes na mídia, no cinema, na TV, no teatro e em livros. É compreensível: a revista testemunhou em quase meio século os fatos, as transformações e a vida cultural e comportamental do Brasil. Diz Muggiati ao blog: "Manchete continua referência da História do Brasil. A Piauí, de março, publica dez páginas de uma história em quadrinhos, do Caeto, "Peixes de Aquário". Lá aparece "a melhor das galáxias", no dizer "severiano" de JK".
Para quem não frequentou as redações da Manchete no Russell, vale a explicação de bastidores: "quiça a melhor da galáxia" foi como JK, exagerando na oratória, definiu a revista, certa vez, durante um discurso em homenagem a Adolpho Bloch, que aniversariava. Naquele dia, JK adotou um estilo "severiano", como diz Muggiati. Severino Silva era o chef de cozinha da Manchete. Em ocasiões festivas era dublê de orador, com estilo gongórico, e também caprichava nos elogios ao velho Adolpho Bloch.

ATUALIZAÇÃO: Roberto Muggiati envia algumas precisas correções de rumo no texto acima. O blog agradece. "A partir daquele dia (do discurso de JK), quando esperávamos quarta-feira de manhã a nova edição da Manchete, o Alberto (Carvalho, secretário de redação da revista) perguntava: 'Já chegou a melhor da galáxia?' Lembra a palavra que o Severino inventou num discurso de aniversário do Adolpho?
'Essa figura inevolúvel de Adolpho Blochi' (ele pronunciava assim). Apenas um reparo histórico: o discurso do JK foi na famosa feijoada (de consolação) que o Adolpho ofereceu ao Justino quando o tirou da Manchete, em 1975, e me colocou no seu lugar. A partir daí, oferecer uma feijoada a alguém na Bloch virou sinônimo de destituir alguém de um cargo importante. Tinha também aquela de quando o sujeito ia sair do prédio talvez para nunca mais voltar, 'dê o melhor carro a ele', também adolphiana,
Dava até para fazer um glossário da Bloch, de tanta palavra inventada lá para se aplicar a situações e métodos peculiares da firma... O nome da peça é SEVERINO ANANIAS DIAS (não é rima, nem solução, pois devia se chamar Raimundo, vasto mundo...). É isso aí, Um abraço, Muggiati.

2 comentários:

J.A.Barros disse...

São histórias que mesmo envolvendo figuras representativas de uma época, são histórias que vão se perdendo no tempo. Elas ainda resistem por ainda existirem profissionais e amigos que trabalharam na revista Manchete e criaram esse Blog para reviverem a existência de uma editora que divulgou por anos a história deste país e quando precisou dele esse mesmo país lhe virou as costas.

alberto carvalho disse...

Não sei existe alguma revista fora do nosso sistema solar, mas se existir com certeza não seria melhor que a Manchete. No nosso arquivo de textos e fotos tem um verdadeiro tesouro que está em algum lugar que não sabemos. Apenas para citar um exemplo, existe um folhetim de autoria da genial novelista Janete Clair, intitulado "Nene Bonet", publicado em capítulos na Manchete, com ilustração do artista plástico Aldemir Menezes, que foi um verdadeiro sucesso de vendagem. Textos originais como este e de escritores consagrados como Clarisse Lispector, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Carlos Heitor Cony, Nelson Rodrigues e muitos outros devem estar se deteriorando sem o devido cuidado que merece.