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Apesar de todas as inovações, da correria, mudanças de ritos, antecipações de votos, cancelamento de férias e licenças de servidores, o julgamento do mensalão, em função do número de réus, tem previsão para conclusão apenas em novembro. Já há ministros imaginando novas fórmulas para acelerar os trabalhos em função da pressão política e da mídia. A cada momento surgem dúvidas como, por exemplo, definir se os ministro que votaram pela absolvição devem votar quando for o momento de definir penas. Do ponto de vista da mídia, que é tema dominante neste blog, não interessa que o julgamento se arraste - o leitor tende a se cansar de capas, primeiras páginas e até cadernos inteiros monotemáticas - mas o assunto deve permanecer em destaque não exatamente pelo sucesso de audiência ou de venda de jornais e revistas mas pelo forte envolvimento político dos empresários da área. Inevitavelmente, diminuirá o espaço, pelo menos durante os dias em que a relevância dos pronunciamentos for menor. E certamente voltará a ser valorizado nos momentos mais decisivos, principalmente em relação aos acusados do chamado "núcleo político", e nos dias que antecederão a eleição. No STF, o resultado da decisão de centrar fogo no julgamento é um acúmulo fantástico de processo parados.
Já a mídia fez visíveis ajustes editoriais para dar prioridade à cobertura do mensalão, que já é o assunto que mais espaço ganhou na primeira página dos jornais em 2013, batendo, por exemplo, a Olimpíada. O Caso Cachoeira-Delta, do qual ainda seria possível dizer onde acabaria o envolvimento do PSDB e do DEM e começaria o dos partidos da base do governo, também perdeu destaque para não ofuscar o mensalão (aliás, um juiz acaba de mandar suspender a investigação, o que é sério, e a mídia deu pouca importância à inesperada decisão).
Sabe-se que pelo menos um grande jornal tem apurado e fotografado um escândalo envolvendo desvio de verbas de prefeituras, uma em especial, mas optou por guardar o material. Parte dessa cobertura chegou a ser publicada mas sumiu. Internamente, a justificativa, não se sabe se verdadeira ou se resultado da ação de "forças ocultas", foi a de não tirar o foco da cobertura do mensalão, que é mais importante do ponto de vista pré-eleitoral. Em todo caso, os prefeitos supostamente envolvidos, alguns em plena campanha, comemoraram o "refresco" com champanhe geladinha. Tintin!
Um comentário:
Bem, um político de um partido que era o grande defensor da ética e da moralidade no governo foi condenado pelos magistrados do tribunal que o julgava. Imaginem porque crimes? Peculato, formação de quadrilha, desvio de dinheiro e também por lavagem de dinheiro, mas não era contra esses crimes que o partido dele lutava? Incrível, gente.
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