sábado, 12 de maio de 2012

Renato Sérgio, que amava o texto e o som das palavras...

por Sérgio Costa
(Texto reproduzido do Facebook)
Caraca! Soube agora, lendo a coluna do Arnaldo Bloch sobre uma visita à Eco (não percam), que morreu Renato Sérgio. Escritor, roteirista de TV, jornalista que amava o texto... Pelo texto, pela beleza e pelo som das palavras reunidas. Foi redator de Manchete e sempre me deu força nesta carreira. Nunca esqueci os elogios que me fez, foca ainda, encarregado de cobrir um baile de Carnaval para a revista.
As edições de Manchete sobre a festa eram exclusivamente fotográficas. Íamos a todos. Os repórteres, para fazer legendas. Os bailes eram, digamos assim, quentes. Resolvi arriscar um texto mais autoral descrevendo uma noite em que rolou de tudo a partir do momento em que "voou o primeiro sutiã" e ele gostou. Gostou e passou a reparar no meu trabalho.
A equipe de redatores da Manchete era de feras consagradas: Justino Martins, Ney Bianchi, Cony, Irineu Guimarães, Flavio de Aquino, Roberto Paulino, Roberto Muggiatti, José Esmeraldo, devo estar esquecendo alguém, e ele, Renato Sérgio. Gostava de ler seus perfis de celebridades. Uma vez fizemos juntos um caderno reconstituindo a noite da Bossa Nova no Carnegie Hall de Nova York. Tive a oportunidade de recolher depoimentos de quase todos os artistas brasileiros que participaram daquela noite histórica. Hoje quem se dá ao trabalho de gastar um caderno para reconstituir um show em todos os seus detalhes?
Trabalhamos juntos, depois, na redação de Ele Ela, na época uma rival que dava trabalho à Playboy. Uma revista que revelou muitas modelos e manequins... Era uma redação divertidissima. Principalmente quando Henrique Diniz e Machadinho bebiam um pouco além da conta no almoço e protagonizavam cenas antológicas à tarde. Nesta época, Renato Sérgio já não bebia, esporte a que se dedicou profissionalmente por muitos anos. Estava sempre comendo uma barrinha de chocolate, mas se divertia muito com aqueles moleques muito loucos que brincavam de fazer revista de sacanagem. Seu filho, Renatinho, virou meu amigo e parceiro de longas conversas. Seu pai deixa saudades.
Nesta foto, ele está entre Indalécio Wanderley e Gervásio Batista, dois monstros de uma equipe de fotografia da Bloch não menos recheada de craques.
Toma uma por mim no ceu da irreverência, Renato.
Obrigado.

3 comentários:

Frederico disse...

definição precisa para o Renato Sérgio que conhecemos

debarros disse...

Sérgio Costa – filho de um grande amigo que foi para mim, Flávio Costa – não podia deixar de lembrar de Renato Sérgio.

resposta disse...

Relembrar, quem não há de? Este "quem não há de?" era uma das inúmeras particularidades que só Renato Sérgio imprimia ao seu já tão decantado "texto carioca". o qual me lembro sempre quando há uma indagação a fazer. Não foi por acaso que escolheu biografar Sérgio Porto. Mas o Renato que me vem à lembrança era o da redação da Manchete, onde sentava à frente de Cony e próximo ao vidro bem rente ao corredor do 8° andar. Sempre elegante em suas calças jeans muito justas e cintos de grandes fivelas e suas botas. Era o eterno "Dorian Gray", como o chamava o querido Lincoln Martins. Nos tornamos amigos. Não raro íamos ao Cineclube Estação Botafogo enquanto ele pilotava o seu fusquinha Azul e ia falando de livros, autores, músicas - e eu anotando tudo - que me fizeram a cabeça. E como me esquecer das tardes/noites no Hotel Novo Mundo? Ali, mais discreto e bebendo apenas agua mineral, participava das estórias do impagável Alberto, com Genilson gonzaga e o seu tradicional dedinho girando o gelo no copo de Whisque, Esmeraldo, e outros tantos que surgiam e iam ocupando aquelas mesinhas enquanto do som ambiente vinha um Jazz discreto e éramos servidos pelo histórico garçom Martin. Saudades. Descanse em paz, Renato, meio irmão e meio amigo. Talvez seja por isso que o Rio anda tão chuvoso, frio e triste...

Nilton muniz