"A PAZ É POSSÍVEL"
(Da mensagem do Papa, ontem, na Praça de São Pedro. Em texto que não conseguiu ler ele se referiu aos atuais conflitos que matam milhares de pessoas todos os dias)
"A PAZ É POSSÍVEL"
(Da mensagem do Papa, ontem, na Praça de São Pedro. Em texto que não conseguiu ler ele se referiu aos atuais conflitos que matam milhares de pessoas todos os dias)
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| Copacabana, 2013. Uma impressionante multidão reverencia Francisco. Foto L'Osservatore Romano |
por José Esmeraldo Gonçalves
Poucas horas depois de aparecer na Praça de São Pedro como parte da celebração do Domingo de Páscoa, o Papa Francisco faleceu em seus aposentos do Vaticano, aos 88 anos. Após 12 anos de papado, deixa uma marca de renovação da Igreja Católica e principalmente da Cúria Romana. Sua partida repercute obviamente na mídia mundial. No Brasil, a Globo mostra nesse momento imagens da histórica jornada de Francisco no Rio de Janeiro. Cenas impressionantes da acolhida dos brasileiros ao papa, como a da multidão de mais de três milhões de pessoas na Praia de Copacabana, são simbólicas do impacto da visita. Foi sua primeira viagem após assumir como líder máximo dos catolicos.
Os próximos dias serão dedicados à cerimônia fúnebre em Roma, mas nos corredores do Vaticano já se desenrolam contatos e conversas da cúpula católica em torno da sucessão. Trata-se de um intenso jogo político.
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| O jornal argentino Clarín publica na edição de hoje registro do encontro do vice-presidente dos Estados Unidos, ontem, com o Papa Francisco. Reprodução |
Francisco condenou as ações violentas de Trump contra os imigrantes, o que provocou respostas duras dos republicanos. Sua defesa das políticas ambientalistas também irritaram o negacionista estadunidense.
Quanto ao processo eleitoral que vai agitar o Vaticano, uma boa indicação é ver ou rever o filme "Conclave", na Prime. Ali está um bom panorama das forças que cercam a eleição até que a fumaça branca sinalize a nomeação do novo papa ao fim da votação dos cardeais na Capela Sistina.
Caberá ao substituto provisório do papa, o cardeal Kevin Joseph Farrell, um irlandês que foi bispo de Washington e de Dallas, organizar a cerimônia fúnebre e a eleição do novo Pontífice. Trump quer anexar o Vaticano?
Não duvidem.
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| Do Washington Post, hoje. |
As ruas ocupadas por manifestações contra a aberração chamada Donald Trump. Esse é o atual quadro político nos Estados Unidos. Uma novidade nessa semana: Barack Obama, Bill Clinton e Joe Biden fizeram críticas públicas às barbaridades de Trump, da histeria taxativa à censura, da perseguição a imigrantes aos ataques às universidades e à ciência. É fato raro ex-presidentes se unirem contra um sucessor. Faltou Bush, embora ele tenha externado sua antipatia ao aloprado Trump. Clinton, Obama e Biden indicam que os democratas entendem que chegou a hora de sair das cordas em nome dos valores civilizados. E mais: é preciso deter a escalada fascista de Trump e seus oligarcas de extrema direita plantados na Casa Branca.
por Niko Bolontrin
Dois jogadores vivem situações diferentes, mas são iguais no apelo à mesma fé para sair das respectivas encrencas.
Bruno Henrique, do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal por supostamente ter forçado um cartão amarelo como parte de uma jogada fora da lei: uma descarada manipulação para enga emnar sites de apostas e beneficiar familiares ou pessoas próximas. A PF desbloqueou celulares e capturou mensagens muito claras sobre a trama.
O evangélico Bruno preferiu não se manifestar, por enquanto. Sua única defesa diante de uma situação complicada foi publicar um salmo nas suas redes sociais.
Já o craque Neymar vive um drama sem fim. Seguidas lesões impedem que ele volte a jogar futebol com eficiência. Na verdade já não há garantia de que o corpo responda ao seu talento.
Também evangélico, Neymar foi " abençoado" por um pastor durante celebração da Páscoa na sua mansão em Santos. Os dois demonstram que colocaram os destinos nas mãos do divino. Aparentemente acreditam que precisam de um milagre para superar as más fases.
Você vai ouvir muito esse termo, cada vez mais pronunciado. Faltava popularizar uma definição para o absolutismo das gigantes da tecnologia, Amazon, Facebook, X, Microsoft, Apple etc. Essas corporaçoes atuam como se estivessem acima de todos os governos. Agora aliadas de Donald Trump, a quem financiaram, mostram força e poder de controlar ainda mais sociedade. Desde o ano passsado, a palavra tecnofeudalismo deixou os limites da academia e alcançou os leigos disposto a entender o tamanho da encrenca armada pelas bigs techs. Coube ao economista francês Cédric Duran tipificar que na era digital o mundo recuou para comportamentos e estruturas sociais semelhantes às da Idade Média. Como os salteadores das antigas estradas medievais, os novos senhores feudais ocupam estalagens digitais apenas para sequestrar e revender os dados pessoais dos seus súditos... aos seus próprios súditos. Duran desenvolve essa tese no livro Critique de l'économie numérique lançado em 2020, mas dramaticamente atual no feudo de Trump e seus oligarcas encastelados na Casa Branca.
Pense nisso: quando você cria conteúdos para as plataforma das big techs é como se um mercador entregrasse na feira de Flandres cereais, grãos e especiarias em geral. Ele, como você, tem o ponto de venda, mas o dono da banca, o senhor feudal ou a big tech, faturam mais do que você. (Flávio Sépia)
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| Mario Vargas Llosa |
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| Mario Vargas Llosa - Foto Guina A. Ramos, 1979 |
Só sei que (do pouco que me lembro) fui, um dia, em 1979, ao Hotel Glória, então um hotel realmente glorioso, a um evento sócio literário de que já não tenho a menor ideia, com a tarefa precípua de fotografar o escritor Mario Vargas Llosa, falecido neste 13/04/2025, aos 89 anos, em Lima, no seu país natal, o Peru.
Esta foto felizmente me foi salva pela Biblioteca Nacional, que na Hemeroteca Digital Brasileira, nos fez, aos jornalistas da época e à memória brasileira, o grande favor de digitalizar todas as edições da revista Manchete. Este material nem sequer estava entre meus recortes de revistas e jornais, que ainda entopem algumas caixas e gavetas por aqui.
A entrevista, de Ib Teixeira, repórter especial da Manchete, acho que foi feita em sala à parte no hotel, e creio que continua merecedora de atenção, espero que a foto também.
Falaram de literatura, mas já havia na conversa sinais dos rumos políticos que o escritor tomava, questão importante na sua biografia, mas que não é nosso tema aqui.
Tenho, ao menos, uma ponta de filme (negativos) das fotos daquele dia. Fotos bem ruinzinhas, com as violentas sombras do flash direto, que fiz no saguão do auditório, à saída do evento, quando Vargas Llosa era envolvido em uma conversa por Vilma Guimarães Rosa Reeves, filha do celebrado escritor João Guimarães Rosa, ela também escritora e concorrente constante, mas não vitoriosa, a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.
Afinal, pelo que tiro da amostra publicada na revista, o melhor das fotos ficou mesmo para os arquivos da Manchete, que sabe-se lá onde estará...
* Matéria originalmente postada por Guina Ramos no blog Bonecos da História
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| Al Capone estaria rindo à toa se vivesse na Era Trump. |
Basta lembrar do que aconteceu quando uma onda moralista e hipócrita levou os Estados Unidos a adotarem a Lei Seca de 1920 a 1933. Criminalizar a bebida alcoólica abriu espaço para o crime se organizar em estruturas "corporativas". Na sua rede de bunkers lotados de dólares, Al Capone agradecia todo dia aos mentores da Lei Seca.
É mais ou menos o que contrabandistas transnacionais farão diante das medidas tresloucadas de Donald Trump e seus oligarcas acampados na Casa Branca.
A Lei Seca americana (que a geração you tube não confunda com a versão brasileira de blitzs e bafômetros depois das baladas) proibia fabricação, transporte e consumo de bebidas alcoólicas. Foi um desastre social e fiscal que durou 13 anos.
As consequências da tarifação de Trump são mais sofisticadas. Por exemplo, além de incentivar o contrabando, têm impacto poderoso nas bolsas de valores e no mercado financeiro em geral. No caso de Trump, a suspeita gangorra de morde e assopra ou decreta e pausa faz milionários no mercado. Os bem informados, claro, principalmente aqueles que investiram milhões de dólares na eleição do magnata.
Outro exemplo de como barreiras fiscais exageradas favorecem o contrabando. Nos anos 1950, o Brasil taxava importação de carros em mais de 100%. Veículos de luxo eram ainda mais visados. Muitos carros entravam pelo litoral do Ceará, cujo recorte oferecia enseadas capazes de receber barcos de médio porte. O mesmo navio que trazia Impalas levava carregamentos de café. Dizia-se que alguns palacetes do Aldeota, bairro elegante da capital cearense, abrigavam ricos "empresários" que traziam carrões, "esquentavam" a documentação e mandavam para abonados do Rio e São Paulo.
Se esse tempo voltar, o Paraguai vai virar um "tigre" do Cone Sul.
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| Kate Perry e "migas" passaram apenas dez minutos no espaço, sem entrar em órbita. O fato gerou piadas e memes, como na reprodução acima. |
A corrida espacial broxou. O homem pisou na Lua em 1969. Havia a expectativa de, a partir daí e rapidamente, estadunidenses e soviéticos logo passarem para o objetivo seguinte: Marte. O projeto flopou. O "planeta vermelho" continua inalcançável para seres humanos.
Diante disso, os súditos de Trump privatizaram a corrida espacial com o objetivo de... levar, de novo, o homem à Lua.
A memória carioca conta que o Brasil parou para ver ao vivo na TV Neil Armstrong dando pulinhos no solo lunar. Poucos meses depois, no segundo pouso na lua, em uma tarde de domingo, o alto falante do Maracanã anunciou para a torcida ligada no jogo que Pete Conrad estava caminhando na Lua. A galera vaiou o locutor. Já naquela época virou chatice bem rápido.
Mais de meio século depois, astronautas não são mais heróis. Qualquer CEO gordo tira onda de viajante espacial. E a China e Elon Musk ainda preparam um revival de voos rumo à Lua antes do fim da década. Marte fica pra próxima.
A notícia que está bombando é o voo de 10 minutos, do tipo é-bom-não-foi?, que levou a cantora Kate Perry e mais cinco mulheres ao espaço a bordo da nave Blue Origin do bilionário Jeff Bezos, da Amazon. Virou banalidade, rolé de amigas, que não tiveram tempo nem de colocar a conversa em dia.
Não demora muito vamos chamar um uber com destino ao Mar da Tranquilidade. Milionários brasileiros como Jojô Todinho, Gustavo Lima, influenciadores e influenciadoras vão ali ao satélite da Terra e voltam já. O rico clã Bolsonaro vai pedir ao parça Musk para organizar uma naveciata lunar. Roberto Carlos e Neymar venderão passagens para cruzeiros na Lua. Deputados e senadores aprovarão no plenário lotado um pacote de emendas Pix para pagar suas viagens espaciais sob o pretexto de "fiscalizar a rota".
| Geraldo Vandré, Ellis e Chico Buarque. Foto publicada na Fatos & Fotos em 12 de novembro de 1966. |
"Por trás da letra: Atrás da Porta"
"Francis Hime morava nos Estados Unidos e passava férias no Brasil. Em uma festa restrita a poucos amigos, encontrou-se com Chico Buarque e tocou a melodia da música, Chico gostou e começou a escrever, lá mesmo, a letra . Os dois não se lembram o motivo - Chico atribui ao excesso ou mesmo a falta de bebida e até falta de inspiração momentânea - o fato é que o letrista só conseguiu fazer uma parte da música.
A obra incompleta ficou esquecida por um tempo, até que Elis a ouviu e ficou maravilhada. Gravou o trecho com letra e deixou a segunda parte apenas orquestrada, uma forma, para muitos, de pressionar Chico a concluir a música.
Chico finalizou a letra e o resto virou história."
P.S - Em iniciativa elogiável, a Biblioteca Nacional digitalizou as coleções da antiga Mancehete e da Fatos & Fotos. Esta última chegou a entrar no site de Periódicos da BN. Infelizmente, a F&F digitalizada foi retirada do acervo sem maiores justificativas. Um funcionário contatado chegou a justificar a exclusão com um formal "por motivo técnico". A tal coleção jamais voltou ao ar. Pena, a Fatos & Fotos fez coberturas inesquecíveis de atualidades. Foi marcante o acompanhamento da revista, por exemplo, das manifestações estudantis de 1968, dos festivais da canção, de crises políticas, do exílio de Chico Buarque em Roma e de Caetano e Gil em Londres. das Copas de 1962 e 1970. A F&F publicou históricas entrevistas com cineastas, escritores, compositores, cantores e cantoras e teve cronistas como Clarice Lispector e Nelson Rodrigues, entre outros. A BN deve uma explicação por ter investido na digitalização da revista para subitamente retirá-la do acervo.

Vargas Llosa em Paris, anos 1960. Foto: Reprodução Instagram
Quando eu era
bolsista pobre em Paris em 1960, meu amigo Octávio Carneiro Lins – que
trabalhava com o tio, o embaixador Paulo Carneiro, na Unesco – costumava me
convidar para jantar nos melhores restaurantes. Mas Octávio era uma figura
complicada e essa aparente generosidade muitas vezes ocultava surtos perversos
de sadismo.
Duas ou três
vezes ele me levou ao México Lindo, na rue des Canettes, naquele cafofo da rive gauche entre as igrejas de
Saint-Germain e de Saint Sulpice. Na primeira vez cuspi a comida toda no prato
de tão apimentada que era. – Caliente?!
– comentou o garçom, gozando da minha cara. Octávio, macaco velho em culinárias
exóticas e chegado a temperos fortes, por trás de um semblante à Buster Keaton,
também devia estar se divertindo.
Vocês já devem
ter ouvido falar na Maldição de Montezuma, que acomete os incautos que vão ao
México e exageram na comida local. Na segunda vez que fui ao México Lindo, bem
que me esforcei, mas ainda refuguei mais da metade da comida. Da terceira, já
com as papilas gustativas cauterizadas no ferro em brasa, me saí um pouco
melhor, mas pedi ao Octávio que voltássemos, por favor, à boa e velha cuisine française.
Para mim a
história teria morrido aí, não fosse ter lido, 45 anos depois, o romance Travessuras da menina má, de Mário Vargas Llosa – o peruano que
ganhou o Nobel de Literatura em 2010. Ele morou em Paris à mesma época que eu.
Cito trechos do livro:
“No meu primeiro
ano em Paris, quando passava apertos financeiros, muitas noites ficava na porta
dos fundos desse restaurante [o México Lindo] esperando que Paúl aparecesse com
um pacotinho de tamales, tortilhas,
carninhas ou enchiladas, que ia
saborear no meu sótão do Hôtel du Sénat antes que esfriassem.”
“Paúl, ao saber
das minhas dificuldades, quis me dar uma força com a comida, porque no México
Lindo era o que sobrava. Que eu passasse pela porta dos fundos, por volta das
dez da noite e ele me ofereceria ‘um banquete grátis e quente’, coisa que já
fizera com outros compatriotas carentes.”
*Do livro de memórias em gestação Paris por um triz.
** Mario Vargas llosa faleceu ontem, em Lima, aos 89 anos. A família não informou a causa da morte. Desde que deixou Madrid em 2022 e voltou a residir no Peru o escritor estava debilitado.
"Intestino do Bolsonaro se adianta e já está preso".
Do Sensacionalista (O Globo)
As bets estão conversando com a direção de parcerias da Fórmula 1 para incluir a modalidade no ramo de apostas. Na Europa, especialmente na Inglaterra, os GPs da categoria até entram nas bolsas de apostas mas com participação quase irrelevante. O que a F1 quer é ampliar isso e chegar aos admiradores das corridas em todo o mundo. Assim como no futebol onde apostadores arriscam a sorte no resultado das partidas, nos cartões amarelos, no primeiro gol etc, a F1 deve oferecer vários tipos de apostas: pole position, volta mais rápida, quebras, pit stop mais veloz, vencedor e o que mais a imaginação e a voracidade das bets permitir. O risco, como demostram casos notórios no futebol, é a ocorrência de fraudes. Há, como se sabe, casos de jogadores que participam de esquemas do tipo forçar cartão amarelo "premiado". E aí? Veremos pilotos forçando quebra?
Em longa entrevista à revista New York, Alexandre Moraes disse que a eventual pressão dos Estados Unidos contra o STF só fará efeito se um porta-aviões chegar ao Lago Paranoá.
Bolsonaristas doidões, incluindo deputados e senadores de extrema direita, têm feito apelos por intervenção armada dos Estados Unidos no Brasil.
Veja declaração exata de Moraes sobre o assunto à revista New York.
| Anúncio do lançamento de "Nenê Bonet", de Janete Clair, originalmente publicado em forma de folhetim na antiga revista Manchete. |
| O Globo, 5/4/2025 |
Estão previstas homenagens mais do que merecidas ao eterno talento e magia da autora de novelas Janete Clair, que competaria 100 anos no dia 25 próximo. A coluna do jornalista Ancelmo Góes, do Globo, informa sobre mostra comemorativa, a partir do dia 28, no Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro. Ancelmo cita o relançamento do romance "Nenê Bonet" publicado originalmente na antiga Manchete, em 1980, em capítulos semanasi (veja no alto uma das peças da camanha de lançamento do folhetim que, na época, alavancou vendas das edições da reviata.
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| Reunião de emergência para retaliar Trump |

Para The Economist, o ridículo Dia da Libertação, propagado por Trump, é na verdade o Dia da Ruína. A segunda capa mostra que a China vai sentir o tranco da tarifação, mas vê a crise como uma rota de oportunidades para criar novos mercados e, principalmente, reorganizar o seu enorme mercado interno e setores da economia que demonstraram fragilidade nos últimos anos.
Em meio às várias escolhas estratégicas, há uma certeza e uma dúvida: a China vai retaliar; resta saber quem vai piscar primeiro.