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| Reprodução Twitter |
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| Reprodução Folha de São Paulo |
A internet virou esse jogo confortável. Com um clique, um leitor brasileiro tem acesso ao New York Times, ao Guardian, ao Le Monde e, se quiser, até à "Tribuna do Butão". Antes mesmo do correspondente tomar seu café da manhã um brasileiro de Quixadá, no Ceará, terá acesso às notícias do dia em Londres, Paris, Roma. Se quiser manter o emprego, o coleguinha da sucursal deverá gastar sola do sapato e correr atrás de matérias originais e exclusivas.
Mas ainda há quem tenha a tarefa facilitada. O jornalista Marcos Uchôa revelou à Folha de São Paulo, ontem, o motivo pelo qual devolveu o crachá e saiu da Globo. Uchôa negava- se a fazer o que chama de "jornalismo de calçada". A modalidade consiste em ter um correspondente em Londres, por exemplo, que vai para a calçada em frente e narra como se in loco estivesse o acontecimento do dia em Pequim, Cabul ou Moscou. O de Nova York vai na esquina e fala com desenvoltura de um fato em Varsóvia como se fosse um residente da capital polonesa. A Ucrânia está em guerra e não consegue exportar grãos? Fácil, o correspondente vai para um pier qualquer, mar ao fundo, e desanda a falar sobre embarques de milho e soja afinal liberados pelos russos.
O "jornalismo de calçada" nada mais é do que navegar em sites, pesquisar matérias de agências e sair para um "externa" a alguns metros da sucursal. Um "correspondente de calçada" pode ser tão onipresente que no mesmo jornal fala na "calçada de Berlim", sobre a crise do gás, e, pouco depois, direto do "meio fio de Taiwan", pode noticiar uma manobra militar da marinha chinesa.
“Enquanto eu tiver língua e dedo, mulher nenhuma me mete medo.”
Vinícius de Moraes (com rima), evocado por Ruth de Aquino a propósito do autobiográfico “imbrochável” presidenciável.
Xô, inominável!
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| Foto Yui Mook, Pool via Reuters |
É tanta coisa que a jornalista Juliana Dal Piva levou três anos para investigar "O Negócio do Jair". O livro quebra sigilos escabrosos e revela antigas histórias dos anos 1990. São denúncias sustentadas em testemunhos, transcrição de gravações e autos judiciais. Taí, é um livro ideal para você levar para a sua seção eleitoral enquanto espera a hora de votar.
Em certas coberturas, alguns jornalistas não resistem a virar personagens do fato que narram. Um caso clássico da tevê ocorreu na trtansmissão ao vivo da chegada do homem à Lua. Hilton Gomes, da TV Globo, apresentava o evento. À medida em que descrevia a histórica cena se emocionava com as próprias palavras. Tanto que ao encerrar a transmissão, ele e Murilo Ney, que também participava da cobertura, se parabenizaram no ar. "Parabéns, Hilton, parabéns, Murilo", concederam um ao outro quase em lágrimas. Nunca ficou clara a função deles na NASA ao levar Neil Armstrong à Lua, mas se tornou evidente que os dois se consideravam participantes da epopeia.
Hoje, na Globo News, algo parecido aconteceu com a repórter Cecília Malan. Ela viveu seus minutos de súdita britânica ao aparecer vestida de preto para demonstrar seu luto pela morte da Rainha Elizabeth. Que, ao lado dos Windsor, a repórter receba os pêsames da audiência da Globo News.
| 1968: Elizabeth e Costa e Silva |
| Na Embaixada Britânica, a rainha foi acossada pela sociedade carioca em noite de muvuca. Fotos Manchete |
Em 1968 arrumou as malas e fez sua única visita à Brasil. Foi a Recife, Salvador, São Paulo Brasília e Rio de Janeiro. Em cada uma dessas capitais viu-se obrigada a confraternizar com o pior do Brasil de então: os delinquentes da ditadura. Foi em outubro de 1968, dois meses antes do AI-5. Duas fotos são emblemáticas do tour real: uma pose ao lado do general Arthur da Costa e Silva (o que levou a mídia a títulos do tipo 'a rainha na corte do seu Arthur) e a imagem da sociedade carioca batendo cabeças coloniais no grande salão da Embaixada Britânica. Elizabeth refugiada em um canto - como se temesse um ataque dos zulus - e o society deslumbrado acotovelando-se como possível, pescoços contra nucas, pelves encoxadas em nádegas, uma típica viagem em uma trem lotado da Supervia. Em poucos dias, além do Arthur, Elizabeth apertou mãos sujas de governadores e empresários que, soube-se anos depois, se juntavam para montar centros de torturas em seus redutos. Não é uma página recomendável da sua longa biografia.
| A rainha Pinah em um gringo sambista. |
Bolsonaro está na capa da revista The Economist dessa semana, que o define como "o homem que quer ser Trump" e acrescenta que o lambe-botas prepara sua "grande mentira" ao estilo deplorável do ex-presidente americano. A abertura da matéria da revista dá o tom da ameaça que ronda a democracia no Brasil.
"Joe Biden estava falando sobre os Estados Unidos quando alertou, em 1º de setembro, que “a democracia não pode sobreviver quando um lado acredita que há apenas dois resultados em uma eleição: ou vencem ou foram enganados”.
Ele poderia muito bem estar falando sobre o Brasil.
No próximo mês, seu presidente, Jair Bolsonaro, enfrenta uma eleição que todas as pesquisas dizem que ele provavelmente perderá. Ele diz que aceitará o resultado se for “limpo e transparente”, o que será. O sistema de votação eletrônica do Brasil é bem administrado e difícil de adulterar. Mas aqui está o problema: Bolsonaro continua dizendo que as pesquisas estão erradas e que ele está a caminho de vencer. Ele continua insinuando, também, que a eleição pode de alguma forma ser manipulada contra ele. Ele não oferece nenhuma evidência confiável, mas muitos de seus apoiadores acreditam nele. Ele parece estar lançando as bases retóricas para denunciar a fraude eleitoral e negar o veredicto dos eleitores. Os brasileiros temem que ele possa incitar uma insurreição."
Veja alguns trechos da matéria.
"Aproveitado para fortalecer o peso do exército na sociedade brasileira, o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro promove o modelo de escolas militares civis desde o berçário. No final do seu mandato, 500.000 menores deveram estar alojados nestas estruturas. Poucas semanas antes da eleição presidencial de 2 de outubro, professores e pais denunciam a disciplina dos alunos e uma séria ameaça à democracia "(...)
"Em um vídeo transmitido por um adolescente à TV Globo, um policial militar entra em uma sala e ameaça abertamente os estudantes que protestam: "Vocês estão presos, vocês têm o direito de ficar calados. Tudo o que você diz agora pode ser usado contra você no tribunal! Você tem o direito de chamar seu pai e sua mãe. A partir de agora, o silêncio é uma ordem! " (...)
"A escola em questão segue um modelo cívico-militar desde 2019 que permite que os policiais imponham a disciplina. Em tese, estes últimos não deveriam interferir no trabalho pedagógico, mas pouco a pouco invadem o campo educacional." (...)
"Em novembro de 2021, alunos da mesma escola estavam organizando uma exposição para o Dia da Consciência Negra. Seu trabalho, enfeitado com desenhos, evocava a violência policial contra jovens afro-brasileiros. Uma atividade que o diretor disciplinar da escola tinha muito pouco gosto, tanto que exigiu a retirada da exposição. Afirmando que a Constituição garante a pluralidade de ideias nas escolas, professores e os alunos se recusaram a cancelas a exposição." (...)
"As escolas militares civis, cujo modelo é promovido pelo presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, não se reportam diretamente ao Ministério da Defesa, mas foi criada uma subsecretaria específica dentro do Ministério da Educação gerenciada por um militar responsável por fortalecer o movimento iniciado por alguns estados e municípios graças ao apoio financeiro da Defesa." (...)
"O objetivo do governo tornado público em 2019 é a criação de 54 dessas estgruturas em cada unidades federativa. Um programa ambicioso que, em última análise, visava acomodar 500.000 alunos. Um ano depois, sob a liderança da Secretaria-Geral da Presidência da República, foram criadas 203 escolas em 23 dos 27 estados. Os complexos escolares são construídos principalmente em regiões pobres."(...)
"A disciplina militar é ensinada, a partir do acolhimento na creche, conforme circular do Ministério da Educação. É um projeto de “criminalização da infância popular”, resume o sociólogo Miguel Arroyo. É a mesma lógica que levou, no início do século XX, à militarização da Força Pública (o embrião da atual polícia militar) devido à preocupação da burguesia paulista diante das revoltas operárias." (...)
"Braços ao longo do corpo!" O dia para os alunos do centro de Ceilândia começa com um curso de disciplina militar". (...)
"Esse modelo educacional responde finalmente à militarização da administração e do governo. Desde que o ex-capitão chegou ao poder, já são mais de 6.000 militares em altos cargos em ministérios, órgãos federais e empresas públicas. (..)
LEIA A MATÉRIA COMPLETA AQUI
“Do ‘Eu tenho aquilo roxo’ ao ‘imbrochável’: 31 anos de #fake news.”
(BARÃO DE ITARARÉ, retorcendo-se indignado no túmulo.)
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| A Escadaria do Convento, em 1958. Foto de Gil Pinheiro/Manchete. |
| Hoje, o local chama-se Escadaria Salerón e se transformou em atração turística. Foto de Tania Rego/Agência Brasil |
Gil Pìnheiro, fotógrafo da Manchete, fez a foto do alto dessa página em 1958. Na época, o local era conhecida como Escadaria do Convento de Santa Teresa, construído em 1750. Assim como a expansão no bairro tem a ver com a instalação do convento, a escadaria foi construída para acesso à congregação e às missas abertas à população. Com o tempo, transformou-se na Rua Manoel. Alguns sites atribuem ao artista plástico Jorge Salerón a construção da escadaria. Errado. Salerón fez um trabalho admirável de restauração dos degraus, que decorou com azulejos pintados. O local virou atração turística e ganhou um novo nome: Escadaria Salerón.
GEORGE ORWELL
Na pior em Paris e Londres” (1933)
| O Globo usa a palavra atentado |
| O Estadão optou pelo "aponta a arma", mas usou o termo "atentado', no subtítulo. |
| Clarín, que se opõe a Cristina, escolheu chamar de "atentado" |
| La Nacion foi de "intenção de magnicídio'. |
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| A turma 2022 de jornalistas bolsistas do World Press Institute. Progama abriu inscrições para 2023. |
O World Press Institute (WPI) oferece bolsas de estudos nos Estados Unidos no período de março a maio de 2023 para jornalistas iniciantes ou já no meio da carreira com pelo menos cinco anos de experiência profissional. O programa está aberto a jornalistas de jornais, revistas de texto, agências noticiosas, rádio, televisão e organizações jornalísticas online. Os candidatos devem estar disponíveis para viajar durante nove semanas a partir de março de 2023 e ser fluentes em inglês falado e escrito.
O grupo consistirá de dez bolsistas do mundo inteiro. O programa de bolsas oferecerá imersão nas práticas de governo, política, negócios, mídia, ética jornalística e cultura dos Estados Unidos através de um rigoroso cronograma de estudos, viagens e entrevistas.
O programa terá sua base em Minneapolis-Saint Paul, Minnesota, com viagens a Nova York, Chicago, San Francisco, Washington, D.C., e outras cidades importantes.
A bolsa cobre as despesas de viagem, acomodação e alimentação diária.
As inscrições se encerram no sábado, 1º de outubro de 2022. O nome dos bolsistas selecionados será anunciado em dezembro de 2022.
Visite este link do World Press Institute na internet para detalhes sobre como se inscrever:
https://worldpressinstitute.org/how-to-apply/