por Flávio Sépia
A Copa América é o mais antigo campeonato entre seleções ainda ativo. Durante muitos anos, até 1975, foi chamado de Campeonato Sul-Americano e não tinha um país-sede: as equipes se enfrentavam mais ou menos no moldes da atual Libertadores.
E, desde 1993, a Conmebol convida para o torneio duas seleções de fora da América do Sul, até o Japão já fez um participação, além do México, um convidado frequente. Foi para comemorar os 100 anos que os Estados Unidos se ofereceram como sede dessa edição extra que acaba de despachar o Brasil e que reúne excepcionalmente seleções de todo o continente. A Conmebol topou, mas não sem polêmica. Algumas federações foram contra.
Começa a circular agora uma ideia de ampliar definitivamente a Copa para toda a América. Os Estados Unidos pretenderiam sediar um das próximas. A de 2019 já está marcada para acontecer no Brasil. O Uruguai se posicionou contra essa fórmula que incluiria times do Caribe e Américas Central e do Norte. A Fifa não se manifestou quanto ao tema, mas federações que se opõem a essa ideia apontam a inconsistência do "soccer" no Estados Unidos, a falta de popularidade ainda visível no país (o que prejudica os patrocinadores, já que resulta no espaço relativamente pequeno que a mídia norte-americana dá ao soccer, como na atual Copa Centenário), a falta de uma campeonato nacional de clubes (lá existem inúmeras ligas e cada uma faz seu campeonato), a ausência de divisões normatizadas que legitimem a ascensão e o descenso de clubes por mérito esportivo (os clubes mudam de divisão não por conquistas em campo mas por se "candidatarem" a trocar de ligas, o que precisar ser referendado por uma entidade nacional, e há duas delas) e gramados (muitos usam grama artificial) etc.
Dunga, ainda nos Estados Unidos, pouco antes de deixar o torneio, prestou um serviço ao revelar uma cláusula secreta imposta à Copa América Centenário: uma "lei da mordaça". Dirigentes, treinadores e jogadores das seleções que criticarem a organização da competição estarão sujeitos a altas multas. Mesmo assim, o ex-técnico do Brasil contou que em um dos treinamentos a seleção não teve nem vestiário à disposição para os jogadores trocarem de roupa e tomarem banho. Os jogadores usaram um caminhão para vestir o uniforme de jogo, já que a opção oferecida era inviável, por ser bem distante do estádio. Dunga acrescentou que mais do que isso não podia dizer em função do regulamento. Repórteres do Estadão ouviram fontes da organização da Copa América que confirmaram o item restritivo a alegaram que era para impedir que a competição fosse "denegrida", que reclamassem do gramado e que mostrassem o "lado negativo" do torneio em vez de destacar as "coisas positivas'. A geração de TV também evitou mostrar a maiorias da invasões de campo. Os próprios narradores da Globo se referiam a episódios desse tipo não visualizados. Apenas duas uma cenas envolvendo Messi foram exibidas: uma quando ele descia do ônibus e foi agarrado por uma fã; e outro ao deixar o campo quando foi assediado por um torcedor e, nesse caso, a TV mostrou apenas o "final feliz" quando o argentino pediu calma, afastou os seguranças e deu um abraço no rapaz. Os gringos são mais espertos. Dunga deve ter estranho esse tipo de postura porque aqui no Brasil não precisamos de restrições, somos livres para falar mal e a mídia também. Aliás, no nosso estilo de "vai dar merda" até preferimos a autocomiseração, que o digam a Copa 2014, Olimpíada 2016 etc etc.
Apesar das críticas à ampliação de Copa América, o projeto também recebe muito apoio por quem considera importantíssimo para o futebol a conquista do mercado norte-americano, que está crescendo em função do interesse da população de imigrantes (se Donald Trump não os mandar de volta) e dos seus descendentes. A FIFA tem interesse no desenvolvimento do futebol nas Estados Unidos e no Canadá mas se incomoda com a insistência do norte-americanos em criar regras para tornar o soccer mais palatável na terra do "futebol americano". Os proprietários dos clubes jap fizeram várias tentativas por enquanto infundadas. Quiseram contar o tempo de 90 minutos regressivamente e parando o relógio quando a bola não estivesse rolando. Culturalmente, eles não entende o empate. Daí, bolaram o Shoot-Out. Caso o jogo não definisse um vencedor, um jogador receberia a bola a 35 metros do gol e teria 5 segundos para correr e chutar. Seriam cinco tentativas, tal como nas cobranças de penaltis. Também experimentaram o "gol de ouro", a "morte súbida" para resolver os empates. Muitos torcedores, aqueles que de fato apreciam o jogo na forma em que é o mais praticado em todo o mundo, rejeitaram as mudanças e os norte-americanos pararam de querer refazer as regras do futebol. Ou deram um tempo.
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quarta-feira, 15 de junho de 2016
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