terça-feira, 3 de agosto de 2021

A falência da Bloch estreia nesse mês a 21ª Temporada. Não é um bom seriado...

- É massa!

A curiosa gíria baiana remete a uma coisa legal, bonita, bacana. Uma boa música é massa! Um acarajé bem apimentado é massa! A skatista Rayssa é massa! Rebeca é massa! 

Para os ex-funcionários da Bloch Editores, essas são, ao contrário, as cinco letras que choram, como dizia um antigo samba.     

Neste agosto a Massa Falida da Bloch Editores completa 21 anos. O drama de milhares de ex-funcionários e suas famílias alcança uma triste maioridade. 

Você já leu neste blog muitas matérias sobre o assunto. Também já foi dito aqui que massas falidas são empresas sob administração judicial e, em geral, são autofágicas. Consomem suas próprias entranhas. A autofagia, como se sabe, se realiza quando as células se mobilizam para eliminar as toxinas que envelhecem os corpos. Esse processo, a autofagia, tenta retardar ao máximo o envelhecimento e ganhar vida longa. 

Assim são as massas falidas. 

A MF da extinta Bloch Editores não é diferente. 

É fato que ao longo de pouco mais de duas décadas a maioria dos trabalhadores habilitados recebeu os valores principais das indenizações. Também é fato que muitos foram levados a fazer "acordos" que reduziram esses valores. Posteriormente, segundo relatos de jornalistas que trabalharam na Bloch,  receberam parte da correção monetária devida sobre o montante daquelas indenizações. Contudo, esses pagamentos, chamados "rateios", foram suspensos há cerca de cinco anos. Outro grupo de ex-funcionários da Bloch, numericamente menor, permanece habilitado aguardando ainda o pagamento dos valores chamados principais a que tem direito. E um terceiro grupo - daqueles ex-funcionários da Bloch que indicaram ter funções na Rede Manchete - optou por entrar com ações trabalhistas contra a TV Ômega, a adquirente das concessões das emissoras. A Ômega chegou a pagar indenizações a muitos ex-Bloch, mas quando a Justiça determinou que a empresa que controla a RedeTV não era sucessora da TV Manchete e muito menos da Bloch Editores a conta de muitos e muitos dígitos - apenas um desses "boletos" está em torno de R$ 4 milhões - foi espetada no caixa da Massa Falida da Bloch Editores.

A legitimidade e o volume dos custos da MF da Bloch. as disputas jurídicas, não estão em questão aqui. O que se constata é o que o tempo consumiu e consome dos bens destinados a  garantir os direitos plenos dos credores trabalhistas. E o quanto esse mesmo tempo impactou os ex-funcionários, suas famílias, seus herdeiros.

Por fim: há meses ex-funcionários da Bloch pedem ao administrador da Massa Falida da Bloch Editores uma reunião para discutir a quitação da correção monetária e das indenizações trabalhistas ainda pendentes. Você recebeu uma resposta? Nem eles. 

21 anos? Isso não é massa! (J.E)


Um comentário:

Norões disse...

As falências no Brasil levam anos e décadas. É a regra. O resultado e que não se faz justiça.