domingo, 21 de julho de 2024

APPLECALIPSE: a tela azul do fim do mundo cibernético.


por Flávio Sépia

Ok, a Apple foi atingida em seus Macs, mas não gerou o apagão. Em todo caso, não resisti ao apelido do caos cibernético dado pelo amigo Roberto Muggiati. Applecalipse. O mundo percebeu que está tão conectado às grandes techs que uma simples atualização de software de apenas uma empresa derrubou serviços de informática ligados ao ambiente Windows em aeroportos, hospitais, empresas, bancos, sites diversos e computadores pessoais. O Brasil sofreu pouco, tem apenas 5% dos clientes globais da empresa CrowdStrike responsável pelo apagão dos produtos que afetou cerca de 9 milhões de aparelhos em todo o mundo, segundo a Microsoft. A maior parte dos danos ocorreu nos Estados Unidos. O caos resultante da falha comprova a fragilidade dos chips e apps espalhados pelo mundo. Tudo indica que o erro pode ter sido humano. Outra interpretação indica influência de dispositivos de IA autônomos e abusados. Seja lá qual for a causa, uma coisa é certa: a humanidade começa  a perder o controle do planeta. De "motorista" vai virar "passageira". 



sexta-feira, 19 de julho de 2024

Influenciadores 171 agora têm a polícia como seguidora premium

por Ed Sá

Nas últimas semanas, essa categoria de pessoa passou de "influencer" a ser influenciada pela polícia. Vários deles ou delas adotaram o estelionato como padrão de vida. Uns e umas ajudaram a enganar incautos promovendo a peso de altos cachês o chamado jogo do tigrinho feito para morder otários. Outros vendem rifas cuja mágica é fazer o prêmio desaparecer antes de chegar ao ganhador, no caso, perdedor. Um sujeito que atende pelo nome de Nego Di abriu até uma loja para vender "promoções". O preço do produto oferecido era excepcionalmente baixo. Só que o agora réu não entregava a mercadoria. Esse caso do Nego Di tem uma particularidade. Durante as enchentes do Sul ele ganhou protagonismo criticando o governo federal e difamando pessoas em posts geralmente inundados de palavrões. Em função disso, apoiadores do réu estão tentando convencer as redes sociais de que o Di é, na verdade, um perseguido político. Ou seja, inventaram o 171 do "bem", o militante da picaretagem engajada na extrema direita. Nenhuma novidade. 

Dito isso, se o seu filho revelar que quer ser "influencer" quando crescer avise que tudo bem, mas ele ou ela poderão ser condenados (as) a influenciar colegas de cela nada influenciáveis. Problema dele ou dela.

Na capa da IstoÉ: o ladrão sem casaca

 


Na capa da Carta Capital: o "mito" trincado

 


Fotomemória - Dia Nacional do Funk inspira redes sociais a revisitar os pioneiros de um gênero musical que a ditadura perseguiu

Tony Ttornado na BR-3, em 1970. Foto Manchete
 (infelizmente a revista não deu o créditos do autor da imagem) 

Criado em dezembro de 2023, o Dia Nacional do Funk foi comemorado pela primeira vez em 12 de julho. de 2024. A data acaba deser oficializada em votação na CCJ da Câmara dos Deputados. As redes sociais festejaram a homenagem citando os primeiros bailes no Rio de Janeiro e em São Paulo e os cantores, músicos e Djs que abriram o caminho no anos 1970, como o movimento Black Rio, Gerson King Combo, Dom Filó, Sandra de Sá, Gerson King Combo, os Djs Big Boy e Luizinho, além de Tim Maia, Sandra de Sá e Tony Tornado. O colaborador do blog Nilton Muniz, ex-Manchete, enviou post com texto interessante publicado no Facwebook de José Teles, que reproduziu uma foto de Tim Maia, publicada na Manchete


   .  

quarta-feira, 17 de julho de 2024

A Revista Desfile vive! Pelo menos no logotipo de uma loja no Algarve

O logotipo da Desfile resiste. Algarve, julho de 2024. Foto de Walterson Sardenberg Sobrinho

O jornalista Walterson Sardenberg Sobrinho, ex-repórter da Manchete na sucursal de São Paulo, esteve em Portugal há poucos dias e fotografou a cena acima: no Algarve, sul do país, mais precisamente na marina de Vilamoura, uma loja adotou o nome da extinta Desfile, da Bloch Editores, dirigida pelo saudoso Roberto Barreira. 

A revista, aliás era distribuída em Lisboa, assim como a Manchete. E fazia frequentes edições especiais de moda tendo como set paisagens portuguesas. 

O repórter conta que na região há uma série de hotéis e lojas, muito concorridas - em especial no verão, claro. Americanos e britânicos estão sempre por lá. Brasileiros, em geral, são funcionários da rede hoteleira. A foto mostra uma loja que tem não apenas o nome da antiga revista feminina da Bloch - e a mais elegante delas - mas repete a clássica tipologia da Desfile.  

Seria uma delicada homenagem ou uma apropriação legítima? 

A propósito, em 2002, dois anos após a falência da editora carioca, o empresário Marcos Dvoskin arrematou em leilão títulos que pertenceram à Bloch. Atualmente, como diretor da Editora Manchete,  ele publica apenas a Pais & Filhos, sediada em São Paulo. Não foi possível confirmar se os demais títulos, embora não utilizados, permanecem com Dvoskin ou os direitos estão vencidos. 

De qualquer forma, a Desfile vive. No Algarve.

Torre Eiffel, a medalha (de ferro) da Olimpíada de Paris

 


A edição de 12 de julho do jornal Valor publica resenha que Roberto Muggiati fez do livro "A Torre Eiffell - verdades & lendas", de Françoise Vey, lançado pela L&PM. 

Entre outras revelações, Vey conta que não foi Gustave Eiffel o homem que concebeu inicialmente a torre, mas seu jovem engenheiro franco-suíço, Maurice Koechlin. E o arquiteto do monumento chamava-se Stephen Sauvestre. 

O maior símbolo de Paris vai receber eventos dos jogos à sua sombra e, em cada medalha da premiação, será incrustado um pedaço de ferro da torre, que, assim, já está no pódio da Olimpíada.   

Em setembro a seleção brasileira volta a disputar as Eliminatórias para a Copa de 2026. Mas os dois jogos que vão tirar o sono da rapaziada acontecerão em março de 2025: Colômbia e Argentina. Vai ter choro?

O torcedor da seleção brasileira não tem paz.  Em setembro o time do técnico Dorival Junior - se a CBF não concluir a fritura dele até lá - enfrentará Equador e Paraguai. Depois vai encarar a fila de adversários na sequência das Eliminatórias. A essa altura todo jogo é difícil. O pior virá em março de 2025 quando vai jogar contra a Argentina e a Colômbia. A seleção brasileira não sabe o que é bola desde 2002. A partir do título na Copa da Coreia-Japão, o roteiro é só de fracassados, da escalação aos técnicos: entre outros, Felipão, Carlos Alberto Parreira, Dunga, Mano Menezes, Tite (esse enterrou o time em duas copas seguidas despedindo-se nas quartas de final em 2018 e 2022 ) e o meteórico Fernando Diniz. No momento, o Brasil está em sexto lugar na desesperada tentativa de carimbar o passaporte para a Copa dos Estados Unidos-México-Canadá.  

Mídia dos oligarcas reescreve dicionário político

 O Globo, Folha, Estadão, TV Globo etc passam o pano em vocábulos que consideram sensíveis aos seus interesses. Exemplos: bolsonaristas armaram tentativa de golpe, mas não são classificados como de extrema direita; a Abin oficial de Bolsonaro espionou políticos, fez ameaças de morte a um ministro do STF, atuou para travar investigações, mas a mídia chama o esquema de "Abin Paralela". É a Abin oficial, mesmo  Isso é  manipulação consciente do fato ou não sabem o que significa a palavra paralela; um meliante roubas jóias do patrimônio público, vende a um receptador e a mídia chama apenas de "desvio", como se fosse um desencontro administrativo ou uma pequena falha de um entregador que errou de endereço.

Há outros dribles na verdade já consolidados pelos editores: agrotóxico é "defensivo agrícola", driblar a lei é "flexibilização", sonegar impostos é "contabilidade criativa". Haja salto triplo carpado para maquiar a verdade.

Coimbra é uma lição... de pôr do sol...

 

Verão europeu. Fim de tarde em Coimbra.
Foto de Gilberto Cavlacanti, ex-fotógrafo da Manchete

terça-feira, 16 de julho de 2024

Fotomemória da redação: Liza Minelli na Manchete



1974: Liza Minelli na Manchete.
Reprodução de foto de Frederico Mendes publicada na revista

Em 1974, ainda no embalo do sucesso de Cabaret e do Oscar que ganhou pelo papel de Sally Bowles, Liza Minelli esteve no Rio de Janeiro em 1974. Foi sua primeira visita ao Brasil. Na agenda, shows do antigo teatro do Hotel Nacional, uma passagem pela redação da Manchete na Rua do Russell e um convite para assistir ao desfile das escolas de samba. Naquele ano, as escolas se apresentaram na Avenida Antonio Carlos. As obras do metrô haviam interditado a Presidente Vargas. Liza curtiu a temporada carioca, falou da sua admiração pelo Rio e experimentou uma feijoada. A atriz voltaria ao Brasil em várias ocasiões. Uma delas em em 2007, quando renovou o contato com o samba ao visitar a sede da Mangueira.  

Jogadores argentinos festejam a Copa América com uma canção racista

A seleção argentina vive grande fase. Campeã do mundo, campeã da Copa América. Infelizmente é cada vez mais difícil admirar o futebol do time renovado dos hermanos. No ônibus, após a vitória contra a Colômbia, os jogadores cantaram um refrão racista. Canção essa, aliás, que a torcida argentina entoou na Copa do Catar para provocar o craque Mbappé pouco antes do jogo contra a França. A cena foi postada pelo meia Enzo Fernández e, em seguida, apagada. Mas o print foi salvo e circula nas redes sociais. A federação francesa entrou com reclamação junto à Fifa pedindo a punição dos argentinos. O Chelsea, time de Fernández abriu procedimento interno e pode punir o jogador.

Refrão racista cantado pelos jogadores argentinos. Reproduzido do X


domingo, 14 de julho de 2024

Novo "marketing político": vale tiro, porrada e bomba?

 





Comentário do blog - por Ed Sá  

A capa da Time é dramática. É praticamente o registro da vitória de Donald Trump nas próximas eleições estadunidenses. Pelo figurino da extrema direita, o marketing político mudou. Atentados autênticos podem ser politica e habilmente explorados. São vistos como "oportunidade". As fake news, também. Debates, entrevistas, programas de governo etc aparentemente não ganham mais eleições? A estratégia de campanha mais eficiente e fulminante é facada ou tiro de raspão na orelha. A faca de Adélio mirou em Bolsonaro e atingiu Lula/Haddad em 2018. O balaço que raspou na orelha de Trump nem desfez o penteado do magnata, mas respingou nas urnas de novembro e abateu de vez o já trôpego Joe Biden. Em segundo lugar vêm as notícias falsas agora turbinadas com vozes e imagens trabalhadas em inteligência artificial (IA).    

Significa que as campanhas presidenciais em todo o mundo dispensarão seus marqueteiros e contratarão especialistas hollyoodianos em sequências dramáticas, dublês, figurantes, editores de imagem e gênios da inteligência artificial? As redes sociais, hoje decisivas, gostam de ação e emoção. Com exagero, pode-se supor que a realidade eleitoral passará a ser um detalhe e o importante será o efeito especial que impactará a massa? 

Curiosamente, o alvo desses atentados sobrevive politicamente mais forte para festejar a posse. O recurso pode valer também para líderes enfraquecidos. Robert Fico, o primeiro ministro da Eslováquia, por exemplo, enfrentava críticas por alegar que os benefícios para exportadores de graõs da Ucrânia prejudicavam a agricultura do seu país. Fico tomou um tiro na barriga, foi hospitalizado em estado grave, mas sobreviveu e reassumiu seu cargo agora com mais apoio. 

O risco é - sabendo-se que marqueteiros de políticos são espertos - assessores da Geraçao Z começarem a bolar situações-limite, nem sempre sangrentas, para reforçar a popularidade dos líderes. A IA poderá ser de grande ajuda em campanhas eleitorais "criativas" a qualquer custo. Algo como Giorgia Meloni, prineira-ministra da Itália, escorregar numa pizza e ganhar votos porque um imigrante da Líbia teria jogado lixo na rua? Digamos que o presidente da Polônia, Andrzej Duda, que perdeu recentemente a maioria no parlamento, sofra constipação depois de comer na rua uma zapiekanka feita por um imigrante russo. O acidente culinário poderia lhe render alguma recuperação na imagem? Em resumo: extrair emoção de qualquer situação pode ser a regra de ouro do novo marketing político onde as idéias ficam em segundo plano. A moda agora é tiro, porrada e bomba. Verdadeiros ou não. 

segunda-feira, 8 de julho de 2024

Bolsonaro ganha meia- página no New York Times. Como meliante...

 


No momento em que a PF revela novos fatos sobre o roubo de jóias arquitetado pela gangue do B, o NY Times expõe o esquema e o mundo mais uma vez se curva ao modo de fazer "política" da extrema direita brasileira.

domingo, 7 de julho de 2024

França vive! Cordão sanitário isola vírus do fascismo, mas eterna vigilância é fundamental

 



Foi por pouco. Um movimento popular estendeu um cordão sanitário para conter a extrema direita francesa, a doença fatal que ainda ameaça a França. Diante do mal maior, a esquerda e parte do centro ergueram uma barricada contra o fascismo e o neonazismo que se aproveita de um momento de crise para impor políticas racistas e o radicalismo da corrupção neoliberal. A apuração não esta concluída. E etapa importante virá em seguida diante da urgência de um acordo que defina a maioria  democrática no Parlamento da França.

sábado, 6 de julho de 2024

Na capa do Libération: a França decide amanhã: é Vichy ou Résistence. Não ao fascismo e nazismo

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Na capa da IstoÉ: A democracia é refém do Biden


por Flávio Sépia

Comentário do blog - É quase impossível distinguir um democrata de um republicano nos Estados Unidos. São gêmeos univitelinos. Mas, concordo, qualquer mer#a é  melhor do que Donald Trump, um cara que além de ser racista, misógino, assediador e fraudador, é tudo isso junto: um fascista. 

O problema é que Joe Biden está fora de sintonia. Não é crime, muitos de nós temos alguém na família igualmente lutando para se agarrar às últimas lembranças. É  triste e dramático. 

Agora imagine tudo isso no foco de uma campanha presidencial de um dos mais poderosos países do mundo.

Quem mais torce para Biden se manter candidato é Trump. Isso diz tudo.

Paris 2024 - "Aux toilettes, citoyens! - Manifestantes contrários às Olimpíadas ameaçam poluir o Sena com um "cagalhaço"

Protesto contra Olimpíada ameaça o Rio Sena. Foto de Jussara Razzé 


Evento coletivo de defecação no Sena tem até site para orientar manifestantes

por José Esmeraldo Gonçalves

Assim como no Brasil, em 2014, quando aconteceu o protesto "Não vai ter Copa", algo parecido está rolando na França às vésperas da Olimpíada 2024. Parisienses encontraram um modo mais original de mostrar desagrado com os jogos que interferem na rotina da cidade e já consumiu mais de 1 bilhão de euros dos contribuintes. A ideia é promover um evento coletivo de defecação. 

A guerrilha do cocô estava prevista para acontecer sob planejamento detalhado. No dia 23 de junho, os parisienses seriam convocados para sentar nos respectivos vasos sanitários das suas residências e ali depositarem o maior volume possível de fezes. Supõe-se que os organizadores dão preferência a um cocô mais consistente que, ao contrário da versão mais liquefeita, terá mais visibilidade ao desembocar no Sena. Uma dieta de batatas, por exemplo, pode contribuir para massificar excrementos. Outra opção é comer um prato raiz da culinária francesa: Andouillette. É coisa para os fortes. Trata-se de um bolo de carne  feito de intestino de porco, pimenta, vinho, cebola e temperos. Embora os restaurantes garantam que a iguaria passa por controle sanitário e não oferece risco, acontece que cheira a merda e xixi.   

Os líderes do cagalhaço calculam que,  após lançado no vaso, o chamado "quilo" levará em média uma hora e meia para chegar às águas do Sena. Isso em tempo médio e a depender da distância do arrondissement. Bairros mais perto da margem do rio terão entrega praticamente expressa. O importante é que cada um se esforce para que sua contribuição fecal chegue ao rio no máximo até meio-dia. Sob a hashtag  #JeChieDansLaSeineLe23Juin (algo como "eu caguei no Sena em 23 de junho"), um site facilitaria o calculo da velocidade do pacote. 

O comitê de logística da manifestação espera muitas adesões. A alegada despoluição do rio terá custado, segundo eles, cerca 1,4 bilhão de euros, uns 9 bi de reais tropicais. O Sena será a raia da maratona aquática e da etapa de natação do triatlo e muitos atletas ameaçam não entrar na água caso, até a hora da prova,  as autoridades não comprovem índices aceitáveis de coliformes fecais. Aí está a questão: se a inundação de cocô acontecer e se realmente for massiva, haverá tempo para uma operação emergencial de despoluição até o dia 26 de julho, data da abertura oficial dos jogos de Paris?  

Atualização - O Cagalhaço de 23 de junho foi adiado. A ideia era que coincidisse com um anunciado mergulho de Anne Hidalgo e Emmanuel Macron nas águas do Sena. A prefeita e o presidente adiaram o que seria uma  jogada de marketing para provar a despoluição do rio. Ambos alegaram que irão nadar após  o segundo turno das eleições francesas marcadas para este domingo. Provavelmente evitaram ser vítimas do tsunami de fezes. A nova data deverá ser 15, 16, ou 17 de julho. O Cagalhaço também transferiu sua data e poderá acontecer tão logo as duas autoridades remarquem o mergulho no Sena. 

quarta-feira, 3 de julho de 2024

BC Private Party, traje a combinar : a festa é deles

por Pedro Juan Bettencourt

Países que adotam BC ou FED autônomos incluem regras para probidade da autonomia. 

O Congresso supervisiona o BC ou o FED. 

O presidente eleito tem o poder de demitir o presidente do BC ou do FeD assim que toma posse. Pode mantê-lo, se quiser. 

O FED é o BC americano.

No Brasil, a lei de autonomia do BC não tem regras de probidade, é desembestada. O presidente do BC pode se beneficiar das políticas que adota, sem amarras. Roberto Campos Neto, por exemplo, tem investimentos pessoais atrelados ao dólar em paraísos fiscais, pode participar de boca-livre de churrasco na intimidade de quem o nomeou. 

No momento, ele nem usa as reservas para conter o aumento do dólar. Medida que adotou várias vezes durante o mandato de Bolsonaro, mentor.

O presidente americano nomeia ou confirma o presidente do FED para quatro anos de mandato. É seu direito. No Brasil o presidente eleito ao tomar posse sofre uma espécie de cassação parcial do seu próprio mandato. Durante dois anos é obrigado a governar com a política monetária sob controle de alguém nomeado pelo seu antecessor . A lei de autonomia do BC rouba metade do mandato presidencial. 

Ou seja: a lei de autonomia do BC foi criada para reduzir os poderes do presidente eleito, qualquer que seja ele. 

Juntando a autonomia do BC, o papel das agências neoliberais, a eleição de deputados e senadores (no caso, um terço) para mandatos não coincidentes com o do Presidente da República e a farra das emendas secretas ou disfarçadad que dão um extraordinário poder financeiro ao Congresso, o eleito pelos brasileiros para o Palácio do Planalto já chega lá como "pato manco" (lame duck), a expressão usada na política dos Estados Unidos para definir o titular de um cargo cujo poder é em parte decorativo. 

A autonomia do BC brasileiro, sem efetivas regras e sem supervisão  de probidade, transferiu o poder de definição da política monetária para a especulação financeira. Foi o golpe que deu certo. Não foi necessário invadir o BC nem quebrar relógio, rasgar poltronas ou defecar em mesas de reunião.