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Segundo The New York Post, o bilionário Peter Thiel, que fez fortuna no Vale do Silício, pretende mobilizar outros empresários para organzar em 2025 os primeiros jogos neoliberais, uma espécie de olimpíada com doping liberado. Os atletas terão liberdade para se entupirem de esteroides até a medula. E não só esteroides conhecidos. Thiel quer mobilizar a farmacêutica a desenvolver novos produtos para doping em todas as modalidades "aberta e honestamente", diz ele.
Não importa se os competidores dos jogos das drogas cruzarem a linha de chegada doidões ou subirem ao pódio trincados, o importante é que sejam testados os limites químicos dos atletas. Thiel imagina que isso estimulará os cientistas a criarem drogas e suplementos alimentares que melhorem a performance das pessoas com impacto na longevidade. Os jogos dos anabolizantes serão realizados em cidades com infraestrutura pronta e apenas com investimentos privados. Já existe uma candidata favorita a sede, mas a equipe do bilionário não revela qual.
Mais detalhes serão anunciados em 17 de abril, antes da Olimpíada de Paris que será aberta em julho. Os jogos neoliberais são chamados provisoriamente de Enhanced Games (algo como Jogos Aprimorados). Claro que não poderão usar os termos "olímpico" e "olimpíada", que são registrados pelo Comitê Olímpico Internacional. A escolha da data e do locala para o anúncio do torneio das drogas é uma clara provocação enquanto Paris se prepara para receber os Jogos de Verão. O Barão Pierre de Coubertin, idealizador das Olimpíadas da era moderna e que está enterrado ali perto, na Suiça, vai se revirar no túmulo com direito a twist carpado e outras piruetas de indignação.
por Leneide Duarte-Plon, de Paris, para o Red.Org
A polêmica em torno da declaração de José Genoino nos traz de volta à realidade do movimento BDS (Boycott, désinvestissement et sanctions). Para lutar contra a ocupação da Cisjordânia e o apartheid que Israel impõe aos palestinos que têm cidadania israelense (20% da população do país) – que os supremacistas judeus chamam de “árabes israelenses” para negar a identidade palestina do povo autóctone – foi criada, há alguns anos, a campanha BDS, um movimento internacional que tem como objetivo boicotar Israel, sua política colonial e de apartheid. O BDS promove boicote não somente econômico mas também universitário, cultural e político contra Israel, seus cidadãos e empresas.
Desde o início, o boicote cultural teve o apoio do músico Roger Waters, do escritor John Berger, da ativista Arundhati Roy, do cineasta Ken Loach, do cineasta franco-israelense Eyal Sivan, bem como de duas outras personalidades já desaparecidas: o uruguaio Eduardo Galeano e o cineasta Jean-Luc Godard. Para boicotar Israel, os cineastas citados decidiram não participar dos festivais de cinema israelenses.
Em setembro de 2009, o Conselho Ecumênico das Igrejas declarou estar convencido da necessidade de “um boicote internacional dos bens produzidos nas implantações israelenses ilegais (colônias) nos territórios ocupados”. O Conselho Ecumênico publica no seu site o apelo lançado em 11 de dezembro de 2009 pelo coletivo Kairos Palestina: “A moment of Truth; A Word of Faith, Hope and Love from the Heart of Palestinian Suffering” (este título faz referência explícita a um document datado de 1985 e publicado na África do Sul para lutar contra o apartheid). Entre os signatários do documento, está o centro teológico palestino Sabeel.
O regime racista da África do Sul
O movimento de boicote contra o regime racista da África do Sul levou ao fim do apartheid, como todos sabemos. O antigo líder anti-apartheid, Nelson Mandela – considerado um terrorista pelos supremacistas brancos que o condenaram a mais de 20 anos de prisão – mostrou como a história dos oprimidos obedece a um tempo lento no qual a Justiça acaba por se impor. O “terrorista” Mandela foi eleito presidente de seu país depois de ganhar o Prêmio Nobel da Paz no ano anterior.
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Além de veículos, sites e jornalistas de extrema direita, o You Tube registra nas últimas semanas um tsunami de novos canais bolsonaristas que divulgam fake news travestidas de "análise" e "comentários". Tal ofensiva simultânea só se explica por impulsionamento e patrocinio. Ao mesmo tempo, tal qual aconteceu no período entre o golpe contra Dilma Rousseff e a eleição de Bolsonaro, a mídia dos oligarcas também mostra suas garras. O chamado jornalismo de guerra voltou a calçar os coturnos. Jornais como Folha, Estadão e Globo radicalizam seus editoriais e o direcionamento do conteúdo alegadamente "jornalístico". Na semana passada, a CBN reforçou seu time de comentaristas selecionando jornalistas identificados com posições de neoliberalismo extremado ou de direita light ou até hard. No caso da CBN, entre as novidades anunciadas há apenas um exceção: o democrata Bernardo Mello Franco.
por Leonardo Boff
Encontramo-nos no coração de uma espantos e generalizada crise na
forma como habitamos e nos relacionamos para com o nosso planeta,
devastado e atravessado por guerras de grande destruição e movido
por ódios raciais e ideológicos. Acresce ainda que a idade da razão
científica, criou a irracionalidade do princípio de autodestruição:
podemos pôr fim, com as armas já construídas, a nossa vida e grande
parte senão toda a biosfera.
Não são poucos os analistas da situação mundial que nos alertam
sobre o eventual uso de tais armas de destruição em massa. A razão
de fundo seria a disputa sobre quem manda na humanidade e quem
tem a última palavra. Tem a ver com o enfrentamente entre a uni-
polaridade sustentada pelos Estados Unidos e a pluripolaridade
cobrada pela China, pela Rússia, eventualmente, pelo conjunto dos
países que formam os BRICS. Se houver uma guerra nuclear, nesse
caso, realizar-se-ia a fórmula: 1+1=0: uma potência nuclear destruiria
a outra e juntos levariam humanidade e parte substancial da vida.
Dadas estas circunstâncias, vemo-nos na necessidade de puxarmos o
freio de segurança do comboio da vida, pois, desenfreado, pode se
precipitar num abismo. Tememos que este freio já esteja oxidado e
feito inutilizável. Podemos sair desta ameaça? Temos que tentar,
segundo a dito de Dom Quixote:”antes de aceitar a derrota, temos que
dar todas as batalhas”. E vamos dar.
Sirvo-me de duas categorias para aclarar melhor nossa situação. Uma
do teólogo e filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard (1813-1885), a
angústia, e outra do também teólogo e filósofo alemão, discípulo
notável de Martin Heidegger, Hans Jonas (1903-1993), o medo.
A angústia (O conceito de angústia,Vozes 2013) para Kierkegaard
não é apenas um fenômeno psicológico, mas um dado objetivo da
existência humana. Para ele como pastor e teólogo,além de exímio
filósofo, seria a angústia face à perdição eterna ou à salvação. Mas é
aplicável à vida humana. Esta apresenta-se frágil e sujeita a morrer a
qualquer instante. A angústia não deixa a pessoa inerte, mas move-a
continuamente para criar condições de salvaguardar a vida.
Hoje temos que alimentar esse tipo de angústia existencial face às
ameaças objetivas que pesam sobre nosso destino que podem ser
fatais. Ela é algo saudável, pertencendo à vida e não algo doentio a ser
tratado psiquicamente.
Hans Jonas em seu livro O princípio responsabilidade
(Contraponto,Rio 2006) analisa o medo de sermos colocados à beira
do abismo e nele cair fatalmente.Estamos numa situação de não
retorno. Não se trata mais de uma ética do progresso ou do
aperfeiçoamento. Mas da prevenção da vida contra as ameaças que
nos podem trazer a morte. O medo aqui é saudável e salvador, pois,
nos obriga a uma ética da responsabilidade coletiva no sentido de
todos darem sua colaboração para preservação da vida humana na
Terra.
A situação atual a nível planetário fugiu ao controle humano.Criamos
a Inteligência Artificial Autônoma que já independe de nossas
decisões. Quem, com seus bilhões e bilhões de algoritmos, impede
que ela possa optar pela destruição da humanidade? Temos como
controlar os tufões e terremotos, sem dizer os eventos extremos,
consequência da mudança climática? Não osbtante nosso saber
científico sentimo-nos impotentes face à força da natureza.
Primeiramente, temos uma tarefa a cumprir: cabe responsabilizarmo-
nos pelo mal que estamos visivelmente causando ao sistema-vida e ao
sistema-Terra,sem capacidade de impedi-lo ou freá-lo, apenas
minorando-lhe os efeitos danosos. O sistema de produção mundial
energívoro está de tal modo azeitado que não tem condição nem quer
parar. Não renuncia aos seus mantras de base: aumento ilimitado do
lucro individual, a competição feroz e a superexploração dos recursos
da natureza.
Além disso, importa responsabilizarmo-nos também pelo mal que não
soubemos no passado evitar física e espiritualmente e cujas
consequências tornaram-se inevitáveis, como aquelas que estamos
sofrendo como o aquecimento crescennte do planeta e a erosão da
biodiversidade.
O medo do qual somos tomados se relaciona ao futuro da vida e à
garantia de ainda podermos continuar vivos sobre este planeta. Em
função desse desiderato Jonas formulou um imperativo ético
categórico:
Aja de modo a que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a
permanência de uma vida humana autêntica sobre a Terra; ou,
expresso negativamente: aja de modo que os efeitos da tua ação não
sejam destrutivos para a possibilidade futura de uma tal vida; ou,
simplesmente, não coloque em perigo a continuidade indefinida da
humanidade na Terra” (Op.cit. 2006, p. 47-48). Nós acrescentaríamos
“não coloque em perigo a continuidade indefinida de todo tipo de
vida, da biodiversidade, da natureza e da Mãe Terra”.
Essas reflexões nos ajudam a alimentar alguma esperança na
capacidade de mudança dos seres humanos, pois, possuímos livre
arbítrio e flexibilidade.
Mas como o risco é global, impõe-se uma instância global e plural
(representantes dos povos, das religiões, das universidades, dos povos
originários, da sabedoria popular ) para encontrar uma solução global.
Para isso temos que renunciar aos nacionalismos e aos limites
obsoletos entre as nações.
Como se pode observar, as várias guerras hoje em curso são por
limites entre as nações, a afirmação dos nacionalismos e a crescente
onda de conservadorismo e de políticas de extrema direita afastam
para longe esta ideia de um centro coletivo para o bem de toda a
humanidade.
Devemos reconhecer: estes conflitos por limites entre as nações, estão
descolados da nova fase da Terra, tornada Casa Comum e
representam movimentos regressivos e contrários ao curso irresistível
da história que unifica cada vez o destino humano com o destino do
planeta vivo.
Temos uma Terra só e uma Humanidade só a serem salvas. E com
urgência pois o tempo do relógio corre contra nós. Cumpre mudar
mentes e nossas práticas.
https://leonardoboff.org/2024/01/25/puxar-o-freio-de-seguranca-face-a-gravidade-da-crise-atual/
| Reprodução De Fato (link abaixo) |
| Reprodução O Globo |
Ao mesmo tempo em que a tecnologia pode aprimorar a segurança nos centros urbanos, várias entidades estão preocupadas com os abusos, como demonstram as duas matérias recentes, acima, publicadas no portal De Fato e n Globo. Defensoria Pública e Ministério Público também registram casos de uso indevido dos novos recursos.
No Rio de Janeiro e, provavelmente, em outras capitais, há casos de montagem de bancos de imagem privados para reconhecimento facial que ferem a Lei Geral de Proteção de Dados e outros dispositivos legais. Fotos aleatórias de pessoas sem necessariamente objeto de culpa por algum delito ou com contas a prestar à justiça circulam em grupos de whatsapp clandestinos. São imagens colhidas em bares, restaurantes e no comércio em geral. No caso, não de trata de imagens dos circuitos internos de câmeras, mas de fotos feitas por celulares geralmente operados por seguranças ou até garçons. Tal prática parece mais frequente em Ipanema, Leblon, Copacabana e Tijuca. Os "alvos" vão desde quem se envolve em algum conflito ou discussão até simples clientes que os estabelecimentos resolvem "marcar" por qualquer motivo. As fotos ilegalmente colhidas e sem qualquer critério se espalham em grupos nas redes sociais. Os "alvos", embora não sejam necessariamente abordados passam a sofrer algum tipo de intimidação aonde quer que circulem. Não se sabe se tais bancos de dados privados são compartilhados com a polícia, provavelmente, sim, porque há indicios de que, em alguns casos, a polícia foi acionada pelo estabelecimento para verificar pessoas cujas imagens estariam no banco de dados ilegal. Nos casos conhecidos, invariavelmente a policia chegou, viu, nada constatou e foi embora. A prática, contudo, é potencialmente perigosa para quem passa a integrar esse tosco banco de reconhecimento facial privado.
Nos links abaixo você poderá ler duas matérias sobre o assunto.
https://defatoonline.com.br/uso-do-reconhecimento-facial-preocupa-entidades/#google_vignette
https://paniscumovum.blogspot.com/2024/01/reconhecimento-facial-o-uso-publico-e-o.html
Passageiro de avião no Brasil paga caro para sofrer desde o momento em que adentra o aeroporto. Na verdade, o pobre diabo faz o check in sem ter 100% de certeza se vai embarcar e decolar. Tudo pode acontecer. Uma greve deixa passageiros no chão em dezenas de aeroportos brasileiros. Detalhe: a greve foi na Argentina.
Ocorre que as companhias aéreas trabalham atualmente como os lotações dos anos 50/60 do século passado. Para as novas gerações, eu explico. Os lotações eram ônibus precários e montados em chassis de caminhões usados e que paravam em qualquer lugar. Barulhentos e pilotados por motoristas enlouquecidos que ganhavam por "viagem" e por isso disparavam no trânsito "costurando" o engarrafamento na velocidade mais alta possível. Um mesmo veículo podia rodar a cidade por mais de 16 horas com o motor fumegando.
As companhias aéreas já dispuseram de aeronaves em reservas que podiam cobrir emergências como essa da greve na Argentina. Não mais. O avião que decola de Buenos Aires atende a vôos domésticos no Brasil. Assim, o passageiro que esperava seguir de Fortaleza para Natal fica mofando no aeroporto porque "seu" jato está parado em Ezeiza. E isso acontece com frequência a cada evento que paralisa a malha.
Os jornais noticiam que o governo prepara ajuda para as companhias aéreas. O serviço é ruim e o preço das passagens é exorbitante. Há momentos em que um bilhete da ponte-área Rio-São Paulo custa mais caro do que uma passagem São Paulo- Nova York. Mesmo assim, os executivos estão fazendo lobby para que o governo inhete dinheiro e subsídios na operação. Até o momento Fernando Haddad, ministro da Fazenda com a responsabilidade do equilíbrio fiscal resiste.
É curioso. Os neoliberais pregam o estado mínimo e a privatização de tudo, até das próprias mães, se necessario, mas adoram subsídios e mamatas amigas. De preferência se parte da verba pública de "ajuda" pagar os bônus milionários dos executivos que em milagre contábil brasileiro costumam ser premiados até quando alegam prejuízos.
Tudo muda. A palavra de ordem é corte de custos. O jornalismo brasileiro já teve correspondentes que fizeram história. Na TV, Silio Boccanera, Sandra Sandra Passarinho e Pedro Bial. No meio impresso, o brilhante Reali Jr, entre muitos outros. Atualmente, são poucos. A maioria só sai da redação para gravar "externas" em frente à sucursal ou em pontos turísticos das capitais. Um dos correspondentes em Nova York costuma ler seu relato. No telepromter ou direto do portal do New York Times? Vai saber. Essa tendência se agravou durante a pandemia da Covid, o financeiro gostou, e o pessoal passou a cobrir guerras, por exemplo, apenas atravessando a calçada. Um ou outro ainda é escalado para cobrir eventos como os encontros de Davos e assemelhados em forma de jornalismo declaratório que as chefias parecem adorar. No mais, salve a internet. Os correspondentes internacionais dão like.
O anúncio acima foi publicado na Manchete. Uma nova campanha do extinto Ultima Hora divulgava nos anos 1970 o posicionamento do jornal como "carioca" com o objetivo de se diferenciar do então forte Jornal do Brasil e o poderoso O Globo. O UH aninciava como colunistas nomes como Artur da Távola, Zuzu Vieira, Gilda Muller, Marisa Raja Gabaglia e Daniel Más. Foi uma das inúmeras tentativas de reerguer o jornal que, em 1991, pediu falência. O Arquivo Público do Estado de São Paulo colocou na internet o acervo do Ultima Hora, edições de São Paulo e Rio de Janeiro.