Passageiro de avião no Brasil paga caro para sofrer desde o momento em que adentra o aeroporto. Na verdade, o pobre diabo faz o check in sem ter 100% de certeza se vai embarcar e decolar. Tudo pode acontecer. Uma greve deixa passageiros no chão em dezenas de aeroportos brasileiros. Detalhe: a greve foi na Argentina.
Ocorre que as companhias aéreas trabalham atualmente como os lotações dos anos 50/60 do século passado. Para as novas gerações, eu explico. Os lotações eram ônibus precários e montados em chassis de caminhões usados e que paravam em qualquer lugar. Barulhentos e pilotados por motoristas enlouquecidos que ganhavam por "viagem" e por isso disparavam no trânsito "costurando" o engarrafamento na velocidade mais alta possível. Um mesmo veículo podia rodar a cidade por mais de 16 horas com o motor fumegando.
As companhias aéreas já dispuseram de aeronaves em reservas que podiam cobrir emergências como essa da greve na Argentina. Não mais. O avião que decola de Buenos Aires atende a vôos domésticos no Brasil. Assim, o passageiro que esperava seguir de Fortaleza para Natal fica mofando no aeroporto porque "seu" jato está parado em Ezeiza. E isso acontece com frequência a cada evento que paralisa a malha.
Os jornais noticiam que o governo prepara ajuda para as companhias aéreas. O serviço é ruim e o preço das passagens é exorbitante. Há momentos em que um bilhete da ponte-área Rio-São Paulo custa mais caro do que uma passagem São Paulo- Nova York. Mesmo assim, os executivos estão fazendo lobby para que o governo inhete dinheiro e subsídios na operação. Até o momento Fernando Haddad, ministro da Fazenda com a responsabilidade do equilíbrio fiscal resiste.
É curioso. Os neoliberais pregam o estado mínimo e a privatização de tudo, até das próprias mães, se necessario, mas adoram subsídios e mamatas amigas. De preferência se parte da verba pública de "ajuda" pagar os bônus milionários dos executivos que em milagre contábil brasileiro costumam ser premiados até quando alegam prejuízos.
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