sexta-feira, 3 de abril de 2020

Do El Pais: a economista Monica de Bolle deixa o ministro sem máscara...

* "O Paulo Guedes está completamente despreparado neste momento para enfrentar essa crise. A letargia e a inércia já demonstram isso. A incapacidade de largar os dogmas ideológicos que ele tem, como o Estado mínimo, o Estado que não pode gastar, é completamente inapropriada para esse momento. Hoje, dane-se o Estado mínimo, você precisa gastar. É preciso é errar pelo lado do excesso não para o lado da cautela numa crise desse tipo."

* "Isso é mais um despreparo, essa preocupação de passar recado para o mercado. Ninguém tem que passar recado para o mercado, precisa trabalhar para as pessoas, são as pessoas que estão morrendo de fome e que já não têm condições de se sustentar que importam. É incrível essa surdez e essa cegueira. O mercado tem o auxílio do BC, não é hora do ministro da Economia ficar falando com o mercado, fazendo live para o mercado. O que que é isso? Ele deveria estar pensando em como implementar a renda mínima, como fará a distribuição dos 600 reais para as pessoas elegíveis a receber. Como ele vai fazer para lidar com as diferentes áreas de atuação e planos de ação para as empresas e os planos de manutenção de empregos. Quanto realmente ele vai destinar para o SUS. A calamidade está decretada. A lei de responsabilidade já dá a flexibilidade necessária. Ele já tem tudo que precisa para agir, ele não precisa de mais nada, precisa de agir, mas perde tempo com o mercado fazendo conferência, numa situação de absoluta emergência onde as ações são necessárias para ontem." 
LEIA A ENTREVISTA COMPLETA NO EL PAIS, AQUI

Comportamento - o novo normal do coronavírus

por José Bálsamo 
A Covid-19 já mudou comportamentos em todo o planeta.
Conheça o novo normal que o #fiqueemcasa promove:

* Home office
* Teleconferências empresariais
* Serviços de streaming
* Video games
* Aulas on line
* Tele consultas médicas
* Delivery de comida e farmácia
* Delivery de cerveja
* Sexo virtual
* A vida sem futebol
* Personal trainer via internet
* Livros
* Compras on line para pets
* Call de vídeos para pais, avós, amigos
* Ir à geladeira toda hora
* Comprar voucher de bares e restaurantes para consumo pós-coronavírus
* Cozinhar, principalmente para estrear utensílios e gadgets comprados e nunca usados


Na capa da New Yorker: o drama familiar da profissional de saúde

"Bedtime" by Chris Ware

Fotomemória: quando a TV era "comida, diversão e arte"

Aerton Perlingeiro e seus comensais. A foto foi publicada na Manchete, nos anos 1970.

Lolita e Airton Rodrigues e seus convidados para a boca-livre televisiva. Reprodução 

por Ed Sá 

A TV Tupi desligou as câmeras há 40 anos. Mais precisamente no dia 12 de julho de 1980. Mas o assunto aqui é "comida, diversão e arte". A antiga emissora dos Diários Associados manteve por décadas dois programas cujo forte eram os carboidratos e as proteínas. O pessoal que hoje é "de risco" diante do coronavírus deve lembrar. Para os demais, explica-se: eram atrações nas quais o prato principal era literalmente... comida.

Um desses programas era o "Almoço com as Estrelas", apresentado por Airton e Lolita Rodrigues. O outro era o "Programa Aerton Perlingeiro". Nas tardes de sábado, os âncoras reuniam celebridades em alta ou em baixa para um regabofe pontuado por entrevistas.

Os artistas adoravam. Podiam falar de peças e filmes que estreavam e, ao mesmo tempo, descolar um rango farto. O ao-mesmo-tempo aí não é força de expressão. Muitos eram surpreendidos com perguntas em meio a colheradas de feijoada ou rabadas monumentais.

Na verdade, os artistas eram muito gratos a Airton, Lolita e Aerton, especialmente este que fazia o seu programa na sede da Tupi, na Urca. Para a maioria, era chance de divulgar seus trabalhos para o grande público. E para muitos jovens artistas ainda enfrentando dificuldades para se firmar e pagar aluguel, vivendo de uma atividade absolutamente instável, o almoço na TV era a refeição mais reforçada da semana.   

Ignorância punida. O bozolóide despenca nas pesquisas

Fonte do gráfico: Instituto de Pesquisas Sociais
Em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, a corretora XP Investimentos, que obviamente não é uma instituição de oposição ao governo, divulga pesquisa que mostra Bolsonaro em queda livre. O ignorante que preside o país debocha sobre a crise é punido pela população. Em sentido contrário, os governadores são vistos como autoridades que trabalham para vencer os efeitos da pandemia e crescem na aceitação popular. A avaliação de péssimo e ruim para o sequelado foi de 36% a 42%. Os governadores passaram de 26% para 44%. A avaliação do Congresso, apesar da campanha que sofreu por parte dos milicianos governistas, passou de 13% para 18%.

Humor, por favor - Do Charlie Hebdo: rir é o remédio que vai nos salvar

Na legenda: "Tenha cuidado, estamos apenas em ensaios clínicos". Reprodução Charlie Hebdo

The Economist: essa é a imagem do mensageiro da morte

Reprodução 

Jejum na República Bolsonâmica...

Portador do vírus do fundamentalismo, Bolsonaro quer convocar um jejum nacional. Segundo ele, é a maneira de expulsar a Covid-19. Por enquanto, só por enquanto, ele não fala em implantar outras determinações bíblicas. Por exemplo, mandar apedrejar pessoas que insistem em praticar o isolamento social. Nem ofereceu aos trabalhadores que abandonarem o confinamento 70 virgens à espera no paraíso caso contraiam a "gripezinha".

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Forum da EleEla: como as páginas mais quentes do jornalismo erótico brasileiro se transformaram em fenômeno editorial

por Ed Sá 

Lojas de gibis, o Mercado Livre e os melhores e resistentes sebos da praça ainda vendem antigas edições da EleEla.

Devem ser alvo de colecionadores. Mas a cereja do bolo dessa memória erótica é o famoso Fórum, que fazia parte da revista.

No início era uma simples seção de cartas quentíssimas e mais estimulantes do que catuaba, o "viagra" da época.

Nos anos 1970, a revista da Bloch era parceira editorial da Penthouse americana, que inspirou a página onde leitores narravam suas experiências sexuais.

Os relatos fizeram tanto sucesso na EleEla que os editores resolveram dar mais páginas ao material. Havia mais espaço do que a correspondência via correio conseguia preencher. A solução foi contar com a imaginação dos redatores.

Dizem que um deles, em especial, se destacava. Era o Antonio Roberto, o popular Machadinho, criador de experiências sexo-ficcionais alucinantes.

A alma do Fórum era o saudoso Léo Borges Ramos. Ele levava tão a sério a "editoria de sexo" que, em nome da interação entre os leitores a EleEla e como parte das fantasias e alegorias eróticas que a seção estimulava, pediu certa vez aos leitores e leitoras que adicionassem pentelhos selecionados aos envelopes das cartas. Acredite, muitos atenderam ao apelo. Léo morreu jovem, nunca se soube se os pentelhos  serviriam a algum projeto editorial ou a pesquisas do DNA dos malabaristas sexuais do Forum. Antes que alguém ache isso absurdo, saiba que Van Gogh e Modigliani e Gustavo Courbet tinham predileção por retratar pentelhos. Courbet, aliás, inspirou uma exposição do artista plástico Peter de Cupere que, em 2014, exibiu obras que pintou usando um pincel feito apenas de pentelhos. Segundo ele, seus quadros pediam a "essência da vagina".

As cartas que mais repercutiam era aquelas onde rapazes comuns, que na vida real tinham que se esforçar para descolar a namorada possível, ganhavam a rara chance de comer mulheres maravilhosas. A galera delirava, talvez por se identificar com os heróis anônimos do Forum e esperançosa de viajar na ilusão de que um dia toparia com uma gata daquelas.

Era o bombeiro que ia consertar uma pia e era assediado pela dona de casa gostosa; o aluno do antigo ginasial que flagrava a professora nua no vestiário e era convocado para um dever de casa inesquecível; o contínuo que fazia hora extra no escritório e ganhava um tremendo habeas corpus da advogada carente; o motorista particular que era convidado a trocar o óleo da patroa; e até o faxineiro do pensionato de solteiras que literalmente passava o rodo no dormitório.

Pelo menos um editor da ElaEla observou que as páginas do Forum demoravam mais na paginação. Simples: era lidas antes de medidas. Muito justo.

Na Penthouse, o Forum também começou como seção e virou revista autônoma. O mesmo aconteceu com o seu filhote da EleEla, que evoluiu para um encarte e, depois, para edições inteiras e especiais.

Aquelas revistas batiam recordes de circulação, vendiam páginas de anúncio classificados e certamente rederam um bom dinheiro à Bloch, além, claro, de ajudar a garantir alguns empregos.

Nos anos 1980, já com o videocassete popularizado no Brasil, o Forum ganhou novo formato e deu nome a uma coleção de vídeos de sexo. Dessa vez, os filminhos, que eram vendidos em bancas, reforçaram em muito o caixa da editora.

Mas ninguém ficou mais feliz, além dos leitores, do que os jornaleiros. Pela primeira vez, as bancas receberam um produto que abriu um novo filão para as capatazias.

Vendia aos milhares. Até então, o jornaleiro da esquina conhecia nesse ramo do explícito, apenas os "catecismos" de Carlos Zéfiro e as revistinha suecas, ambos produtos vendidos "secretamente". Ser convidado para entrar na era do cassete, sem trocadilho, ajudou muitas bancas a levar o leite das crianças para casa.

Tudo isso graças a uma seção de cartas.

Cartas, aliás, viraram anacronismo e se transformaram em whatsapp, o erotismo agora está ao alcance do streaming, mas o Forum da EleEla permanece como o fenômeno editorial que, queiram ou não, escreveu uma página no mercado editorial brasileiro.

Com suspeita de Covid-19, jornalista Lauro Freitas Filho morre no Rio

por José Esmeraldo Gonçalves

Em 1985, um grupo de alunos do curso de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Estácio de Sá participou da coletânea "Esporte e Poder" (Vozes), organizada pela professora Gilda Korf Dieguez.

Éramos dez autores, quase um time de futebol.

Lauro Freitas Filho. Arquivo Pessoal
Entre estes, estava o tricolor Lauro Freitas Filho, que escreveu sobre a cobertura esportiva no rádio e no jornal. Desde 1988, apenas três anos após o lançamento do "Esporte e Poder", ele passou a integrar a equipe do Monitor Mercantil, onde escalou postos e era atualmente editor-chefe. 

Lauro foi internado no Hospital Casa de Portugal, no Rio, com sintomas da Covid-19, e faleceu no sábado, 28.

O Monitor Mercantil divulgou nota sobre a perda do seu editor, na qual incluiu um alerta a quem minimiza a pandemia.

"Nosso editor-chefe Lauro Freitas Filho deixa família e amigos. Tricolor, querido e íntegro, o jornalista serviu exemplarmente ao jornal e, através de seu trabalho, à sociedade. Faleceu sábado, sufocado: suspeita de coronavírus. Bolsonaro, a “gripezinha” é mortal"

Jornal Lance:agora só em edição digital

O Lance anunciou há poucos dias a suspensão de sua versão impressa. A versão digital será mantida. A decisão teria relação com a pandemia e a menor circulação de pessoas, além do fechamento crescente de bancas de jornais nos últimos anos.

Circulação de algumas revistas impressas é atingida pelos efeitos do coronavírus

A Editora Globo informa em nota que, em função do período de quarentena e isolamento social, as revistas mensais impressas Autoesporte, Casa e Jardim, Crescer, Época Negócios, Globo Rural e Pequenas Empresas, Grandes Negócios (PEGN) estarão disponíveis apenas em plataformas digitais. A revista Época manterá sua circulação impressa normalmente. A Marie Claire, mensal, continuará tendo sua edição impressa publicada mas passará a ter periodicidade bimestral. Os assinantes de qualquer um dos títulos da Editora Globo passam também a ter acesso ao conteúdo das demais revistas pelo aplicativo Globo Mais, que reúne as publicações da empresa e, também, o conteúdo do jornal O Globo. A medida tem o objetivo de reduzir o fluxo de funcionários nas gráficas e a circulação de pessoas e de veículos – inclusive os que fazem a distribuição das publicações.

Vagas para vítimas do coronavírus?

Deu na coluna de Lauro Jardim, no Globo. O ex-Trump Hotel, empreendimento que teve entre seus sócios o americano e os brasileiros Arthur Soares, vulgo 'Rei Arthur" e Paulo Figueiredo, neto do ditador João Figueiredo, ambos envolvidos na Lava-Jato, fechou as portas. Uma boa providência seria transformá-lo temporariamente em um hospital para vítimas do coronavírus.

Mídia conservadora embarca no "morde e assopra" de Bolsonaro

A mídia apontou "moderação" no pronunciamento de Bolsonaro, ontem. Houve até quem indicasse a esperada "virada" do capitão inativo "finalmente" em direção ao bom senso.
Razão tinham as panelas que ecoaram em protesto através do país.
Poucas horas depois, ele postou vídeo falso sobre "desabastecimento" na Ceasa de Belo Horizonte. O vídeo era falso, mas isso não importa ao Planalto. O sistema da mentira funciona assim há muito tempo. As milícias produzem os vídeos e os canais oficiais se encarregam de disseminá-los. É tudo uma coisa só.
A mídia, contudo, já teve tempo para aprender a não cair nessa armadilha. O vai-e-volta das fake news é parte da estratégia antidemocrática da ultra direita. Houve até ilações de comentaristas que se consideram bem informados sobre a suposta "pressão da ala militar" que levou o pai do Bananinha a deixar de incentivar o genocídio do coronavírus. Se aconteceu, a "pressão" foi delicada.
Ao postar o vídeo mentiroso, Bolsonaro mostrou que está no comando, tem um projeto político claro e manda nos milicos. 

terça-feira, 31 de março de 2020

Coronavírus na capa: a celebridade indesejada...









Humor, por favor...

Problema resolvido: o telepastor americano Kenneth Copeland acaba de "destruir" o coronavírus.

Depois dos fiéis engordarem devidamente a sacolinha, ele proibiu a Covid-19. "Em nome de Jesus, eu julgo você, Covid. Terminou! Acabou!. Se manda"!

Mas, atenção, os crentes brasileiros não devem sair por aí distribuindo ou recebendo perdigotos. O pastor é bem claro: expulsa o coronavírus apenas do território americano.  É preciso que alguém providencie o julgamento da Covid com validade para o Brasil. Veja o vídeo AQUI

Humor, por favor


A preocupação do Palácio do Planalto em encerrar logo a coletiva do ministro Luiz Mandetta, ontem, era tanta que o cerimonial fez um brusca interferência diante de uma pergunta sobre o passeio de Bolsonaro por Brasília distribuindo perdigotos aos apoiadores no momento em que a maioria das  pessoas, as não-sociopatas, pratica o isolamento social. Esse foi o detalhe político.

Já o toque ridículo foi a agressão gramatical da funcionária ao interromper a coletiva: "não haverão perguntas". O vírus da ignorância, aliás, já ataca o português praticado pelo governo bem antes da invasão do coronavírus.  Veja AQUI 

Humor, por favor

Reprodução/Twitter
Eduardo Bolsonaro, ex-candidato a embaixador do Brasil nos Estados Unidos, respondeu em inglês a um post sobre mensagens de Jair Bolsonaro que foram expurgadas do Twitter por contrariar a ética empresa ao promover desinformação sobre o coronavírus e viajou na maionese idiomática.
Para informar que não apenas o pai teve posts deletados, mas toda a família, ele escreveu hole family em vez de whole family. Imaginem a crise diplomática que o inglês do sujeito provocaria em Washington se é capaz de chamar o próprio clã de "Família Buraco".
As redes sociais adoraram a mancada e não perderam a chance de disparar memes.