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terça-feira, 9 de julho de 2013
IPVA para helicópteros, jatinhos e lanchas pode gerar receita anual de R$ 2,6 bilhões
por Eli Halfoun
Mais de R$ 2,6 bilhões é o
que a receita anual poderia gerar se os jatinhos, helicópteros e lanchas
pagassem IPVA. O levantamento foi feito pelo Sindifisco que até sugere que o
dinheiro arrecadado seja investido em transporte público. Ainda há para muito
estudar e discutir, mas de qualquer maneira tramita na Câmara uma PEC para
permitir e legalizar a cobrança. Como sempre empresas poderosas e pessoas
físicas que possuem essas “máquinas” trabalham por baixo dos panos para que a
proposta não seja aprovada. Será difícil: no momento a Câmara está aprovando tudo.
(Eli Halfoun)
Mensalão pode até tirar Joaquim Barbosa do Supremo
por Eli Halfoun
Uma nova preocupação entre
as muitas que se manifestaram ultimamente toma conta do governo em Brasília
desde que se começou a especular sobre a possibilidade do ministro Joaquim
Barbosa vir a candidatar-se à Presidência da República. A preocupação fará
sentido quando se sabe que Barbosa é o único possível candidato “que derrotaria
Dilma na próxima eleição”. Barbosa só sairia candidato, o que é pouco provável,
se deixar o cargo de ministro e de presidente do Supremo, o que também segundo
as especulações pode acontecer “se os mensaleiros conseguirem convencer através
de seus advogados a maioria dos ministros do STF a iniciarem um segundo
julgamento do mensalão, o maior escândalo da política nacional. Nesse caso o
que se diz é que Barbosa pediria demissão do Supremo. Uma segunda rodada de
mensalão seria sem dúvida a maior vergonha nacional e o fim da crença na Justiça
e isso o Brasil não quer e não precisa. (Eli Halfoun)
Jornada Mundial dará mais de 5 milhões de hóstias em suas missas
por Eli Halfoun
A Jornada Mundial da Juventude
está fazendo aumentar o comparecimento de fiéis nas igrejas durante as missas. Por
conta desse aumento estima-se que esse mês em seis dias de missas haverá uma
farta distribuição de hóstias. O cálculo é de que durante os atos religiosos da
Jornada sejam dadas 4,5 milhões de hóstias para brasileiros e mais 1,5 milhões
para os peregrinos que estão vindo de outros países. A presença do Papa Francisco
na Jornada também fez aumentar sua participação no Twitter: ele já alcançou
mais de sete milhões de seguidores no mundo e vê o número aumentar cada vez mais.
É a informática a serviço da fé. (Eli Halfoun)
Roberto, Erasmo e Caetano fazem ginástica para disfarçar suas carecas
por Eli Halfoun
Alguns de nossos mais
respeitados cantores-compositores não acreditam muito na velha máxima musical
que “é dos carecas que elas gostam mais”. Pode até ser, mas nem por isso eles
querem mostrar a grande perda de cabelos que chegou com a idade e procuram
disfarçar de todas as formas. Exemplos: Roberto Carlos, 72 anos, que fez
implante há muitos anos, tem uma cabeleira para tratar de puxar os poucos e
comprido fios de cabelos que sobraram pra lá e para cá até conseguir fazer uma
franja mínima. Já Caetano Veloso, 70 anos, espalha os poucos cabelos que lhe
restam para o topo e depois joga pra frente. Erasmo Carlos, 72 anos, está mais
conformado: deixa o cabelo crescer dos lados e atrás, já que por cima não dá
mais. Como a força de seus talentos não está nos cabelos estejam carecas ou
cabeludos continuam musicalmente perfeitos. Nada de força na peruca. (Eli Halfoun)
Ações repetitivas podem “queimar” os personagens Félix e Paloma em “Amor à Vida”
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| Felix (Mateus Solano) e Paloma (Paolla Oliveira) em "Amor à Vida". Foto TV Globo/Divulgação |
por Eli Halfoun
Se o autor Walcyr Carrasco
e o ator Mateus Solano não dosarem a medida e tomarem muito cuidado, o
personagem Felix, sucesso maior nos primeiros capítulos de “Amor à Vida”, pode cair
em desgraça entre o público. Se, no início, ele era engraçado agora suas
piadinhas começam a ficar repetitivas, grosseiras e totalmente previsíveis. Mateus
Solano compôs um personagem perfeito e certamente não mudará as características
de Félix, mas tanto ele quanto o autor precisam encontrar uma maneira de deixar
o personagem acidamente engraçado, mas sem fazer um humor que quase sempre é
agressivo. O trabalho de Solano continua ótimo, a novela mantém um bom texto,
mas tudo o que é exagerado acaba enjoando. É aí que mora o perigo maior de
Felix que ao transformar-se em um chato pode ganhar a antipatia dos
telespectadores. É o mesmo perigo que
corre a personagem Paloma, que já é a rainha das caras e bocas da novela e
também repetitiva e chata, mesmo com a beleza e o bom trabalho da atriz Paolla
Oliveira. Como na vida, também na ficção é preciso aprender a dosar tudo,
incluindo as emoções . Emoção melodramática demais é uma chatice também em
novela.
“Amor à Vida” promete
muitas surpresas e uma delas é a morte de César (Antonio Fagundes): ele será vítima de enfarto depois de descobrir que o filho está roubando. A discussão
com Felix será acalorada e o médico não aguentará a decepção. A grande surpresa
da morte de César ficará com Aline (bom trabalho de Vanessa Giácomo) a
secretária e amante: César deixará para o filho que terá com Aline grande parte
das ações do hospital que passará a ser dirigido, na parte médica, por Pillar
(Suzana Vieira) e, na administrativa, por Aline. Pelo menos na ficção as viúvas terão
de se entender. (Eli
Halfoun)
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Memória: Em 1955, o Rio foi sede do Congresso Eucarístico Internacional. A cidade foi o centro do mundo católico. Às vésperas da Jornada Mundial da Juventude, relembre o evento que motivou edição especial da revista Manchete
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| O Redemtor na capa |
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| O Aterro, ainda em obras, foi o palco da missa especial. |
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| O altar |
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| Jovens católicos de 25 nações lotaram Maracanã aina na fase de preparação do Congresso |
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| O rio de 1955: centro da cidade e aeroporto Santos Dumont |
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| Na contracapa da edição especial da Manchete, Lagoa, Ipanema, Corcovado |
domingo, 7 de julho de 2013
Os vôos dos carrapatos... Renan, Henrique, Barbosa, Cabral, o alegre esquadrão aéreo
por Gonça
Dizem que funcionalmente besouro não pode voar. Não tem aerodinâmica nem sustentação. Mas voa. Dizem as leis que autoridades e suas caras famílias não podem voar às custas do contribuinte em "missões" de lazer. Mas voam. Os presidentes da Câmara, do Senado e do STF (este em vôo comercial pago pelo ambicionado "cofre da viúva", a mãe oficial da casta privilegiada) respectivamente Henrique Alves, Renan Calheiros e Joaquim Barbosa ganharam asas públicas em alegres e recentes momentos de lazer. Têm poderes de super-homens. A resposta é que voam, e daí? Não são besouros, parecem mais carrapatos anexados às despesas oficiais. Tudo a ver. Hoje, mais um político - e certamente há muitos do governo e da oposição - ingressou na frota: Sergio Cabral é tema de denúncia da Veja. O helicóptero do governador do Rio de Janeiro transportaria regularmente a família cabralina para Mangaratiba, onde fica a mansão de praia do clã. E não só a família, levaria empregados, cabeleireiro, decola pra pegar um modelito que a madame esqueceu, a prancha de surfe do amigo do filhão e por aí vai. O esquadrão aéreo cada vez aumenta mais. Para falar apenas na área federal, não se sabe se a FAB, que lutou bravamete nos campos da Itália, na 2ª Guerra Mundial, está preparada para defender o Brasil. Mas seus pilotos, a quem cabe a árdua função de levar e trazer os privilegiados, estão altamente treinados para transportar como ninguém, chefes de poderes, amigos do chefe, namoradas do chefe, aspones do chefe, sócio do chefe, vizinho do chefe... Virou, quem diria, a TAB, Táxi Aéreo Brasileiro
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sábado, 6 de julho de 2013
Vinicius, 100 anos. Roberto Muggiati escreve para a revista The President e conta os bastidores de uma farra com o poetinha em Paris
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| Reproduçãio Revista The President |
Memória
por Roberto
Muggiati (especial para a revista The President)
Eterno enquanto 100
Sou um
labirinto em busca de uma saída.” O poeta sabia mais de si do que qualquer
outro. Na verdade, Vinicius de Moraes passou a vida tentando sair de
labirintos. Sua intensidade existencial abreviou seu tempo, mas legou um grande
poeta. Carlos Drummond de Andrade admitia: “Eu queria ter sido Vinicius de
Moraes. Foi o único de nós que teve vida de poeta, que ousou viver sob o signo
da paixão”. O mundo literário sempre desconfiou dos poetas de êxito popular.
Vinicius é estigmatizado até hoje por esse preconceito. Mesmo amigos como João
Cabral de Melo Neto e Rubem Braga tentaram demovê-lo do que consideravam um “desvio”
na sua carreira. Em 1977, numa entrevista à penúltima mulher, a argentina Marta
Rodriguez Santamaría, para um livro que nunca foi publicado, Vinicius lamenta
não ter composto uma obra-prima como o Bateau Ivre, de Rimbaud, Os Cantos, de
Ezra Pound ou The Waste Land, de T.S. Eliot.
Nascido na
Gávea, no Rio de Janeiro, 100 anos atrás, ele cresceu em meio à poesia e à
música: o pai, funcionário público, escrevia poesia e tocava violino; a mãe
tocava piano. O avô paterno era latinista e poeta, a avó fazia versos. O bisavô
paterno era um excêntrico que, ao se aposentar, passou a caçar as empregadas; rechaçado
pela mulher, foi dormir sobre o muro da casa até cair e morrer. A família também
tinha muitos boêmios e seresteiros. Fiel ao sangue, Vinicius começou a poetar
cedo, aprendeu violão e, no Colégio Santo Inácio, formou um conjunto com três
colegas, os irmãos Tapajós. Letrista, compôs aos 14 anos suas primeiras músicas:
“Canção da Noite” e o fox-trote “Loura ou Morena”. Aos 25 anos, ganhou uma
bolsa para estudar língua e literatura inglesa em Oxford, onde casou por
procuração com Beatriz Azevedo de Melo, que ficaria conhecida como Tati de
Moraes. O início da guerra, em 1939, o traz de volta ao Brasil, onde nascem os
primeiros filhos: Susana (1940) e Pedro (1942). Vinicius sempre balizou os
sentimentos familiares pela poesia. Sobre a paternidade, compôs o irônico “Poema
Enjoadinho”: “Filhos... Filhos?/Melhor não tê-los!/Mas se não os temos/Como
sabê-lo?” Sua filosofia do amor foi magistralmente definida no “Soneto da Fidelidade”,
dedicado a Tati: “Eu ... “Eu possa me dizer do amor (que tive): que não seja
imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”
O poeta no seu labirinto
Aos 30, entrou
para a carreira diplomática e, três anos depois, assumiu o posto de vice-cônsul
em Los Angeles. O casamento com Tati não é eterno, mas até que dura, para os
padrões do poeta: 11 anos. Foi interrompido por um segundo e breve “casamento” (em
cerimônia secreta numa igreja de Petrópolis), com Regina Pederneiras.
Arquivista do Itamaraty, Regina levou de lembrança a “Balada das Arquivistas”.
Em 1951, o Poetinha conhece Lila Bôscoli, numa boate de Copacabana, em episódio
célebre. Rubem Braga teria dito: “Vinicius de Moraes, apresento-lhe Lila
Bôscoli. Lila Bôscoli, apresento-lhe Vinicius de Moraes. E seja o que Deus quiser”.
É paixão fulminante. Vinicius tem o dobro da idade, o irmão da moça, Ronaldo Bôscoli,
quer lhe dar uma surra, mas se desmancha ao encontrar o poeta, seu ídolo.
Vinicius tem duas filhas com Lila, Georgiana (1953) e Luciana (1956), e dedica
à mulher o “Poema dos Olhos da Amada”. Apesar de toda a paixão por Lila, Vinicius
se apaixona perdidamente em Paris por Mimi de Ouro Preto, manequim de Dior. Quando
ela o rechaça, Vinicius se tranca na cozinha, veda todas as frestas e abre o
gás. Por sorte a mãe de Lila Bôscoli chega mais cedo e salva o poeta de sua
melancólica tentativa de suicídio. Rubem Braga e Vinicius se apaixonavam à toa.
A diferença é que Rubem só casou uma vez e ostentava orgulhoso uma placa no seu
famoso jardim suspenso de Ipanema: “Aqui vive um solteirão feliz”. Já Vinicius
casava com todas. Em 1957, entra em cena Lúcia Proença, sobrinha do mentor de
Vinicius, o escritor Octávio de Faria. Perderam a conta? É a quarta mulher oficial
do Poetinha, que a brinda com “Para Viver um Grande Amor”. Começa àquela altura
outra série de casamentos: as uniões paralelas de Vinicius com seus parceiros
musicais. O primeiro é Tom Jobim: no Bar Vilarino, no centro do Rio, ele recebe
a proposta de Vinicius: “Você toparia musicar minha peça?” E Jobim: “Tem um dinheirinho
nisso?” (Como o Poetinha, Tonzinho também era chegado a um diminutivo.) Os dois
compõem praticamente todas as canções da trilha de Orfeu da Conceição, peça de Vinicius
que transplanta o mito grego para o morro carioca. O sucesso é tanto que o diretor
francês Marcel Camus vem ao Rio filmar Orfeu Negro, que venceria a Palma de Ouro
em Cannes (1959) e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (1960). Em 1961, surge
um novo parceiro, Carlinhos Lyra. Vinicius compõe com ele canções como “Você e
Eu”, “Minha Namorada”, “Coisa Mais Linda”, algumas delas incluídas no musical
Pobre Menina Rica, baseado numa peça do poeta. Por ser letrista, o Poetinha se vê
excluído do boom da bossa nova nos Estados Unidos, a partir do LP
Getz/Gilberto, gravado em 1963. Afinal, a penetração no mercado internacional
exige letras
em inglês,
daí “The Girl From Ipanema” (ou “The Boy”, quando cantado por mulheres), “No
More Blues” (“Chega de saudade”) e “How Insensitive” (“Insensatez”). Talvez por
isso, Vinicius passa a in vestir mais na sua voz, aparecendo com destaque no LP
Vinicius & Odete Lara. Gravado em 1963, é a estreia em grande estilo da
nova parceria com Baden Powell, incluindo clássicos como “Berimbau”, “Só por
Amor”, “O Astronauta”, “Samba da Benção” e “Samba em Prelúdio”, sobre o qual
Vinicius disse a Baden: “Camaradinha, acho que plagiamos Chopin”. Vinicius participa
da maioria das faixas e convence como “cantor-sem-voz”; aliás, iniciou-se nessa
categoria dois anos antes do parceiro Tom. Na parceria com Baden, Vinicius abre
seu leque musical para “coisas” da Bahia, com candomblé, berimbau, capoeira e
samba de roda. Carlos Lyra foi peça fundamental para o casamento seguinte de
Vinicius, o quinto. O Poetinha, aos 50 anos, apaixonou-se por Nelita de Abreu
Rocha, 20 anos. Ela tem um noivo passional que ameaça matá-la caso a perca para
outro. Carlinhos propõe – e planeja – uma fuga, pura e simples. Vinicius na
época é designado para o consulado brasileiro em Paris. Com Tom Jobim ao
volante, apavorados com as ameaças do ex-noivo, que é exímio atirador, Vinicius
e Nelita pegam um carro para o Aeroporto do Galeão. Fernando Sabino e Otto Lara
vão como seguranças. Antes de entrar no avião, Nelita deixa uma carta para os
pais comunicando seu “casamento”. Ela parte toda vestida de branco, até
calcinha e sutiã, uma verdadeira noiva. Diante do fato consumado, os pais tornam
público num anúncio de jornal o casamento da filha com o poeta e diplomata
Vinicius de Moraes. Um dia, uma amiga comenta sobre o fato: “O pior que pode
acontecer é ele escrever para você meia dúzia de poemas e você se tornar
famosa”. Inspirado por Nelita, Vinicius publica, em 1966, “Para uma Menina com uma
Flor”. Mas, ao cabo de cinco anos, a menina vê mais garrafas do que flores no convívio
com o poeta e desiste.
“Vate 69”
Todo um
folclore cerca a relação de Vinicius
com o uisquinho, diminutivo apenas no
chamamento afetuoso, mas um problema enorme.
Ele define a bebida como “o cachorro engarrafado,”
o melhor amigo do homem. Raramente é
visto sem um copo na mão, principalmente
durante os shows. Adora o apelido “vate 69”, criado a partir de uma marca de scotch, o Vat 69. (“Vate”, o
dicionário ensina às novas gerações, quer
dizer “poeta, versejador, e também profeta, vaticinador, vidente.” Já 69, todos sabem o que é...) O apelido sugere o lema “sexo, bebida e bossa nova”. Apesar da dependência alcoólica
crescente, Vinicius cresce como
compositor e cantor e ainda como showman, lotando teatros no Brasil, em Roma, Paris, Lisboa e Buenos Aires. Impossível
conciliar tudo isso com a carrière.
Na onda de demissões no quadro diplomático
que se segue ao AI-5, Vinicius é sumariamente exonerado. Em entrevista publicada postumamente
pela Veja (12 de janeiro de 2000), o
ex-presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo explicou: “Eu era o chefe da Agência Central do
Serviço e recebíamos constantemente
informes de que ele, servindo no consulado
brasileiro de Montevidéu, ganhando 6000 dólares por mês, não aparecia por lá havia três meses.
Consultamos o Ministério das Relações
Exteriores, que confirmou a acusação. Verificamos
que ele não saía dos botequins do Rio de Janeiro, tocando violão, se apresentando por aí, com copo de uísque do lado. Nem pestanejamos. Mandamos
brasa”. Vinicius ficou indignado com
o ato arbitrário, mas manteve o bom
humor. Corre uma anedota: quando circulou que a degola atingira homossexuais, corruptos e bêbados, Vinicius, ao chegar repatriado no Galeão, gritou do
alto da escada do avião para a
chusma de jornalistas: “Rapaziada, eu sou alcoólatra!” Os arquivos oficiais mostram que Vinicius, quando trabalhava, era um funcionário eficientíssimo. Mas
ele abominava a ideia de chegar ao
nível máximo da carreira, como disse
em depoimento ao Museu da Imagem do
Som, no Rio, em 1967: “Nos escalões
inferiores da carreira, ninguém
presta atenção em você. O perigo é
você virar embaixador, né? Minha
grande luta no Itamaraty tem sido
para não ser promovido”. Ironicamente, em
16 de agosto de 2010, o governo
promoveu postumamente “o diplomata, poeta
e compositor Vinicius de Moraes ao
cargo de Ministro de Primeira Classe
(Embaixador).” O Poetinha deve ter tremido no túmulo. Se o AI-5 desencadeia “os anos de chumbo” na vida política, na vida conjugal de Vinicius ele traz
os “anos de estanho”. Em represália a
uma infidelidade do poeta, sua sexta mulher, a jornalista Cristina Gurjão, grávida de Maria (1970), quinta e última dos filhos do poeta, ataca Vinicius com dois candelabros de estanho. O foco dessa crise foi a baiana Gesse Gessy, filha de santo que será a sétima mulher de Vinicius. Gesse faz a cabeça do marido
e o leva ao terreiro de candomblé da
Mãe Menininha do Gantois, em Salvador.
Vinicius tinha medo de avião desde
um episódio em 1945: voava do Rio a Buenos
Aires quando o hidroavião francês fez um
pouso forçado numa laguna uruguaia; a hélice invadiu a cabine como uma serra voadora e matou um
passageiro a poucos metros dele. Mãe
Menininha o libera do medo de voar em troca
de certas obrigações: só veste roupas brancas, cobre-se de colares de contas e de conchas, deixa os
cabelos crescerem até os ombros e
cumpre uma série de rituais toda vez
que vai subir num avião. No livro Nuestro Vinicius/ Vinicius de Moraes en el Río de la Plata (Editora Sudamericana, 2010), a jornalista Liana Wenner narra a sequência da história. Apresentando- -se no início dos anos 1970 com Maria Creuza e Toquinho na boate
La Fusa de Buenos Aires e Punta del
Este, Vinicius torna-se um verdadeiro ídolo na Argentina. Mas os hermanos não engoliam Gesse. O produtor de discos de Vinicius mencionou “a cagada que ele
fez ao se casar com a baiana”, afastando
amigos até como Tom Jobim. Outro empresário cultural alfinetou: “Trazia do Brasil ovos de codorna em escabeche, aqui raríssimos na época, porque dizia que
eram bons para a virilidade — ela
era assim...” Liana Wenner bota a pá de cal: “Ficaram para trás as roupas pretas que Buenos Aires conhecia. Por Gesse, Vinicius foi astutamente levado a um coquetel vulgar, confuso e superficial de hippismo, candomblé, amor livre e quantos ‘ismos’ dernier cri se
cruzassem”. Vinicius saía sempre dos
casamentos com uma escova de dentes
e seu retrato pintado por Portinari
em 1938, quando o poeta tinha 25
anos. Desta vez, para recuperar a tela teve
de entrar na Justiça contra Gesse. Depois
de um espetáculo, uma jovem fã procurou
Vinicius para lhe mostrar alguns poemas
que escrevera. Era inevitável: a oitava e penúltima mulher de seria uma argentina Martita.
Alarga-se a
defasagem etária para 38 anos: ele tinha 61, ela 23 – era doze anos mais moça
do que Susana, a primeira filha do poeta. No Rio, Martita foi apresentada aos
cinco filhos de Vinicius – jovens como ela, excetuando Maria, com cinco anos.
Ela o acompanha no circuito universitário pelo interior de São Paulo e depois
na turnê por Portugal, França e Itália. Apaixonado, Vinicius complementa sua
educação, apresenta-a aos grandes escritores, artistas e músicos, vivos e
mortos. Dedica a ela um poema bem humorado: “A mulher de gêmeos/Não sabe o que
diz/Mas tirante isso/ Faz o homem feliz.” Casam-se em 1976, mas, segundo Liana
Wenner, será “uma relação feita de despedidas e reencontros.” Durante as turnês
pela Europa, Vinicius é assessorado por Gilda Matoso, que será sua nona e última
mulher. Apesar de quarenta anos mais moça, Gilda procura colocar o poeta no
prumo e lhe traz uma maturidade que ele jamais alcançou. Instalam-se numa casa na
Gávea onde Vinicius intensifica sua parceria com Toquinho e as prolongadas
sessões à banheira, seu verdadeiro escritório. Segundo a amiga Renata
Shussheim, “fazendo banhos de imersão, colocava entre as bordas da banheira uma
prancheta que usava como mesinha e ali escrevia. Passava horas assim, eu o
apelidei de Moby Dick”. A atriz Alexia Deschamps, ainda criança, foi com a mãe
visitar Vinicius e o encontrou na banheira. Até hoje diz em tom de brincadeira:
“O primeiro homem nu que vi na vida foi Vinicius.” E foi na água (ele a
comparava a “uma volta ao útero materno”) que o Poetinha viveu seus últimos momentos.
Vinicius foi encontrado inconsciente pela empregada na manhã de 9 de julho de 1980.
Tentaram reanima-lo em vão e ele morreu nos braços da última companheira, Gilda
Matoso, e do último parceiro, Toquinho. Fechava um ciclo, antes de completar 67
anos, e morria – depois de longas andanças pelo mundo – no mesmo bairro onde
nasceu. O poeta saía finalmente do grande labirinto que foi sua vida.
Saravá,
Vinicius de
Moraes!
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| Reprodução Revista The President |
O meu Vinicius
por Roberto Muggiati (especial para a revista The President)
“Conheci
Vinicius, ou melhor, trombei com
ele, na noite da estreia
brasileira
de Sarah Vaughan: 6 de agosto de 1959, uma segunda-feira. Foi na boate Fred’s,
que ficava em cima de um posto de gasolina na Avenida Atlântica, esquina da Princesa
Isabel. O tout Rio marcou presença, a mesa principal presidida pelo capitão da
mídia mais poderoso da época, Samuel
Wainer, com sua Danuza. Decorando a mesa, os “pombinhos” recém-casados João e
Astrud Gilberto. Vinicius e um batalhão de jornalistas, do qual eu fazia parte,
disputávamos a atenção da diva no seu camarim. Eu, repórter curitibano, com
quase 22 anos; ele, colunista famoso, com quase 46 – ambos librianos de 6 e 19
de outubro. Claro, não fui páreo para o Poetinha, que já se projetava como o
letrista maior da bossa nova. Aquela noite foi “o último baile da Ilha Fiscal”
do Rio de Janeiro como Capital da República. Em menos de um ano, a cidade
passaria à condição de capital de um factoide, o estado da Guanabara. Meu
segundo encontro com Vinicius foi bem mais prolongadoe próximo. No dia 1º de
julho de 1964, quarta-feira, um trio de amigos deixou Londres com a missão precípua
de visitar o Poetinha em Paris: Fernando Sabino, adido cultural do Brasil em
Londres; o jornalista Narceu de Almeida, ao volante do seu Morris Mini-Minor; e
eu, radialista da BBC. Narceu e eu éramos meros coadjuvantes: o grande amigo de
Vinicius era Sabino. Num dia esplendoroso de verão, deixamos para trás a
verdejante paisagem inglesa, atravessamos de ferry o Canal da Mancha e, por
entre infindáveis campos de girassóis, chegamos a Paris. Não me lembro como –
sem celular – descobrimos o local exato onde encontrar o poetinha. Embora já
passasse das nove da noite, raios dourados de sol ainda banhavam a copa dos
castanheiros. E lá estava outro trio, no La Feijoada, em seu primeiro endereço parisiense,
num cais da Île Saint- Louis. Um trio bem mais carismático: Odete Lara, Baden
Powell e Vinicius. Começou aí uma sucessão de quatro noites de loucas conversas
regadas a uísque. Em outra ocasião, fomos beber num bar do qual Vinicius era praticamente
sócio, Le Calvados. Mas a grande noite foi mesmo na sexta-feira, no apartamento
do Poetinha. Um apartamento térreo num daqueles prédios típicos do seizième,
nas cercanias do Champs- Elysées, quase sem decoração, embora Vinicius
representasse o consulado do Brasil em Paris. Uma vez iniciados os trabalhos
etílicos, sua mulher, Nelita – 30 anos mais moça – se recolheu para dormir. Ao
longo da noite, toda vez que um marmanjo precisava ir ao banheiro, se via
obrigado a passar literalmente por cima de Nelita, apagada na cama de casal que
tomava todo o quarto. Falou-se muito – principalmente Vinicius e Sabino, que
passaram mais de duas horas discutindo Jayme Ovalle. Bebeu-se muito, também
confesso – que quase nada lembro. Uma só imagem gravei fotograficamente: lá
pelas 5 da manhã, com o sol querendo já se mostrar, pela janela do
rez-dechaussée aberta para a rua, entram duas fadas, Odete Lara e Mylène
Demongeot. (Vinicius sempre se cercou de belas mulheres.) Mylène esbanja meia
hora de charme e sexappeal antes de se despedir: “Bem, preciso ir embora. Na
França, se a gente chega em casa depois das 6 da manhã, quer dizer que dormiu fora...”
Lembro-me do ar extasiado com que o Poetinha sorveu a bela sonoridade da frase
enunciada pelos lábios carnudos de Mylène: “Ben, je dois partir. En
France, si on arrive chez soi après six heures, ça veut dire qu’on a découché”.”
Corruptor e corrupto devem ser algemados juntos
por Eli Halfoun
Parece que enfim o
Congresso se mancou (falta se mancar em muitas outras coisas) e encontrou o
melhor mecanismo para combater a corrupção: punir os corruptores. Sem eles,
corruptores, não haveria corruptos ou eles seriam em número bem menor bem dos
que existem em grande quantidade hoje. A decisão de punir empresas que proponham
jogo sujo sem dúvida diminuirá muito as compras e vendas de pareceres, de
contratos sem licitações transparentes e de várias outras mazelas
(superfaturamento de obras públicas) que vivem sendo empurradas para debaixo do
tapete. É difícil crer que assim a corrupção acabará porque, ninguém se ilude,
a corrupção jamais acabará enquanto o homem não mudar os seus conceitos de
“vencer na vida sem fazer força”. A decisão de punir empresas e não só as privadas,
é uma grande ajuda no combate à corrupção, mas convenhamos que falta o principal:
punir não só a chamada pessoa jurídica, mas também a pessoa física. Mesmo que
amedrontada uma empresa privada ou um órgão público pense duas vezes antes de
propor um jogo sujo sempre haverá uma pessoa física para passar por cima da lei
e do medo e dar lugar para a ambição. Até porque o corruptor pessoa física rouba tanto quanto o corrupto.Corruptor
e corrupto andam de braços dados e nesse caso é preciso algemar os dois ao
mesmo tempo. Assim continuarão de baços dados, mas impossibilitados de
continuar agindo. Pelo menos por rum bom tempo, ou seja, enquanto o povo
estiver de olho e nas ruas. (Eli Halfoun)
Elle MacPherson conquista capa de revista aos 49 anos
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| Elle, na Playboy e Harper's: quase vinte anos separam as duas fotos |
por Eli Halfoun
O tempo não pára. Que o
diga agora a modelo Elle MacPherson, que foi um dos ícones da moda nos anos 80
e 90. Aos 49 anos e orgulhosa de manter as medidas 91-64-89, Elle voltou a conquistar
espaço na mídia. De saída ilustra a capa
da revista Harper’s Bazar da Austrália, onde vive e comanda a The Body, sua
empresa de cosméticos. Só para lembrar: Elle foi atração da Playboy em 1994 em
uma edição que reuniu também Victoria Beckman, Jerry Hall e Christhie Turlington,
todas ainda em forma para ilustrar mais uma edição mostrando tudo. (Eli Halfoun)
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| Elle na S.I em 1987. |
Televisão americana também levou manifestações brasileiras com bom humor
por Eli Halfoun
As recentes manifestações
brasileiras não ganharam espaço internacional apenas nos jornais sérios. Também
foram tema de programas humorísticos. No canal americano Comedy Central dedicado
somente ao humor, o humorista Stephen Colbert satirizou os protestos com uma
paródia imitando comentaristas de programas jornalísticos. Para começar mandou
essa: “Pessoal, eu não entendo. Estamos falando do Brasil, o lugar mais alegre
da Terra. A única coisa com que os brasileiros se irritam é com seus pêlos
púbicos” (fazendo alusão a depilação íntima). Ele pode até tentar ser engraçado,
mas certamente não é bem informado: a depilação brasileira está em alta entre
os americanos. Mesmo que pouco apareça debaixo daqueles enormes barrigões de
hambúrgueres gordurosos. (Eli Halfoun)
Paulinho Pereira (PDT-SP) acha esposas chatas e fala demais. Como um chato
por Eli Halfoun
É preciso pensar no que se
vai dizer antes de abrir a boca porque uma frase por mais verdadeira que seja
pode ser entendida como ofensa e atingir muitas pessoas. O deputado federal Paulinho
Pereira da Silva (PDT-SP) ficou mal com sua mulher e com a de seus correligionários
quando disse que a presidente Dilma “parece a mulher da gente. Chata!”. A frase
foi dita depois da reunião da presidente com sindicalistas em Brasília. Dilma
preferiu não comentar a frase, mas Elisa, mulher de Paulinho, cobriu
explicações em casa. Paulinho falou demais e precisa aprender logo que só fica
casado com mulher chata o também chato marido. (Eli Halfoun)
Muita gente, poucas palavras nas reuniões com a presidente
por Eli Halfoun
Funcionários do Planalto
que têm acompanhado a convocação dos 39 ministérios para reuniões com a
presidente Dilma Roussef fizeram um cálculo curioso: se cada um dos 39
ministros convocados falasse por apenas 15 minutos (a presidente nem sempre
permite que abram a boca) cada reunião demoraria 10 horas. Aí mesmo é que
ninguém agüentaria. (Eli Halfoun)
Talento não é hereditário e deve ser aproveitado sempre
por Eli Halfoun
A “Folha de São Paulo
noticia até com certa surpresa que Felipe Barbosa, filho do ministro e
presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, foi contratado pela
produção do programa “Caldeirão do Huck” como se um crime estivesse sendo
cometido. Felipe é formado em Comunicação e não importa de quem é filho desde
que seja um profissional competente e provavelmente é. O que não se pode é
impedir que filhos de pais famosos e bem sucedidos, que já carregam por causa
disso muitos problemas profissionais e às vezes pessoais, sejam impedidos de
trabalhar por “culpa” dos pais. Nesse caso não houve nenhuma interferência
(pedido) de Joaquim Barbosa: Felipe conseguiu o emprego por seus próprios méritos
e isso não lhe pode ser negado. O caso me lembra uma história na qual sem
imaginar estive envolvido: a Editora Abril queria contratar meu filho, também
jornalista e no primeiro contato disseram: “queremos te contratar porque você
que deve ter o mesmo talento de seu pai”. A resposta de meu filho foi prática e
definitiva: “talento não é hereditário e se vocês querem contratar o meu pai o
telefone dele é esse”. Foi contratado imediatamente, trabalhou na Abril durante
anos e hoje dirige e edita revistas com o talento que sem dúvida é dele e não o
meu, se é que tenho.
Aliás, nunca concordei com
a idéia de não permitir que deputados, senadores, ministros ou funcionários de
confiança dos governos federal estadual ou municipal sejam impedidos de empregar
familiares, ou pessoas conhecidas. É claro que para esse tipo de contração a
conduta deve ser acima de tudo profissional desde o filho, sobrinho ou qualquer
parente a ser contratado for competente e perfeito para cumprir a função para a
qual está sendo convocado sem regalias ou vantagens. Bons profissionais são
sempre necessários em qualquer área do mercado de trabalho. O que não se pode e
deve fazer é contratar ou nomear quem quer que seja apenas pelo grau de
parentesco ou amizade e para ficar recebendo sem trabalhar como, aliás, frequente
em tido o país. Profissional com capacidade e vontade de trabalhar deve ter
sempre a porta aberta. Seja filho de quem for. (Eli
Halfoun)
Recomeça a dança das cadeiras no futebol brasileiro
por Eli Halfoun
A seleção brasileira tirou
o time de campo e o noticiário esportivo voltou a focalizar os clubes
envolvidos em campeonatos regionais ou nas competições envolvendo todos os
clubes e que nem sempre conseguem empolgar muito. Novamente o noticiário
focaliza a dança das cadeiras que persegue nossos técnicos. É uma prática comum
no futebol brasileiro e talvez seja a sua maior deficiência porque jamais dá ao
técnico o tempo necessário para pelo menos tentar fazer um bom e mais profundo
trabalho. Quem entrou na dança agora é o ainda técnico do São Paulo Ney Franco,
que acaba de ser demitido pelo clube depois da última derrota para o Corinthians.
As especulações tomam conta do noticiário em torno do nome e já se garante que
ele tem enorme possibilidade de assumir a direção técnica do Santos já que o
clube estaria no momento muito mais interessado em revelar jogadores (Ney tem
muita experiência com os chamados jogadores da base) e criar uma geração
pós-Neymar. No São Paulo já se garante que com a saída de Franco as portas estão
escancaradas para a volta de Muricy Ramalho ao comando do time, mas como em
futebol um gol pode ser anulado em cima da linha tudo é possível. Ou
impossível. (Eli Halfoun)
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