por Eli Halfoun
O sorriso largo sempre presente, a
alegria que distribuía entre os colegas, os abraços apertados, a voz marcante e
inconfundível, a simplicidade em tidos os gestos e movimentos nos deixavam a quase
certeza de que Jair Rodrigues era imortal. Não era, mas deveria ter sido: sua
ausência será agora uma marca registrada de sua presença na saudade, como foi o
seu sorriso. Jair Rodrigues construiu uma carreira com entusiasmo, emoção e
acima de tudo respeito pela música brasileira que ajudou a crescer e a divulgar
como poucos fizeram. Acompanhei a trajetória de Jair nos festivais da Record,
mas nosso contato ficou mais intenso depois de uma quase briga. Escrevi um
comentário na revista Amiga e Jair não gostou porque o considerou injusto
(reconheço que era mesmo). Pronto: certa noite eu estava em um restaurante popular
paulista quando Jair sentado em uma mesa de fundo com a mulher e amigos, me
viu, levantou e veio em minha direção furioso. A intenção era mesmo a de me
agredir, mas ele era de boa paz e trocou o soco que provavelmente me daria por
um enorme sorriso e uma conversa amigável e ele fez questão de me levar para a
sua mesa como convidado. Daí em diante ficou tudo bem entre nós e sua atitude só
me fez aumentar o respeito que eu tinha pelo cantor e pelo ser humano exemplar
que Jair sempre foi. A vida nos afastou e de repente ele partiu sem me dar a oportunidade
de mais um longa e gostosa conversa. De qualquer maneira sempre conversarei com
ele quando ouvir sua voz musical. (Eli Halfoun)
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